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Já pensaram como seria se os criadores das séries Lost e Sobrenatural, J. J. Abrams e Eric Kripke, tivessem um filho? Eu sempre imaginei que o resultado desse eventual casamento seria o Sam e o Dean perdidos numa ilha à procura de uma forma de enviar o monstro de fumo negro e os seus amigos de volta para o inferno, enquanto lidam com as minúcias da sua complexa relação. Sem esquecer que esta nova ilha teria que ter estradas para os Winchester passearem o seu Impala de 67. Já estamos todos fartos das Pães-de-forma azuis claras da Dharma Initiative.
Bom, em vez disso deram-nos Revolution, uma série sobre um futuro pós-apocalíptico onde alguém se esqueceu de pagar a conta da electricidade e o Mundo inteiro acabou às escuras. Sem electricidade, sem carros, sem telemóveis, mas pior que tudo, sem internet. Sim, o vosso pior pesadelo tornado realidade. Como conseguiria a Humanidade sobreviver a um Mundo sem facebook? Não lá muito bem. Por algum motivo que aparentemente só faz sentido nos E.U.A. todos os governos colapsaram, a sociedade quebrou e milícias populares tomaram controlo das armas e do policiamento opressivo dos sobreviventes do holocausto tecnológico. Embora não ache este conceito realista, aceito-o como uma forma de demonstrar o quão frágil e dependente de tecnologia a sociedade ocidental se tornou.
A série segue a viagem de Charlie Matheson que após assistir à morte do pai e consequente rapto do irmão por parte de um grupo da Milícia que controla a região onde eles vivem, decide fazer-se à estrada para encontrar o tio, salvar o irmão e reunir a sua família, agora destroçada. Charlie é acompanhada por Maggie Foster, amante do pai e Aaron Pittman um dos génios da Google que viu toda a sua fortuna desaparecer com o carregar de um botão e que agora limita-se a dar aulas aos miúdos da aldeia onde Charlie vivia. Mesmo antes de morrer, Ben Matheson, dá um misterioso medalhão ao Aaron para ele guardar e avisa a filha para encontrar Miles, o seu tio há muito perdido que actualmente trabalha num bar em Chicago. Não há electricidade mas álcool e armas não podiam faltar.
A série encontra-se actualmente em hiato após a exibição do décimo episódio da primeira temporada e apenas vai regressar no dia 25 de Março de 2013. Esta tem sido uma das estreias mais aclamadas dos últimos tempos com cada episódio a ter uma média superior a 8 milhões de espectadores apenas nos E.U.A., contudo, existem a meu ver algumas falhas que ainda não foram bem colmatadas. Revolution demorou bastante tempo a estabelecer a sua mitologia. Foi necessário esperar pelo episódio sete para começarmos a ter uma ideia daquilo que poderia ter sido responsável pelo inexplicável apagão. Tudo bem que não cometeram o erro de outras séries como Defying Gravity ou John Doe que demoraram tanto tempo a explicar qual o propósito da sua narrativa que acabaram canceladas antes de o puderem fazer.
Eles podiam ter-se limitado a manter um mistério sobre a origem do apagão e dar-nos aos poucos as peças do puzzle, mas em vez disso optaram por manter-nos no escuro ao longo dos primeiros seis episódios para depois mostrarem tudo através de flashbacks. Tudo bem, os personagens continuam ignorantes do que poderá ter passado, mas o espectador não, e isso para mim é bastante frustrante. Ou o faziam logo no início ou então estabeleciam uma mitologia principal com esse mistério secundário como Lost conseguiu fazer e bem na primeira temporada.
As personagens são muito superficiais. Miles Matheson o renegado fundador da Milícia e amigo íntimo do seu actual líder, Sebastian Monroe, devia apresentar-se como o misterioso e complexo anti-herói com uma profunda e obscura personalidade repleta de conflitos internos. Em vez disso temos o Billy Burke com ar de MacGyver aos gritos e a fazer todas as vontades que a sobrinha lhe pede por mais idiotas e irresponsáveis que sejam. Mas que podíamos esperar do actor que faz o papel de pai da Bella na saga Twilight? Só faltava o Mark Pellegrino voltar a surgir nalgum papel de mentor ou inimigo. Espera, isso acontece mesmo! O Eric e o J. J. devem ter uma queda por este actor.
Apesar destes defeitos, Revolution apresenta-se como uma boa série de ficção científica repleta de acção e com alguns bons motivos para manter o espectador atento. A primeira metade da temporada desta série deixou-nos com um forte cliffhanger, que certamente fará com que o maior dos cépticos não se esqueça de dar uma espreitadela no próximo episódio quando a série regressar do hiato de Inverno.
Revolution é uma série com uma excelente premissa que ainda não encontrou bem o seu melhor caminho e que até agora tem sofrido bastante com alguns erros de casting que podiam ter sido facilmente corrigidos durante as gravações, mas, a meu ver, já é tarde demais.
Se calhar estavam à espera que eu falasse do Tom Neville, como ele é o perfeito inimigo repleto de profundos conflitos interiores que um dia talvez o irão levar a dar o braço a torcer e a juntar-se aos rebeldes. Contudo, depois de ver este actor como o espelho mágico da Regina e o jornalista cobarde de Once Upon a Time, não lhe consigo dar qualquer credibilidade.
Vou continuar a seguir a série com o único argumento de que se pusermos isto tudo de lado, continuamos a ter uma história interessante e repleta de acção que me deixou com curiosidade suficiente para descobrir o seu fim. Além disso estamos a falar do J. J. Abrams e do Eric Kripke, os dois devem ser capazes de se lembrar de alguma coisa para tornar isto bem mais apelativo.
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