Sunday, January 17, 2016

Dez Anos de No Sense of Reason

Design: Adriano Cerqueira
É difícil imaginar que já passaram dez anos. É difícil contabilizar trezentas e dez publicações. Entre crónicas, contos, poemas, vídeos, fotos, imagens, estórias sem sentido, episódios do dia-a-dia, momentos de introspecção, sentimentos, enfim, incontáveis palavras espalhadas por cento e vinte meses de dedicação, esforço e devoção a um espaço. A um blogue. A um diário. A uma eterna constante inspirada nas letras de uma música desconhecida.

Foram anos de inspiração e de desespero. Dez anos a olhar para uma página em branco. A correr para o teclado sempre que aquela ideia surgia. A gatafunhar no meu bloco, ou numa nota do telemóvel, cada pensamento solto que pontualmente me assolava. Foram meses de revisão. De parágrafos apagados. De ideias deitadas fora. De projectos por concretizar. De artigos por escrever.

Dez anos cumpridos com falhas, sob um auto-imposto ritmo de trinta publicações por ano, e pelo menos uma por mês. Incontáveis Dezembros passados a espremer cada letra até à exaustão, esperando pelo confortável descanso de sentido e razão que aguarda o eterno 23.

Foram noites perdidas a editar o podcast d’A Rádio da Rádio. E a escrever. Sempre a escrever. É impossível olhar para trás e não ver tudo aquilo que mudou nos últimos dez anos. Pois tudo mudou. Mas este espaço, este blogue, sempre se manteve constante. Com novos layouts, diferentes designs, novos estilos e nova imagem. Mas sempre único. Sempre aberto. Sempre presente. Sempre meu.

Dez anos volvidos desde a criação deste blogue, e há doze anos como blogger, continuo sem um propósito, sem um motivo, sem um público e sem um tema. Escrevo porque sim. Apenas porque sim. Escrevo como um exercício. Escrevo porque tenho algo para dizer. Escrevo para que me leiam. Escrevo para mim. Para todos. Para alguém e para ninguém. Escrevo porque gosto. Porque o preciso de fazer. Porque o tenho que fazer. Escrevo porque sim. Apenas porque sim.

Viajo entre linhas de mundos e opiniões. Atravesso caracteres ilimitados. Exploro a lírica da minha língua. Vou além dos limites da minha criatividade. Descanso nos confins da minha imaginação. Luto pelas ínfimas ideias de uma musa eternamente adormecida. Escrevo. Falo. Filmo. Desenho. Fotografo. Viajo. Faço algo acontecer e guardo-o aqui. Uma pequena oferta para aqueles capazes de me oferecer algum do seu tempo.

Obrigado a cada pessoa que por aqui passou. A cada leitor, seja ele anónimo ou conhecido. A cada visualização. A cada subscritor. A cada seguidor. A cada amigo. A cada ligação. Obrigado por cada comentário. Por cada crítica. Pelo vosso apoio. Pela vossa presença. Pela vossa perseverança. Obrigado a todos aqueles que ajudaram a manter-me motivado. A todos aqueles que acompanharam este blogue ao longo dos últimos dez anos. Obrigado.

Nesta aventura o importante foi partir, pois o destino deste espaço constrói-se a cada nova publicação. Em cada frase. Em cada imagem. Em cada comentário. Online desde a distante tarde de 17 de Janeiro de 2006. São já dez anos de No Sense of Reason. Os primeiros dez anos do meu projecto mais antigo. Do meu projecto mais fiel. Da principal constante da última década que hoje celebro.

Os primeiros dez anos de No Sense of Reason.

Sunday, February 17, 2013

Aniversários e facebook

Imagem: YourVectors
Tal como a maioria das funcionalidades do facebook, a notificação dos aniversários dos utilizadores que fazem parte da tua rede não é nenhuma novidade. Ainda hoje recebo semanalmente um e-mail do hi5 (sim, um dia terei que cancelar a minha conta, mas só a chatice de iniciar esse processo dá-me preguiça para o fazer) com as datas dos próximos aniversariantes. Desejar um feliz aniversário a alguém através do seu mural no facebook tornou-se num paradigma social tão estabelecido que chegou mesmo a tornar obsoleto o envio de mensagens por telemóvel.

Hoje em dia são raras as pessoas que mantém uma agenda com as datas de aniversário dos familiares e amigos, e mesmo aquelas que guardam essas datas no telemóvel são um número que apenas não diminui pois as aplicações de calendários dos smartphones têm ligação com os contactos do facebook e mantém as datas actualizadas sem haver qualquer necessidade de as programar manualmente. Tornámo-nos dependentes desta rede social para nos lembrarmos dos aniversários das pessoas que nos são próximas. Eu próprio confesso já ter sucumbido a este trágico facilitismo.

No ano passado, esqueci-me do aniversário de um amigo meu, chegando mesmo a deixar passar várias semanas antes de finalmente me lembrar dele, simplesmente porque ele não possui essa notificação visível no seu perfil. Eu costumava não precisar de nenhum auxiliar de memória pois simplesmente decorava os aniversários daqueles que me eram próximos, mas hoje o meu cérebro elimina essa informação pois a vê como desnecessária visto que o facebook tratará de me avisar quando a data se aproximar. Como é óbvio, ainda existem algumas pessoas das quais posso dizer a data com precisão sem ter que recorrer a nenhuma cábula, mas elas são hoje em dia um grupo muito restrito.

A massificação do facebook ajuda-nos a lembrar com maior facilidade dos aniversários da nossa rede de contactos, mas também criou uma face bem mais sinistra na espada de dois gumes que é o acto social de dar os parabéns a alguém. Se é fácil e gratuito felicitar alguém através do facebook, também é mais inaceitável e difícil de justificar quando nos esquecemos de o fazer. Visto que ao contrário do hi5, o facebook não envia e-mails a notificar sobre quem vai fazer anos nessa semana, podemos sempre afirmar que não estávamos online nesse dia, contudo, o facto desta rede social estar interligada com a agenda do nosso smartphone, deita essa justificação por terra abaixo, além de que, raro é o utilizador que não visita o facebook pelo menos uma vez por dia.

Se, de certa forma, o acto de nos lembrarmos do aniversário de alguém é agora pouco valorizado, ao optarmos por não o fazer, corremos o risco de que a outra pessoa veja isto como um insulto ou como uma falta de consideração. Eu não ligo muito às mensagens de parabéns, gosto de as receber, mas compreendo que a maioria não foram dadas porque se lembraram de mim, mas simplesmente porque foram notificados de tal. Tudo bem, não espero que os meus 500 contactos saibam de cor a data do meu aniversário. Contudo, quando alguém, principalmente alguém que me é próximo, se esquece ou não o faz, interpreto que tal aconteceu ou por motivos de força maior, caso eu e a pessoa estejamos em bons termos, ou então porque optaram deliberadamente por se “esquecerem” de mim. Já tive pessoas que chegaram mesmo a afirmar que não me deram os parabéns porque “não ligam a essas coisas”. Bom, visto que eu é que faço anos, a única coisa que importa é que eu “ligo a essas coisas” e por uma questão de respeito deviam lamentar-se por se terem esquecido em vez de encontrarem desculpas esfarrapadas sob perspectivas tão egocêntricas.

Eu gosto de ser prático nestas situações. Apenas felicito aqueles que me são próximos e aqueles que, embora não passem de conhecidos ou colegas, se lembraram do meu aniversário. Com todos aqueles que se esqueceram e não o justificaram, retribuo de igual modo, sendo que até hoje, ainda ninguém se deve ter apercebido disso, ou então simplesmente não sentem necessidade de que me lembre deles nos seus dias de aniversário.

Pondo de lado a minha visão pessoal, felicitar alguém pelo facebook não só é gratuito, como demora apenas pouco mais de dez segundos e permite aos utilizadores serem criativos, recorrendo aos infinitos recursos que a internet lhes proporciona. Desde cartões personalizados, a músicas, vídeos, fotos, memes ou simples frases inspiradores, existem imensas opções e métodos personalizados para dar os parabéns a alguém. Algo que nenhuma mensagem ou MMS consegue igualar, com a vantagem de que se a pessoa não for da vossa rede, não gastam dinheiro nenhum.

Deixem-se de desculpas esfarrapadas e gastem dez segundos do vosso dia para dar os parabéns a alguém. Ignorem os desconhecidos se assim quiserem, mas depois como se vão sentir quando eles próprios se lembrarem de vocês quando o vosso dia chegar? Não é tão rápido como um like, mas agora nem sequer precisam de sair da Home page para escreverem nos murais dos aniversariantes. Pode ser um gesto comum, ou até mesmo vazio, mas é capaz de alegrar um pouco o dia a alguém e, por vezes, até ajuda a resolver conflitos e a fazer as pazes com velhos inimigos.