Friday, December 31, 2021

As Terras do Meu Verão

 

Foto: Arte Urbana (Lisboa); Autor: Adriano Cerqueira

  • Almada (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Amadora (Residência)
  • Aveiro (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Castelo Branco (Almoço)
  • Castelo Novo (Visita)
  • Coimbra (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Covilhã (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Fundão (Visita)
  • Gaia (Compras&Utilidades)
  • Guimarães (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Lisboa (Visita, Cinema, Compras&Utilidades)
  • Loures (Compras&Utilidades)
  • Mafra (Casamento Xana e Daniel)
  • Mealhada (Almoço)
  • Miramar (Almoço)
  • Oeiras (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Odivelas (Compras&Utilidades)
  • Ovar (Residência, Casamento Xavier)
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  • Peniche (Férias)
  • Porto (Entrevistas 90 Segundos de Ciência, Compras&Utilidades)
  • Santa Maria da Feira (Compras&Utilidades)
  • São Jacinto (Visita)
  • São João da Madeira (Compras&Utilidades)
  • Sintra (Praia)
  • Vila Real (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)

Thursday, December 23, 2021

O Regresso da Véspera da Véspera de Natal Parte XV

365 dias, 252 entrevistas, 90 Segundos de Ciência, 26 Bilharacos, COVID-19, 3 meses de confinamento, setecentos “Porque Flutuam os Meus Cereais” vendidos, um título de campeão nacional e 0 pencas depois, sejam bem-vindos a mais um episódio do Regresso da Véspera da Véspera de Natal, a tradição anual mais aguardada pelos fiéis seguidores da Igreja Universal do Sagrado Chinelo, e por todos aqueles cujo ódio a pencas os une neste santo dia, preferencialmente após teste PCR ou antigénio negativo.

Fernão, o de Magalhães, estava com a Menina do Gás, a Toalha de Eusébio, e Fernando Pessoa e os seus Heterónimos, a circum-navegar a terra desconhecida chamada Brasil. Numa noite de céu aberto, já depois de Jesus, o Cristo ter adormecido, ora nas palhas deitado, ora nas palhas estendido, Fernão subiu ao convés da sua nau para observar o céu com o seu telescópio.

Por entre as estrelas e os planetas um objecto estranho parecia aproximar-se a uma velocidade estonteante. Dando uso ao seu ábaco, já que a bateria do seu Xiaomi Note 10 há muito se tinha esgotado, “Raisparta o Mindo que se esqueceu do power bank”, pensou.

“Isso é subjectivo”, ouviu-se ao fundo como um suspiro na noite.

Como estava a dizer. Dando uso ao seu ábaco, e depois de fazer a prova dos nove pelo menos três vezes, Fernão correu para a cabine, sacou do seu Nokia 3310 e ligou para D. Marcelo, o Afecto, primeiro de seu nome.

“Boa noite Fernão, estava mesmo agora a beber o meu iogurte das 3 da manhã enquanto terminava um livro sobre a plantação de chícharo em Alvaiázere”, atendeu.

“Desculpe interromper o seu Actimel mas isto é urgente. Um asteróide do tamanho de Odemira está em rota de colisão com a Terra!”, alerta Fernão.

“Da vila ou do concelho?”

“Ambos!”

“O meu Pessegueiro!”, grita Marcelo de sobressalto.

Alertado para o perigo iminente, D. Marcelo, o Afecto chama por Vasco, o da Gama para reunir toda a gente de urgência na base secreta do Tortosendo.

“Toda a gente?”

“Sim, especialmente alguém que saiba perfurar pedra e que não esteja de qualquer forma preparado para uma viagem espacial!”

Vasco, o da Gama, consegue encontrar Pedro, o Álvares Cabral, Peyroteo, Eusébio, – sem a sua toalha ainda em viagem com Fernão, o de Magalhães, a Menina do Gás e Fernando Pessoa e os seus Heterónimos – Jesus, o Cristo, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, o Bruce Willis por algum motivo, e sim, até o Mindo.

Chegados à base secreta de Tortosendo a comitiva de heróis é recebida por Capitão Iglo, o primeiro tugonauta português.

“O que se passa? Encontraram bacalhau em Neptuno?”, pergunta Pedro, o Álvares Cabral.

Depois de D. Marcelo com Fernão, o de Magalhães, em telechamada, explicarem o que se estava a passar, caiu um ar de desespero no resto da comitiva.

“Não desanimem, temos um plano para resolver esta situação”.

D. Marcelo, o Afecto, carrega num botão e nas suas costas as paredes começam a mexer-se, revelando aquilo que apenas podia ser descrito como uma Nau em cima de três foguetões.

“Apresento-vos a nossa Nau espacial”

“Não quer dizer nave espacial?”, questiona o Capitão Iglo.

“Não! É uma Nau espacial, construída com a melhor madeira do pinhal de Leiria”, assegura D. Marcelo, o Afecto.

“Não há tempo para discussões de semântica, temos apenas dois dias para travar este asteróide”, alerta Fernão, o de Magalhães em videochamada a partir do seu Nokia 3310.

O Capitão Iglo junta a equipa numa sala para explicar a missão.

“Vamos juntar-nos aos Ena Pá 2000, que já estão na Lua, para reabastecer, e depois vamos aterrar directamente no asteróide. Teremos quatro horas para fazer um furo de 200 metros e depositar esta bomba nuclear. Se o sistema falhar um de nós terá que ficar lá para detonar a bomba, entendido?”

“Isto parece estranhamente familiar”, murmura Bruce Willis.

O Capitão Iglo, Vasco, o da Gama, Pedro, o Álvares Cabral, Peyroteo, Eusébio, ainda sem a sua toalha, Jesus, o Cristo, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, Bruce Willis, Mindo e Bernardo Soares que entretanto apanhou um voo da TAP da terra desconhecida chamada Brasil e ainda chegou a tempo de apanhar a Nau espacial, embarcaram naquela que podia ser a sua última viagem.

A Nau descolou a toda a velocidade ao som de Aerosmith.

Depois de reabastecerem com os Ena Pá 2000 e se passearem pela Lua, todos nus só com um véu, a Nau aterrou de sobressalto na superfície do asteróide.

Cada um saca de uma pá e começa a escavar enquanto o Mindo aparenta brincar com uns ímanes.

As horas vão passando e o buraco não está sequer perto dos 200 metros necessários para salvar o Pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto.

Mindo aparece com uma broca mecânica feita com metais que os ímanes dele encontraram por ali.

A 10 minutos da hora limite finalmente conseguem atingir a profundidade necessária.

Depois de colocarem a bomba, Peyroteo verificou que se esqueceram de trazer o comando para a activar. Bruce Willis voluntaria-se para ficar para trás mas é interrompido por Mindo.

“Não. Agora é a hora para eu brilhar!”

“Mas Mindo, precisamos de ti para descobrir a terra desconhecida chamada Brasil”, suplica Vasca, o da Gama.

“Isso é subjectivo”, diz Mindo, pedindo aos outros para entrarem na Nau e regressarem para a Terra.

Após a Nau levantar voo, Mindo suspira por uma última vez, recordando todos os ímanes que viu colarem-se entre as suas mãos e carregou no botão.

À distância, Capitão Iglo, Vasco, o da Gama, Pedro, o Álvares Cabral, Peyroteo, Eusébio, Jesus, o Cristo, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, Bruce Willis e Bernardo Soares, observam com um sentimento agridoce o asteróide a dividir-se em dois.

O dia estava salvo, mas não sem um grande custo para estes heróis.

A Nau regressou à Terra mais uma vez ao som de Aerosmith e foi recebida por D. Marcelo, o Afecto, Fernão, o de Magalhães, a Menina do Gás, a Toalha de Eusébio e Fernando Pessoa, e os seus heterónimos, à excepção de Bernardo Soares que se encontrava na Nau.

A multidão celebrava efusivamente o regresso daqueles que conseguiram salvar o Pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto.

“Em Odemira será erguida uma estátua em honra de Mindo, que se sacrificou por nós e pelo meu Pessegueiro. Na placa estará escrito ‘isso é subjectivo’, e a mesma será colada por ímanes”, promete D. Marcelo, sob uma onda de aplausos.

E assim chega ao fim mais uma épica história que celebra o dia mais aguardado ao longo de todo o ano. Dediquem estas horas a espalhar pelo Mundo as palavras de felicidade que só um dia como o 23 consegue transmitir, e relembrem o sacrifício que Mindo fez por todos nós e pelo Pessegueiro de D. Marcelo.

Pois hoje é a Véspera da Véspera de Natal, dêem as mãos e cantem todos comigo:

Morram pencas, morram! Pim!

Tuesday, March 23, 2021

Duas da Manhã

How I Met Your Mother; Imagem DR

Não é raro encontrarmos vídeos, memes ou artigos com uma lista das principais lições que a série How I Met Your Mother nos deu. Uma espécie de 10 mandamentos para os jovens adultos que cresceram com as aventuras de Ted, Marshall, Lily, Barney e Robin como a sua principal sitcom de referência.

Estas publicações são normalmente acompanhadas por um comentário que já virou lugar-comum. Algo como, ‘concordo com quase tudo, excepto com a ideia de que nada de bom acontece depois das duas da manhã’, seguido de um emoticon a indicar que o autor conta no seu repertório com uma série de conquistas que tiveram lugar para lá das duas da manhã.

Parabéns, não só não aprendeste nada com a série como perdeste por completo o ponto desta lição.

Neste episódio Ted, que na altura namorava com Victoria, decide mentir e dizer que eles tinham terminado para justificar passar a noite com Robin. A mentira vem ao de cima quando Robin atende o telemóvel de Ted por engano e do outro lado está Victoria que nada sabe sobre o assunto. Robin confronta Ted e este acaba por confessar o erro.

O ponto mais relevante desta lição não é a hora a que isto ocorre mas sim a mensagem de que não devemos tomar decisões importantes quando estamos cansados e com sono. Para Ted esse momento tem lugar às duas da manhã, para uns será mais cedo, para outros será mais tarde.

Isto é válido para algo tão simples como uma compra por impulso, como para decisões de maior peso sobre a vossa vida pessoal, ou profissional.

Uma ideia que parece ser boa a meio da noite, nem sempre o é na manhã seguinte. Se, depois de um longo dia, estamos exaustos e com sono devemos apenas ir dormir, deixando para amanhã seja qual for a decisão que devemos tomar.

Chama-se “dormir sobre o assunto”, pois após uma boa noite de descanso e com uma mente mais fresca e clara somos mais capazes de tomar a decisão certa.

Se Ted tivesse ido para casa, não só teria terminado com Victoria de uma forma mais justa para ambos, como a sua relação com Robin teria começado mais cedo.

Acredito que muitas pessoas já tenham vivido episódios memoráveis para lá das duas da manhã, mas esse não é o foco desta ideia. O importante a reter é que nunca devemos tomar decisões precipitadas quando não estamos em condições físicas e mentais para o fazer.

Seja meia-noite, duas, quatro ou oito da manhã, quando atinges o teu limite, desliga o computador, guarda o telemóvel, vai para casa e diz ‘até amanhã’. Acredita, não te vais arrepender.

Friday, March 05, 2021

The Real Story of Sur le Pont d’Avignon

The Real Story of Sur le Pont d'Avignon, Jerome na Ponte

Crescer nos anos 90 significava que os sábados de manhã eram sinónimo de desenhos-animados. Era uma tradição profundamente embrenhada no nosso consciente colectivo. Mais do que ansiar pelo fim-de-semana para não ter que ir à escola, queríamos sim saber em que novas aventuras os nossos heróis se tinham metido.

Após terminar o meu prato de estrelitas, a minha companhia para aquelas manhãs eram animes como Sailor Moon, Dragon Ball ou Pokémon, séries live action como Power Rangers, Beetleborgs ou VR Troopers, e séries de animação icónicas como Denver, the Last Dinosaur, Widget, the World Watcher, Captain Planet ou A Carrinha Mágica.

Com modelos como estes é assim tão impressionante que toda uma geração tenha crescido com uma vontade inabalável de proteger o ambiente?

Infelizmente, nem todos os desenhos-animados daquele tempo sobreviveram até aos dias de hoje. Alguns transformaram-se em séries de culto, alimentando grupos de fãs que procuram algo fora da norma, enquanto outros simplesmente se perderam, sobrevivendo apenas na memória de quem os viu.

Em 1992 o estúdio de animação franco-canadiano Cinar produziu um desenho-animado com o nome de ‘The Real Story of’. Entre 1991 e 1994 foram produzidos 13 episódios, cada um com cerca de 23 minutos de duração. Cada episódio tinha como premissa mostrar a “verdadeira” história de uma popular música infantil.

Em Portugal este desenho-animado foi emitido pela RTP com repetições regulares durante a década de 90 nos dias próximos ao Natal. Havia um em particular, sobre a música francesa Sur le Pont d’Avignon, que dava todos os anos na manhã da véspera de Natal. Raro foi o ano que não o apanhava a dar, sem fazer qualquer esforço para o ver. Talvez por isso, acabou por se tornar para mim numa pequena tradição natalícia.

Numa estranha tradição natalícia. Afinal, este episódio nada tem a ver com o Natal. E, como se isso não bastasse, a sua história estava longe de ter um final feliz.

Este episódio começa numa noite há mais de duzentos anos atrás, durante uma festa sobre a ponte de Avignon. Esta festa conta com a presença do Rei e de vários artistas de circo, incluindo o habitual bobo da corte. Na entrada da ponte estava um órgão enorme que, ao dar à manivela, conseguia ler e tocar uma partitura de música similar aos cartões furados que eram lidos por aqueles gigantes computadores dos anos 60. A música era, sem grande espanto, Sur le Pont d’Avignon.

Durante a festa, o bobo da corte decide roubar um saco de ouro que o Rei tinha no seu trono e escondê-lo no interior do órgão. O Rei apercebe-se da ausência do seu saco e trava as festividades para que o mesmo possa ser encontrado.

Para se safar, o bobo da corte acusa o dono do órgão de ter roubado o saco de ouro do Rei. O Rei, sem hesitação, ordena que o senhor seja executado no local. O velhote, que pelos vistos tinha poderes mágicos, amaldiçoa o Rei e faz com que a ponte caia levando com ela todos os feirantes, incluindo o bobo da corte, forçando as suas almas a dançarem naquela ponte ao ritmo da canção Sur le Pont d’Avignon para toda a eternidade.

A maldição só será levantada quando ao balar da meia-noite, o órgão tocar aquela música até ao fim. Para evitar que isto aconteça, o dono do órgão rasga a partitura ao meio e deixa que o vento leve uma das metades para longe.

O Rei vê incrédulo a sua ponte cair e nada faz para salvar as pessoas que nela estavam.

Avançamos de seguida para a actualidade, ou pelo menos para a actualidade de 1992, onde uma criança chamada Jerome visita o seu avô, uma figura muito semelhante ao dono do órgão, que tem uma loja de antiguidades. O Jerome tem um esquilo de estimação por algum motivo. Isto é pouco relevante para a história mas achei que deviam saber.

Enquanto Jerome fala com o seu avô na sua loja de antiguidades um polícia entra pela porta a dentro com um decreto a exigir que o avô de Jerome pague uma dívida que tem em falta ou então será forçado a fechar a loja.

Jerome e o seu avô procuram por algo valioso para pagar a dívida no interior da loja e encontram na sua cave o órgão. Jerome roda à manivela, a música começa a tocar e, lá fora, vemos a parte da ponte que caiu a reaparecer com umas figuras encapuçadas a dançar ao som da música. Entre estas figuras fantasmagóricas está o bobo da corte que, de alguma forma, consegue se libertar do feitiço e atravessar a ponte para o Mundo real.

Jerome descobre que falta metade da partitura do órgão e, na manhã seguinte, vai com o seu avô ao arquivo municipal procurar pela outra metade. O bobo segue-os e, por acidente, acaba por encontrar a outra metade da partitura numa sala do arquivo.

Segue-se uma perseguição de Jerome e do seu esquilo ao bobo pelos telhados de Avignon. Perseguição essa que desafia as leis da física de forma mais descarada que qualquer filme de Velocidade Furiosa.

No fim Jerome consegue apanhar a segunda metade da partitura e colá-la à metade que estava no órgão. O bobo tenta travá-lo, sem sucesso, acabando por desistir de tentar viver no Mundo actual, regressando por fim à ponte para se juntar aos restantes feirantes.

Quando bate a meia-noite o avô de Jerome faz o órgão tocar. A ponte volta a aparecer com as mesmas figuras encapuçadas a dançar. Quando a música chega ao fim, as figuras libertam as suas mantas e revelam os feirantes que tinham caído com a ponte. Estes juntam-se numa nuvem e sobem aos céus, as suas almas enfim livres da maldição.

A nuvem é uma amálgama da cara dos diferentes feirantes que, ao subir, cantam a música Sur le Pont d’Avignon.

Jerome encontra o saco de ouro no órgão e oferece-o ao avô para pagar a dívida e manter a sua loja aberta.

The Real Story of Sur le Pont d'Avignon, A Núvem

Como podem perceber, este episódio ficou gravado na minha memória não por ser uma recordação feliz, mas por ser bastante perturbador. Não admira que seja praticamente impossível encontrá-lo online. Este desenho-animado é capaz de dar pesadelos até mesmo a adultos.

Por onde começar. Se foi o Rei quem acusou erradamente o dono do órgão, por que decidiu ele matar todos os feirantes e não o Rei? Por serem meros servos? Pessoalmente não sou favorável a chacinar inocentes pela acção de um único ladrão, muito menos a condená-los a passar a eternidade a dançar numa ponte caída.

Compreendo que estes feirantes teriam dificuldades em adaptar-se ao Mundo actual, no entanto este final é bastante anticlimático. Após séculos a dançar numa ponte a sua recompensa é transformarem-se numa nuvem e subir aos céus a cantar a mesma música que os atormentou?

Não me recordo de ver uma tortura tão penosa nem sequer n’A Divina Comédia. E isto era um desenho-animado dirigido para crianças de tenra idade.

Compreensivelmente, este episódio não está disponível na sua versão original online. No entanto, existe uma versão deste episódio com uma voz polaca a falar por cima das falas das personagens no Youtube. Não chamaria a isto uma dobragem visto que é sempre a mesma voz a falar e, quem tem bom ouvido, consegue ainda perceber as falas originais em inglês.

Podem ver o episódio nas seguintes ligações: Parte 1 | Parte2

Friday, February 26, 2021

As Melhores Compras de 2020

Imagem DR

Fechados em casa e com demasiado tempo livre entre mãos não seria de estranhar que, à semelhança de 2013, tivesse já preparada uma longa lista de objectos inúteis comprados por impulso na ânsia de satisfazer alguma espécie de vazio provocado por simples aborrecimento.

Acreditem, 2020 esteve longe de ser um ano perfeito no que diz respeito ao controlo das minhas finanças pessoais. No entanto, com a excepção de um ou outro erro de cálculo, confesso que não me posso verdadeiramente queixar.

Decidi assim abordar este tema através de um ângulo mais positivo. Escolhi três objectos que, apesar de banais e pouco dispendiosos, contribuíram para melhorar o meu dia-a-dia.



1. Comando Universal LG (Amazon ES – €7,44)

Desde 2013, quando saí de casa dos meus pais, que perdi o hábito de ver televisão. Continuei a seguir as minhas séries e a acompanhar as notícias através do meu portátil e, mais tarde, do meu telemóvel. Mas nunca senti a necessidade de comprar uma televisão.

Em 2018, já depois de me ter mudado para a Amadora, herdei um televisor LG de 32 polegadas de 2009. Não é um televisor inteligente, mas a qualidade de imagem e de som é bastante razoável. No entanto, o comando que veio com esta TV não funcionava.

Não. O problema não eram as pilhas.

Nada de grave. Se precisasse de mudar de canal simplesmente recorria ao comando da box. Contudo, sempre que o tivesse de ligar ou de mudar de porta HDMI, tinha que o fazer através dos botões do próprio televisor. Uma tarefa morosa e que nem sempre corria bem.

Se já experimentaram usar os botões da vossa TV sabem do que estou a falar.

Após uns meses a procurar por comandos universais enfim encontrei um que tinha comentários bastante positivos, apesar de em lado algum dizer ser compatível com o modelo da minha TV.

Decidi arriscar, motivado por um comentário de um utilizador que se dizia agradado com o facto deste comando funcionar numa TV de 2007.

O preço era baixo e como já ia fazer uma compra naquele site – a Amazon Espanha oferece portes de envio gratuitos para compras superiores a €29 – adicionei-o ao carrinho.

Cinco dias depois recebi-o em casa. Desde então não mais tive problemas em ligar a TV, e o tempo que demorava a trocar de entrada HDMI reduziu de alguns minutos para poucos segundos.



2. Xiaomi Mi Stick TV (Worten – €29,99)

Sabem quando alguém nos alerta para uma promoção de algo sobre o qual nunca ouvimos falar e no minuto seguinte já estamos a colocar no carrinho com receio de perder a oportunidade? Tem tudo para correr bem, certo?

Desta vez, posso dizer que sim.

Normalmente ignoro as promoções realizadas pelas lojas de electrónica, especialmente quando estas acontecem durante a época natalícia. Os descontos nem sempre são tão bons como parecem e, se não estivermos atentos, somos facilmente ludibriados.

Já tinha ouvido falar na existência de dispositivos Android que transformavam televisores comuns em televisores inteligentes, mas nunca perdi tempo a pesquisar sobre isso. Mas naquele dia esta promoção em particular chamou-me a atenção.

A Xiaomi Mi Stick TV estava com um desconto a rondar os €20 na Worten. Este dispositivo pode ser ligado à TV através de uma porta HDMI e funciona como uma box Android. É pequena, passa despercebida e consome pouca energia.

Esta versão apenas permite qualidade de imagem HD. Existem outros dispositivos semelhantes, um pouco mais caros, que conseguem funcionar em monitores com qualidade 4K. Mas, visto que o meu televisor não tem pixéis suficientes para essas andanças, não justificava o investimento.

Até então tinha que ligar o meu portátil à TV sempre que quisesse usar um serviço de streaming. Desde que comprei a Xiaomi Mi Stick que deixei de o fazer.

É, aliás, raro o dia que não a uso. 



3. Sandwicheira Qilive 3 em 1 (Auchan – €18,99)

Nem todas as escolhas desta lista nasceram de um recém-descoberto interesse pela minha televisão. Este nasceu por um recém, bom, não é assim tão recente. Digamos, por um antigo interesse por panquecas, waffles e simples tostas.

Esta sandwicheira não tem ligação wifi mas vem com três pares de grelhas substituíveis que permitem grelhar, torrar e fazer waffles. E, apesar do preço, os waffles saem com um aspecto bastante profissional.

Infelizmente, só descobri depois de a comprar que o ponto três do ‘3 em 1’ não significa ‘panquecas’ mas sim ‘grelhador’. Mas, se formos sinceros, a única diferença entre uma panqueca e um waffle é a forma (sim, eu uso a mesma receita).

Monday, February 22, 2021

Como comprar em lojas dos EUA que não enviam para Portugal

Imagem DR

São duas da manhã, terminaste enfim a maratona daquela série que estavas há um ano à espera para ver mas continuas sem sono. Decides entreter-te a passear por algumas lojas online quando, de repente, encontras aquele artigo que estavas à procura. E ainda por cima está com desconto. Apressaste para o colocar no carrinho mas quando chega o momento de colocar a tua morada aparece uma mensagem a dizer que aquela loja apenas vende para os EUA.

Perante esta situação tens apenas duas opções. Vais-te deitar, contente com o facto de que não gastaste dinheiro em algo que, na verdade, tu sabes que não precisas, ou então procuras por uma forma alternativa para encomendar esse artigo.

Talvez ele esteja disponível noutra loja ou num qualquer site de leilões. Pensas tu. Mas hoje não é o teu dia de sorte.

Este artigo é mesmo imprescindível e, vamos ser honestos, não vais conseguir adormecer sem antes encontrares uma solução.

Esgotadas todas as outras hipóteses há uma forma simples para resolver o teu problema: um serviço de reencaminhamento de encomendas.

Talvez já tenhas ouvido falar nisto. É um serviço que te oferece uma morada temporária num armazém algures nos EUA. As tuas encomendas são recebidas neste armazém e encaminhadas para a tua morada em Portugal, ou noutro qualquer ponto do Mundo.

Existem várias empresas que oferecem este tipo de serviços. Os CTT criaram em 2017 um serviço chamado de Express2Me que permite fazer compras em lojas dos EUA e do Reino Unido que não enviam para Portugal. No entanto, o serviço oferecido pelos CTT é muito lento, extremamente burocrático e excessivamente dispendioso.

Existem, contudo, serviços similares oferecidos por outras empresas que actuam de uma forma mais célere e muito menos dispendiosa. Um dos serviços de reencaminhamento de encomendas mais recomendado online temo o nome de Stackry.

No último ano usei este serviço duas vezes e, confesso, estou completamente convertido. Ao te inscreveres no Stackry o sistema atribui automaticamente uma morada nos EUA que podes usar para receber estas encomendas. Este ‘cacifo’ permite-te armazenar de forma gratuita um número ilimitado de encomendas durante 45 dias.

Desta forma podes, por exemplo, fazer duas ou três compras em lojas diferentes e, assim que todas forem recebidas no teu cacifo, podes pedir para que as mesmas sejam combinadas num único envio. Este serviço tem um custo mínimo de quatro dólares, mas pode ajudar-te a poupar algumas dezenas de euros em portes de envio.

Assim que as encomendas chegam ao armazém recebes um alerta no teu e-mail. De seguida és encaminhado para o site onde tens que registar o valor, o nome e o tipo de artigo que encomendaste. A partir daí, se assim quiseres, podes deixá-lo no teu cacifo à espera que cheguem as restantes compras que fizeste, ou então, podes imediatamente pedir para que a encomenda seja enviada para tua casa.

Consoante o tamanho da encomenda é calculado o valor dos portes de envio. Para uma encomenda com cerca de dois quilos de peso e quarenta centímetros de comprimento, tens que pagar cerca de 30 euros de portes na modalidade mais barata.

Não te apoquentes com o aviso de que esta modalidade não oferece um número de seguimento. Em ambas as encomendas que fiz, escolhi essa opção e tive sempre acesso a um código que me permitiu seguir o percurso da encomenda sem qualquer problema.

Após o pagamento do valor dos portes, a encomenda é enviada para a tua morada no próprio dia através da DHL. As encomendas demoram cerca de 15 dias a chegar mas, a melhor parte é que, independentemente do valor da encomenda, ao usares este serviço estás isento de pagar qualquer taxa de importação.

A Stackry envia os artigos para um armazém na Alemanha que são depois reencaminhados para Portugal com um código de envio alemão. Isto faz com que os CTT assumem que a encomenda tem origem na Alemanha e não nos EUA, evitando assim que a mesma fique retida na alfândega.

Por exemplo, em Dezembro de 2020 efectuei uma encomenda no valor de €42,23. Dado o volume da mesma paguei à Stackry €28,29 pelos portes de envio. A encomenda foi enviada a 5 de Dezembro e chegou no dia 20 do mesmo mês.

Já em Fevereiro de 2021 voltei a fazer um novo pedido de envio. Desta vez fiz duas compras, uma no valor de €25,34 e outra de €25,47. Pedi para que ambas as encomendas fossem combinadas numa só e no fim tive que pagar, por este serviço e pelos portes de envio, cerca de €35,25. A encomenda combinada foi enviada a 3 de Fevereiro e chegou a 18 do mesmo mês.

Em condições normais, se estas encomendas tivessem ficado retidas na alfândega teria que pagar um valor extra entre 30 a 40 euros devido ao IVA e às taxas de armazenamento.

Com o Stackry, recebi a encomenda em apenas duas semanas e só tive que pagar os portes de envio.

Para além do serviço de combinar encomendas, também podes pedir que um funcionário do Stackry tire uma foto ao conteúdo da embalagem. Isto pode ser útil quando fazes uma compra num particular ou através de um site de leilões. Este serviço tem um custo adicional de três dólares.

O Stackry é muito simples de usar, o atendimento é impecável e o acompanhamento das tuas encomendas é feito de forma muito profissional.

Infelizmente, algumas lojas como a Target já descobriram este sistema e não permitem que os seus artigos sejam vendidos para serviços de reencaminhamento de encomendas. No entanto, existem centenas de lojas que não têm qualquer problema em encaminhar os seus produtos para estes armazéns. E, no limite, podes sempre recorrer a um particular ou a um site de leilões.

São três da manhã e, após teres criado uma conta no Stackry, enfim conseguiste finalizar a tua encomenda usando a tua nova morada americana. Agora que já podes dormir descansado, desliga o dispositivo que estás a usar para ler isto, seja ele qual for, e vai-te deitar. Afinal, amanhã é dia de trabalho.