Friday, August 07, 2009

Good Night, Sleep Tight, Young Lovers

Eureka Seven: Pocketful of Rainbows
Um novo mito nasce no universo de Eureka Seven. Eureka Seven: Pocketful of Rainbows é o primeiro filme baseado na série de mangas Psalms of Planets: Eureka Seven, que deu origem ao anime de cinquenta episódios com o mesmo nome. Da realização de Tomoki Kyoda, realizador da popular série Evangelion, Pocketful of Rainbows faz regressar Renton e Eureka, desta vez com uma nova mitologia e uma história alternativa ao argumento da série animada.

O cenário é de novo a Terra num futuro pós-apocalíptico, onde os humanos sobreviventes procuram eliminar de uma vez por todas os Image, espécie alienígena responsável pela remodelação da superfície do nosso planeta. A história tem início com a separação de Renton e Eureka, quando esta é raptada pelo exército quando apenas tinha oito anos. Renton, também ele uma criança, nada consegue fazer para o impedir. Anos mais tarde o nosso herói junta-se a um grupo rebelde para tentar salvar Eureka.

Os rebeldes liderados por Holland Novak e Talho Yuuki, fazem parte de um grupo de crianças sobreviventes de uma má experiência científica que os fez envelhecer mais depressa que o normal. Aqui o argumento segue a mitologia do conto infantil Peter Pan, com o grupo de rebeldes a lutar contra o exército para encontrarem um caminho para a Neverland.

A principal arma dos rebeldes é a sua nave, o Gekko-Go, que comporta dentro de si um conjunto de mechas, entra os quais Nirvash, pilotado por Renton, que aqui assume a forma de uma fada.

Aproveitando um súbito ataque dos Image, Renton consegue recuperar Eureka. Após os longos anos de separação, o jovem casal vê-se envolvido numa guerra tripartida onde ocupam a posição central como as crianças proféticas que vão guiar os rebeldes à Neverland. Renton e Eureka recusam-se a assumir o papel de Peter e Wendy e tentam procurar uma forma de viverem em paz e desfrutarem do amor que sentem um pelo outro.

Pocketful of Rainbows traz uma nova perspectiva sobre a relação entre Renton e Eureka e um novo olhar sobre os sonhos e vontades dos restantes personagens. Contudo, o filme peca por um excesso de flashbacks e por um argumento confuso que deixa de fora detalhes apenas acessíveis a fãs da série animada. Embora a nova abordagem sobre o casal protagonista possa aliciar os assíduos acompanhantes de Eureka Seven, a nova história e mitologia recaem sobre um realismo excessivo que força, por vezes, algumas personagens a agir de forma distinta da imagem que apresentaram na série original.

Embora esteja longe da perfeição cinematográfica, o filme vale pelo regresso das aventuras de Renton e Eureka. Eureka Seven: Pocketful of Rainbows, um filme que qualquer fã da série animada não pode deixar de ver.

Tuesday, August 04, 2009

Escreve o que não sentes

Sinto-me vazio. Vazio é a única palavra que se aproxima da total ausência de emoções que me vejo forçado a viver. Não me lembro da última vez que senti, nem sequer do sentimento, ou da situação que o criou.

Há vários anos que não consigo escrever. Valorizar a fantasia em detrimento da razão deixa-me dependente dos meus sonhos, das minhas emoções e da minha imaginação. Escrever por impulso sempre foi a minha filosofia, e tão belas baladas que daí saíram, mas hoje, sem sentimento, sem esperança e sem momentos, é impossível subjugar-me sob qualquer impulso, e assim permaneço sem vontade, numa perpétua estrada para um vácuo de esquecimento.

Mesmo agora que escrevo este texto, forço as palavras a saírem, paro a cada instante e pondero o que escrever a seguir. Nada é natural. Nada flui. Tudo continua num engarrafamento de ideias presas numa infinita hora de ponta.

É trágico viver num contínuo purgatório lírico, dominado por um triste e cinzento vazio de emoções. Não consigo fingir o que escrevo, pois embora consiga manter a falsidade escondida do resto do mundo, ver-me-ia forçado a sucumbir sob o peso da verdade que eternamente me iria perseguir. Fingir em ficção pode parecer paradoxal, mas o verdadeiro paradoxo esconde-se dentro da máscara de alguém que escreve o que não sente. Mesmo para mentir é preciso imaginar, e para imaginar é preciso sentir, caso contrário o virtualismo das ideias será exposto pela fraude que é, e nunca será capaz de convencer alguém da sua falsa realidade.

Não. Não posso escrever o que não sinto. Até voltar a sentir, se voltar a sentir, fecho a minha criatividade, que há muito não me pertence, e aguardo pelo seu regresso. Vejo-me forçado por um mundo que não me aceita, a deixar para amanhã a minha oportunidade de viver.

Fim.