Thursday, December 31, 2020

As Terras do Meu Verão

Foto: Parque Natural de Noudar; Autor: Adriano Cerqueira

  • Alcobaça (Visita Mosteiro de Alcobaça)
  • Amadora (Residência)
  • Aveiro (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Barrancos (Férias)
  • Batalha (Visita Mosteiro da Batalha)
  • Braga (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Carcavelos (Praia)
  • Coimbra (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Évora (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Faro (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Fátima (Visita ao Santuário)
  • Gaia (Compras&Utilidades)
  • Lisboa (Visita, Cinema, Compras&Utilidades)
  • Loures (Compras&Utilidades)
  • Lourosa (Visita ao Parque Ornitológico)
  • Mira de Aire (Visita às Grutas de Mira de Aire)
  • Oeiras (Trabalho, Visita ao Aquário Vasco da Gama)
  • Odivelas (Compras&Utilidades)
  • Ovar (Residência, Visita ao Percurso Natural da Ria na Marinha de Ovar)
  • Porto (Entrevistas 90 Segundos de Ciência, Compras&Utilidades, Sessão Lusitan Furniture)
  • Santa Maria da Feira (Compras&Utilidades)
  • São João da Madeira (Compras&Utilidades)
  • Sintra (Visita)
  • Tomar (Estadia e Visita Convento de Cristo)
  • Vila do Conde (Compras&Utilidades)
  • Vila Nova de Milfontes (Almoço)
  • Viseu (Férias)
  • Zambujeira do Mar (Férias)

Wednesday, December 23, 2020

O Regresso da Véspera da Véspera de Natal Parte XIV

366 dias, 252 entrevistas, 90 Segundos de Ciência, 26 Bilharacos, COVID-19, 7 estados de emergência, 3 apresentações de “Porque Flutuam os Meus Cereais”, uma eternidade em confinamento e 0 pencas depois, sejam bem-vindos a mais um episódio do Regresso da Véspera da Véspera de Natal, a tradição anual mais aguardada pelos fiéis seguidores da Igreja Universal do Sagrado Chinelo, e por todos aqueles cujo ódio a pencas os une por teleconferência garantindo o distanciamento físico neste santo dia.

São sete da tarde no ano 33, também conhecido como 1987 AC (antes de COVID). Jesus, o Cristo, está em casa a tentar ligar o Zoom. Devido ao estado de emergência declarado por Pilatos, o Pôncio, Jesus, o Cristo, decidiu marcar a última ceia por videoconferência com os apóstolos, Vasco da Gama, a toalha do Eusébio, e a Menina do Gás.

O Mindo também ali iria aparecer para apoio técnico à chamada. Uma decisão da qual todos se iriam arrepender. “Isso é subjectivo”, gritou Mindo após ler esta frase enquanto brincava com um íman que encontrou no seu frigorífico.

Sem conseguir ligar o Zoom, Jesus, o Cristo liga para Sócrates, o filósofo, para o ajudar a instalar o Zoom no seu Magalhães.

“Já experimentaste ExpressVPN, tens três meses grátis se usares o código…”, dizia Sócrates, o filósofo, antes de Jesus, o Cristo, lhe desligar a chamada por estar farto de ouvir estes anúncios no Youtube.

“Daqui a nada está a oferecer-me uma mensalidade do Squarespace ou a sugerir que eu vá ensinar carpintaria para o SkillShare”, queixou-se Jesus, o Cristo, ora nas palhas estendido, ora nas palhas deitado, ainda sem sucesso em ligar o Zoom.

Entretanto chega Peyroteo, a toalha do Eusébio, e Magalhães, o Fernão. Jesus, o Cristo, fica à porta de máscara a mostrar o ecrã do seu Magalhães, o portátil. Magalhães, o Fernão, pergunta a Jesus se este já tinha recebido o link que a Menina do Gás partilhou no grupo de Whatsapp hoje de manhã.

“Ainda não, é difícil apanhar rede móvel em Jerusalém no ano de 1987 AC (antes de COVID)”, explica, Jesus, o Cristo, enquanto Peyroteo tenta instalar o Zoom no portátil de Magalhães, o Fernão.

Pessoa, o Fernando e os seus Heterónimos, fazem uma videochamada para o smartphone da toalha de Eusébio e pedem a Jesus para que este lhes mostre Magalhães, o portátil.

Pessoa, o Fernando vai tomar café, enquanto Caeiro, o Alberto regressa para a sua horta, e Reis, o Ricardo parte em viagem para a terra desconhecida chamada Brasil. Entretanto Soares, o Bernardo, entra em desassossego, e de Campos, o Álvaro pede à toalha do Eusébio para aproximar a sua câmara de Magalhães, o portátil.

“Tens o controlo parental activo. Experimenta agora”, diz de Campos, o Álvaro.

Com o problema enfim resolvido, Peyroteo envia a Jesus, o Cristo, o link para a sala de zoom que a Menina do Gás partilhou naquela manhã.

Mindo é o primeiro a chegar, seguido de Pessoa e os seus Heterónimos, à excepção de Reis, o Ricardo que ainda se encontra em viagem com Pedro, o Álvares Cabral em busca da terra desconhecida chamada Brasil.

Segue-se a Menina do Gás, Vasco da Gama, a toalha de Eusébio, Sócrates, o José, Magalhães, o Fernão, e os apóstolos.

“Convidei-vos todos aqui hoje para despacharmos a ceia de Natal a tempo de vermos o live do Bruno Nogueira no instagram”, começa Jesus, o Cristo, enquanto multiplica o vinho e transforma o pão em bacalhau com natas sem natas.

Peyroteo pede a Sócrates, o José para ir ao VAR analisar a ausência de pencas na refeição transformada de Jesus, o Cristo.

Aguardamos a decisão.

Confusão na videochamada entre a Menina do Gás e Vasco da Gama por este não a ter convidado para viajar na sua nau em busca da terra desconhecida chamada Brasil. Enquanto Pessoa, o Fernando e os seus Heterónimos, com a excepção de Reis, o Ricardo, que continua algures no meio do Atlântico sem rede, lhe explicam que foi Pedro, o Álvares Cabral quem marcou a viagem para aquela noite.

Entretanto Sócrates, o José, e a toalha de Eusébio regressam com a decisão.

“Não há pencas no bacalhau com natas sem natas”, clamam de alívio.

“Isso é subjectivo”, grita Mindo exaltado ainda a brincar com o íman que encontrou no seu frigorífico.

Jesus, o Cristo, levanta os braços e anuncia: “Em verdade vos digo, nesta quadra atípica do ano 1987 AC (antes de COVID), há uma mensagem que a todos nos une. Juntai as mãos e dizei a uma só voz”:

“Morram pencas, morram! Pim!”

E assim chega ao fim o dia mais aguardado ao longo de todo o ano. Dediquem estas horas a espalhar pelo Mundo as palavras de felicidade que só um dia como o 23 consegue transmitir.

Pois hoje é a Véspera da Véspera de Natal. E como diz um provérbio da terra do nosso querido-líder todo-poderoso, Putin, o Vladimir, a repetição é a mãe da aprendizagem, dêem as mãos e cantem todos comigo:

Morram pencas, morram! Pim!

Monday, December 07, 2020

Fazes compras online fora da UE? Prepara-te para pagar mais já em 2021


Fazer compras online vai ficar mais difícil a partir de 2021. A 1 de Janeiro chega ao fim o período de transição para a saída do Reino Unido da União Europeia. Como, até ao momento, ainda não foi alcançado qualquer acordo entre o Governo Britânico e os estados-membros da UE, a partir de Janeiro de 2021 qualquer compra feita a partir do Reino Unido estará sujeita a parar na alfândega.

Actualmente, artigos comprados online oriundos de países extracomunitários, como é o caso da China e dos EUA, têm que passar pela alfândega antes de serem entregues.

Artigos com um valor total inferior a 22 euros, nos quais se deve incluir o preço do artigo e os portes de envio, estão isentos de IVA e de qualquer outra taxa alfandegária.

Para todos os outros é aplicada a taxa de IVA correspondente ao tipo de artigo, à qual é acrescida uma taxa de armazenamento de cerca de 12 euros por o artigo ter parado na alfândega. Sim, temos que pagar pelo facto de a alfândega optar por guardar o artigo durante alguns dias.

No entanto, esta situação vai sofrer alterações a partir de Julho de 2021. Após essa data chega ao fim a isenção de IVA para artigos de valor inferior a 22 euros oriundos de países extracomunitários.

Algumas lojas estão já a contornar esta situação enviando os seus artigos através de armazéns situados em países da UE, como é o caso de Espanha e da Bélgica, contudo, nem todas podem recorrer a essa solução.

Como podemos então contornar esta situação?

Nada há a fazer no que toca ao IVA e às taxas de importação, no entanto, é possível evitar pagar as taxas de armazenamento de uma forma simples. Para tal devemos realizar a compra em lojas que cobrem as taxas de importação no acto da encomenda.

Sim, à partida isto encarece o valor do produto, mas no fim acaba por compensar porque não só reduz o valor pago na chegada à alfândega como permite que o vosso artigo seja imediatamente desalfandegado após a chegada a Portugal, evitando assim todo o stress burocrático associado a este processo.

Para tal devem realizar a compra em lojas como a Amazon ou o eBay que cobram taxas de importação quando finalizamos a encomenda. No caso da Amazon estas taxas são calculadas de forma automática, já no caso do eBay devem sempre optar por vendedores que tenham na descrição a frase Customs services and international tracking provided. Esta frase sinaliza que o artigo será entregue através do sistema de envio global do eBay e que as taxas de importação serão cobradas no acto da encomenda.

Como exemplo, recentemente comprei um artigo no eBay pelo valor de €50 aos quais acresceram cerca de €20 de portes de envio. Como não optei por um vendedor que usasse o serviço de entregas do eBay, acabei por ter o artigo preso na alfândega. A este valor inicial de €70 tive que pagar mais €30, €18 de IVA e demais taxas alfandegárias, e €12 de taxa de armazenamento.

Se tivesse optado por um vendedor que usasse o serviço de entregas do eBay teria pago apenas €18, ou até menos, de taxas de importação e o artigo teria sido entregue de forma mais rápida.

Também o IVA vai subir

Outra alteração que vai entrar em vigor já a partir de Janeiro de 2021 é a cobrança do IVA com base no país de destino. Se fazem compras através da Amazon Espanhola ou de outro país da UE, já devem ter reparado que quando chega a hora de pagar o artigo fica sempre com um valor final ligeiramente mais caro. Isto acontece porque a Amazon decidiu antecipar uma nova lei que dita que todos os artigos comprados online passam a ser taxados sobre o valor do IVA do país de destino e não do de origem.

Por exemplo, se um Português encomendar um artigo que em Espanha custe €20 e que lá esteja sujeito a uma taxa de IVA de 21%, este valor terá que ser adaptado à taxa de 23% em vigor em Portugal. Em vez de €20 este artigo irá então custar €20,33.

Na maioria dos casos o valor será pouco significante, contudo, é mais um factor a ter em atenção quando decidirmos realizar uma compra online a partir do próximo ano.

Estas medidas surgem com o intuito de promover as economias locais e as trocas comerciais entre estados-membros da União Europeia. Se para a grande maioria dos casos estas alterações podem até não ter um impacto significativo, para quem está habituado a comprar artigos que não se encontram disponíveis em nenhum país da UE, elas prometem acrescentar um peso proibitivo para a carteira de muitos portugueses.

O Reino Unido tem servido nas últimas décadas de porta de entrada para artigos exclusivos que normalmente só se encontram disponíveis em lojas norte-americanas. Torna-se assim importante que o RU chegue rapidamente a acordo com os estados-membros da UE para garantir a livre troca de bens entre o Continente e as Ilhas Britânicas.

Até lá, resta-nos apenas encontrar alternativas dentro de portas para que as taxas de alfândega não encareçam as nossas encomendas.

Thursday, August 06, 2020

Como emitir um acto isolado?

Se ao longo da vossa carreira profissional já emitiram um recibo verde, este processo é em tudo similar. Qual é então a vantagem de emitir um acto isolado, também conhecido como acto único, em vez de um recibo verde?

Os actos isolados são usados para tarefas ou projectos pontuais com uma única entidade e, ao contrário dos recibos verdes, não exigem que a pessoa tenha actividade aberta no portal das finanças.

Algumas fontes indicam que é possível emitir mais que um acto isolado por ano, desde que estes sejam realizados com empresas diferentes. No entanto, o mais seguro é recorrer a este recurso apenas uma vez durante o vosso ano fiscal.

Se tiverem mais que uma actividade extra prevista para trabalhos complementares ao vosso emprego oficial durante um determinado ano, o melhor será recorrer aos recebidos verdes.

O processo de emissão de um acto isolado é relativamente simples, sendo hoje possível realizá-lo online através do portal das finanças.

Antes de iniciarem o processo, devem primeiro negociar com a empresa o valor a ser pago. Os actos isolados carecem de pagamento do IVA à taxa normal, mediante algumas excepções. Por isso, devem incluir sempre na vossa proposta de orçamento o valor total com o IVA discriminado.

Por exemplo, se fizerem um orçamento para €500 devem multiplicar este valor por 1,23, (considerando o IVA à taxa máxima de 23%) o que dá um valor de total de €615, com o IVA a custar €115.

Depois de negociado o valor, está na hora de emitir a factura. Para tal, devem deslocar-se ao portal das finanças, fazer login, entrar em ‘Facturas e Recibos Verdes’ e escolher a opção ‘emitir’.

Devem então seleccionar ‘Factura’, preencher a data e escolher a opção ‘Factura Acto Isolado’.

Depois, na secção ‘Adquirente de Bens ou Serviços’ é necessário preencher o nome, o país, a morada e o número de contribuinte da empresa.

Por baixo, na secção ‘Transmissão de Bens ou da Prestação de Serviços’, devem seleccionar a opção que melhor se adequa ao vosso caso, escrever uma breve descrição, colocar o valor base do serviço, e seleccionar a taxa de IVA.

O valor total da factura é imediatamente calculado após a taxa ser seleccionada. Depois, basta carregar em ‘emitir’ no topo da página e terão acesso à factura. Esta deverá ser então enviada para a empresa.

Antes de receberem o pagamento a empresa deverá pedir-vos alguma informação como o número de contribuinte, o IBAN ou a vossa morada.

Embora a forma de pagamento dependa de empresa para empresa, o ideal é esperarem pelo pagamento antes de emitirem o recibo final.

Assim que o dinheiro entrar na vossa conta, devem dirigir-se ao portal das finanças, carregar em ‘Facturas e Recibos Verdes’ e novamente seleccionar a opção emitir.

Desta vez terão que carregar na opção que diz ‘Recibo’. Aqui o sistema vai pedir-vos para seleccionar a factura à qual este recibo diz respeito. Como este se trata de um acto único, só vos deve aparecer uma única opção.

Seleccionada a factura, o portal vai preencher de forma automática a informação sobre a empresa, sendo novamente necessário acrescentar o valor do orçamento e seleccionar a taxa de IVA. Nesta secção terão também que seleccionar qual o regime de IRS a aplicar nesta transacção.

Se o valor do acto isolado for inferior a €10 mil, estão isentos de pagamento de IRS. Se for o caso devem então seleccionar a opção ‘Dispensa de retenção - art. 101.º-B, n.º1, al. a) e b), do CIRS’ antes de finalizarem a emissão do recibo. Para mais informação sobre a isenção de retenção em fonte de IRS sugiro que consultem esta página.

Depois de emitirem o recibo é necessário proceder ao pagamento do IVA. Usando o exemplo anterior, para um serviço com um custo base de €500, têm a receber da empresa um total de €615. Deste valor, €115 correspondem à taxa de IVA que terá que ser paga.

Para tal não é necessário sair do portal das finanças. Na barra de pesquisa procurem por ‘modelo P2’. Deverá então aparecer a opção ‘Guias de Pagamento Modelo P2’.

Seleccionada esta opção devem carregar em ‘Pagamentos de IVA’ e em ‘Submeter Novo Documento’.

Aqui terão que colocar o valor do IVA, que neste caso são €115, e seleccionar a opção ‘Acto Isolado’ onde diz ‘Tipo de Pagamento’.

Ao carregarem em ‘Submeter’ será emitida de forma automática a entidade e a referência de pagamento. O pagamento pode ser feito numa caixa de multibanco ou através de homebanking, num computador, ou na aplicação do vosso banco.

O pagamento do IVA terá que ser feito até ao final do mês seguinte à emissão do recibo do acto isolado. É por este motivo que devem sempre esperar pelo pagamento da empresa antes de emitirem o recibo.

Existem, contudo, algumas actividades que estão isentas do pagamento de IVA. Para saberem se o vosso serviço está ou não isento de IVA podem consultar o artigo 9º do CIVA (Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado).

Friday, May 29, 2020

O que é afinal um Cartucho?

Cartucho, Fonte: DR

Se têm por hábito usar o Spotify certamente já tropeçaram num anúncio que vos agradece por terem escolhido aquela plataforma em alternativa à rádio, a um CD, a uma cassete, a um vinil, ou a um cartucho, “se soubesses o que isso era”.

O que é afinal um cartucho? Um cartucho, também conhecido por Stereo 8, era um suporte de áudio com base numa fita magnética bastante similar a uma cassete embora fosse um pouco maior. Esta fita podia conter até oito faixas de música e funcionava num circuito fechado que permitia que este voltasse ao início sem ser necessário rebobinar.

Para aqueles que já nasceram num Mundo digital onde os formatos físicos e analógicos não passam de uma relíquia de um passado algo distante, usados apenas para enfeitar as estantes do apartamento de um qualquer hipster, as cassetes, fossem estas de música ou de VHS, precisavam de ser rebobinadas para voltar ao início.

Poucas coisas eram mais chatas na altura do que colocar uma cassete no vídeo ou na aparelhagem e ter que esperar alguns minutos até que esta voltasse ao ponto inicial.

Qualquer vídeo, walkman, rádio ou aparelhagem tinha esta capacidade, no entanto isso não impediu as empresas de criarem máquinas específicas para rebobinar cassetes.

Estas máquinas eram usadas especialmente em clubes de vídeo, aquelas casas de aluguer de filmes que existiam antes da Netflix, porque, bom, as pessoas teimavam em não rebobinar as cassetes depois de as alugarem. Alguns destes videoclubes costumavam inclusive cobrar uma taxa extra a quem se esquecesse de rebobinar a cassete.

Os cartuchos tinham então a vantagem de que assim que a última música acabasse de tocar, esta seria seguida pela primeira sem que para tal fosse necessário carregar num qualquer botão. No entanto, um cartucho não era apenas uma cópia em fita magnética de um álbum. As particularidades desta tecnologia obrigaram os produtores de música a fazer alguns ajustes.  

Enquanto num disco de vinil as músicas são repartidas pelos dois lados do disco, os cartuchos eram divididos em quatro programas. Cada programa podia conter até duas músicas sendo que estas não podiam ser divididas de forma linear. O primeiro programa teria que conter a faixa um e a faixa cinco, enquanto o segundo teria a faixa dois e a faixa seis.

Isto criou um problema na passagem de conteúdo de um álbum em vinil para um cartucho. Para o resolver era muitas vezes necessário partir as músicas em duas partes cortando-a durante uma pausa instrumental ou entre repetições de um refrão.  

Por vezes era também necessário trocar a ordem das músicas, mudar o seu comprimento ou introduzir períodos de silêncio de forma a ajustar a duração das músicas à duração de um programa na fita.

Isto levou a que alguns cartuchos incluíssem conteúdo extra, transformando-os em autênticos objectos de colecção para os fãs de artistas como Lou Reed ou Pink Floyd.

No álbum Animals (1977) de Pink Floyd a música Pigs On The Wing tem uma versão extensa criada em específico para o seu cartucho.

Este formato era principalmente usado em auto rádios e foi bastante popular nos EUA entre as décadas de 1960 e 1980. Contudo, deste lado do Atlântico os cartuchos nunca ganharam a mesma popularidade, tendo perdido a corrida para as cassetes.

Se costumam ver séries e filmes norte-americanos provavelmente já viram cartuchos a ser usados sem se aperceberem. Sempre que uma personagem coloca um bloco cinzento no auto rádio sem o tirar da caixa ela está a usar um cartucho.

Por exemplo, se são fãs da série How I Met Your Mother, talvez se lembrem de um episódio em que o Marshall e o Ted fizeram uma viagem até Chicago num carro que insistia em tocar em loop a música ‘I’m Gonna Be (500 miles)’ dos The Proclaimers.

Acreditem ou não, isto era um problema algo comum. Quando um auto rádio avariava, devido ao circuito fechado dos cartuchos, este podia ficar preso na mesma música, tocando-a em loop incessantemente.

No filme As Good as It Gets (1997) vemos Melvin, interpretado por Jack Nicholson, a preparar a banda sonora para a viagem de carro que ele faz com Carol (Helen Hunt) e Simon (Greg Kinnear). Esta banda sonora consiste num conjunto de cartuchos etiquetados com o nome dos artistas que ele guarda num compartimento ao lado do assento do condutor.

Os cartuchos, o betamax, os laser discs e os minidiscs são exemplos de tecnologias que tiveram alguma popularidade a nível local mas que nunca conseguiram conquistar o mercado a um nível tão global como as cassetes, o VHS, os CDs ou os DVDs.

Hoje não passam de uma memória de um tempo analógico onde o mínimo erro podia transformar uma viagem corriqueira numa história épica, ou numa sessão de tortura.

Agora que já sabem o que é um cartucho da próxima vez que ouvirem o anúncio do Spotify, não se esqueçam de pedir àquele senhor para tentar ser um pouco menos condescendente.