Wednesday, April 02, 2014

Até sempre Ted, até já Covilhã

How I Met Your Mother
Faz hoje um ano que me mudei para a Covilhã. Um dia para recordar, mas também ele, um dia de recordes. Esta não é só a cidade em que mais tempo vivi fora daquela a que gosto de chamar de casa, é também o emprego mais longo que já tive na minha curta carreira.

O dia 2 de Abril marca, para mim, o início de uma nova era. A era pós-How I Met Your Mother. Ao fim de nove temporadas, seis das quais como espectador assíduo, vejo-me enfim privado daqueles vinte e três minutos de humor que ocuparam as minhas noites de terça-feira ao longo dos últimos seis anos.

Foi em Setembro de 2008 que tive pela primeira vez contacto com a série. Já tinha ouvido comentários por alto, em conversas entre o Paulo e o Luís. Durante esse Verão foram incontáveis as vezes que ouvi o Luís dizer, It’s gonna be Legen... Wait for it. Dary! Legendary, sem saber a origem dessa expressão.

Lembro-me de me contarem a premissa da série, já de noite, quando regressávamos do Furadouro depois da nossa habitual corrida. Pela sua descrição pareceu-me ser um drama idêntico a One Tree Hill, mas mais adulto. Não foram capazes de suscitar o meu interesse, mas mantive alguma curiosidade.

Numa tarde em Setembro, encontrava-me aborrecido e decidi pesquisar alguma informação sobre a série. Quando vi que o elenco incluía a Cobie Smulders, que conhecia como Juliet na série Veritas: The Quest, decidi ver o primeiro episódio.

Os vinte e três minutos de duração, o tom da cinematografia, e os cenários fixos, revelaram de imediato que estava perante uma sitcom, e não um drama como me fizeram entender. Esse episódio prendeu-me de imediato. Revia-me tanto no Ted que chegava a ser assustador.

Nas semanas seguintes nada mais fiz que ver os episódios das primeiras três temporadas. Deitava-me a pensar na série. Acordava com vontade de correr para o computador para ver mais um episódio. Ficava acordado, madrugada a dentro, a ver as peripécias do Barney, a admirar a forte ligação entre o Marshall e a Lily, e a torcer para que o Ted fosse capaz de reconquistar a Robin, secretamente sonhando que fosse ela a Mãe.

Consegui recuperar as três primeiras temporadas da série antes que a nova começasse. Foi uma sensação estranha ter que esperar uma semana por um novo episódio, quando estava habituado a vê-los de seguida até me cansar. Custou, mas consegui adaptar-me.

Ao longo dos anos a série perdeu alguma da sua qualidade. As últimas temporadas tinham um sentimento de repetição, e de humor forçado que quase me fez deixar de a seguir. Felizmente, sempre que How I Met Your Mother atingia um ponto baixo, surpreendia-me com um daqueles episódios que me fazia relembrar o sentimento que me prendeu às peripécias deste grupo de amigos, naquelas noites de fim de Verão, em 2008.

É estranho imaginar uma semana sem esta minha companhia das terças à noite. Contudo, uma boa história é aquela que sabe quando deve terminar, sem se alongar mais tempo que o necessário.

Hoje despeço-me de How I Met Your Mother, e agradeço aos seus criadores Carter Bays e Craig Thomas, por nos deliciarem com esta bela história, e com um elenco fantástico que fez dela o sucesso que sempre foi.

Despeço-me desta série, mas não da Covilhã. Se não houver nenhum imprevisto, por cá continuarei por mais um ano. Um ano para continuar a crescer. Para desenvolver os meus conhecimentos, e as minhas capacidades. Um ano para investir naquilo que me faz feliz. Um ano para seguir em frente. Um ano para começar a construir o meu sonho.

Até sempre Ted, até já Covilhã.

Sunday, June 04, 2006

10 Mandamentos

10 Mandamentos, Julius Schnorr von Carolsfeld
Este artigo não tem qualquer intento de levantar algum tipo de questão existencial. Contudo, não nego a probabilidade de que isso venha a acontecer.

Ontem à noite, durante um daqueles momentos de profunda reflexão sobre o porquê das coisas, comecei a pensar sobre os 10 mandamentos, e encontrei algo de estranho acerca do mandamento: "Não deves usar o nome de Deus em vão".

Estamos todos familiarizados com aqueles desenhos animados em que alguém diz Deus, e a personagem mais conservadora bate-lhe, evocando este mandamento, argumentando que tal acto se trata de uma blasfémia. Já eu tenho uma visão diferente daquilo que este mandamento procura realmente dizer.

Segundo algumas informações, que talvez não sejam muito viáveis visto que foram retiradas da série "Veritas, the Quest", Deus tem mesmo um nome. Nome esse, que Moisés ouviu ser pronunciado, e que nunca mais voltou a ser referido.

Seria muito estranho que um ser superior se deixasse ficar pelo nome de Deus e nada mais. Seria natural que Ele tivesse um nome próprio. Contudo, se pensarmos bem, os nomes dos outros deuses não são bem nomes próprios, já que remetem para particularidades dos seus poderes característicos.

Mas esse tal nome de Deus é conhecido. E, segundo essa série, apenas uma certa tribo judaica é que possui alguém, uma espécie de protegido, que é capaz de pronunciar esse nome.

Ora, se virmos isto como uma realidade irrevogável, encontramos aqui a real importância do nome de Deus. Quando este, ao ser pronunciado numa língua que o mais comum dos mortais é incapaz de decifrar, invoca poderes como a capacidade de curar doenças, de ressuscitar os mortos, de transformar a água em vinho, enfim, basicamente tudo aquilo que Deus pode fazer, podemos então afirmar que é algo demasiado poderoso para ser dado ao desbarato.

Daí a existência deste mandamento. Não devemos usar o poder da palavra do Senhor, nem do Seu nome, para os nossos próprios fins, mas sim apenas em caso de extrema necessidade, ou em Seu louvor.

Podia também ter pensado que este mandamento remetia para o poder persuasivo da religião, poder esse que deve ser usado com cuidado, para que ninguém seja vítima de usurpação.

De qualquer das maneiras, deixo aqui a questão em aberto. Mas não se preocupem, a meu ver, não estão a pecar quando vêem algo estranho e gritam "Ó meu Deus!"