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Os fãs da série britânica Primeval devem ter ficado exaltados quando foi anunciado que a estação canadiana Space ia produzir um spin-off para o mercado norte-americano. Eu reagi a esta notícia com algum entusiasmo, misturado com ansiedade para ver o resultado do produto final. Finalmente íamos ter uma temporada de Primeval com mais do que seis ou dez episódios por ano.
O resultado desta transferência transatlântica chama-se Primeval: New World, que estreou no passado dia 29 de Outubro. Com a emissão do oitavo episódio, a versão americana de Primeval entra agora em férias de Natal ainda sem data prevista para regressar. De uma encomenda original de 13 episódios – ainda não existem rumores sobre a possibilidade de mais episódios virem a ser produzidos – ainda teremos pelo menos mais cinco episódios para ver em 2013.
No final dos primeiros dois meses de emissão, tenho a dizer que a versão novo-mundana de Primeval deixa muito a desejar. New World, conta a história de Evan Cross, cientista e empresário, que ao investigar a origem de uma anomalia electromagnética é atacado por um Albertosaurus. Evan presencia então a morte da sua mulher sem ele poder fazer nada para a evitar. Como presidente da Crossphotonics, uma empresa de relevo na área do desenvolvimento de software e tecnologia, Cross decide dedicar a sua vida a estudar as anomalias e a tentar prevenir que outra tragédia como a que aconteceu à sua mulher se volte a repetir. Uma premissa bastante similar à da primeira temporada de Primeval, antes de ser criado o Anomaly Research Centre (ARC) e deles passarem a ter apoio governamental em larga escala para fechar as anomalias e proteger a população das criaturas que por elas atravessavam.
Visto New World tratar-se de um spin-off e não de uma série completamente nova, é natural que seja comparada à sua predecessora e que, consequentemente, seja vítima de escrutínio por parte dos seus fãs. Mas por mais objectivo que tente ser na análise a esta série, não a consigo deixar de ver sem um filtro condicionado pelo Primeval original.
O episódio piloto de New World prometeu bastante. Os actores ainda estavam um pouco em bruto, mas a acção e o ambiente de Primeval estava lá. Até o regresso de Connor Temple, a fazer a ligação com a linha narrativa da série britânica e a servir de instrumento de exposição para o Evan Cross, foi uma jogada de génio. Não há nada de pior do que quando um spin-off tenta desligar-se por completo da série que lhe deu origem como se esta nunca tivesse acontecido. Ou pelo menos parecia ser esse o caso.
Além desse primeiro aparecimento do Connor, não voltou a haver qualquer referência ao que se passa do outro lado do Atlântico, e o mistério sobre o ARC ainda se mantém. Compreendo que seja necessário tirar as rodinhas e deixar New World aprender a pedalar e a manter o equilíbrio sozinho. Contudo, o primeiro episódio deixou demasiadas questões em aberto que até agora têm simplesmente sido ignoradas.
Foi necessário esperar pelo último episódio antes do hiato de Natal para nos serem apresentadas algumas respostas, e para vermos um maior desenvolvimento da mitologia da série. A este ritmo, não estou a ver New World a conseguir sobreviver ao mercado norte-americano quando finalmente for emitida nos EUA. Embora ainda sem dados oficiais, esta série tem tido uma presença modesta na televisão canadiana. O episódio de estreia teve apenas 300 mil espectadores no Canadá, o que, quando comparado com os 7 milhões que assistiram à estreia do Primeval original no Reino Unido, deixa muito a desejar.
Os personagens até este ponto têm sido bastante superficiais e todas as tentativas de lhes dar alguma profundidade falharam redondamente até este último episódio. A própria acção também ficou aquém das expectativas. Embora esta série aposte fortemente em dinossauros – ao contrário da série britânica que recorreu muitas vezes a seres do cenozóico ou do paleozóico, e que chegou mesmo a inventar criaturas que não se encontram no registo fóssil ou que pertencem a épocas futuras – a forma como estes reagem quando são capturados, a sua estratégia de ataque e o seu comportamento no geral é muito pouco realista e demasiado óbvio.
Compreendo que para o mercado americano faça mais sentido usar dinossauros em vez de répteis, aves, insectos ou mamíferos extintos, visto que o seu público está mais familiarizado com as espécies, contudo, uma maior diversidade entre as criaturas que saem das anomalias também não faria mal. Pelo menos New World não classifica erradamente répteis do Pérmico como “dinossauros”, como chegou a acontecer com Primeval.
Não posso dizer que esteja inteiramente desapontado. Ao contrário do típico fanático impaciente, eu gosto de ver cuidadosamente uma série no seu todo antes de desistir por completo de a ver. Contudo, New World, até agora, tem estado bastante aquém das expectativas.
São necessárias mais referências a Primeval. Alguém do ARC tem que intervir e mostrar ao grupo de Evan Cross todo o mundo de pesquisa e protecção contra as anomalias que foi desenvolvido ao longo dos últimos anos. Os personagens têm que ser melhor desenvolvidos e tem que lhes ser dada uma maior profundida emocional. O último episódio demonstrou pelo menos uma intenção dos criadores em guiar a narrativa para esta direcção. Espero que aproveitem este impulso na história para entrarem com o pé direito em 2013.
Até lá, fico contente por voltar a haver uma série de ficção científica com dinossauros na TV. Guardo a esperança que um eventual sucesso de New World seja suficiente para fazer com que a ITV considere a possibilidade de fazer regressar Primeval.
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