Friday, December 14, 2012

Consumismo

Foto: Adriano Cerqueira
Todos conhecemos pelo menos uma pessoa que não gosta do Natal. Os argumentos são sempre os mesmos, o consumismo forçado, a obrigatoriedade da troca de prendas e a hipocrisia de se ser solidário apenas uma vez por ano. Na maioria das vezes limito-me a ignorá-los pois como já diz o velho ditado “não vale a pena ensinar um cego a ver”, contudo, por mais assertivas que estas pessoas sejam na sua interpretação do espírito natalício, não deixam de estar erradas.

O seu argumento mais forte é o consumismo excessivo que se vive durante a época natalícia. As grandes marcas e os centros comerciais aproveitam esta altura para fazer promoções e para encher as ruas, televisões, rádios, revistas, jornais e a própria internet de poluição semiótica com figuras e ícones alusivos ao Natal. Contudo, o Natal nada tem a ver com estratégias comerciais nem com a troca de prendas. Os responsáveis por estes comportamentos são as empresas e os próprios consumidores que aderem a estas “tradições” impostas pelo aproveitamento comercial de uma festa religiosa com uma grande expressão a nível mundial.

Ninguém é obrigado a dar ou a oferecer prendas. As pessoas fazem isso de vontade própria e escolhem esta época para o fazer pois assim foi estabelecido pela tradição dos últimos séculos. O Natal em si tem origem numa festa pagã que celebra o solstício de Inverno e o renascimento do Sol após os longos meses de Outono onde as noites são maiores que os dias. A esta celebração foi associado o nascimento de Jesus, e assim surgiu o Natal como uma das principais festas cristãs. Embora o dia 17 de Abril seja a verdadeira data para o nascimento de Jesus, o dia 25 de Dezembro foi escolhido como uma data simbólica para o celebrar. E assim se manteve ao longo dos séculos. Nada disto obriga alguém a trocar ou a oferecer prendas. As pessoas fazem-no, ou pelo menos deviam-no fazer, como forma de mostrar aos outros aquilo que eles significam para elas, oferecendo-lhes algo com o objectivo de lhes trazer alguma felicidade.

Hoje em dia, o Natal é mais que uma festa religiosa exclusiva dos cristãos. É uma época de amor, paz e solidariedade para com o próximo, onde todas as pessoas, sejam elas de credos, raças, sexos, nacionalidades, estratos sociais ou idades distintas, vêem umas as outras como iguais e se unem para ajudar aqueles que mais precisam. Sim, muitas delas apenas o fazem nesta altura. E, por mim, podem chamá-las de hipócritas à vontade. Mas mais vale ser-se solidário uma vez por ano, do que nunca o ser. Mesmo que o façam apenas para se sentirem melhores consigo próprias ou para ficarem bem-vistas, pelo menos ajudaram alguém enquanto o faziam.

Não sou ingénuo ao ponto de acreditar que toda a gente é solidária no Natal, mas é um facto de que nesta altura aumentam o número de voluntários para ajudar aqueles que mais precisam, assim como as doações para instituições de solidariedade.

O Natal é para mim a melhor época do ano. O espírito natalício enche-nos de alegria e de amor. Aproxima-nos daqueles que amamos e é uma boa desculpa para reunir os nossos familiares e entes queridos. O Natal é uma festa familiar, não é apenas mais um mero feriado corrompido pela forçada necessidade de se festejar até ao nascer do sol, de excessos e de cometer actos dos quais nos iremos arrepender na manhã seguinte. Não. O Natal é uma festa mágica. Partilhamos gestos de carinho. Presenciamos milagres à nossa volta. Demonstramos o nosso amor pelo próximo e, acima de tudo, fazemos alguém feliz.

Para mim o Natal sempre será a melhor época do ano. Deixo o espírito natalício envolver-me e uso a sua energia para partilhar a minha felicidade com aqueles que me são mais próximos. Quem não consegue ver isto, quem não consegue sentir isto, não se preocupem, um dia alguém chegará para vos mostrar o caminho correcto e aquecer os vossos corações.

A todos, e em especial àqueles que não acreditam no espírito natalício, desejo um Feliz Natal e uma boa noite de consoada!

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