366 dias, 42 bilharacos, 29 apocalipses, 12 contas de somar,
4 lentes desreguladas, um Mindo e 0 pencas depois, está de regresso a véspera da
véspera de Natal. Sim, depois de um longo ano de espera, o momento mais epicamente
aguardado de todo o sempre está de regresso. E desta vez promete igualmente
nada, como sempre o fez!
Vasco da Gama estava na corte de D. João II. Este sentava-se
num trono feito de espadas fundidas, constantemente a queixar-se das picadelas
que sofria no seu real rabiosque.
“Vasco, amanhã vais zarpar rumo à terra desconhecida chamada
Brasil que tu irás descobrir”, disse. “Mas isso não era o outro gajo?”,
perguntou Jesus, o Jorge, que passava por ali. “Ó pá, vai mas é cortar o cabelo”,
responde Jesus, o Cristo, que trazia consigo a nova táctica para os lances de
bola parada do Moreirense.
“Ei, ó Boss, amanhã não me dá lá muito jeito, tenho uma
consulta às 15h e já está marcada há uns dois meses”, respondeu o Vasco.
“Bom, então zarparás no dia seguinte.”
“No dia seguinte também não posso, tenho que ir à Junta
pagar o saneamento, é o último dia e tal.”
“Porque é que não vais amanhã depois da consulta?”
“Não dá porque a Junta fecha às 16h, e já sabe como é que é
no Centro de Saúde, um gajo chega lá às 15h e se tiver despachado às 16h30 já
vai com muita sorte.”
“Então, e não podes ir à Junta de manhã?”
“De manhã, de manhã… Também não dá. O Continente amanhã está
a fazer desconto de 50% no bacalhau e convém ir cedo antes que esgote. Se não
ainda acontece como no Primeiro de Maio e vou ter que andar lá à porrada com
uma dona-de-casa para conseguir uma ou duas postas. Depois disso ainda tenho de
ir almoçar a casa. Como sabe ainda não inventaram os carros e um gajo para
andar de trás para a frente, ainda mais carregado com as compras, ainda são
precisas algumas horitas para tratar disso tudo.”
A conversa é interrompida pelo Eusébio que aparece de súbito
na corte. “Vasco, agarra a minha toalha!” O Vasco agarrou na toalha do Eusébio
e gritou “Aventura”, os dois foram teletransportados dali para fora (o Word
disse-me para ponderar o emprego de uma expressão alternativa, bitch please!).
Vasco, Eusébio, a toalha, Jesus, o Cristo, e o Afonso
Henriques dão por si na terra desconhecida chamada Brasil. “Isso é subjectivo,
cara!”, diz o Mindo que os viu a aparecer do nada e no entanto não ficou
intrigado pelo que se acabou de passar.
“Agora é que me lixaste Eusébio, como é que vou chegar a
tempo da minha consulta?”
“Se era no dentista podes pedir a esse tipo aí, pode ser que
te ajude.”
“Isso é subjectivo”, respondeu o Mindo. O narrador
aproxima-se do Mindo e pergunta-lhe: “Não sabes dizer mais nada?” “Isso é…”
Antes que o Mindo pudesse responder o narrador espetou-lhe alto tabefe nas
fuças para ver se ele acordava.
“Isto é assim pessoal, não sei o que fazer convosco. Esta
história já tem uns anitos e acaba sempre por não fazer sentido nenhum”,
respondeu o narrador.
O Afonso Henriques pega na sua espada de 5 metros e na sua
armadura de lobo negro para ir processar umas certas pessoas que copiaram o seu
estilo. “Vêem? Nada disto faz sentido!”
“Isso é subjectivo”, respondeu o Mindo.
“E a minha consulta?”, gritou o Vasco.
“Vá, peguem todos na toalha”, pediu o Eusébio.
“Terra”, disse o Eusébio.
“Fogo”, disse Jesus, o Cristo.
“Vento”, disse o Afonso Henriques.
“Água”, disse o Mindo.
“Coração”, disse o Vasco.
“Pelos vossos poderes combinados, eu sou o Capitão Planeta”.
Vasco, Eusébio, Jesus, o Cristo, Afonso Henriques, o Capitão
Planeta e a toalha são teletransportados de imediato. O Mindo fica por ali a
comer umas pencas, desinteressado no que se acabou de passar.
De regresso à corte, Vasco conta a D. João II que já
descobriu a terra desconhecida chamada Brasil. D. João II não parece muito
convencido.
“Demoras mais tempo a encontrar a Junta que a terra
desconhecida chamada Brasil?”, perguntou D. João, segundo de seu nome.
“Em Moçambique Kutama quer dizer emigrante”, disse o
Eusébio.
“É o seguinte malta, eu depois de amanhã faço anos e como
curto ser diferente do resto do pessoal, a festa começa já amanhã”, interrompeu
Jesus. “Depois do Vasco voltar da consulta, vamos todos para minha casa partir
vinho e beber pão. Vai ser brutal moço!”
Todos concordaram em aparecer lá por volta das 18h para
preparar o jantar. Todos excepto o Capitão Planeta que depois de sugerir levar
umas quantas pencas que o Mindo lhe deu, foi expulso da corte para ir salvar
uns quantos Dodós antes destes se extinguirem outra vez.
E chegou assim ao fim mais uma aventura do quinteto
fantástico. Lembrem-se, celebrem sempre o 23 como se fosse o último, nunca se
sabe quando o Fim do Mundo se voltará a repetir. Além do mais, ainda vos aparece
o Mindo em vossa casa com umas pencas para o cozido. E caso ele apareça, dêem
as mãos e cantem numa só voz:
Morram pencas, morram! Pim!