Por vezes pareço ter um dom especial para tomar as decisões erradas nos piores momentos. Pelo menos no que toca ao investimento tecnológico, esse dom tem sido bastante evidente. Cépticos? Bom, nesse caso resta-me apenas enumerar os argumentos que fazem disto regra, e nada melhor do que começar pelo início.
Em meados da década de 90 – diria 1996, mas não tenho a certeza do ano exacto – comprei o meu primeiro computador, um Pentium 100. Na altura optei por não apostar na internet, por ainda ser pouco usada e não ter uma distribuição significativa em Portugal. Talvez esta decisão não tivesse sido assim tão disparatada, apesar de hoje em dia ser impensável adquirir um computador sem ligação à net, na altura a realidade era bem diferente. Contudo, passei ao lado de um bom investimento que me colocaria à frente do meu tempo e acabei por optar pela escolha mais segura.
Poucos anos passaram até que o meu velho Pentium 100 ficasse obsoleto. Ter um computador incapaz de ligar à afamada auto-estrada da informação era a mesma coisa que ter um enorme pisa-papéis que nem sequer era bonito o suficiente para servir de adorno. É em meados de 2000 que passo ao lado de mais um grande investimento. O meu segundo computador, um Pentium 4 com 10 gigabytes de Memória e 128 Mb de RAM, já veio equipado com um modem e portas USB, também elas novidade na altura, mas quando questionado se queria incluir um leitor de DVD, decidi que não valia o esforço extra, visto que os DVDs ainda não eram muito usados e “apenas serviam para ver filmes”. Sim, foram estas as palavras exactas do rapaz que me atendeu na loja onde fui encomendar o meu PC.
Os anos passaram, no entretanto investi num gravador de CDs, num modem externo de banda larga – na verdade foram dois, mas isso agora também não interessa –, aumentei a RAM para 256 Mb e instalei um segundo disco interno de 20 Gb. Ainda comprei uma placa de rede mas nunca fui a tempo de a pôr a funcionar visto que o sistema de alimentação avariou e um familiar que se dispôs a repará-lo, limitou-se a deitá-lo para o lixo, tornando o CPU completamente inútil. Não fosse por isso e ainda hoje estaria a funcionar.
Na altura já tinha comprado o meu terceiro computador, que ainda hoje uso. Setembro de 2006 foi o mês em que ele chegou. Tinha acabado de entrar na Universidade e como acontece com a grande maioria dos estudantes os meus pais ofereceram-me um portátil. Um Asus com 120 Gb de memória, 1024 Mb de RAM e um processador Intel Centrino Duo com 1,73 GHz. Veio equipado com placa Wireless, placa de vídeo com ligações Firewire e S-Video que até hoje não tive necessidade de utilizar – ou melhor, quando tive necessidade, acabaram por se mostrar inúteis para a tarefa em questão – , até veio com um microfone incorporado que também nunca usei por ser perfeitamente inútil visto que só capta bem a voz se falarmos directamente para ele.
“Mas então onde está o problema? Parece-me bem equipado mesmo para os requisitos de hoje”, dizem vós. De certa forma o vosso raciocínio não está errado, mas o meu portátil falha em dois aspectos que são hoje tomados como garantidos, não possui ligação por bluetooth, o que me forçou a comprar uma drive de bluetooth de forma a poder transferir as fotografias do meu telemóvel para o portátil, e veio sem uma webcam incorporada, não que eu tivesse grande interesse em usá-la, até porque o portátil já veio com uma webcam externa que serviu bem nas situações em que a tive de usar, mas é uma componente presente em praticamente todos os portáteis vendidos hoje em dia.
Desta vez a culpa recai totalmente sobre a minha simples ignorância. Na altura ainda não compreendia o que o bluetooth realmente significava e pensava veemente que o meu portátil já vinha com ele incorporado na altura em que o comprei. Para a próxima é melhor prestar mais atenção às especificações.
É mesmo esse o motivo que dá hoje origem a este artigo. Após quatro anos de desempenho razoável, em que posso apenas apontar dois momentos de falha épica – a primeira no ano passado quando me vi forçado a formatar o portátil após um ataque de vírus massivo, e a segunda no início deste ano em que o ecrã deixou de funcionar e optei por o trocar por um novo, investimento esse que me custou quase 350 euros –, está na altura de trocar de computador. Até porque a minha formação académica e profissional implicam a necessidade de uma máquina bem mais actual e potente.
Mais uma vez vejo-me com um dilema. Apostar num bom computador um pouco acima da média daqueles hoje disponíveis para venda, ou então fazer um esforço extra para adquirir um portátil com leitor de Blu-ray e um ecrã 3D – de salientar que a tecnologia 3D em portáteis ainda está numa fase experimental e as opiniões que encontro online dizem que por enquanto não vale a pena o investimento (talvez um dia me venha a rir disto).
A questão é simples, estarei novamente a investir num computador no momento precisamente anterior a uma nova evolução das tecnologias informáticas, ou será que à quarta é que é de vez e este acabe por ser o timing exacto para esta aquisição.
Até Janeiro manter-me-ei atento ao mercado e daqui a quatro ou cinco anos, quando voltar a trocar de equipamento, serei então capaz de confirmar ou de desmentir aquilo que até hoje tem sido regra.
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