Ao lançarmos uma moeda sabemos à partida que o resultado pode apenas ser um de dois. Há sempre a possibilidade da moeda cair em pé, mas a mínima vibração acaba por a tombar, fazendo prevalecer um dos lados.
Podemos tentar adivinhar o lado que sai, ou desenvolver técnicas para desvendar a resposta mesmo antes da moeda partir da nossa mão. Mas no fim, o mínimo pormenor pode desviá-la do seu objectivo e o resultado torna-se, assim, incerto.
Cara ou coroa. 50% é a probabilidade de acertar, mas por vezes surgem séries raras, em que por mais que lancemos a moeda, o resultado acaba por ser o mesmo. E por mais que acreditemos que no próximo lançamento será diferente, a crença dissipa-se mal levantamos a mão.
Para evitar esta constante desilusão lançamos a moeda para longe dos nossos olhos, para as profundezas de uma fonte, ou para a escuridão dos nossos bolsos. Tentamos com outras moedas, iguais, diferentes, de outro valor, de outro país, de outra cifra, de outro tamanho, de outra cor. Mas no fim, a sequência mantém-se, e o resultado não se altera.
Para um bom apostador, esse azar seria a sua sorte. Como oráculo, poder adivinhar cada resultado seria um pequeno passo para a eterna vitória. Não tarda outros viriam o jogo como viciado, e largariam a aposta. De qualquer forma, tal jogo apenas funcionaria se no ditar do resultado fosse ele quem decidisse a fatalidade da partida. Caso contrário, a regra da incerteza voltaria a ser aplicada, e na voz do oponente estaria a decisão do resultado. Já o não apostador, vê-se como vencido logo à partida, condenado a acreditar na resposta que nunca irá receber.
"Há sempre o outro lado da moeda." Às vezes também gostaria de o ver.
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