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Ninguém responde? Medo? Ignorância? Seja lá o que for, que aconteceu? E se aconteceu, porquê? Porquê? É assim tão difícil responder a uma questão de “sim ou não” e justificar essa resposta? Talvez, mas não é por isso que ninguém responde. Ninguém responde pois não passam de sombras numa parede que há muito foi abaixo.
Sofro de uma incapacidade tremenda quando tento compreender o porquê de tudo estar tão diferente daquilo que era há um minuto atrás. Talvez seja mera impressão. Talvez nada tenha mudado, além do dia que clareou.
É uma tarefa complicada perceber o porquê dos actos dos outros, pois não há nada para perceber. Não é necessário compreender, e é frustrante que assim seja, mas é assim que tem que ser.
Mas, apesar de tudo, porquê? O que há de diferente? Por que é preciso mudar? Nada vos espera no amanhã. Ainda não conseguem distinguir os tijolos no muro? Porquê ser-se tão cego? Porquê? Porquê? Porquê?
Ninguém me responde. Que monólogo mais decadente. Que tédio de existência. Rodeado de desespero, indecência, indolência, seja o que for, algo impede aqueles que têm as respostas de as deitar cá para fora. Será que não me ouvem? Que mal têm estas questões? Por que continuam a não tomar consciência das vossas decisões? Mas que raio se passa com vocês? Respondam!
O silêncio continua, cada vez mais massificado. Nada há a fazer, nada há para dizer. Porquê? Receio de quê? Da verdade? Da mentira? Do ódio? Do amor? Mas não há nada que vos satisfaça? Não. Continuam sem responder...
Que justificação é ter medo da mudança? Talvez nenhuma. Talvez não seja necessário. Mas as regras não são estas quando ela acontece, sem se aperceber, sem ser precisa, sem pedir. Quando a mudança é um hóspede que não foi convidado, uma devida justificação é necessária.
Que mudaria? Ela continua aí, não irá mudar, e agora já não pode ir embora. Nada a fará voltar atrás. E assim nos encontramos presos numa cela sem grades, à qual não podemos voltar as costas. Não a podemos esconder de nós, ou da nossa memória. Ficará assim, para sempre marcada. E porquê? Por nada. Sem razão de ser, assim existe. Assim nasceu, e assim não morrerá.
Que resposta dareis vós a isto? O vosso contínuo e impiedoso silêncio sem valor, nem motivo de ser? Mas assim continuam a viver, incapazes de me responder. Obrigam-me a abraçar outro tipo de mudança.
Que pena, logo quando tudo parecia ser algo, e esse algo parecia ser tão diferente.
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