Christmas Lights; Foto: Adriano Cerqueira |
O Christmas Tree, O Christmas tree,
How lovely are your branches!
In beauty green will always grow
Through summer sun and winter snow.
Desde que me conheço, e desde que tenho capacidade para o fazer, que sou eu quem monta e enfeita a Árvore de Natal em minha casa. É assim há anos, e ontem não foi excepção. Normalmente aproveito a ocasião para encher a casa com músicas de Natal enquanto enfeito a árvore, o presépio, e os restantes motivos que tradicionalmente se espalham pela sala, da entrada até à cozinha.
Talvez por causa do tempo cinzento que ontem se fazia sentir, ou por há três semanas atrás ainda andar de manga curta, desta vez, enfeitar a Árvore de Natal não passou de um acto mecânico. Como se não passasse de uma vulgar tarefa doméstica. Ou outra qualquer obrigação, feita com pouco, ou mesmo nenhum prazer.
Este ano não se fez ouvir nenhuma melodia natalícia. Nem sequer tirei uma única foto à árvore depois de enfeitada e apropriadamente iluminada. O único acto que ainda me fez sorrir foi a já habitual oferta de uma laranja ao Menino Jesus.
A verdade é que já há alguns anos que pouco ou nada muda nos nossos enfeites de Natal. Há alguns objectos que são já tradicionais e não podem ser evitados. As imagens do presépio, as três casas cobertas de neve, alguns enfeites da Árvore de Natal mais velhos que eu, as duas velas em forma de Pai Natal, os dois anjos, e a habitual estrela que descansa no topo. Nos últimos anos, a única coisa que mudou foram as luzes, isto porque as anteriores acabam sempre for falhar mais ano, menos ano, e alguns motivos novos que foram surgindo, ora por oferta, ora apenas porque sim.
A nossa colecção de postais também tem vindo a crescer. O topo do móvel da televisão está a ficar mais pequeno a cada ano que passa. Pela primeira vez, tive mesmo que deixar alguns postais de fora, ora por falta de espaço, ora porque não tinham valor suficiente para ficarem assim expostos.
Contudo, embora cada ornamento, cada postal, e cada figura conte uma história, a verdade é que fora estes pequenos pormenores, já não me revejo nesta Árvore de Natal. Sempre sonhei com uma árvore grande, daquelas que chegam quase até ao tecto. Em ambas as casas em que já vivi com os meus pais, não havia espaço para uma árvore dessas, e isto continua sem mudar. Se a primeira casa era muito pequena, nesta, a culpa recai na escolha de mobiliário feita pelos meus pais.
Ontem, enquanto preparava os enfeites e procurava desesperadamente em, literalmente, todas as gavetas pelos postais, apenas para os encontrar por baixo da cabana do presépio, pensava para mim próprio que precisávamos de novos ornamentos. Comecei a imaginar uma árvore feita do zero, com novas luzes, novas bolas, novas fitas, e uma nova estrela. Um sonho, para já, improvável.
Há já algum tempo que sinto que os anos passam como meses, os meses como semanas, e as semanas como dias. Talvez por isso, ainda não me sinta em Dezembro. Esta estranha onda de calor, que embora ténue, ainda hoje persiste, também não ajuda. Faltam cerca de duas semanas para o Natal, mas assim não parece. As noites são frias, os dias são amenos. As folhas ainda caem das árvores, coloridas em tons outonais como se ainda agora estivéssemos a entrar em Novembro.
Sim, já há pelo menos dois meses que é impossível entrar num centro comercial, ou ligar a televisão sem ouvir uma música de Natal, ver um enfeite, ou uma qualquer promoção natalícia, incentivando a onda de consumo já típica desta época do ano. Mas mesmo assim, questiono-me, onde está o espírito natalício?
Com o fim provisório do feriado de 1 de Dezembro, muitas famílias adiaram para ontem a preparação dos seus enfeites natalícios. Também eu aproveitei este feriado para alimentar uma tradição que durante anos, em minha casa, nunca teve uma data definida. Contudo, não o fiz com o habitual espírito que habitualmente cresce em mim ao longo desta época.
Talvez porque apenas lá passo os meus fins-de-semana. Talvez por não olhar para o apartamento que divido durante a semana como uma casa, mas sim como nada mais que um ponto de passagem. Talvez por ainda não sentir que hoje é Dezembro, e que 2015 está quase a terminar. Não consigo encontrar um motivo preciso, mas este ano ainda não encontrei o meu espírito de Natal.
A duas semanas da Véspera de Natal, ainda vou a tempo de o encontrar. Não fosse esta a minha época preferida. O dia por que mais espero ao longo de todo o ano. O dia mais quente. O dia mais feliz. O dia em que a minha árvore fica ainda mais bela. O dia de Natal.
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