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Workin' hard to get my fill, everybody wants a thrill. Payin' anything to roll the dice just one more time. Some will win, some will lose. Some were born to sing the blues. Oh, the movie never ends. It goes on, and on, and on, and on.
Don’t Stop Believing, Journey
Há cerca de um ano regressava de comboio para casa. Ao meu lado, sentava-se uma rapariga com um tablet. Não o usava para trabalhar, ler, ou navegar pela Internet. Estava a ver séries. Desviei o olhar para não me imergir num qualquer acto de falta de educação. Contudo, a curiosidade, e o tédio da longa viagem, faziam com que os meus olhos acabassem, volta e meia, colados naquele ecrã.
A meio da viagem, reparei que ela estava a ver How I Met Your Mother. Não era um episódio qualquer. Não. Era o episódio daquela semana que ainda não tinha visto. Ou pelo menos assim parecia. Confirmei com ela e pedi-lhe se não se importava que o visse com ela. Assim aconteceu. Vi sem som, mas graças às legendas pude acompanhá-lo sem problemas. Era o penúltimo episódio da série.
Dias mais tarde, já de regresso à Covilhã, após um fim-de-semana atípico, sentei-me para ver o último episódio de How I Met Your Mother. Um episódio duplo, como é hoje tão habitual acontecer. Logo pela manhã a Teresa já quase me tinha estragado o final, com uma mensagem de incredulidade, mas que felizmente não continha qualquer spoiler. Decidi passar esse dia fora das redes sociais. Fui trabalhar, passei os olhos pelo twitter, sempre atento ao mínimo sinal de uma qualquer informação que não quisesse conhecer. E esperei. Esperei pelas seis da tarde. Pela hora de saída.
Cheguei a casa, e mal lanchei. Quando finalmente estava disponível sentei-me no meu quarto, sem distracções, pronto para o final de How I Met Your Mother. Não foi assim que aconteceu com Glee. Na verdade, não sabia que estava marcado para este sábado o último episódio. Embora já o tivesse confirmado há alguns meses, esqueci-me que o final de Glee seria também exibido como um episódio duplo.
Era um sábado como outro qualquer. Acordei cedo, almocei, e preparei-me para ir jogar basket com o pessoal. Voltei por volta das cinco e meia e, depois do banho, sentei-me para ver Glee. Um hábito que já tinha perdido há muito. Embora as primeiras duas temporadas me tivessem entusiasmado, o nível de absurdo e a aleatoriedade do argumento das seguintes fizeram-me quase desistir da série. Era a última que eu via e, por vezes, passava semanas sem sequer me lembrar de ver os episódios. Contudo, isto não aconteceu com a última temporada. A qualidade dos episódios subiu e a nostalgia, assim como a inevitável antecipação da despedida, tomaram lugar de destaque.
Pela primeira vez em meses, se não mesmo em anos, Glee foi a série principal daquele dia. O primeiro episódio, repleto de referências ao início, àquilo que fez com que os fãs ficassem colados à série, foi uma apologia do percurso de cada um dos actores, e um elogio ao Cory Monteith, actor que faleceu por overdose em 2013.
Já o segundo foi aquilo que o final de uma série precisa de ser. Uma resolução. Uma despedida. Uma conclusão. Embora nem tudo aquilo que fizeram com este episódio tenha sido bem feito, no geral, funcionou bem. Foi a despedida perfeita. O fim ideal para seis anos de uma série que, embora num papel secundário, foi uma constante no meu repertório semanal.
São incontáveis as músicas que Glee me deu a conhecer. Algumas, inclusive, com qualidade suficiente para ainda hoje integrarem a minha playlist. Glee foi aquela série que usava para desanuviar. Uma série onde os riscos eram baixos e onde a comédia e a música eram as verdadeiras estrelas. Era uma escapatória da dura realidade do dia-a-dia, e do soturno ambience de outras histórias que se perpetuam ao longo dos anos. De Stargate Universe a Spartacus, de Game of Thrones a Arrow.
“These walls and all these picture frames. Every name they show. These halls I've walked a thousand times. Heartbreaks and valentines, friends of mine all know, I look at everything I was and everything I ever loved. And I can see how much I've grown. And though the mirror doesn't see it, it's clear to me, I feel it. I can make it on my own”, Lea Michele, na sua performance da música original ‘This Time’.
Até sempre Glee. Obrigado por entreteres as minhas tardes de sábado. Obrigado pela perfeição da tua despedida.
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