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Progress, far from consisting in change, depends on retentiveness. When change is absolute there remains no being to improve and no direction is set for possible improvement: and when experience is not retained, as among savages, infancy is perpetual. Those who cannot remember the past are condemned to repeat it.
George Santayana
Que significa ser Europeu? Viver num continente livre, seguro, com oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal. Partilhar o berço de grandes civilizações, da cultura, da arte, da sociedade, e da ciência. Caminhar por ruas históricas, ao lado de muitos dos grandes génios que a Humanidade já conheceu, e tratá-los como pares. Estar no centro onde tudo acontece. Ser Presente e ver a História a desenrolar-se à nossa frente, e por baixo dos nossos próprios pés.
Que significa ser Europeu? Para dois terços dos portugueses parece significar muito pouco. Dois terços que podem atravessar fronteiras sem passaportes, sem vistos, sem revistas obrigatórias, ou qualquer tipo de justificação ao Estado. Dois terços que podem trabalhar em qualquer país membro da União Europeia, e lá residir. Dois terços que podem usufruir dos serviços de saúde, segurança social e de apoio ao emprego, em qualquer um desses estados, e serem tratados como cidadãos nacionais.
Dois terços livres. Dois terços de abstenção. Dois terços de alienação. Dois terços de indiferença. Dois terços que gostava de ouvir. Dois terços que optaram por não ter voz. Dois terços que não passam de mais um número vazio, sem qualquer significado ou influência. Apenas dois terços, que jamais serão mais que isso.
O que motiva alguém a ser não mais que uma estatística? O que faz alguém abdicar da sua voz? Das suas ideias? Do seu apoio? Ou do seu protesto? O que faz alguém esquecer os seus deveres, e ignorar os seus direitos?
Gostava de os ouvir. Cada voz. Cada justificação, dos mais de seis milhões de portugueses que optaram por ficar calados nas últimas eleições europeias. Quero ouvir os emigrantes que não se informaram junto dos seus consulados. Os estudantes, e trabalhadores deslocados que não votaram por correspondência. Os anti-sistema que não sabem que um voto em branco é mais poderoso que qualquer abstenção. Os alienados que passaram o dia na praia, porque tudo está bem, e o calor até está a voltar.
Gostava de os ouvir a todos. Gostava que na sua incapacidade de se justificarem, fossem capazes de se aperceber como erraram. Gostava de os ver tomar a decisão de não o voltar a repetir. Mas acima de tudo, gostava de os ver a votar nas próximas eleições.
Se nenhum partido se identifica com as vossas ideologias. Se nenhum candidato vos transmite confiança. Se estes usam assuntos internos como bandeira de voto, ignorando os temas que realmente têm que ser discutidos. Se não se sentem representados pelos vosso Governo. Votem em branco.
Os votos em branco são votos de protesto, mas acima de tudo, são votos úteis. Uma maioria de abstenção, ou de votos nulos, nada vale. São apenas uma estatística, jargão técnico, curiosidades, e pouco mais. Uma maioria de votos em branco significa uma nova eleição, com candidatos diferentes. Com ideias diferentes. Força os partidos a mudar os seus rumos, e a discutir as ideias que realmente importam.
Ser Europeu é participar. É ter uma voz. É saber usá-la. Protestar. Apoiar. Defender as vossas próprias ideias, ou aquelas de quem admiram. Mas acima de tudo, ser Europeu é ser livre.
Dêem valor à vossa liberdade. Usem-na. Votem. Participem nas decisões que moldam o vosso futuro. Não se deixem liderar por uma minoria que soube aproveitar-se da vossa alienação para crescer e ganhar o poder.
Aproveitem os próximos cinco anos para viajar. Conheçam os vossos colegas europeus. Leiam sobre os restantes vinte e sete membros da União Europeia. Os seus problemas, a sua História, a sua cultura, os seus desejos, os seus sonhos. Aprendam com eles. Criem as vossas próprias ideias sobre que futuro querem para a Europa. Cresçam em conjunto. Sejam solidários. Sejam Europeus.
A História conta-nos diversos episódios em que a alienação generalizada, e a ascensão de minorias extremistas, passaram a governar o coração dos Europeus. Nenhum desses episódios teve um final feliz. Não deixemos que a História se repita, porque optámos por ficar em silêncio, quando nos pediram para falar.
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