Foto DR |
I would like a place I could call my own. Have a conversation on the telephone. Wake up every day that would be a start, I would not complain of my wounded heart.
New Order, Regret
New Order, Moby, Klaxons, Bloc Party, Arcade Fire, Crystal Fighters, Florence + The Machine. 2005, 2007 e 2015. Dez anos depois da primeira vez, e após oito anos de ausência, regressei ao Super Bock Super Rock. Um dos festivais portugueses mais icónicos, embora actualmente seja vítima da maior popularidade do NOS Alive, continua a conseguir trazer alguns dos grandes nomes da música internacional a um Festival de Verão que não parou de crescer desde os primeiros acordes tocados em 1990, um ano tão próximo e, ao mesmo tempo, já tão distante.
A minha primeira visita ao velho Parque Tejo em Loures começou a ganhar forma a partir do momento que anunciaram os New Order, uma das, se não mesmo, a minha banda preferida. Para quem me conhece, os New Order são sinónimos de mim próprio. Como podia perder o seu primeiro concerto em Portugal após vinte anos de ausência? Foi, também ele, um dos últimos concertos que os New Order deram ainda juntos, antes de Peter Hook se separar dos restantes membros por questões que apenas a eles lhes pertencem.
Nesse ano fui com o meu pai, aguardei ansiosamente à beira Tejo, a levar com o frio e a já habitual poeira durante horas. Por concertos dos Loto, de The Hives, Black Eyed Peas e Turbonegro, até que, enfim, a banda que eu tanto aguardava entrou em palco. Cantei cada música até ficar sem voz, e o melhor momento chegou quando o Bernie perguntou ao público que música queriam ouvir e gritei Regret o mais alto que pude. Não sei se ele me ouviu, ou se foi uma coincidência que já constava na setlist, mas foi essa mesmo que eles tocaram. Não podia ter saído mais feliz daquele concerto. Ainda hoje guardo religiosamente a T-Shirt, sem nunca a ter lavado, da Blue Monday que usei nesse dia, assim como o bootleg deste concerto que um colega brasileiro me conseguiu arranjar.
Em 2007, regressei ao Parque Tejo, desta vez mais organizado, e com bilhetes acima dos vinte e cinco euros que paguei pelo meu primeiro ingresso. Fui com um grupo de colegas da faculdade que conseguiram arranjar bilhetes com oferta da viagem de comboio. Ficámos grande parte do dia mesmo em frente às grades, com excepção do concerto dos The Gift, o qual aproveitámos para jantar enquanto esperávamos pelos cabeça de cartaz, Bloc Party e Arcade Fire. Foi um dia desgastante, mas com concertos épicos que ainda hoje guardo na minha memória. A exaustão levou-me até a afastar-me um pouco da multidão durante o encore de Arcade Fire, pois o cansaço do dia e a pressão de estar tão próximo das grades durante todas aquelas horas, fizeram-me atingir os limites da resistência.
Nos últimos oito anos, por diversas vezes pensei em voltar, contudo, a falta de tempo, de dinheiro, ou a pouca qualidade do cartaz, mantiveram-me afastado. Este ano fiz a promessa ao Paulo de que iríamos ao Super Bock Super Rock ver Florence + The Machine. Comprei os bilhetes e, no passado sábado, partimos logo pela manhã em direcção a Lisboa. Chegámos por volta da uma da tarde, e encontrámos estacionamento com alguma facilidade. Um problema que julgávamos complicado de resolver, mas que assim não o foi.
Entrámos no festival por volta das cinco da tarde. Explorámos as atracções promocionais do costume, aprendi a reciclar as caixas de cereais no ecoponto azul e assistimos ao concerto de Márcia sob a pala do Pavilhão de Portugal. Após um rápido jantar, repartido entre panados, sandes e folhados, feitos pela minha mãe, procurámos por um lugar nas bancadas da Meo Arena. O Rodrigo Amarante fez um concerto calmo, ao seu estilo, para uma multidão de poucos milhares. Seguiu-se a grande surpresa da noite, Crystal Fighters. Uma banda que até então era para mim desconhecida, mas que, com uma enorme energia e uma onda de positivismo típico da sua ideologia hippie, fez um grande espectáculo que me deixou profundamente impressionado.
Franz Ferdinand não trouxe nada de novo. Nunca mais era uma da manhã para ver Florence a entrar em palco. Mal os adeptos do afamado arquiduque se ausentaram, eu e o Paulo procurámos um lugar por entre a multidão apeada, no peganhento chão da Meo Arena. Florence fez-nos esperar ainda mais um pouco até à sua grande entrada em palco. Do concerto retenho cada momento. De gastar toda a minha energia na Shake it Out, de absorver cada letra do novo álbum, cuja estreia guardei para este mesmo concerto, e de toda a onda de positivismo, e das loucas correrias de Florence para junto dos fãs. Dos abraços e beijos que alguns tiveram a sorte de partilhar com a vocalista, enfim, de tudo aquilo que fez com que este concerto, este festival, e esta viagem valessem a pena.
Um dia vou regressar a este festival que, nos últimos dez anos, já me trouxe grandes momentos de euforia, sempre aliados a épicos concertos de bandas que conquistaram o seu espaço na minha playlist, na minha montra de CDs ou no meu gira-discos.
Super Bock Super Rock, 25 anos de música. 25 anos de História.