Boyhood |
You know how everyone's always saying seize the moment? I don't know, I'm kind of thinking it's the other way around, you know, like the moment seizes us.
Nicole, Boyhood
Boyhood é uma história simples, mas assim é a vida. Assim é crescer. Boyhood não é apenas um filme. É uma experiência. Um retrato de uma geração. São doze anos de investimento. É o trabalho de uma vida. É o sonho de Richard Linklater.
Filmado ao longo de doze anos, Boyhood segue a vida do jovem Mason, protagonizado por Ellar Coltrane, uma criança de seis anos, um adolescente de catorze anos, um jovem adulto acabado de entrar na universidade. A infância e a adolescência de Mason confundem-se com a de Ellar, pois também ele cresce, também ele vive com este projecto, com este filme, sempre guardado nos momentos especiais de cada ano de produção. De cada ano de crescimento.
Foi uma aposta de risco de Linklater, uma tarefa com tudo para correr mal. Um desafio que, mesmo que não tivesse chegado ao fim, seria honrado pela tentativa de criar algo único, algo histórico. Felizmente, o filme foi um sucesso, a experiência foi um sucesso. Ellar não comprometeu, assim como Lorelei Linklater, a filha do próprio realizador, que fez de irmã de Mason, também ela seguindo de perto o crescimento desta história, desta personagem, e deste actor.
Boyhood conta uma história simples. Uma história comum, já muitas vezes partilhada. Mas agora sobre uma perspectiva única, através dos olhos de uma criança. De uma criança que cresce. De um país que se desenvolve, que lida com as desavenças de um futuro incerto, e de uma economia descontrolada e imprevisível.
Mason, e a sua irmã Samantha são filhos de pais divorciados. Dois pais que se casaram demasiado novos. Dois pais com um rumo ainda por descobrir. Em Ethan Hawke e Patricia Arquette vemos dois caminhos paralelos, dois caminhos inversos. Um músico sem qualquer plano que viaja para se encontrar. Uma mãe divorciada com aspirações e com um doutoramento em psicologia no seu horizonte.
Ambos encontram-se algures pelo meio, sempre com Mason como pretexto para uma breve partilha de novidades e pontos de situação. Os maridos alcoólicos e possessivos de Patricia, a mulher que finalmente faz Ethan assentar e tentar novamente construir uma família. Um novo começo para Ele. Um destino ainda por descobrir para Ela.
Mason vive tudo aquilo que um qualquer rapaz experiencia nos breves e curtos momentos que a vida nos permite crescer. Apaixona-se. Testa os seus limites. Cria e destrói amizades. Recria momentos. Fortalece laços. Expressa-se. Viaja. Segue em frente. Percorre todos os caminhos possíveis. Todos os caminhos que o levam até à sua arte.
Mason não é uma criança especial. Não é um jovem especial. Mason é como nós. Apenas mais um rapaz americano do Texas que acompanha os incidentes de uma sociedade que se transforma, que cresce, que se diferencia. Um rapaz que gosta do Dragon Ball. Que bebe com os amigos. Que faz planos com a sua namorada. Que se dedica à sua paixão pela fotografia. Um rapaz talentoso, culto e preguiçoso. Não é o típico adolescente americano, mas também não é alguém que se destaque numa multidão. Mason é apenas igual a si próprio.
Alguém que cresceu. Alguém que vimos crescer. Alguém que aprendemos a compreender ao longo de doze anos, reduzidos a pouco mais de duas horas. Doze anos que passaram rápido. Um piscar de olhos para alguns de nós. Uma vida inteira para Mason.
Boyhood é uma história breve, mas assim é a vida. Assim é crescer.
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