Imagem: Folha de Grafeno |
Supercondutores, supercapacitadores e nanotecnologia, são alguns exemplos das possíveis aplicações deste derivado da grafite. Descoberto por Hanns-Peter Boehm em 1962, o grafeno é uma folha plana de átomos de carbono densamente compactados. Considerado um dos materiais mais resistentes até hoje descobertos, este compósito de carbono permite a construção de nanoestruturas com um elevado valor de condutividade e de capacitação de energia.
Por outras palavras, o grafeno permite o desenvolvimento de processadores mais rápidos e compactos, e de baterias de longa duração com aplicações nas áreas da informática, electrónica, na distribuição e armazenamento de energia e no aumento da autonomia dos veículos eléctricos. A investigação desenvolvida no âmbito destras aplicações valeu em 2010 o Prémio Nobel da Física aos cientistas de origem russa Konstantin Novoselov e Andre Geim.
O mais curioso sobre este material é a sua simplicidade. Composto apenas por átomos de carbono, o principal elemento estruturante de toda a vida na Terra, pode ser desenvolvido a partir da grafite, um mineral comum usado em lápis, sim, lápis. Todos os lápis que alguma vez usaram ao longo da vossa vida eram feitos de grafite.
Este mineral constituído apenas por átomos de carbono é, na sua base molecular, muito similar aos diamantes, também estes compostos apenas por carbono. Considerados como as maiores moléculas existentes, os diamantes apenas diferem da grafite na sua ligação entre as várias camadas de carbono. De facto, a própria grafite pode ser transformada em diamantes. Para isso, basta submete-la a pressões e temperaturas elevadas, semelhantes àquelas pelas quais os diamantes passaram nos 3,3 mil milhões de anos que demoraram a ser criados. Sim, esse pedaço de “gelo” que têm no vosso anel de noivado é quase tão antigo como a própria vida – estima-se que os primeiros indícios de vida no nosso planeta remontam à 3,65 mil milhões de anos atrás.
Embora já tenham sido criados diamantes em laboratório através de grafite, não comecem a coleccionar os lápis que têm perdidos lá em casa, pois embora à primeira vista estes falsos diamantes não aparentem ser diferentes das suas cópias reais, têm um valor de mercado insignificante e não passam despercebidos ao mais comum dos ourives.
Sendo o grafeno um dos principais materiais do futuro, as suas aplicações não se resumem apenas às áreas do processamento e da energia. O desenvolvimento de nanotecnologia com base em grafeno permite que este tenha aplicações em biotecnologia, saúde e ciências biomédicas. Está inclusive a ser desenvolvido no Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa um projecto que potencia o uso de nanotecnologia na distribuição de medicamentos pelo organismo e na detecção de células cancerígenas.
Todo um universo de novas descobertas e desenvolvimento tecnológico em potencial, resguardado ao longo dos séculos na ponta de um simples lápis.
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