Desde o dia 24 de Janeiro de 2007, o meu blogue foi visto doze mil vezes por um total de oito mil e duzentas e vinte e sete pessoas. Embora este blogue tenha sido criado a 17 de Janeiro de 2006, foi apenas um ano mais tarde que instalei o contador de visitas que optei por manter operacional até hoje de forma a preservar o registo dos mais antigos visitantes do meu blogue, pois embora o próprio Blogger trate de os contabilizar, apenas começou a contá-los em Junho de 2008.
Admito que doze mil visitas em cinco anos e meio é muito pouco, mesmo se compararmos com alguns blogues de âmbito regional ou universitário. O facto de que dessas doze mil visitas apenas 31 % foram repetidas, demonstra que a maioria das pessoas que visita o meu blogue o faz por mera coincidência, não voltando a visitá-lo.
Estatísticas de Utilizadores Únicos desde 24 de Janeiro de 2007 |
Isto demonstra uma tremenda dificuldade na fidelização de leitores. E porque acontece isto? A meu ver o principal problema prende-se no facto do meu blogue se tratar de um blogue pessoal sem uma temática central e que nunca ou raramente aborda temas da actualidade.
Isto não significa que os blogues de autores não sejam lidos e que não hajam pessoas interessadas em os ler, contudo, esse formato de blogues na maioria das vezes apenas ganha popularidade quando os próprios autores são relativamente conhecidos e considerados líderes de opinião, seja a nível nacional ou mesmo apenas dentro das suas comunidades.
Ser-se conhecido, ter muitos seguidores no twitter e no facebook, ou manter uma temática actual e susceptível de gerar polémica são os principais elementos para garantir a fama, mesmo que momentânea, no universo da blogosfera. Ao analisar as estatísticas do meu blogue vejo que os dois artigos com maior número de visitas são a íntegra publicação do meu relatório de estágio final da licenciatura e uma crónica sobre a transferência de João Moutinho para o FC Porto.
O primeiro, com 1022 visitas até à data de publicação deste artigo, ganha a sua fama provavelmente por causa dos diversos alunos de Ciências da Comunicação, quer do meu curso quer dos vários cursos espalhados pelo país, que ao pesquisarem no Google por relatório de estágio, vêm ter directamente ao meu blogue. Também creio que alguns dos meus colegas o usem como referência sempre que algum caloiro lhes peça um exemplar. Não me importo de ser visto como um exemplo para as futuras gerações de estagiários, contudo, os artigos dedicados à minha vida académica quer na licenciatura, quer no mestrado, representam apenas uma ínfima parte do meu blogue e não é por essa vertente que quero ser referenciado.
Já o segundo artigo mais popular, quase que não precisa de explicação. Afinal de contas os blogues sobre futebol são em Portugal dos mais comuns e dos mais lidos de todos, ao ponto de “João Moutinho” ser o termo pesquisado no Google que mais pessoas usaram para aceder ao meu blogue.
Curiosamente, se tenho alguma popularidade na blogosfera devo essa fama, não a este blogue mas ao meu blogue de contos, o Story Writer. Com 3834 do total de 5116 visitas desse blogue, o artigo O Êxtase de Santa Teresa, uma interpretação de natureza sexual da fábula religiosa com o mesmo nome, é o campeão de vendas de todos os artigos que alguma vez publiquei. Tudo isto porque pelos vistos Santa Teresa é muito venerada no Brasil e o meu artigo suscitou a indignação de muitos dos seus fiéis devotos que chegaram mesmo a publicar comentários gravemente críticos à minha interpretação do êxtase desta freira austríaca.
Futebol e sexo, se quero vender o meu blogue, já sei a receita para o sucesso. Mas se é este o segredo, porque é que o artigo Os Jovens gostam de f*der? apenas teve 56 visitas e nenhum comentário?
Outro dos motivos que apontaram para a minha falta de popularidade foi o facto de eu ser demasiado consensual. Se estivesse agora a falar sobre isto no meu podcast d’A Rádio da Rádio, limitava-me a permanecer em silêncio durante alguns segundos. Infelizmente não posso discordar desta afirmação, eu cometo o “erro” de apresentar sempre os dois lados da moeda e embora defenda a minha perspectiva, na maioria das vezes defendo também os pontos positivos da opinião inversa. Isto não vende. Quando alguém lê um artigo de opinião, fá-lo por dois motivos, ou porque está à procura de alguém que concorda com aquilo em que ele acredita e que seja capaz de o fundamentar com bons argumentos, ou então porque quer ver o que o outro lado diz de forma a poder criticá-lo e incitar uma discussão. Ao ser consensual, não desperto emoções, mantenho as pessoas numa zona cinzenta, numa permanente ambiguidade sentimental e faço-as pensar. Ninguém quer fazer isso. Os leitores querem se apaixonar, revoltar, odiar, apregoar, discutir. Querem tudo, menos consensualidade.
O facto de a maioria dos meus artigos terem mais de três mil caracteres também não ajuda. Ninguém tem paciência para ler um artigo longo online. Mesmo que este seja muito interessante, a maioria dos visitantes recusa-se sequer a ler uma linha se não conseguirem ver o final dentro do comprimento do ecrã.
No Sense of Reason não é propriamente um nome apelativo. Mesmo ao fim de seis anos e meio de existência, ainda há idiotas que olham para o meu blogue e dizem nonsense. Um erro compreensível, visto ser uma palavra mais comum. Também não ajuda que eu seja possivelmente o único fã português de The Other Two.
Talvez ajudasse se o meu blogue se chamasse O Blogue do Zé. Até mesmo Blue Dove, como em tempos se chamou, seria mais apelativo que No Sense of Reason.
Publicar uma média de trinta artigos por ano, chegando a passar mais de um mês sem um artigo novo também não ajuda a manter a fidelidade de um leitor. Contudo, isto é algo que a preguiça e a falta de tempo me tornam incapaz de ultrapassar.
Então perguntam vocês: Se estás consciente disto tudo, porque continuas a fazer o mesmo? Porque para mim o importante não é o reconhecimento ou a fidelidade. Eu escrevo isto para mim. Este blogue existe por mim e para mim. Porque não escreves um diário e guardas apenas para ti? Porque quero que este blogue também seja uma montra para me dar a conhecer aos outros, a quem me é próximo, a quem quero que me conheça. Não faço isto para ser famoso ou para que alguma editora me leia e queira propor um contrato para escrever um livro. Faço isto para que o meu universo saiba aquilo que me acontece e que é importante para mim. Para que sejam capazes de facilmente ver qual a minha opinião sobre certos e determinados assuntos. Para ajudar aqueles que passem por problemas semelhantes aos meus e para os informar e esclarecer dúvidas sobre assuntos que eu domine.
Sou um blogger por mim e por aqueles que me quiserem ler. Sem sentido de existência, organizado no meu próprio caos e ao ritmo que a minha vida permitir.
Believe in me and I’ll believe in you!
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