365 dias, 20 bilharacos, 15 iPads, 9 posts do 9gag, 7 partidas de Itália 90, 3 ligas Pokémon, um Mindo e 0 pencas depois, está de regresso a Véspera da Véspera de Natal. Sim, o momento mais aguardado durante todo o ano está de regresso para vos maravilhar com a mais épica história de proporções altamente altas sem sentido algum de existência, além do propósito apresentado perante vós.
A batalha já ia longa, Jesus e D. Afonso Henriques apenas tinham uma última opção, o próximo movimento ia ditar o resultado final. Não havia espaço para falhar.
“Mindo escolho-te a ti”, grita Jesus esgotando as últimas réstias de fôlego dos seus pulmões.
Um Mindo selvagem aparece. Mindo diz “Isso é subjectivo”. Não é muito eficaz.
“Uno” responde D. Afonso Henriques. Metade dos espectadores pasmam-se de incredulidade com o que acabaram de ver. Salazar cai da sua cadeira, Fernando Pessoa perde os óculos e o Passos Coelho vai voar em turística na TAP, embora ele não tenha que pagar o lugar, fica sempre bem.
“Ó Afonso, ó Afonso, Afonso! Afonso! Ó Afonso! Afonso!”, chama alguém da plateia.
“Que é?! Não vês que estou a tentar sincronizar-me!”
“Não queres dizer ‘concentrar-te’?”
“Eu tenho uma espada de 5 metros. E tu? Já comeste fruta hoje?”
“Comi dois Kiwis e uma banana, e pelo menos sei que não estás a jogar UNO!”
“Que queres que faça? O Eusébio está no Hospital e o Vasco da Gama anda perdido na terra desconhecida chamada Brasil.”
“Usa os Pastéis de Nata, são a fraqueza do Mindo!”
D. Afonso Henriques usa Pastéis de Nata. Mindo está a comer.
Mindo diz “Isso é subjectivo”. Não é muito eficaz.
Jesus dirige-se aos seus discípulos dizendo, “Tomai todos White Russians e dizei, Thou Shalt Not Fuck With the Jesus!”
D. Afonso Henriques recolhe os Pastéis de Nata antes que eles iniciem a sua revolta.
D. Afonso Henriques envia The Dude.
Mindo diz “Isso é subjectivo.”
The Dude responde “Bom, isso é tipo, a tua opinião, meu.”
Mindo está paralisado, não se pode mexer.
Toda a audiência fica expectante, parece que as coisas estão a virar em favor do Afonsinho e da sua espada de cinco metros.
“Vai bater mas é na tua mãe”, responde Jesus.
The Dude põe os óculos e pega no tapete. Mindo já não está paralisado. Mindo usa elogio. “Esse tapete compõe mesmo a sala toda, meu.”
The Dude responde, “Íman”.
Mindo está confuso. Mindo começa a rir-se e a bater palmas. Eusébio aparece do nada, pela porta de acesso ao campo e atira a toalha para o meio da batalha.
“Tu é que és subjectivo!”
Mindo desmaia. The Dude bebe um White Russian. Passos Coelho manda uns putos emigrar, e o Fernando Pessoa encontra os seus óculos. Era Saramago quem os tinha.
Fernando Pessoa dá-lhe com uma luva na cara. “J’accuse!”
Saramago esfrega com o Acordo Ortográfico na cara do Pessoa.
Um selvagem Manuel Machado aparece. Meus caros indivíduos constituintes de uma massa não organizada reunida num lugar designado à prática de actividades de lazer por demonstração das proezas físicas, regulem o vosso nível emocional para um aspecto menos exaustivo e preponderante de exibição de sentimentos menos positivos que os habituais.
Saramago e Pessoa apertam a mão. D. Afonso Henriques, Jesus, os discípulos, Vasco da Gama, Eusébio, o Sexta-feira e o Mindo colocam-se ao seu lado. Manuel Machado apresenta agora um ar apreensivo. Os cinco juntam-se e exibem os seus anéis. “Terra, Água, Vento, Fogo, Coração”. “Pelos vossos poderes combinados eu sou o Capitão Planeta”. O Capitão Planeta faz o kame-ah-meh contra a cara do Manuel Machado, atingindo de raspão o Acordo Ortográfico que se desintegra como um sonho mau nas primeiras horas da manhã. O estádio rejubila de felicidade.
Passos Coelho, que passava por ali, começa a fugir para a classe turística do seu avião da TAP.
Almada Negreiros aparece à sua frente e impede-o de dar mais um Passo. “Acabou de ser revogada”. “Eu não disse nada que proporciona-se essa deixa do Arma Letal”. “Eu quero o que ela está a tomar”. “Isso é… Melhor?”
“Bom, isso é tipo a tua opinião, meu.”
Eusébio, está na hora de transmorfar. “Toalha”. Eusébio aparece vestido apenas com uma toalha, imediatamente cegando toda a gente à sua volta.
Em plena escuridão, Vasco da Gama descobre a Terra Desconhecida chamada Brasil, enquanto o The Dude diz “Não quero viver mais neste planeta”.
Uma figura escura aparece no meio do campo. “Eu quero ser mais que perfeito, maior do que a imaginação!”
Uma luz incandescente envolve toda a audiência que recupera instantaneamente a sua visão. Saramago pensa para si próprio, “Isto deu-me uma ideia para um livro, chamar-se-á Memorial do Convento”.
“Ele está a falar do Ensaio sobre a Cegueira”, diz Pessoa.
“Tu é que és!”
“Isso nem sequer faz sentido!”
“Tu é que tens dois sentidos!”
O Capitão Planeta chama D. Afonso Henriques para junto de si. “Empresta-me a tua espada”. “Eu não jogo nesse campeonato, esses fatinhos de Lycra com as cuecas para fora podem ficar-te bem, mas não assim tão bem!”
“Estou a falar literalmente da tua espada.”
“Ah, bom nesse caso, toma também um Pastel de Nata que pareces esfomeado.”
O Capitão Planeta usa a espada para trespassar Passos Coelho vigorosamente.
“Mais um Passo para salvar o planeta!”
“Bom, isso é tipo, a tua opinião, meu.”
Jesus aproxima-se do Capitão Planeta. Este coloca-lhe a mão no ombro e diz “Lembra-te, o Poder é teu!”
Eusébio volta a vestir-se, enquanto Jesus e D. Afonso Henriques apertam as mãos por uma batalha bem disputada.
No fim, o que conta é pormos de lado as nossas diferenças e unir-mo-nos contra os inimigos comuns.
Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Saramago, os discípulos, The Dude, o Mindo, Eusébio, Vasco da Gama e o tipo do boné que apareceu no meio do campo aproximam-se das duas figuras que conversavam amigavelmente por ali.
“E agora todos numa só vós!”
Morram pencas, morram! Pim!
P.S.: Feliz Véspera da Véspera de Natal, o dia mais simbólico de todo o ano que passa despercebido a toda a gente.
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