Centros Comerciais. Já longe vai o tempo em que a abertura do Gaiashopping era tida como motivo de grande comemoração. Um sinal de inovação tecnológica que nos punha a par do resto da Europa. Hoje constroem-se centros comerciais uns em frente aos outros. Estes chegaram mesmo a deixar a calma da periferia para se instalarem no centro das cidades.
Os centro comerciais estão na moda, são a moda, e vieram para ficar. Nenhuma cidade por mais pequena que seja prescinde do direito ao seu “InserirNomeDaTerraShopping”, e mal esteja pronto e a funcionar, surgem de imediato planos para o “Centro Comercial InserirNomeDaTerra”, de forma a salvaguardar uma concorrência comercial saudável entre ambos.
Os habitantes ficam todos felizes e passam a desmarcar as suas agendas para poderem usufruir do leque variado de lojas, recheadas dos mais variados produtos, todos os fins de semana. Aliás, ao domingo só existem duas tradições, a missa das onze menos um quarto, e o passeio pelos diversos centros comerciais da região.
No Natal ainda há quem faça um desvio do seu habitual passeio pelas vitrinas, para gozar de umas boas duas horas no centro do Porto – dentro do carro, parados no meio do trânsito – para vislumbrar as iluminações de Natal. Com o acrescido de, este ano, uma instituição bancária lá se ter lembrado de construir um monte de arames com luzes e chamar-lhe “A Maior Árvore de Natal da Europa”.
Os centros comerciais são o “pão nosso de cada dia”, que curiosamente deixou o comércio tradicional sem dinheiro para comprar pão. Mas também, quem compra pão hoje em dia? Nas zonas de restauração dos centros comerciais podemos encontrar os mais variados tipos de refeições, saudáveis e económicas, pela modesta quantia de um euro ou dois.
Hambúrgueres, pizas, baguetes, entre outros, perfazem um menu do melhor que os centros comerciais têm para oferecer. Gorduras, hidrocarbonetos, e os mais variados condimentos sintéticos. Haverá melhor maneira de mantermos um corpo são? Como já dizia a publicidade de uma marca de iogurtes, corpo são, mente sã.
Que é feito do passeio à beira mar? Do piquenique no campo? Das visitas a museus, ou parques de diversões? Concertos, peças de teatro, filmes, romarias, festivais, todo um mundo por explorar nos dias sagrados da nossa semana.
Depois de cinco longos dias, para quê desperdiçar o nosso tempo de descanso com trivialidades comerciais, quando podemos explorar a natureza, enriquecermo-nos culturalmente, ou simplesmente passar um bom bocado entre familiares e amigos.
Saímos de um, entramos noutro, saímos de outro, entramos num. A vida passa e nós a vê-la passar.
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