"Estamos a matar o planeta." Esta é a afirmação mais presunçosa e estapafúrdia que alguma vez ouvi. Fala-se em aquecimento global, poluição, proliferação de armas de destruição maciça, energia nuclear, terrorismo, etc. E continuam a dizer que estamos a "destruir" ou a "matar" o planeta? Podemos ser mais egocêntricos e megalómanos? Como pode uma espécie que por cá anda há cerca de 500 mil anos, achar-se poderosa o suficiente para destruir o planeta?
Uma mera passagem sob o parágrafo anterior vai criar ondas de contestação, ou no mínimo de estranheza. Mas antes de se precipitarem em preconceitos, leiam isto até ao fim e talvez compreendam o meu ponto de vista.
Hoje tive a oportunidade de ver o documentário do Al Gore, "An Inconvenient Truth". Fiquei impressionado, não pelo que foi dito, já que a grande maioria daquelas verdades já eram do meu conhecimento, mas por ser um ex Próximo Presidente dos E.U.A. a divulgar esta mensagem que há muito vem a ser ignorada.
Não estou a dizer que o que foi dito no documentário está errado. Pelo contrário, não podia estar mais correcto. Ao longo do último século poluímos o nosso ar, a nossa água, destruímos habitats, levámos espécies à beira da extinção e até exterminámos algumas. E quantas dessas não terão ficado ainda por descobrir?
Somos uma espécie descuidada, que olhou para o progresso científico sem pensar nas consequências. A nova ciência é totalmente desprovida de moral. Os investigadores limitam-se a pegar em estudos anteriores e a dar o passo seguinte, alienando-se assim de qualquer tipo de responsabilidade.
"Não fui eu que comecei isto. Lá por que o acabei, não quer dizer que tenha que levar com as consequências." É exactamente este tipo de atitude que leva um país como os E.U.A. a não rectificar o protocolo de Quioto, e que levou os avanços tecnológicos do último século a criarem todos estes problemas que agora deixamos para as próximas gerações tentarem resolver.
Sim, mesmo que comecemos a mudar os nossos hábitos agora, o ambiente ainda vai levar cerca de cinquenta anos a recuperar. Contudo, isto não é motivo para não agir, muito pelo contrário, é razão mais do que suficiente para nos levantarmos do sofá.
Tudo isto podem ver por vós próprios, seja através do documentário, ou numa simples pesquisa. A informação está toda espalhada, basta encontrá-la e juntar as peças.
Mas o que realmente querem saber, e o que ainda vos intriga, é "se pensas assim, e concordas com isto tudo, porque raio escreveste aquele primeiro parágrafo?" Talvez tudo se resuma a uma questão de semântica: Nós não estamos a destruir o planeta. A Terra já atravessou desastres ecológicos astronomicamente maiores, e incomparáveis com aquele que estamos a atravessar, e sobreviveu.
A Terra era um planeta jovem e saudável muito antes das primeiras formas de vida aparecerem. A verdade é que o que estamos a fazer é a destruir o nosso "Mundo", o nosso presente, e o futuro dos nosso filhos.
Estamos a destruir o ambiente, e as condições favoráveis à vida que neste momento habita este planeta. Estamos a pôr em perigo o mais variado tipo de formas de vida, e o nosso próprio futuro. A espécie humana não é tão invulnerável a estas alterações como podemos pensar.
Pode ser trágico pensar desta forma, mas a Terra vai continuar aqui muito depois de nós desaparecermos. As espécies que hoje conhecemos vão se extinguir, mas outras surgirão para ocupar o seu lugar. As massas continentais vão deslocar-se e aproximar-se. Oceanos vão desaparecer, montanhas erguer-se-ão. A Terra vai continuar o seu ciclo habitual, até o Sol se tornar num gigante vermelho e a engolir.
Como podem ver, não podemos falar em "destruir" o planeta. Nós somos apenas um vírus a atacar os ecossistemas e a frágil biosfera terrestre. Mas o planeta, esse, mantém-se intacto e pronto para nos dar uma lição.
É por isso que devemos começar já a tratar o planeta com respeito, e a fazer todos os possíveis para minimizar o nosso impacto num ambiente tão frágil. Podemos estar cá há pouco tempo, mas já excedemos o nosso convite.