Sunday, October 21, 2012

Portfólio Online

Cronologia de Experiência Profissional e Académica; Autor: Adriano Cerqueira
Embora ainda me reste cerca de mês e meio antes do meu regresso forçado ao mercado, decidi antecipar-me e reconstruí o meu portfólio online. Após dois anos de desleixe, finalmente encontrei a inspiração e a motivação necessárias para o renovar.

Decidi começar do zero e reconstruí-lo a partir da base, começando logo pela imagem, dando ao meu portfólio actual uma face completamente renovada em relação à sua versão anterior. O preto e branco niilista da primeira versão é substituído por um azul sóbrio, em convergência com as marcas dos media da minha autoria, Rádio da Rádio (podcast) e Mercúrio do Porto (jornal e blogue).

Dotado de uma interface clássica e de simples navegação, o meu portfólio é dividido em 10 secções. A Home, que apresenta uma breve biografia, a minha situação actual de emprego, e o meu currículo profissional e académico, assim como as minhas aptidões, conhecimentos linguísticos e prémios obtidos. As seguintes páginas dedicam-se à apresentação de alguns trabalhos e projectos de maior relevo que desenvolvi ao longo da minha carreira quer profissional quer académica.

A secção RTP apresenta uma lista dos projectos em que estou ou estive envolvido ao serviço da Academia RTP. Nas secções Video, Photography e Multimedia são apresentados alguns dos meus trabalhos nestas áreas. A página Media Relations destaca a minha experiência profissional a nível da assessoria de imprensa e comunicação interna, através da listagem das funções e dos principais objectivos alcançados ao serviço das empresas que representei. A página Journalism apresenta algumas das peças que produzi para o Mercúrio do Porto e Rádio da Rádio, assim como diversos artigos e reportagens que realizei ao longo da minha licenciatura, acentuando as colaborações que tive com a JPR e o JPN.

Já as páginas News e Contact Me são por si só explícitas. A primeira apresenta um blogue em jeito de diário onde indico regularmente as novidades que vou tendo quer a nível laboral, quer a nível académico, assim como quaisquer alterações significativas que venha a fazer ao meu portfólio. A segunda, além dos meus contactos, apresenta uma lista dos meus blogues e um formulário para entrarem directamente em contacto comigo.

O header do site é comum a todas as páginas. Azul-escuro com o logótipo no lado esquerdo e botões de acesso aos meus perfis das redes sociais, facebook, twitter e linkedin no lado direito.

Logótipo; Autor: Adriano Cerqueira
O logótipo foi inspirado no logo da Rádio da Rádio e no conceito do Mercúrio do Porto. As minhas iniciais apresentam-se envoltas em duas esferas que representam dois mundos em eclipse. As antenas no A são uma analogia para a conectividade do meu portfólio, e os dois satélites representam a minha diversidade de áreas. As iniciais dividem-se entre as minhas competências para Comunicação de Ciência e Audiovisual, enquanto os dois satélites representam as áreas de programação e webdesign que embora domine menos também fazem parte das minhas competências profissionais.

Porquê em inglês? Creio que quanto a esse aspecto a verdadeira questão seria “porquê em português?”. Ao mesmo tempo que ao criar um site de raiz todo ele em inglês fluído demonstro as minhas capacidades de domínio dessa língua, também é uma forma de internacionalizar as minhas hipóteses de encontrar emprego e de promover a minha imagem perante um eventual empregador internacional. Não coloco qualquer entrave a emigrar, sendo inclusive uma hipótese que a cada dia que passa me parece cada vez mais inevitável.

Ao contrário do meu portfólio anterior pretendo manter este actualizado com alguma regularidade, quer através dos artigos na secção de notícias, quer através de novidades a nível de projectos e de actualização de currículo.

No ar há cerca de dois meses, dou por agora terminada a fase de beta testing. Vou começar a divulgá-lo nos meios habituais, estando, contudo, aberto a quaisquer sugestões, comentários ou críticas construtivas para melhorar o desempenho e a eficácia do meu portfólio.

Basta de Apatia

Poucas coisas me entristecem mais do que ver jovens com o espírito quebrado a apaticamente aceitarem condições desumanas com um forte desrespeito pelos seus direitos como trabalhadores em troca de umas míseras ninharias.

Os tempos que vivemos levam as pessoas ao desespero. Fala-se de emigração forçada e de desempregados crónicos. Os mais velhos reivindicam os direitos que lhes foram retirados com protestos vazios e greves constantes. Mas enquanto tudo isto se espalha pela boca do povo, os poucos jovens que lá se conseguem safar no mercado de trabalho vêem-se resignados com condições precárias, direitos deturpados e sobrecarregados de deveres que atingem o limite do esclavagismo. E tudo isto com salários que na maioria dos casos não reflectem nem o seu valor como profissionais, nem a sua experiência profissional, nem tão pouco a sua formação académica.

Entristece-me ver pessoas que, ao final de um mês de trabalho, acumularam horas extra suficientes para merecem mais do dobro que aquilo que ganham, aceitarem com um encolher de ombros o ultraje natural que é não receberem um cêntimo sequer de compensações pela carga excessiva de horas. As empresas aproveitam-se da actual conjuntura para maltratar os seus trabalhadores. Negam-lhes subsídios de saúde e de alimentação, arranjam artimanhas para não formalizar os contratos, adiam os pagamentos sem quaisquer justificações e esperam que a pessoa, qual cãozinho obediente, apareça todos os dias à mesma hora e se sujeite a permanecer lá até à hora que lhes bem apetecer.

Basta desta apatia! Por maior que seja o desespero e por maiores que eles vos pareçam, nada merece tamanhos maus-tratos. O mais triste em tudo isto é que a culpa não é apenas da ganância das empresas, é de nós próprios e daqueles que vieram antes de nós e que se limitaram a sujeitar-se a estas condições, aceitando-as como norma, sem qualquer protesto, crítica ou reivindicação. As empresas esfregaram as mãos perante a nossa apatia e deixaram de ter limites para a precariedade. Limites esses que deviam ser impostos por nós e não apenas por eles.

Deitaram a ética laboral para o lixo, porque os deixaram fazê-lo. Tiveram a oportunidade de encarar a crise com uma moralidade superior de respeito pelos seus trabalhadores, mas em vez de o fazerem rebaixaram-se ao nível da escumalha mais baixa. Nivelaram por baixo e afastaram-nos da média europeia. Mesmo o sector público que devia primar pela qualidade e dar o exemplo das boas práticas, apresentou-se como a bandeira da precariedade e de como não se deve fazer. Alguns privados foram atrás, os mais pequenos, os que se acham maiores que as suas reais dimensões, os falidos e os gananciosos. Todos seguiram as passadas “anti-crise” do sector público. Todos olham hoje para o empregado, seja ele jovem ou velho, como meras formigas que podem ser espezinhadas ou afogadas a qualquer momento com pouca ou nenhuma consequência. Basta!

Não se deixem levar pela corrente, deixem de ser meras ovelhas obedientes. Imponham os vossos direitos, cumpram as vossas funções mas mantenham a vossa qualidade de vida. Não vale a pena deixar o vosso suor, sangue e lágrimas numa empresa que não vos respeita. Não vale a pena subir na carreira a todo o custo. Há uma diferença entre mostrar esforço e empenho, e dar a imagem de que não se importam de serem escravizados, que só estão ali para servir. Ergam-se, lutem. Escolham bem as vossas batalhas e não desistam delas assim que as encontrarem. Aprendam a argumentar, façam críticas construtivas e acima de tudo imponham os vossos direitos enquanto demonstram serem fortes cumpridores dos vossos deveres. Trabalhadores exemplares com um forte espírito crítico e reivindicativo não passam despercebidos aos empregadores. Sejam a mudança que querem ver no Mundo. O mercado está cheio de ovelhas bem comportadas, não se limitem a ser mais uma na fila para a tosquia.

Está na hora de nos organizarmos numa voz colectiva de individualismo e de exigirmos o regresso da ética laboral e de boas condições a nível salarial e humano. Quando eles disserem que isso é norma em todo o país, mostrem-lhes as excepções. Mostrem-lhes como se faz no resto da Europa e reafirmem a necessidade de nivelar por cima e não por baixo. As próprias empresas se quiserem sobreviver têm que aspirar a serem algo mais do que o seu actual potencial. Uma empresa é um organismo vivo e enquanto as células da sua base continuarem a ser maltratadas, o único futuro possível é o colapso da sua organização.

Levantem-se por vós próprios, por aqueles que vieram antes e por aqueles que ainda hão-de vir. O futuro depende de nós. As próximas gerações vão avaliar-nos pelas decisões que tomarmos agora. É este o legado que querem deixar? Que argumentos vão dar aos vossos netos quando vos perguntarem porque ficaram impávidos e serenos perante tamanhas abominações?

O caminho faz-se caminhando, não sentado atrás de uma secretária a agradecer ao vosso carrasco por cada uma das chicotadas como se de uma bênção se tratasse. Sejam livres, sejam criativos, sejam empreendedores, não tenham medo de sair da vossa zona de conforto, mas acima de tudo, não tenham medo. Arrisquem, reclamem, deixem-se ouvir. Reconstruam o vosso espírito e dêem-lhe asas para voar.

O futuro é nosso. Façamo-lo à nossa imagem.