Tuesday, July 29, 2008

The Boys of Summer

Nenhuma outra estação alguma vez me causou tanto desgaste, frustração e dor. O Verão. É sempre o Verão. Três pequenos meses que quando se devem prolongar dão a sensação de não durar mais que três semanas. E que quando devem apenas passar, estendem-se extenuantemente.

Quase toda a gente espera o ano todo por esta altura. Anseiam pelas férias, pelos momentos de diversão, pelo descanso, pela perda do sentido de responsabilidade. Quase toda a gente, pois para mim o Verão não é, e nunca foi, nenhuma dessas coisas.

Não é como se não o usasse para descontrair, descansar, ou para me divertir. Ponho a leitura em dia, retomo velhos hábitos perdidos no stress do resto do ano, enfim, faço aquilo que gosto de fazer no meu tempo livre. O grande problema desta maldita estação, é ano após ano, forçar-me a um esforço – até aqui sempre inglório – e a um total dispêndio, e desgaste de energias apenas concentradas num pequeno e simples objectivo que, até agora, sempre falhou: manter aquilo de bom que a Primavera me tem trazido, estável, e reforçá-lo.

Para mim, o excesso de tempo livre nunca jogou a meu favor. Estranhamente, de um momento para o outro, tempo livre era algo que não existia, embora eu sempre o tivesse e mesmo quando o não tinha, nada me impediria de o criar. Mas, ano após ano, estes três meses apenas servem para aumentar ou criar distâncias. Gerar conflitos, eliminar esperanças, destruir sonhos, alimentar a dor, e cimentar uma cada vez maior visão pessimista do Presente, e do Futuro.

Não odeio o Verão. O ódio não é suficiente para descrever aquilo que esta estação me faz sentir. Não culpo Junho, Julho, Agosto e Setembro. São apenas meros peões situados no local errado, na hora errada. Não existe alvo algum no qual acertar a seta da culpa. O tabuleiro é sempre o mesmo, mas as peças são diferentes. As jogadas alternam-se, e os jogadores, bem, esses, raramente regressam à partida após saírem do campo. E nas raras ocasiões que o fizeram a previsibilidade das suas acções não deixou espaço para descuidos, ou margens de manobra, para ilusões, ou desilusões.

A chegada de Setembro, que muitos podiam pensar ser capaz de terminar com todo o ambiente negativo criado à volta do Verão, apenas levanta o véu para revelar os estragos, e todo o mal feito durante esses pequenos e inacabáveis meses. Por vezes esse mal prolonga-se pelo Outono, o Inverno, e pelas futuras estações. Conflitos que poucos meses antes o mais céptico pessimista não seria capaz de prever.

Até este Verão terminar, e os resultados finais se revelarem, nada me fará deixar de acreditar que desta vez será diferente. Que o reinado de ínfimos anos tórridos finalmente chegará ao fim, dando lugar a uma nova era de incerteza, mas de optimismo.

Confesso que a esperança que neste momento sustém esta crença em mudança, já foi maior, mas a verdade é que mais cedo ou mais tarde algo irá mudar. Seja neste, ou no próximo, chegará o Verão em que mesmo que seja necessário aguentá-lo até Setembro, quando o seu fim chegar, e a cortina for levantada, a imagem que a Primavera deixou, não estará apagada e ofuscada, mas sim reforçada e nítida.


Tuesday, July 22, 2008

Insónias

Há alguns verões atrás – era eu muito novo para me lembrar da data ao certo – sem motivo aparente, comecei a ver televisão por volta das dez da noite, e só me levantei para ir dormir já o dia tinha nascido, e os meus pais acordado para ir trabalhar.

Não tinha insónias. Não estava cansado. Até tinha um pouco de sono, mas a verdade, e por razões que até hoje me escapam, é que mantive-me acordado até de manhã a ver televisão sem qualquer vontade de desligar e ir para a cama.

Lembro-me de poucas coisas dessa noite. Lembro-me que na RTP 2 estava a dar o The Good, the Bad and the Ugly. Lembro-me que acabou por volta das duas, e que a uma certa hora todos os canais do meu zapping regular estavam ou sem emissão, ou a dar televendas. Mas mesmo nessa hora não desisti. Fui buscar uma cassete e pus o vídeo a dar – meu Deus, devia ter sido mesmo há muito tempo, não tenho memória do velho vídeo funcionar.

A memória mais nítida, e que até hoje me atormentou, foi já depois do nascer do Sol – evento que presenciei pela primeira vez nessa manhã. Eram cinco da manhã e alguns canais já começavam a emitir. Liguei o VH1 para ouvir alguma música.

Não me lembro dos videoclips que passaram, excepto um que só voltei a rever hoje. Era um vídeo dos Smashing Pumpkins, a música era minha conhecida, mas no dia seguinte já não me lembrava nem da letra, nem da sonoridade, apenas me lembrava de ver o vocalista a cantar, sentado no assento traseiro de um carro.

Os anos passaram. Pesquisei várias vezes na internet, sempre que me lembrava do ocorrido. Até falei com alguns amigos fãs da banda, mas ninguém me foi capaz de dizer qual era a música. Hoje, já vários anos depois de ver o vídeo pela primeira vez, estava a fazer zapping quando passei pela SIC Radical, e lá estava ele. O mesmo que tinha visto na sala da casa da minha avó há tanto tempo atrás.

Fiquei perplexo pela música que era. Não podia acreditar que era esta, logo uma das mais famosas deles. Reconheci de imediato a melodia de tanto a ouvir naquelas viagens de carro sintonizadas na RFM. Esperei até ao fim do vídeo, e lá surgiu a resposta que há muito esperava, a música era a 1979. Se já forem cinco da manhã quando lerem esta entrada, deixem-se vislumbrar pelo nascer do Sol e quando ele já estiver lá no alto, vejam este videoclip.

Friday, July 18, 2008

Vive le Tour!

Foi com grande surpresa que ontem recebi a notícia da desistência da equipa Saunier Duval do Tour de France por causa do ciclista Riccardo Ricco – líder da equipa e oitavo classificado da geral – ter testado positivo a CERA, uma nova forma de EPO.

Como nas edições anteriores, tenho seguido este tour praticamente desde o quilómetro zero, e até ao momento as prestações de Riccardo Ricco foram as que mais me impressionaram. De certa forma, ele fazia lembrar o infame Pantani, com os seus ataques bem longe da meta e com uma capacidade tremenda para ultrapassar as dificuldades. Infelizmente, tudo aquilo que me impressionava e que apaixonou Paulo Martins e Luís Piçarra, comentadores da Eurosport, pode não ter passado de uma farsa bem representada pela velha sombra do desporto profissional: o doping.

Apesar de este já ser o terceiro caso de ciclistas a testar positivo na corrente edição do Tour de France, não creio que seja caso para duvidar da verdade desportiva, e muito menos para se desistir por completo da modalidade. Um dado curioso, que vim a descobrir através dos comentadores da Eurosport, foi que uma sondagem no site do Record questionava os visitantes se estes tinham perdido a credibilidade neste Tour. Cerca de 73% votou “Sim”.

Sinceramente, não percebo o porquê de todo este negativismo, então os alegados "batoteiros" estão a ser apanhados e por isso devemos considerar que uma competição que zela pela verdade desportiva não tem credibilidade? É como diz o velho ditado, "é-se preso por ter cão, e preso por não ter."

Talvez estas histórias de apitos arco-íris têm-nos dado umas percepções deturpadas da realidade do desporto. Mas pondo todo este assunto de lado, o que importa neste caso é não perder a fé no ciclismo, e continuar a desfrutar da volta à França.

Sim, existe sempre o receio do ciclista que apoio acabar por ser testado positivo também, mas certamente aqueles que se têm dopado, devem ter tomado medidas para pararem com o processo de forma a não serem desclassificados.

Quanto à verdade desportiva do ciclismo, quem sabe? Talvez até o próprio Lance Armstrong se dopava. Suspeitas surgiram, mas até prova em contrário, ninguém vai questionar as suas sete vitórias consecutivas do tour – feito inédito em quase 100 anos de prova.

Há que louvar o esforço despendido por estes heróis que todos os dias têm que superar centenas de quilómetros ao pedal, subindo a altitudes que superam muitas vezes os dois mil metros. Suportando as mais precárias condições atmosféricas, sob um completo esforço sobre-humano.

É o doping um problema só do ciclismo? Não, existe em praticamente todos os desportos sob formas quase inimagináveis. O ciclismo apenas teve a coragem de tomar o primeiro passo na eterna solidificação da verdade. Talvez esteja na altura das restantes modalidades fazerem o mesmo.

O tour ficou mais pobre sem Riccardo Ricco. Esperemos que o ciclista regresse daqui a uns anos com um melhor sentido de bom senso, e que talvez um dia consiga vencer a maior prova do ciclismo internacional.

Liberdade de Expressão?

Não pude deixar de ficar algo surpreendido com os recentes processos judiciais impostas a dois blogues por difamação. Embora compreenda que se deva procurar salvaguardar o bom nome de cada um, e evitar ao máximo fazer acusações sem provas e fundamentos legítimos, a verdade é que em ambos os casos tratavam-se de dois blogues criados por cidadãos anónimos que se limitavam a prestar as suas opiniões.

Se alguém quisesse acreditar nas suas alegações estaria livre de o fazer, já que até prova em contrário, a liberdade de expressão, e de criação de convicções próprias, são direitos fundamentais da sociedade em que vivemos.

Será que perdemos o direito a expressar o nosso desagrado sobre certas situações com as quais nos deparamos no dia-a-dia? Sou Vareiro desde pequeno, e há muita coisa que gosto na minha cidade. Contudo, existem algumas situações com as quais não concordo e, até ao dia de hoje, ainda não compreendo o porquê de as terem feito.

Os leitores assíduos deste blogue sabem bem que fora uma eventual crónica satírica, até ao dia de hoje não critiquei qualquer decisão relativa à minha cidade. No entanto, agora começo a levantar a questão: Se tal dia chegar, poderei fazê-lo? Depois de ver o que se sucedeu com o blogue Póveiro receio pela manutenção da liberdade de expressão dos bloguers e pela integridade do meu próprio blogue.

Estará alguém a investigar todas as minhas acções online? Se deslizar um pouco e me apetecer dizer umas verdades, que precisarem de ser ditas, vou acabar por ser forçado a renunciar este sítio, e a comparecer em tribunal por simplesmente dizer o que me vai na cabeça?

Posso não ter vivido o 25 de Abril de 74, mas situações como esta fazem-me questionar se quem está no poder já se esqueceu do significado desse dia. É muito fácil ficar quieto e não fazer nada, e deixar as coisas tomarem o seu rumo. Mas é preciso coragem para vir cá para fora denunciar aquilo que está errado com o nosso próprio microcosmos.

Aplaudo as iniciativas dos blogues da Póvoa do Varzim, e espero que o juiz que os vai julgar tenha o bom senso de se apoiar nos direitos fundamentais, e que permita que um dia esses colegas da blogosfera voltem ao activo, e continuem a denunciar o que está incorrecto. Como diria o antigo cântico revolucionário: o Povo Unido jamais será vencido!

Saturday, July 12, 2008

Pedaços de Sabedoria do Professor Doutor JM

Berrou, perdeu a razão.

Só se atira pedras às árvores com fruto.

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

O mundo é um palco, e nós somos os seus actores.

Deitar fora a água suja com o bebé dentro da banheira.

Junta-te aos bons e serás melhor que eles.

Quem vai à guerra, dá e leva.

Uma situação de crise é uma nova oportunidade.

Cada macaco no seu galho.

Levar a carta a Garcia.


Adeus Professor Doutor JM. Até qualquer dia. Até ao meu regresso!

Saturday, July 05, 2008

Yui

Yui, Life, Imagem DR
A internet não só tornou o Mundo mais pequeno e acessível, como também ajudou a descobrir alguns talentos que, de outra forma, iriam continuar perdidos dentro das fronteiras dos seus países. 

Esta semana descobri Yui, uma cantora japonesa, que alia a sua beleza a uma das melhores vozes nipónicas que tive o prazer de ouvir até hoje. Fiquem aqui com o vídeo da música Life, do album From me to You.

Wednesday, July 02, 2008

Blog Through Time

Rat Pack, Foto DR
Como podem observar, Frank Sinatra e os senhores que o acompanham nesta foto estão a segurar um livro com o título "Blog". Ao pesquisar pelo respectivo livro, descobri que este pertence ao autor Hugh Hewitt, e que o livro foi apenas publicado em 2004, como podem confirmar aqui.


Imagem DR
A foto é bastante anterior a 2004, sendo provável que esta tenha sido tirada algures na década de 60. Como é que Frank Sinatra tinha na sua posse um livro publicado quarenta anos mais tarde por um autor que, na altura, não devia ter mais que quatro anos de idade? Dá que pensar, não dá?