Monday, December 23, 2019

O Regresso da Véspera da Véspera de Natal Parte XIII

365 dias, 215 entrevistas, 90 Segundos de Ciência, 85 temas esmiuçados, 37 casas visitadas, 26 bilharacos, 7 títulos europeus, 4 coletes amarelos, 3 bairros gentrificados, 2 concertos de New Order, uma única nova publicação neste blogue e 0 pencas depois, sejam bem-vindos a mais um episódio do Regresso da Véspera da Véspera de Natal, a tradição anual mais aguardada pelos fiéis seguidores da Igreja Universal do Sagrado Chinelo, e por todos aqueles cujo ódio a pencas os une neste santo dia.

Começamos a nossa história na terra desconhecida chamada Brasil, onde o Mindo é rei e senhor e também treinador do Flamengo.

"Esse não é Jesus, o Jorge?", questiona a Menina do Gás, enquanto segura num bule consciente que em tempos escreveu músicas sobre astronautas perdidos no espaço.

"Isso é subjectivo", grita o Mindo enquanto brinca com dois ímanes, rindo-se de algo cuja graça é desconhecida a todos menos a ele.

De regresso à terra desconhecida chamada Brasil, Jesus, o Cristo, ora nas palhas deitado, ora nas palhas estendido, festeja a conquista da Libertadores após oitocentos e oito minutos de tentativas falhadas de falar espanhol.

Cansado de se deitar e estender nas palhas, Jesus, o Cristo, pede a Jesus, o Jorge, a Gama, o Vasco, a Gás, a Menina, a do Eusébio, a Tolha, a de Carvalho, o Bruno, a Sebastião, o rei, e a Mindo, o subjectivo, para irem comprar cabaças para fazer bilharacos.

"Tão perto do Natal já todas devem estar esgotadas", alerta Henrique, o Infante, que por ali passava para abastecer a sua nau eléctrica com baterias de lítio e jerricãs de gasóleo, não fossem os camionistas lembrar-se de entrar novamente em greve.

"É por isso que devemos garantir que os meios de produção jamais saiam do poder do proletariado", afirma Cunhal, o Álvaro, enquanto tuítava um extenso manifesto alertando para o perigo da normalização do discurso liberal.

A Menina do Gás, Vasco da Gama, Eusébio e a sua toalha, partilharam efusivamente este manifesto acrescentando a ele episódios testemunhados na circunavegação do Mundo que estes fizeram acompanhados por Dave, o Casado à Primeira Vista, também conhecido como David.

Acesa que estava a discussão sobre o preço da cabaça miúda, discussão essa que se agravou quando de Carvalho, o Bruno a chamou de abóbora, sem qualquer justa causa, num canto afastado do horizonte, era possível avistar o Mindo, ainda a rir-se dos dois ímanes que por ali se encontravam.

Caía a noite na terra desconhecida chamada Brasil, quando a Marta da Teleseguro mandou vir um Glovo da Telepizza para poupar nos portes, com uma dose extra de cabaça miúda.

A noite estava salva, faltando apenas que todos confirmassem que leram os termos e condições.

"Isso são peanurs", afirmou Jesus, o Cristo, ora nas palhas estendido, ora nas palhas deitado.

Em uníssono todos se prepararam para a confecção dos bilharacos, enquanto o rapaz da Glovo esperava pela sua gorjeta.   

Pessoa, o Fernando, Moisés, e os seus Heterónimos, – os de Pessoa, o Fernando, não os de Moisés, que, até à data, se tinha Heterónimos, todos eles nos são ainda desconhecidos – pediram a Pedro Álvares Cabral se este tinha trocos para pagar ao rapaz da Glovo.

"Fazia por MBWay mas agora cobram taxas e comissões”, lamenta Soares, o Bernardo, enquanto acrescenta ao seu livro mais este desassossego.

"Já pensaram em criar uma conta no Revolut?", questiona o rapaz da Glovo que traz consigo um panfleto e uma história da viagem que fez à terra conhecida chamada Islândia, onde usou esse cartão sem qualquer gasto adicional.

Já na terra desconhecida chamada Brasil os bilharacos estavam prontos para serem servidos.

À mesa sentava-se Jesus, o Jorge, a Menina do Gás, o rapaz da Glovo, Fernando Pessoa e os seus Heterónimos, Vasco da Gama, a Marta da Teleseguro, de Carvalho, o Bruno, a toalha do Eusébio, Álvaro Cunhal e os meios de produção, Moisés, Sebastião, o rei, e Dave, o Casado à Primeira Vista, também conhecido como David.

"Falta o Mindo!", alerta Jesus, o Cristo, ora nas palhas estendido, ora nas palhas deitado.

Pela porta uma voz carregando uma travessa de bilharacos afirmou, "Isso, isso é subjectivo!"

Após a refeição, Mindo e a turma do papagaio amarelo embarcaram na nau eléctrica de Henrique, o Infante patrocinada pela Tesla. Para o horizonte seguiram em busca de uma terra onde as pencas ainda não sejam conhecidas.

E assim regressa o dia mais aguardado ao longo de todo o ano. Dediquem estas horas a espalhar pelo Mundo as palavras de felicidade que só um dia como o 23 consegue transmitir.

Pois hoje é a Véspera da Véspera de Natal. Dêem as mãos e cantem todos comigo:


Morram Pencas, morram! Pim!

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