Foram precisos quase sete anos para chegar a este ponto. 82
meses, ou 2496 dias se preferirem, após a criação deste blogue, finalmente
atingi a marca de 200 artigos publicados. Entre artigos de opinião, críticas,
crónicas, o pontual poema ou conto, vídeos, pensamentos, momentos de introspecção,
entradas de diário, projectos e artigos académicos, sem esquecer as já
habituais ruminações desprovidas de sentido que tão bem expressam o caos
organizado do meu pensamento.
Foram horas passadas em frente de uma página em branco.
Revisões, frustrações, artigos inacabados, pensamentos apagados. Escrever,
reescrever, registar, catalogar. Momentos, lembranças, ideias, gritos e
chamadas de atenção. Sintomas de um perpétuo processo criativo, por vezes
impulsionado a forçosamente derramar algo, por mais insignificante que seja,
apenas com o simples objectivo de cumprir a promessa que fiz a mim próprio: Pelo
menos um artigo por mês e, se possível, tentar manter a média em 30 publicações
por ano.
Esta é a décima oitava publicação que faço este ano. Nunca
estive tão longe de atingir a marca que prometi a mim próprio com o ano de 2012
tão próximo de terminar. Por mais que defenda a qualidade em detrimento da
quantidade, não me deixo de culpabilizar a mim próprio pela incapacidade que
encontrei este ano em dar mais atenção a este espaço. Podia argumentar a falta
de tempo, mas estaria a mentir a mim próprio. Podia recuperar a eterna acusação
de falta de inspiração, mas essa, encontro-a todos os dias no mais simples dos
pormenores. Cansaço, falta de vontade, ou simples inércia. A minha preguiça de
execução e o desvio das minhas atenções são os principais culpados desta vez.
Os restantes blogues temáticos que o digam, já passou mais de um ano desde a
última vez que actualizei algum deles.
O desenvolvimento do meu portfólio e a necessidade de o
manter actualizado também retiraram algum do tempo que podia ter dedicado a
este espaço, mas agora, não vale a pena fazer luto pelas acções tomadas. Esta é
uma hora para celebrar. Foram 200 artigos, 200 momentos, 200 histórias. Foram
quase sete anos da minha vida imortalizados nas minhas palavras, nas músicas
que ouvi, nas fotografias que tirei, nos projectos que desenvolvi. Toda a minha
história desde então, o meu passado e o meu futuro, passaram por aqui. Para me
conhecer basta abrir esta página e começar a ler. Atentar às entrelinhas, às
subtilezas da minha escrita, ao gritante descaramento das observações directas.
Este blogue é mais que um diário, é uma parte de mim. A ponta do icebergue, à
deriva por uma água de clareza, que por vezes deixa vislumbrar um pouco mais
que aquilo que inicialmente pretendia demonstrar.
Oitenta e dois meses depois, deixo-me afogar num mar de histórias
que ficaram por contar, de rúbricas que não saíram da gaveta, de tradições
esquecidas. Agarro-me àquelas que mantive, às Terras do meu Verão, aos
Regressos da Véspera da Véspera de Natal, aos No Comment e aos QueridosDiários. Estendo a mão aos Confessionários, às Rádios da Rádio e às histórias
da Eurotrip, com o desejo de um dia os trazer ao de cima.
Não esqueço a Revolução dos Coelhos Amarelos, ou o belo voo
da Blue Dove. Guardo-os eternamente num local especial das minhas memórias. Já
não ouço a música que deu nome a este blogue com tanta frequência como em
outros tempos, mas assinalo cada momento em que ela surge na lista aleatória do
meu leitor de mp3, ou no álbum de viagem que mantenho de forma permanente no
meu carro, como se a ouvisse pela primeira vez. Ela está ali, sempre presente
para me relembrar deste espaço e daquilo que ele significa.
Nas noites mais frias, foi este o meu companheiro. O meu
consolo, o meu confidente. Um local só meu onde a minha voz podia ser ouvida.
Mais de treze mil passaram por aqui, muitos talvez incapazes de compreender uma
única palavra daquilo que escrevi, mas para mim, podia ter sido apenas um, ou
mais ninguém além de mim próprio. Sim, por vezes escrevi para que outros me
ouvissem, para que outros me compreendessem, para que outros me ajudassem, para
que outros aprendessem, ou apenas para que outros me conhecessem. Mas no fundo,
apenas procurei a aprovação de mim próprio. A aceitação das minhas próprias
ideias e o registo das minhas recordações e pensamentos. O meu ponto de vista.
A minha opinião. A minha visão. Eu.
Não prometo nada de novo para os próximos duzentos artigos.
Apenas prometo continuar a cumprir a promessa que há 2496 dias fiz a mim
próprio. Manter este local vivo. Um espelho do meu ser. Das minhas paixões. Das
minhas desilusões. Dos meus sonhos. Dos meus pesadelos. Da minha história. Dos
meus “e se”. Dos meus desejos. Das minhas recordações.
Como referi em Janeiro de 2010, este continuará a ser o meu
blogue principal, sempre dedicado a artigos de opinião e à divulgação dos meus
projectos, se bem que dado o desenvolvimento do meu novo portfólio, ao longo
dos próximos anos irei recorrer cada vez menos a esta segunda faceta. Sempre
que sentir a necessidade de expor o meu pensamento ou de divulgar algo em
português, esta será a plataforma escolhida.
Comecei a minha aventura no universo da blogosfera em 2003,
ainda a bordo do velhinho Blue Dove. No dia 17 de Janeiro de 2006 dei o salto
para o blogger e o No Sense of Reason foi criado. Este é provavelmente o
projecto ao qual mais fui fiel. Nunca dediquei tanto tempo ou tanta devoção a
mais nada que não este blogue, e assim pretendo que ele continue a prosperar
para que daqui a sete anos possa acordar e dizer que ainda mantive viva esta
promessa sem sentido de razão.
Believe in me and I'll believe in you!