Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga
Há meses perdidos. Sombras de tempos mal aproveitados. Dias desperdiçados. Momentos não vividos. Este não foi um mês perdido, mas sim, um mês de transição. Não esquecido, mas ainda por escrever, como mil viagens que ficaram por relatar. Memórias apagadas de uma Coimbra infiel dão lugar a um novo Porto, à mesma ponte, aos velhos trilhos, a novos dias.
Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa
Porto Sentido de Rui Veloso