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Como a grande maioria dos sportinguistas, foi com surpresa que recebi a notícia da transferência de João Moutinho para o FC Porto. Dias antes tinha mesmo afirmado que muito dificilmente o, na altura, capitão do Sporting CP, alguma vez sairia de Alvalade.
Não esqueço o forte contributo que o camisola 28 deu à equipa nas últimas épocas, e reconheço a enorme qualidade que este jogador trazia ao meio-campo do Sporting CP. Contudo, desde a época 2006/07 em que os leões terminaram o campeonato a um ponto do FC Porto, que João Moutinho tem descido de rendimento. Embora continuasse a demonstrar o empenho e a maturidade características deste jogador, era de notar que algo não estava bem com João Moutinho. Já não mostrava ser o mesmo líder que nos habituou a ver em campo ao longo dos anos. Começou a falhar, a cometer erros com mais frequência, perdeu a alegria pelo jogo, chegando mesmo a parecer estagnado na sua evolução.
Talvez tudo isto se devesse à polémica proposta do Everton, no defeso de 2009, negada pela direcção do Sporting CP, apesar dos alegados 15 milhões de euros que o clube inglês ofereceu pelo passe do jogador. Mas, a verdade, é que apenas João Moutinho sabe a verdadeira razão sobre a sua clara baixa de rendimento.
Apesar da sua inegável qualidade, o camisola 28 era vítima da sua especialização. A sua elevada cláusula de rescisão, de 30 milhões de euros, ditava que apenas um grande clube como o Real Madrid ou o Manchester United pudesse resgatar o jogador aos leões, contudo, todos os grandes clubes já têm bons jogadores com qualidade igual ou superior à de João Moutinho a jogar na sua posição, o que torna desde logo inviável uma eventual contratação.
O capitão do Sporting CP corria assim o “risco” de terminar a sua carreira no clube de Alvalade, sem nunca ter a oportunidade de experimentar outros voos na Europa do futebol. Na perspectiva do jogador, compreendo que isto poderia significar o fechar de portas a uma possível evolução no futebol europeu, e ditava o definitivo afastamento da selecção.
Um jogador descontente, sem capacidade de evolução, que viu no FC Porto uma nova oportunidade para se mostrar e talvez dar o salto que tanto ambiciona. Mas fê-lo à custa de um clube, e de uma instituição, a quem ele deve tudo aquilo que é hoje. Foi no Sporting CP que nasceu para ao futebol, e foi ao serviço dos leões que conseguiu o estatuto que lhe é hoje atribuído. Apesar disso não hesitou em trair a casa que o viu crescer para aceitar um contrato milionário com um dos principais rivais e deixar o clube de Alvalade sem capitão logo no início da pré-época.
A nível financeiro, o negócio é favorável ao Sporting CP. O clube de Alvalade encaixa 10 milhões de euros mais o passe de Nuno André Coelho, um jogador bastante promissor, com uma grande margem de evolução e com mercado, e mantém ainda 25% do passe de João Moutinho. Contudo, é impensável um clube com a história e a grandeza do Sporting CP ser capaz de vender o seu capitão, com tamanha facilidade, a um dos seus principais rivais.
A próxima época dirá quem saiu a ganhar com esta novela de Verão. Embora nunca me esqueça do contributo que João Moutinho deu ao Sporting CP ao longo dos anos, é com tristeza que o vejo sair pela porta pequena para nunca mais voltar a envergar a mítica camisola verde-e-branca.
Podre ou não, João Moutinho é uma Maçã que caiu bem longe da sua árvore.
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