Do pequeno Yaris vermelho que me acompanhou ao longo das aulas de condução – e que se manteve fiel à minha causa até ao exame, que há precisamente três anos atrás ditou a minha entrada no mundo da condução – passando pela velha carrinha Ford Escort de 95 – que ao longo de mais de uma década sob a égide do meu pai, levou a minha família de Bragança ao Algarve, de Santiago de Compostela a Sanabria, e que nos acompanhou da Expo 98, ao Euro 2004, sem esquecer eventos como o Super Bock Super Rock de 2005, o Rock in Rio 2004, ou o concerto dos The Doors no Pavilhão Atlântico em 2003 – eventos que embora de menor dimensão ocupam um importante lugar na minha curta lista de dias a recordar – até ao meu actual Toyota Corolla de 94 – que desde o verão de 2007 me acompanha nos pequenos e grandes momentos que marcaram os últimos dois anos e meio – já são mais de dez mil quilómetros de estrada, espalhados entre Aveiro e Porto que, não fosse por um dia tão trivial como este, nunca teriam acontecido.
Chovia durante o exame, durante aquela meia hora que iria ditar a passagem ou não de mais um degrau na longa escada do crescimento. O nervosismo e a ansiedade, eram os sentimentos dominantes dos quatro que naquele dia se tinham deslocado a Aveiro para tentar a sua sorte. Duas já tinham sido reprovadas apenas momentos antes da minha vez. Era o segundo a ser examinado. A minha colega cumprira todas as manobras e merecia os devidos parabéns.
Ela parara o carro próximo do Glicínias. Era a minha vez de tomar o volante. O seu sucesso deu-me alguma confiança mas não a suficiente. Embora tenha por costume acelerar até à quarta, nem que apenas me deixem dez metros livres, naquele momento tal proeza estava longe das minhas capacidades.
Isto não era apenas um exame de condução, era a maneira de provar a mim próprio, e ao Mundo, que era capaz de ter sucesso em algo que não envolvesse exclusivamente o raciocínio lógico.
Tudo corria bem até à entrada na auto-estrada. Por um breve excesso de confiança esqueci-me de dar o pisca. Como já estávamos a voltar para o centro de exames, e como ainda tinha feito apenas uma das três manobras, pensei que já estava reprovado por causa de um acto tão insignificante, que hoje em dia tomo como garantido.
Felizmente, estava errado. Fomos para uma pequena zona industrial que nunca tinha visitado durante as aulas. Cumpri as manobras e regressámos ao centro. Ao estacionar levei um raspanete da examinadora que me avisou para ter mais calma. Por desespero fechei a porta com força e aguardei.
Os minutos passavam, já começara a fazer as contas, ponderando sobre quanto teria que pagar para repetir o exame, quando o meu instrutor, Apresentação Fernando Fernandes, foi chamado para ir buscar os papéis com a licença de carta. Ao contrário do que esperava, ele não trouxe apenas um, mas sim dois. Com grande alegria aceitei o comprovativo de mais uma sólida conquista contra todas as probabilidades. Passei no exame à primeira, e isso, ninguém mo poderá tirar.
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