Monday, July 27, 2009

O Próximo Passo

Para muitos, concluir o curso significa o fim da vida como estudante e o início de uma nova aventura no mercado de trabalho. Para mim, não.

A minha vida de estudante, de uma maneira ou de outra, continua agora no mestrado. Embora seja perfeitamente possível conciliar o mestrado com um emprego, e até mesmo aconselhável, a verdade é que eu não o quero fazer. Sempre que envio um currículo ou respondo a um anúncio, mais do que sentir ansiedade por uma possível rejeição, temo a possível resposta positiva que felizmente até agora ainda não recebi.

Porquê? A resposta é simples, porque não quero perder o controlo da minha vida. Não é que não me sinta pronto para enfrentar o mundo do trabalho, se assim fosse não teria passado o último ano a estagiar de graça, dedicando a totalidade do meu tempo livre para poder conciliar o trabalho com os estudos – pelo menos durante os primeiros nove meses, já que os restantes foram de estágio curricular –, mas sim porque ainda não sinto que seja a altura certa.

No outro dia respondi a um anúncio de uma empresa multimédia sediada em Lisboa. Apesar de o mestrado ser apenas dois dias por semana, não imagino como seria possível conciliar as duas coisas, vendo-me obrigado a deslocar-me semanalmente ao Porto, já para não dizer que não vejo com bons olhos uma mudança para a capital. Não que tenha alguma coisa contra a cidade, mas não sinto que seja a altura certa.

Felizmente, não me responderam. Decidi então procurar apenas ofertas de emprego próximas da minha área de residência, que é a mesma coisa que dizer: como os media de Ovar não estão disponíveis para me contratar, a melhor opção seria alguma empresa da Invicta. Volta e meia encontro um anúncio que corresponde a estas exigências, contudo não consigo deixar de me sentir algo relutante em responder.

Aceito que a independência financeira e a oportunidade de sair de casa são grandes aliciantes. Ter dinheiro para comprar um carro novo, poder finalmente fazer a minha transição de PC para Mac e comprar aquela Nikon D90 que tenho andado a namorar, são sonhos facilmente concretizáveis, à distância de um "sim" de uma qualquer empresa disposta a ter-me dentro dos seus quadros. Mas em termos de sonhos materialistas, confesso ter mais olhos que barriga. Pois aquilo que realmente quero é a verdadeira experiência universitária que até agora me foi negada.

O desemprego assusta-me, mais do que nunca sofro com a escassez do dinheiro que nos últimos três anos vi-me forçado a racionar para manter o mínimo nível de conforto e poder continuar a investir nos meus eventuais caprichos. Mas essa realidade só cairá em peso daqui a dois anos, se, concluído o mestrado, a situação se mantiver igual, pois aí não terei mais desculpas para ocupar o meu tempo. Há sempre a hipótese do doutoramento, mas não o quero fazer em comunicação, e se agora é complicado pagar um mestrado, ainda pior seria a transição para o terceiro ciclo.

Infelizmente, nem sempre temos aquilo que queremos. Talvez não esteja destinado a ter uma verdadeira experiência universitária, ou talvez a consiga conciliar com um emprego em part-time ou com uma possível colaboração. Apenas o tempo o dirá. Até lá, resta-me lidar com esta falta de vontade que, possivelmente, iria confundir muitos daqueles na minha posição, mas, também, nunca fui de me deixar ir com a corrente, ou de aceitar o curso natural das coisas.

"É tudo uma questão de vontade", e era tudo mais fácil se fosse capaz de a compreender.

Saturday, July 18, 2009

O Dia que Sucede ao Anterior e que Precede o Seguinte

UP
17 de Julho de 2009

O dia em que concluí a minha Licenciatura em Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia.

Um dia como qualquer outro. Um dia que podia ser relembrado como o dia em que, pela primeira vez, consegui correr sete quilómetros seguidos, ou como o dia em que fui ao festival Marés Vivas ver Scorpions, Guano Apes e Secondhand Serenade. Ou melhor, o dia em que escolhi não ir a esse festival. Mas não, o destino tinha reservado algo mais para este dia que, de outra forma, tão facilmente passaria despercebido no calendário.

Foram três longos anos que passaram depressa demais. Embora saiba que foram dados muitos e importantes passos em frente, não deixo de sentir que estou de regresso ao ponto de partida. Ao contrário das expectativas iniciais, o curso não me deu aquilo que eu mais queria, mas se calhar tal seria pedir demais a algo que não tinha como intenção satisfazer esse meu desejo. Contudo, o curso deu-me muitas coisas que até aqui tomei como garantidas, e ajudou-me a descobrir aquilo que realmente quero.

É triste chegar a este ponto e descobrir que muitas pessoas apenas se limitaram a confirmar as impressões iniciais que transmitiram no primeiro dia. Assim como é triste não ter tido tempo suficiente para conhecer melhor aqueles que tinham algo verdadeiramente novo a trazer para esta experiência.

Dia 11 de Agosto, vai fazer três anos desde o dia em que tomei a decisão final de ingressar no curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação, abdicando, assim, do meu sonho de infância de ser Paleontólogo. Nunca me arrependi desta decisão, embora não seja raro encontrar-me a pensar sobre como seria se tivesse escolhido manter o rumo que planeava desde os oito anos de idade.

Nestes três anos, vi o meu curso mudar de nome, o número de cadeiras a aumentar e a forma de avaliação a ficar mais justa. Vi a extinção do quarto ano, as portas do Mestrado a abrirem-se com facilidade, e as do mercado de trabalho a fecharem-se a sete chaves.

Ao contrário de muitos, não sinto que seja a altura para deixar os estudos, mas sim para os continuar. Dentro de dois anos, esteja onde estiver, outra data não muito diferente deste 17 de Julho marcará o fim da minha etapa pelo segundo ciclo de ensino superior. A vida é feita de datas que ao início insignificantes, são para sempre relembradas na história que construímos.