Uma gota de água doce num oceano amargo.
Saturday, December 30, 2006
Saturday, December 23, 2006
A Véspera da Véspera de Natal
365 dias depois volto a encontrar-me no mesmo dia, que há 365 dias atrás foi tema de reflexão. Muita coisa mudou, o blogue já não é o mesmo, nem o teclado em que escrevo, ou o monitor para que olho, são os mesmos de há 365 dias atrás. Mas 365 dias passaram e neste dia volto a encontrar-me.
Já sei o que são pencas, pencas e não só. Há alguns meses que habito na Invicta – não propriamente, mas viajo para lá quase todos os dias –, pouco ou nada tenho para relatar, mas vamos lá pensar naquilo que interessa. Que é feito do dia 23 de Dezembro? É véspera de Consoada. Rejubilemos irmãos, a festa vem aí.
“Festa?!”, perguntam as vozes dispersas no vazio insonoro.
“Sim, Festa de Natal. Já nasceu o Deus Menino que vem aí para nos salvar.”
“E morrer pelos nossos pecados!”, diz alguém distraído que vinha por aí a caminhar.
“O quê? Morrer pelos vossos pecados? Adeusinho, vou nascer noutro dia!”, disse Jesus no ventre de Maria.
E de repente questiono-me, “De onde veio este diálogo?” Fica a pergunta no ar, para de seguida ser esquecida. É dia 23, já dizia D. Afonso Henriques enquanto castigava a sua mãe.
Ó 23 esquecido no tempo, são tuas as lágrimas de Portugal. E ao som da Mrs. Robinson, perguntam-me vocês, “Isso não era do Pessoa? E porque raio ‘tás a falar do 23? Que têm os filhos do Michael Jordan a ver com a situação dos refugiados no Chade? Por que José Veiga ainda não está preso? Quem sou? Que faço aqui? Mas agora cantas Fado? Qual é a piada de fazer várias perguntas sem sentido? E de as pôr seguidas? Sem qualquer correlação?” Ups, acho que esta última não levava ponto de interrogação.
Mas a mensagem aqui é clara: Celebrem o 23, que também o merece, ou não fosse esta a véspera da véspera das vésperas!
Morram Pencas, morram! Pim!
Thursday, December 21, 2006
Querido Pai Natal
Já devias pensar que ia esquecer-me de te escrever. Deixei isto um pouco para a última, mas espero ainda ir a tempo.
Há já muitos anos que não te peço nada, pelo menos nada que possas fazer, ou ir a uma loja comprar. Este ano não será diferente. E perguntas-me tu, como foi este teu ano? Hesito em responder. Esse assunto talvez seja mais apropriado a um artigo de Ano Novo, mas quem sabe, talvez despache logo isto, como aquelas mensagens de Feliz Natal que tenho recebido nestes dias.
Muito se passou este ano. Alguns momentos interessantes, de decisões difíceis e importantes. Mas, como sempre, chego a esta altura a sentir a mesma coisa, como se nada se tivesse passado. A verdade é que aconteceu tanta coisa este ano que vi-me forçado a regressar à estaca zero.
Poucos são aqueles que se vêem de um momento para o outro no mesmo sítio onde estavam há três anos atrás. Contudo, não vejo isto como um privilégio, embora também não o veja como uma maldição. Talvez não passe do curso natural das coisas, visto que o último caminho que percorri não me estava a levar a lado algum.
Nos últimos dias tenho recebido algumas pistas que apontam para há dois anos atrás. Não sei o que aconteceu de tão importante nessa altura, talvez tenha atingido alguma bifurcação e escolhido o caminho errado, mas se essa bifurcação existiu não me consigo lembrar onde foi.
Tentando racionalizar a coisa, como costumo muitas vezes fazer, se recuei para um ponto tão atrás, eventualmente chegarei a essa bifurcação. E aí pergunto-me a mim próprio, “Como sabes que caminho escolher quando lá chegares?” Se lá chegar. Pois essa bifurcação pode nem existir, ou posso enfim escolher, desde logo, outro caminho – se é que cabe a mim tal decisão.
Não sei como me podes ajudar. Talvez se puseres no meu sapatinho uma bússola que me oriente no caminho certo... Mas, de que vale saber onde se encontra o Norte, se não sei que passo dar a seguir?
Vi-me de tantas maneiras, em tantos sítios, mas acabo por chegar sempre a este. A este eu, e pouco ou nada tenho a ver com quem um dia imaginei ser. De que vale isto? Estarei a exagerar quanto ao estado das coisas? Provavelmente.
Apesar das coisas más persistirem, elas mantém-se longe. Existindo ou não, nunca fizeram grande diferença. Nunca tiveram a importância que por vezes lhes dou.
Procurei escapatórias a problemas que apenas tenho a mim como único culpado. Se me pudesses dizer o que fazer... Mas de nada adianta, pois só eu o posso descobrir.
Não é assim tão mau voltar à casa "partida". Consegui sair de lá, não foi? Apenas me enganei na saída.
Enfim, não te maço mais com os meus problemas, que não podes resolver. Este ano só te peço alguma orientação, para além da habitual boa sorte que o destino, Deus, ou qualquer outra entidade superior, me têm negado.
Fico à espera da tua resposta.
Feliz Natal.
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Sunday, December 03, 2006
Did you know you made me die?
Agora durmo,
Numa imensidão do teu antes.
Daquilo que nunca foi,
De ti, que nunca serás.
Agora durmo,
Perdido num limbo de nada.
Nas memórias de algo,
Que não existe, nem existiu.
Agora durmo.
Penso em motivos,
Perdidos no seu tempo,
Escondidos para sempre de ti.
Agora durmo,
Porque não me deixaste acordar.
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