Friday, August 18, 2006

Cadeiras e Morangos


Que têm estas duas coisas em comum? À primeira vista nada. À segunda, aparentam nada ter. E por mais que olhemos para ambos, não somos capazes de encontrar alguma semelhança.

Quem não perdeu horas do seu dia a pensar em quem terá inventado as primeiras cadeiras? Ou como tal ideia terá surgido? Ninguém? Pois, eu também não.

Fosse quem fosse, teve uma ideia brilhante. Não fosse por essa pessoa, e estaria neste momento a escrever este artigo de pé, ou no chão. Neste segundo cenário, seria complicado chegar ao teclado, ou sequer olhar para o que estava a escrever.

A verdade é que, para além do José Hermano Saraiva, ninguém quer saber de onde vieram as primeiras cadeiras. Queremos sim, dar graças, ou então tomar por garantida, esta grande dádiva que é a possibilidade de nos podermos sentar a uma mesa, ou numa secretária, neste objecto de quatro pernas. Sejam elas de madeira, de metal, ou até mesmo de plástico.

De qualquer forma, eu tenho uma teoria, Aliens. Como tudo na vida surgiu por obra e graça do Espírito Santo, e como o Espírito Santo é um Banco governado por alienígenas com intenções de governar os três grandes, e tomar posse do futebol Português, posso afirmar que as cadeiras fazem parte desse "tudo" e foram-nos trazidas, assim, por homenzinhos verdes. Sim, porque o BES não é verde por acaso.

Eu sei, as cadeiras foram-nos trazidas pelo Banco. De certa maneira podemos dizer que é uma espécie de justiça poética.

Mas então e os Morangos? Bem, os morangos são frutos, tal como as maçãs, as peras, e os tomates. Sim, os tomates também são frutos, visto serem eles o que alberga as sementes do tomateiro. Frutos, usados como vegetais nas saladas.

E as bananas? As bananas são mais um dos mistérios que só o BES pode responder. Não fosse ele o criador de tudo. Tanto das bananas, como das cadeiras, e dos morangos.

Será esta a misteriosa ligação entre morangos e bananas? Não eram bananas e cadeiras? Espera aí! Este artigo não é sobre o excesso de investimento na formação de profissionais de saúde? Enfim, perguntas condenadas a permanecer sem resposta.

Retomando a minha linha de raciocínio, ainda não cheguei à eterna questão sobre o que cadeiras e morangos têm em comum. Se pensarmos bem, ninguém é capaz de responder a esta pergunta sem saber o que estes objectos, criações do BES, ou seja lá como os quiserem chamar, são.

Podemos assim chegar ao consenso de que as cadeiras são frutos, e os morangos são objectos de mobiliário que geralmente acompanham as mesas e que servem para as pessoas se sentarem. Ou será que era ao contrário? Agora também não interessa. Nem ao menino Jesus. Embora ele também ande metido com o pessoal do BES, por isso não é de confiança.

Agora que sabemos o que são bananas, e o porquê dos Power Rangers ainda existirem, vamos tentar encontrar semelhanças entre morangos e cadeiras. Para além das mais óbvias, – serem ambas criações do BES, serem comercializadas em massa, e contribuírem para que mais bandas Rock se unam à Associação Evangélica Portuguesa para poderem tocar em piqueniques – temos que olhar para as semelhanças que se escondem no interior de cada um.

Os morangos são vermelhos, e existem cadeiras vermelhas. Mas não fica só por aqui. Os morangos são comidos muitas vezes à mesa. E o que está à volta da mesa? O tapete? Não! As cadeiras! E esta, hein?!

P.S.: Na realização deste artigo não foram comidas nenhumas bananas ou morangos, contudo uma cadeira foi de facto sentada.

P.P.S.: É caso mesmo para dizer: “Falaste com o BES? Não, falei com o teu”.

Tuesday, August 15, 2006

Dia de Santa Maria

"O que não se faz no dia de Santa Maria, faz-se noutro dia." 

Coisas que farei noutro dia: 
  • Ler um livro; 
  • Rezar; 
  • Decorar a terceira parte do Hino Nacional; 
  • Explorar um novo planeta;
  • Festejar um título do Sporting C.P.; 
  • Ver aquele filme que ando a querer ver; 
  • Confessar-me; 
  • Procurar o tal de Nakité; 
  • Encontrar o tal de Nakité; 
  • Comer no tal de Nakité; 
  • Olhar para a conta do tal de Nakité; 
  • Decidir não voltar ao tal de Nakité; 
  • Aprender a tocar guitarra; 
  • Tocar guitarra; 
  • Magoar-me a tocar guitarra; 
  • Desistir de tocar guitarra; 
  • Voltar a tocar guitarra; 
  • Ir à missa; 
  • Não ir à missa; 
  • Pesquisar por aquela música que ouvi hoje de manhã;
  • Continuar sem saber o que fazer; 
  • etc. 
Se todos os dias forem dias de Santa Maria, quando terminaria tudo aquilo que um dia disse que faria?

Querido Diário

Hoje foi o primeiro dia do resto da minha vida, tal como amanhã o será, e como ontem já o foi. É um pouco estranho estar a escrever sobre o dia 15 de Agosto de 2006 a cinco horas do fim deste mesmo dia.

Este dia começou como normalmente começa. Era meia-noite e estava a fazer zapping. Quando cheguei ao canal 46, que corresponde ao Lusomundo Gallery, vi que estava a dar o Moulin Rouge. Decidi rever o filme, mas não antes de fazer um novo zapping para ver se não estava a dar outra coisa que ainda não tivesse visto na última semana.

Vi o Moulin Rouge, deixando-me envolver pela já habitual onda de emoções que culmina na última cena, enquanto ceava cereais com leite. O resto da noite correu normalmente. Deitei-me por volta das duas da manhã depois de ver um episódio de Two and a Half Men na RTP1, e de ter feito mais alguns minutos de zapping. Custou-me um pouco adormecer, como já tem sido hábito. Tive ainda tempo para pensar na minha contínua busca por um amor trágico – a culpa é do Moulin Rouge.

A manhã começou num instante. Num instante eram oito e cinco da manhã e o meu despertador estava a tocar. Noutro, era meio dia e meia, e estava a chegar a casa depois de duas horas passadas na praia da Torreira.

Não fiques a pensar que foi apenas isso que aconteceu. Vou agora mergulhar nos pormenores. Eram oito e cinco, e o despertador começou a tocar. "Levanto-me ou não?", era a única pergunta que assolava a minha mente. Parei para pensar e ouvi a música que estava a dar na RFM. Não me lembro da música, mas decidi ficar a ouvir. Duas ou três músicas depois, carreguei no botão de snooze e voltei a adormecer.

Por volta das nove, depois de várias outras músicas, e de carregar incessantemente no snooze, lá decidi levantar-me. Quando cheguei cá abaixo vi que alguém se tinha esquecido de deixar a chave da outra casa. Por sorte, as chaves do carro estavam ali e consegui abrir a porta da cozinha. Depois disto, foi só atravessar o quintal e esperar que alguém estivesse acordado para me abrir a porta.

Este contratempo até seria suportável, não estivesse um frio incomum para estes dias. Após abrirem a porta, fui-me arranjar e aproveitei o intervalo para ligar o PC. Quando o liguei aconteceu algo inédito. Não tinha um sequer contacto on-line no meu MSN Messenger. Nem um.

Fiz um print screen da situação, pois duvido que alguma vez esta se volte a repetir. Fiquei assim a saber que fui o único madrugador deste dia – embora fossem já nove e trinta e sete – ou o único com motivos para ligar o PC.

Depois desta aventura cheia de espanto, emoção e acção – com isto, quero dizer sono, frio e espanto, sim, espanto, afinal qual é o dia em que se liga o PC e não se tem um único contacto on-line? – lá parti para a Torreira.

A viagem foi calma. Fiquei na praia até ao meio-dia. Estava bom tempo, apesar do vento e das nuvens insistirem em encobrir o Sol de vez em quando. Ainda joguei uma partida de solitário, olhei para o mar, e para a praia quase deserta – não é costume, mas como era de manhã, é normal que ainda estivessem todos a dormir – e decidi regressar a casa.

Em casa, almocei, vi um pouco de TV, e vim aqui ao PC fazer uma coisa ou outra. Entretanto, estive a ver a Volta a Portugal, e a consagração de David Blanco da Comunitat Valenciana como o vencedor da prova. Estava à espera que fosse o João Cabreira da Maia Milaneza, mas não se pode ter tudo.

Quanto ao resto do dia, apenas sei que vou apanhar umas boas quatro a cinco horas de seca. A minha mãe decidiu convidar os seus irmãos todos. Vou ter que aguentar mais um daqueles jantares de família, em que me encontro a viajar para um lugar distante. Longe desta gente toda. Acho que o ponto alto do meu dia foi mesmo a manhã. Depois disto, é sempre a descer.

P.S.: É amanhã que sai a reapreciação do exame de Química da primeira fase. Espero bem que me devolvam os quinze euros que paguei. De resto, duvido que me subam muito, ou o suficiente para ultrapassar a nota da segunda fase. Mas, como se costuma dizer, a esperança é a última a morrer.

Matrículas Amarelas

Imagem DR
Agosto é o mês predilecto para o típico Português tirar uns dias de férias. Consequências disto são as praias atoladas, e os parques de estacionamento completamente cheios. O que por vezes obriga as pessoas ou a deixar o carro em casa ou a estacionar em sítios menos próprios, como vias sem saída, rotundas, ou até mesmo na própria areia.

Além destes comportamentos de mau condutor, ou de desesperado ignorante das normas da estrada, é fácil reparar nos vários carros com matrículas amarelas com caixas azuis que exibem as estrelas da União Europeia (UE), e as letras F, L, D, ou até mesmo em algumas matrículas brancas com um autocolante com as iniciais CH. Como já devem ter reparado, estas siglas fora do comum são sinónimo de estrangeiros, ou de estrangeirados.

A primeira ideia que vem à mente de uma pessoa é que estes carros pertencem a emigrantes, filhos que deixaram a sua terra, e que agora retornam por alguns dias para ocupar os parques de estacionamento. Porém, a grande questão que perturbou os Deuses ao longo dos milénios é esta: Por que são as suas matrículas amarelas?

A acompanhar, e a conduzir estes veículos, vêm pessoas que parecem saber falar Português mas que se trocam entre línguas tão variadas como o Francês, o Alemão, e o ocasional Inglês. Mas este filho prodigamente regressado, não traz o carro às costas. Em vez disso, opta por vir de avião e recorrer a uma agência de rent-a-car. Aí, as matrículas amarelas até se justificam, sendo facilmente reconhecidas como carros de aluguer pelo já habitual P por debaixo das estrelas da UE.

É possível então supor que, se por cá é costume alugar um carro e este ter uma matrícula amarela, os carros que os emigrantes usam para se deslocar são também eles alugados?

Nem todos estes carros são carros, muitos deles vêm em caravanas. Assim, não só poupam em alojamento, como irritam aquele comum veraneante que apenas queria estacionar naquele lugar mas que acaba por desistir, visto o seu carro não caber no pequeno espaço, que até seria maior se não estivessem ali as ditas caravanas – ditas ou malditas, fica ao critério do leitor.

Retornando ao tema principal, sim, é lógico alugar uma caravana para uma viagem superior a mil quilómetros. Fica mais barato que o alojamento, e não vale a pena comprar uma caravana se só a usamos uma vês por ano, ou uma vês de ano a ano, ou seja lá como for.

Salva a excepção de sermos postos fora de casa, e esta acabar por ser o nosso único refúgio, para quê sermos donos de uma caravana? Tal emergência é demasiado rara, e insuficiente para justificar tamanho investimento. Logo, nas caravanas até aceito a existência de matrículas amarelas, mas o que têm então os carros ligeiros a dizer em sua defesa?

Será que os emigrantes alugam carros de maior cilindrada, e mais vistosos, apenas para impressionar os familiares lá da terra? Estarão eles simplesmente a poupar a quilometragem dos seus carros pessoais? Ou será que não possuem carros particulares devido à "excelente" qualidade dos transportes públicos dos seus países de acolhimento?

A terceira é pouco provável, a primeira deve ser verdade em muitos casos, mas partindo da ideia tão Portuguesa, de que no poupar é que está o ganho, então vemos que os emigrantes até sabem cuidar das suas coisas. Isto, como tudo, levanta outra questão: Não vos ficaria mais barato virem de avião e alugarem um carro cá?

Para alimentar o mistério, e chatear os Deuses ao ponto de quererem mesmo fazer alguma coisa acerca disto, andam por aí alguns com matrículas brancas. Talvez um dia alguém seja capaz de desvendar este mistério. Até lá, fica por aqui um dos grandes enigmas esquecidos do nosso Verão.