Tuesday, December 23, 2025

O Regresso da Véspera da Véspera de Natal Parte XIX

365 dias, 231 episódios, 90 Segundos de Ciência, 26 Bilharacos, 25% de tarifas, um Prémio Ciência Viva, um apagão, e 0 pencas depois, sejam bem-vindos a mais um episódio do Regresso da Véspera da Véspera de Natal, a tradição anual mais aguardada pelos fiéis seguidores da Igreja Universal do Sagrado Chinelo, e por todos aqueles cujo ódio a pencas nos une neste santo dia.

Anteriormente em A Véspera da Véspera de Natal:

“Estamos no ano 33. O Ramalhate. Não. Pior. As queijadas ainda não foram feitas e o pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto ainda não foi plantado”, suspira, Doc, o Brown.

“Isso é subjectivo”, diz Mindo.

“Ano trinte e três? Conheço um tipo que é capaz de nos ajudar”, diz Jesus, o Jorge,

“Esqueçeram-se-me as queijadas”, responde o Capitão Iglo.

“Como combinado transformei este vinho em azeite”, responde Jesus, o Cristo.

Doc, o Brown, regressa ao volante do Punto GT e introduz as coordenadas para o presente. Mindo, o Capitão Iglo, a Menina do Gás, a toalha de Eusébio, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, e Jesus, o Cristo, entram no carro, enquanto Fernando Pessoa e os seus heterónimos aconchegam-se na mala.

“Para onde vamos, não precisamos de estradas”, diz Doc, o Brown, sem que ninguém lhe fizesse o set up para usar essa frase.

O Punto GT começa a levitar graças ao vinho transformado em azeite.

De regresso ao presente, a figura imponente com um casaco de cabedal e óculos de sol aparece junto ao pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto. Uma mala estranha que parece abandonada encontra-se junto à base do tronco.

A figura imponente abre-a e um contador com números vermelhos começa a andar para trás. Restam 59 minutos e 59 segundos.

“Isso é menos de oitchench…”, dizia Jesus, o Cristo, antes de ser interrompido por Jesus, o Jorge, por violação de direitos de autor.

“Se não desactivarmos esta bomba, todo o trabalho que fizemos para salvar o pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto, de nada serviu”, grita a Menina do Gás em desespero.

“Podemos atirá-la para o mar e aproveitar a explosão para apanhar umas postas de pescada. Já tenho os outros ingredientes e a AirFryer em pré-aquecimento”, propõe o Capitão Iglo.

“Se a tentarem mover ela explode. Esta bomba está programada para apenas responder ao DNA do Mindo. O toque de qualquer outra pessoa, toalha, ou garrafa de uísque, terá consequências desastrosas”, diz a figura imponente sem tirar os óculos de sol.

“Isso não é subjectivo”, gritam todos em uníssono.

Mindo aproxima-se da bomba apreensivo. Parece que ainda ontem estava num asteroide preparado para se sacrificar em nome do pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto, e agora, depois de visitar o Ramalhete e a Galileia no ano 33, uma nova explosão volta a separá-lo do seu descanso e dos ímanes que tanto o fascinam.

Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, Jesus, o Cristo, a Menina do Gás, a toalha de Eusébio, Fernando Pessoa e os seus Heterónimos, a garrafa de uísque, e o Capitão Iglo correm para a Nau Espacial do Vasco da Gama.

Apenas Mindo, a figura imponente, Doc, o Brown, e Álvaro de Campos que se despediu dos restantes heterónimos, por ali ficam junto ao pessegueiro.

“Grande Scott Pilgrim, esta situação está demasiado pesada”, desespera Doc, o Brown, que se esqueceu de fechar o seu Punto GT e está com receio que alguém lhe leve o seu autorrádio.

Mindo continua imóvel. Olhando em desespero para a bomba enquanto o cronómetro continua a andar para trás.

Álvaro de Campos, que se tinha deixado seduzir pela beleza do mecanismo, desperta de repente e diz para o Mindo tentar levantar o visor da bomba.

Mindo, relutante, aceita a sugestão e com cuidado levanta o visor. Por trás estão três fios, os três vermelhos.   

“Isto não é como nos filmes”, afirma Doc, o Brown. “Quem fez esta bomba não nos queria facilitar a vida”.

Álvaro de Campos vira-se para a figura imponente e questiona: “Tu não vieste do futuro? Se sabes tanto sobre esta bomba como a desactivamos?”

“A minha única missão é salvar o Mindo, o resto é subjectivo. Nada que possa dizer vos irá ajudar”.

Por trás dos fios, Mindo encontra um interruptor. Sem hesitar, Mindo carrega nele e o visor desliga-se.

Mas antes que este grupo improvável começasse a festejar, a figura imponente alerta: “Isso apenas desliga o visor, a bomba continua activa e o tempo está a contar.”

“Não a podemos mover, os três fios são vermelhos, e só o Mindo é que pode tocar nela…”, pensa alto Álvaro de Campos.

Como que por efeito de telepatia, Alberto Caeiro junta 1+1 e chama a Menina do Gás e a toalha de Eusébio.

“Rápido, vai buscar papel higiénico”, grita a Menina do Gás para o Capitão Iglo.

A toalha do Eusébio corre para junto do pessegueiro.

“A solução é simples. Só um íman a pode desactivar”, afirma.

“Íman?” Esta mera palavra desperta Mindo e fá-lo começar a bater palmas.

“Claro! Usamos a Nau Espacial para criar um impulso electromagnético e desactivar a bomba”, calcula Álvaro de Campos.

“A bomba e toda a rede eléctrica da Península Ibérica”, responde Doc, o Brown.

“Vamos precisar de mais papel higiénico”, afirma a toalha do Eusébio.

Doc, o Brown e Álvaro de Campos correm para a Nau Espacial para preparar o impulso. Apenas Mindo, a toalha de Eusébio, e a figura imponente permanecem ao lado da bomba. Faltam 46 minutos e 31 segundos.

Vasco da Gama aceita com relutância sacrificar a sua Nau Espacial, desde que o Capitão Iglo consiga comprar papel higiénico suficiente.

“Com a fila que está para chegar ao centro comercial, vai ficar apertado”, diz Jorge, o Palma, ora nas palhas estendido, ora nas palhas deitado, com a garrafa de uísque ao seu lado.

A figura imponente oferece-se para transportar o Capitão Iglo ao Intermarché de Odemira com a sua bola de raios, coriscos, e carne de porco à alentejana.

Chegados ao Intermarché, o Capitão Iglo pára para comprar uma raspadinha enquanto a figura imponente vai buscar todo o papel higiénico que consegue encontrar.

“Ainda não foi desta que me saiu o pé-de-meia”, diz o Capitão Iglo após deitar a raspadinha no lixo.

Na caixa está apenas uma velha peixeira, mas ela prepara-se para pagar um carrinho cheio com moedas de um e dois cêntimos.

42 minutos depois, quando a funcionária enfim terminou de contar as moedas, chega finalmente a vez do Capitão Iglo.

Após o pagamento, ambos regressam sem hesitar para junto da Nau Espacial.

“O impulso já estava pronto há mais de meia hora”, grita Doc, o Brown.

“Havia uma velha peixeira…”, tenta responder o Capitão Iglo, mas é rapidamente interrompido por Vasco da Gama que lhe diz que não há tempo para fazer douradinhos.

Mindo permanece junto da bomba. Resta agora menos de um minuto.

“Segurem os vossos rabos”, diz Samuel, o Jackson, que por ali passava a fumar um charuto.

Doc, o Brown, activa o impulso electromagnético que envolve o pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto, e grande parte da Península Ibérica.

A bomba, juntamente com toda a rede eléctrica, é desligada a um segundo do fim.

“Acabou de ser revogada”, diz Álvaro de Campos, embora ninguém lhe tenha feito o set up para o dizer.

Mindo suspira de alívio, finalmente pode ir descansar e entreter-se com os seus ímanes.

Ou assim pensa ele. Um pequeno avião aterra de emergência ao largo do pessegueiro.

Peyroteo e D. Marcelo, o Afecto saem e correm para perto de Mindo.

“Vem connosco se queres viver”, diz D. Marcelo, o Afecto, esticando a mão na direcção de Mindo.

“Isso é subjectivo”, é a única coisa que lhe ocorre dizer.

Depois de salvar o pessegueiro não uma, mas duas vezes, de visitar o Ramalhete e a Galileia no ano 33, que nova aventura está reservada para o Mindo?

Será que ele finalmente vai encontrar os seus ímanes?

Irá o Capitão Iglo lembrar-se das queijadas?

Não percam o próximo episódio, porque nós também não!

Esta épica história regressa na próxima Véspera da Véspera de Natal.

Até lá continuem a celebrar o dia mais aguardado ao longo de todo o ano. Dediquem estas horas a espalhar pelo Mundo as palavras de felicidade que só um dia como o 23 consegue transmitir, não se esqueçam de fazer o vosso kit de sobrevivência, e lembrem-se que se tiverem um bidé não precisam de ir a correr para o supermercado comprar papel higiénico.

Pois hoje é a Véspera da Véspera de Natal, dêem as mãos e cantem todos comigo:

Morram pencas, morram! Pim!