365 dias, 232 entrevistas, 90 Segundos de Ciência, 26
Bilharacos, 6500 trabalhadores migrantes mortos na construção de um Mundial,
novecentos “Porque Flutuam os Meus Cereais” vendidos, 10% de inflação, 3
sequelas de Jurassic World, 2 canelés, um twitter caótico, e 0 pencas depois,
sejam bem-vindos a mais um episódio do Regresso da Véspera da Véspera de Natal,
a tradição anual mais aguardada pelos fiéis seguidores da Igreja Universal do
Sagrado Chinelo, e por todos aqueles cujo ódio a pencas os une neste santo dia.
Anteriormente em A Véspera da Véspera de Natal:
“Um asteróide do tamanho de Odemira está em rota de colisão
com a Terra!”, alerta Fernão, o de Magalhães.
“Isto parece estranhamente familiar”, murmura Bruce Willis.
Mindo: “Agora é a hora para eu brilhar!”
“Mas Mindo, precisamos de ti para descobrir a terra
desconhecida chamada Brasil”, suplica Vasca, o da Gama.
“Isso é subjectivo!”
Dois minutos depois da Nau Espacial decolar do asteróide
levando consigo o Capitão Iglo, Vasco, o da Gama, Pedro, o Álvares Cabral,
Peyroteo, Eusébio, Jesus, o Cristo, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, Bruce
Willis, e Bernardo Soares:
Mindo agarrava no comando. Com os olhos cerrados recordava
todos os ímanes que viu colarem-se entre as suas mãos. Mas, no momento em que
estava prestes a carregar no botão uma figura imponente com um casaco de
cabedal e óculos de sol toca no seu ombro e diz apenas:
“Vem comigo se queres viver.”
“Isso é sub…”, mas Mindo não tem sequer tempo para terminar
a sua frase. A figura imponente arrasta-o para dentro de uma bolha envolta em
raios, coriscos, e migas de coentrada.
Mindo perde a consciência. A bolha emite um flash de luz e
desaparece daquele local como se nunca ali tivesse estado. A figura olha para a
bomba levanta o pulso com o polegar para cima e com a outra mão carrega no
botão.
Na Nau Espacial Jesus, o Cristo, Jorge, o Palma, Peyroteo,
Eusébio, sem a sua toalha, e o Capitão Iglo partilham um olhar agridoce
enquanto o asteróide é reduzido a pedaços, conscientes da perda daquele
companheiro que um dia iria ajudar Vasco, o da Gama, a encontrar a terra
desconhecida chamada Brasil.
Mal sabiam eles que Mindo estava a salvo. Pelo menos por
agora.
Lentamente Mindo recupera a consciência e abre os olhos. Ao
seu lado estava Jesus, o Jorge, ora nas palhas deitado, ora nas palhas
estendido. Sangue escorria pela sua testa. Alguém o deve ter atacado antes de
Mindo chegar.
À sua frente estava um monitor. A Menina do Gás, Fernão, o
de Magalhães, Sócrates, o filósofo, e Jesus, o Cristo estavam rodeados por
figuras encapuçadas que as detinham como reféns. Mindo reconheceu o local, era
o Nakatomi Bom Sucesso, aquele que tem um Froiz na cave.
Isto não era uma transmissão televisiva mas sim uma emissão
de câmaras de segurança. Mindo estava no interior do edifício e só ele os podia
salvar.
Mindo procura imediatamente por uns ímanes mas apenas
encontra uma arma, um comunicador, e fita-cola. Mindo liga o comunicador para
pedir ajuda. Uma voz estranha responde.
“Ah, McClane, o Jorge. Finalmente te apanhámos”, diz Gruber,
o Hans.
“Rende-te ou os teus amigos vão fazer companhia ao Mindo que
morreu por nós e pelo Pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto”.
“O Mindo sou eu? Eh Eh”, questiona Mindo confuso
Jesus, o Jorge acorda e agarra no braço de Mindo.
“Vai procurar ajuda. Eles estão no andar… Oitochentcha e
oitcho, ouvistes?!”, diz com dificuldade antes de perder novamente a
consciência.
Confuso pela situação Mindo pega na fita-cola e na arma e
decide ir procurar uma saída.
À sua direita uma porta leva-o a um corredor escuro. Dois
guardas estão inconscientes em frente à porta do elevador.
“Jesus Cristo”, diz o Mindo.
“Eu não tive nada a ver com isto, foi Jesus, o Jorge”,
afirma Jesus, o Cristo, que por ali passava ora nas palhas estendido, ora nas
palhas deitado.
“Desce até ao andar 88. É lá onde estão os reféns”,
completa.
“Como escapou? Cê não vem comigo?”, questiona Mindo.
“Não, eu estou bem obrigado. Leva esta lata de Barbasol,
vais precisar dela mais tarde. E se passares por uma vending machine traz-me
uma Cola Zero”, diz Jesus, o Cristo, seguindo o seu caminho para se reencontrar
com Jesus, o Jorge e oferecer-lhe o dicionário de português que o Pai Natal por
engano lhe deixou no sapatinho.
Mindo desce pelo elevador. Olha para a fita-cola e para a
arma e sabe o que tem a fazer.
Quando o elevador chega ao andar 88 as portas abrem-se. À
frente de Mindo está a Menina do Gás, Fernão, o de Magalhães, Sócrates, o
filósofo, e Gruber, o Hans a comer uma maçã.
Os dois guardas próximos do elevador tentam agarrar no Mindo
mas ele atira com a fita-cola à testa de um, enquanto o outro tropeça na toalha
do Eusébio que por ali passava à procura de um estendal.
Ambos caem de frente batendo na cabeça um do outro e ficando
inconscientes.
Gruber, o Hans agarra na Menina do Gás e aponta-lhe uma
arma.
“Rende-te ou ela morre”, diz Gruber, o Hans em tom
ameaçador.
“Eu vou querer o que ela está comendo”, diz Mindo.
“Hun?”, responde Gruber, o Hans, em tom confuso. “Isto não é When Harry Met Sally!”
“Acabou de ser revogada!”, diz Mindo disparando contra
Gruber, o Hans, enquanto este tenta se compor após a estupidez que acabou de
presenciar.
O disparo acerta no colete que Gruber, o Hans tinha vestido
mas empurra-o para trás. Gruber, o Hans tropeça numa janela que por acaso
estava aberta e fica apenas agarrado ao parapeito.
Mindo corre para o agarrar.
“O que é que pensas que estás a fazer?! É suposto
deixares-me cair”
“Isso é subjectivo!”, diz Mindo puxando Gruber, o Hans com
força.
Naquele momento a figura imponente com um casaco de cabedal
e óculos de sol que o salvou do asteróide regressa. Uma bolha de raios,
coriscos, e coentros de cebolada envolve-o novamente e Mindo desaparece.
Gruber, o Hans cai do octogésimo oitavo andar do Nakatomi
Bom Sucesso e cai na secção de frescos do Froiz.
“He’ll be back”, diz a figura de casaco de cabedal e óculos
de sol antes de ela também desaparecer numa bolha de raios, coriscos, e
coentros de cebolada.
O dia parece estar salvo mas a história não acaba por aqui.
Entretanto, na base aérea de Tortosendo D. Marcelo, o
Afecto, primeiro de seu nome, recebe o Capitão Iglo, Vasco, o da Gama, Pedro, o
Álvares Cabral, Peyroteo, Eusébio, Jesus, o Cristo, Jesus, o Jorge, Jorge, o
Palma, Bruce Willis, e Bernardo Soares, para celebrar com eles a destruição do
asteróide que ameaçou a humanidade, e o seu pessegueiro.
Mas antes da cerimónia poder começar uma carrinha da DHL
entra na base. O estafeta traz consigo uma carta dirigida ao Capitão Iglo.
“Temos esta carta há uns bons anos no nosso escritório com
instruções para ser entregue hoje a esta hora neste local ao Capitão Iglo.
Inicialmente esteve nos CTT, mas eles passaram-na para nós para ter a certeza
que chegava mesmo a tempo e não com três meses de atraso. Tínhamos até uma
aposta entre o pessoal se o Capitão Iglo estaria mesmo aqui, parece que perdi a
aposta”.
Perplexo com este conto, o Capitão Iglo abre a carta e
começa a ler.
“Caro Capitão Iglo, Se os meus cálculos estiverem correctos
essa carta deve chegar momentos depois de vocês regressarem do asteróide. Isso
é subjectivo mas eu tenho estado a viver no ano de 1885…”
“O que se passa?”, questiona Vasco, o da Gama.
“É o Mindo! Ele está vivo. Está a comer queijadas com o Eça
de Queiroz mas está vivo!”
“Rápido, precisamos de encontrar um Sado com um capacitador
de fluxo!”
Doc, o Brown, aparece na pista com um Punto GT: “Acho que
consigo fazer melhor!”
O que está o Mindo a fazer em 1885? Conseguirão os seus
companheiros salvá-lo? Será que Eça voltou-se a esquecer das queijadas?
Não percam o próximo episódio, porque nós também não!
Esta épica história regressa na próxima Véspera da Véspera
de Natal.
Até lá continuem a celebrar o dia mais aguardado ao longo de
todo o ano. Dediquem estas horas a espalhar pelo Mundo as palavras de
felicidade que só um dia como o 23 consegue transmitir, e não se esqueçam de
gastar os €125 do vosso apoio excepcional de rendimentos.
Pois hoje é a Véspera da Véspera de Natal, dêem as mãos e
cantem todos comigo:
Morram pencas, morram! Pim!