Zooey Deschanel |
Some people believe holding on and hanging in there are signs of great strength. However, there are times when it takes much more strength to know when to let go and then do it.
Ann Landers
Summer Finn. É o nome da personagem imortalizada por Zooey Deschanel no filme (500) Days of Summer. É também o primeiro contacto que muitos de nós tivemos com uma Manic Pixie Dream Girl. A típica girl next door, bela, simples, excêntrica, infantil. Alguém capaz de reunir uma multidão à sua volta com não mais que um pequeno sorriso. Alienada no seu próprio Mundo, ingénua, sonhadora, mas decisiva.
Ao longo da hora e meia de filme, apaixonámo-nos por Summer, odiámo-la, e aceitámos a inevitabilidade de algo que não estava destinado a resultar. Nem todos nos revemos em Tom, afinal de contas, ele não é um típico rapaz. Como eu, não existe nada de vulgar nele. Não segue a norma do estereotípico jovem nos seus loucos anos vinte. Nem todos nos revemos em Tom. Não todos, mas eu sim.
Não é fácil crescer com uma imagem idílica de Amor. Não é fácil acreditar em destino. Na tal. Em apaixonados romances que surgem naturalmente após uma intrincada rede de fortuitas coincidências. Em encontros, e desencontros. Não é fácil aceitar que o controlo da nossa própria vida se resume a um pedaço de pequenas decisões que, de uma forma, ou de outra, nos levam em direcção ao mesmo lugar. Não é fácil acreditar no Amor. Não é fácil arriscar. Não é fácil sofrer. Não é fácil amar. Não é fácil.
Sonhamos com a rapariga ideal. Descrevemo-la. Cada pormenor desse sonho, cada traço da sua personalidade. Pedaços genéricos de alguém irreal. Desenhamos o seu rosto na nossa mente. Procuramo-lo por entre a multidão, sem sucesso, nem sorte. Acabamos por ceder. Tentamos encaixar o rosto de outra nesta imagem. Tentamos. Mas não conseguimos.
As Manic Pixie Dream Girls são giras. Usam muita maquilhagem. Ouvem a mesma música que tu ouves. Gostam de coisas alternativas e obscuras que apenas tu e mais ninguém conhece. Percebem as tuas referências, as tuas piadas, os teus devaneios pela cultura popular que consumiste ao longo da tua ainda curta vida. As Manic Pixie Dream Girls parecem ser perfeitas. São as raparigas ideais. As parceiras com quem todos sonhamos. São desejos transformados em realidade.
São desejos. Nada mais. Personagens irreais. Produtos de uma popularização da cultura vintage. Do alternativo. Previsíveis objectos vazios de personalidades estereotipadas. Aborrecidos sonhos que, quando reais, desiludem. Desencantam. Decepcionam. Destroem as esperanças de qualquer pobre coitado que se apaixone por uma. Todas elas são a Summer. Toda a Summer é uma Manic Pixie Dream Girl.
Magoados pela desilusão de um sonho trocado por real, vemos crescer um eterno e momentâneo cinismo. Esquecemos o Amor. Desistimos do Romance. Desacreditamos tudo aquilo que faz de nós quem hoje somos. Desistimos de coração partido, até aquele dia. Aquele dia em que despertamos, e algo está diferente. O luto é ultrapassado. A desilusão perde-se nos confins do pensamento, e a mágoa não passa de uma fugaz lembrança de um passado, agora distante.
Seguimos em frente. Reaprendemos a Amar. Aceitamos Summer. Quem ela foi. Quem ela é. Quem fomos nós. Quem somos nós. Aceitamos Summer, e encontramos Autumn, Winter, ou Spring.
No fim, não desejamos nenhuma delas, mas sim alguém capaz de viver connosco todas as Estações. Todos os nossos Verões. E todos os nossos Invernos.
Amamos, odiamos e aceitamos Summer. Summer e todas as Manic Pixie Dream Girls que se cruzam no nosso caminho. Desejamos a girl next door, mas apenas somos capazes de amar, de verdadeiramente amar, aquela com quem em tempos sonhámos e que, naquele mesmo dia, atravessou, por aparente acaso, o seu destino com o nosso.
Um dia perguntaram-me se o romance estava morto. Se o Amor tinha dado lugar a um apático cinismo hiperrealista. Não, o romance vive. Tão forte como sempre. Alguns apenas ainda não têm maturidade para o compreender. Outros, não passam de cínicos pontuais. Cínicos que ainda fazem o luto pela perda da Summer. Até ao dia em que também eles, vão acordar, para um Mundo mais alegre, mais sereno. Diferente. Repleto de expectativas. Com uma nova oportunidade mesmo ao virar da esquina.