Tenho dificuldade em estar atento, em concentrar-me apenas numa única tarefa. Talvez seja culpa da cultura de multitasking constantemente incutida ao longo da minha formação, talvez seja culpa de mim próprio por insistir em manter o twitter, o facebook e o gtalk ligados ao mesmo tempo que procuro pela vontade de fazer alguma coisa. Estou mais inclinado para apostar na segunda hipótese.
Há uma verdadeira auto-estrada de informação que continuamente submerge-me num oceano de dados inúteis e desnecessários para a eficiente progressão do meu dia-a-dia. Tive um professor que dizia: “Ao aprenderem algo novo guardem-no no vosso disco rígido, não na memória RAM”. Pois bem, embora ele tenha razão, suspeito que o buffer do meu cérebro já ultrapassou a sua capacidade máxima e agora não tem remédio se não armazenar toda a informação no disco. Isto deixa-me sem espaço para assimilar a totalidade das novidades mais pertinentes, para não falar que por vezes sinto como que a entrada de nova informação forçasse alguns ficheiros a serem eliminados.
Mas hoje o problema não é a minha capacidade de retenção de dados mas sim o foco dado às tarefas que tenho em mão. Mesmo a simples escrita destas linhas afasta-me de exercícios mais urgentes e, consequentemente, mais importantes. Contudo, vejo-me mais motivado para o desperdício do meu tempo em textos de auto-reflexão, do que para o dispêndio do mesmo em algo mais produtivo.
Talvez um dia devesse tentar simplesmente não ligar o twitter, o facebook e o gtalk, ou pelo menos um deles. Confesso que são estas coisas que mantêm a minha mente sã, mas são elas também as principais responsáveis pela minha constante distracção. Ver o número de tweets por actualizar na minha timeline obriga-me a parar seja o que for que esteja a fazer. Isto pode então levar a que eu me disperse por um link curioso ou que perca alguns segundos a responder a alguém. O mesmo acontece com o facebook. Quem de vocês nunca se apercebeu que tinha passado os últimos minutos a actualizar a página principal na expectativa de alguma reposta, ou comentário, a algo que lá publicaram?
O gtalk é outra história. Os chats, como qualquer conversa, distraem e obrigam-nos a alguma dedicação, visto ser socialmente incorrecto deixar alguém à espera de uma resposta durante um longo período de tempo. Contudo, este não é um verdadeiro problema, visto que por dia apenas falo com cerca de quatro pessoas, e apenas mantenho uma conversa prolongada com uma ou duas. Como se costuma dizer, “não é por aí”.
A conjugação de todas estas distracções fazem-me questionar da minha real capacidade como multitasker. Talvez seja a minha recém-descoberta dificuldade em assimilar novas ondas de informação, talvez seja este um mero sintoma de uma profunda desmotivação psicológica por falta de um sentimento de realização naquilo que faço. Talvez sejam todos estes motivos, e nenhum deles.
Há meses li um artigo que citava um estudo onde indicavam que fazer uma pausa para consultar o e-mail, ou para aceder às redes sociais, ajudava a aumentar a produtividade no local de trabalho. Hoje em dia é comum ver normas contra o uso das redes sociais, empresas com sites como o twitter ou o facebook bloqueados, e estudos atrás de estudos, feitos apenas para demonstrar o quanto perder tempo a navegar pela Web seja a socializar ou não, acaba por resultar apenas numa quebra de produtividade.
Ontem encontrei uma citação que dizia algo do género “só porque muita gente está no lado oposto, não significa que tu não estejas no lado certo”. Contudo, estou mais inclinado para acreditar que aquele estudo inicial precipitou-se no momento de tirar as reais ilações. Sim, fazer uma pausa de tempos a tempos ajuda a manter alguma da sanidade que, caso contrário, se esvaneceria com a imersão constante na mesma tarefa. Mas uma simples pausa não é o mesmo que várias horas de contínua tentação por parte de redes sociais em perpétua actualização.
A solução é simples, parar de queixar-me, desligar as redes sociais e pôr as mãos ao trabalho.