Monday, January 29, 2024

Do Supercontinente Dominado por Dinossauros ao Movimento das Placas Tectónicas

Ilustração de Ricardo Galvão

Quando olhamos para um mapa, o nosso primeiro instinto passa por encontrar o nosso país ou a nossa cidade. Se estivermos com vontade de viajar, talvez paremos para traçar a distância entre a nossa casa e o próximo destino de férias. Mas, se nos afastarmos um pouco e começarmos a observar o traçado de cada continente, começamos a ver algumas semelhanças.

A mais óbvia é a forma como a costa da América do Sul parece encaixar perfeitamente com a costa africana. Como duas peças de um puzzle à escala continental.

Mais estranha esta coincidência fica quando descemos ao terreno e encontramos estruturas geológicas, como vales e montanhas, que parecem ter sido partidos ao meio pela separação destas duas massas continentais.

Para além disso, quando escavamos o solo, encontramos rochas e fósseis idênticos em ambas as margens dos continentes.

Atualmente, sabemos que isto acontece porque África e América do Sul fizeram parte de um supercontinente chamado Gondwana, juntamente com Madagáscar, com o subcontinente indiano, com a Austrália e com a Antártida.

Este supercontinente começou a separar‐se há cerca de 140 milhões de anos, num mundo ainda dominado por dinossauros. E, muito antes disso, a própria Gondwana tinha‐se já separado de outro supercontinente, conhecido por Pangeia que, para além da Gondwana, era composto também pelas massas continentais que um dia viríamos a chamar de Europa, Ásia e América do Norte.

O movimento dos continentes e das placas oceânicas é hoje conhecido por tectónica de placas. Um fenómeno que moldou a superfície da Terra desde há 3,4 mil milhões de anos e que continua ativo ainda hoje.

Placas Tectónicas

Se cortarem uma cebola ao meio, podem ver que esta é feita por camadas que se diferenciam a partir de um núcleo central. E, tal como acontece com a cebola, também o nosso planeta está dividido em camadas.

A camada que vai desde a superfície até uma profundidade entre os 40 e os 70 quilómetros é conhecida por crosta. A crosta é constituída maioritariamente por rocha sólida e tem uma espessura que pode variar entre os 5 e os 70 quilómetros.

A parte mais fina da crosta terrestre pode ser encontrada na bacia oceânica. Esta é composta essencialmente por basalto, uma rocha vulcânica, e tem uma espessura que varia entre os 5 e os 10 quilómetros.

Por baixo da crosta está o manto. O manto é a camada mais espessa da estrutura terrestre, atingindo uma profundidade de 2900 quilómetros. Esta camada está, na verdade, dividida em duas, o manto superior e o manto inferior, separados por uma zona de transição.

O manto é composto por minerais de silicatos ricos em ferro e magnésio que, por ação da pressão e das temperaturas elevadas, adquire uma viscosidade que lhe confere propriedades próximas às de um líquido.

A viscosidade destas rochas faz com que elas se movam em correntes de convecção entre o limite do núcleo e a crosta. O material mais quente sobe enquanto o material mais frio se afunda.

O movimento destas correntes tem um papel fundamental na tectónica de placas, permitindo que estas se movam.

A seguir ao manto encontramos o núcleo. Este está dividido em duas regiões, o núcleo externo e o núcleo interno. O núcleo externo é uma camada líquida composta essencialmente por ferro e níquel e situa‐se entre os 2900 e os 5150 quilómetros de profundidade.

O núcleo interno está a 6371 quilómetros de profundidade e é onde, por fim, chegamos ao centro da Terra. Mas, em vez de uma praia paradisíaca com dinossauros e homens primitivos, o núcleo interno da Terra é na verdade uma camada sólida com 70% do tamanho da Lua composta por uma liga de ferro e níquel. Esta camada tem uma temperatura média próxima da da superfície do Sol, atingindo os 5430 °C.

De regresso à superfície, para explicar a tectónica de placas primeiro precisamos de compreender a natureza da litosfera e da astenosfera.

A litosfera é a camada sólida mais exterior do nosso planeta e é composta pela crosta e pela parte superior do manto, podendo atingir os 100 quilómetros de profundidade. Já a astenosfera é a zona superior do manto terrestre, localizada entre os 80 e os 200 quilómetros de profundidade.

É na litosfera que encontramos as placas tectónicas que assentam e interagem diretamente com a astenosfera.

Como a astenosfera é uma camada menos rígida que a litosfera, esta permite que as placas tectónicas se movimentem sobre si. Isto faz da astenosfera uma camada fundamental para a movimentação horizontal e vertical das placas tectónicas.

Como se lembram, este movimento é alimentado pelas correntes de convecção entre o manto e a crosta terreste.


Sunday, December 31, 2023

As Terras do Meu Verão

 

Foto: Ilhas Phi Phi (Tailândia); Autor: Adriano Cerqueira

Portugal

  • Amadora (Residência)
  • Aveiro (Entrevistas 90 Segundos de Ciência; Workshop SupraLife; Debate Novel Diagnostic Tools for Alzheimer’s Disease)
  • Azeitão (Casamento)
  • Braga (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Bragança (Entrevistas 90 Segundos de Ciência e SciComPT)
  • Coimbra (Entrevistas 90 Segundos de Ciência; Sessão Solteiros)
  • Évora (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Lisboa (Entrevistas 90 Segundos de Ciência; Apresentação Eureka!; Lisbon Green Week; Mesa Redonda Da Investigação para os Media)
  • Mafra (Casamento Carolina e Gonçalo)
  • Monchique (Hotel, Termas e Spa)
  • Oeiras (Entrevistas 90 Segundos de Ciência; Trabalho)
  • Odivelas (Jantar de Natal; Compras&Utilidades)
  • Ovar (Residência)
  • Portimão (Almoço)
  • Porto (Entrevistas 90 Segundos de Ciência; Primavera Sound; Despedida de Solteiro; Apresentação Eureka!)
  • Matosinhos (Apresentação Eureka!)
  • Santa Maria da Feira (Rehearsal Dinner; Jantar de Natal)
  • São Jacinto (Visita)
  • São João da Madeira (Compras&Utilidades)
  • Setúbal (Almoço)
  • Sintra (Sessão Solteiros; Praia; Visita)
  • Torreira (Visita)
  • Vila do Conde (Workshop GreenStorming)
  • Vila Nova de Gaia (Compras&Utilidades)

Dinamarca

  • Arhus (Visita)
  • Billund (Aeroporto; Legoland)
  • Veile (Estadia; Visita)

Itália – Sardenha

  • Cagliari (NECTAR Training School)

Países Baixos

  • Amesterdão (Visita; Estadia)
  • Keukenhof (Jardim Botânico)

Tailândia

  • Ayutthaya (Visita)
  • Banguecoque (Estadia; Visita)
  • Ilha Coral (Visita)
  • Ilha Mai Thon (Visita)
  • Ilhas Phi Phi (Visita)
  • Ilha Racha (Visita)
  • Phuket (Estadia; Visita; Jungle Elephant Sanctuary)

Escalas

  • Barcelona – Espanha
  • Dubai – Emirados Árabes Unidos
  • Dublin – Irlanda
  • Paris – França 


Saturday, December 23, 2023

O Regresso da Véspera da Véspera de Natal Parte XVII

365 dias, 248 entrevistas, 90 Segundos de Ciência, 26 Bilharacos, mil “Porque Flutuam os Meus Cereais” vendidos, cinco apresentações de “Eureka! As Descobertas Que Mudaram o Mundo”, uma Euribor no joelho, e 0 pencas depois, sejam bem-vindos a mais um episódio do Regresso da Véspera da Véspera de Natal, a tradição anual mais aguardada pelos fiéis seguidores da Igreja Universal do Sagrado Chinelo, e por todos aqueles cujo ódio a pencas os une neste santo dia.

Anteriormente em A Véspera da Véspera de Natal:

“Temos esta carta há uns bons anos no nosso escritório com instruções para ser entregue hoje.”

Perplexo, o Capitão Iglo abre a carta e começa a ler.

“Caro Capitão Iglo, Se os meus cálculos estiverem correctos essa carta deve chegar momentos depois de vocês regressarem do asteróide. Isso é subjectivo mas eu tenho estado a viver no ano de 1885…”

“O que se passa?”, questiona Vasco, o da Gama.

“É o Mindo! Ele está vivo. Está a comer queijadas com o Eça de Queiroz mas está vivo!”

“Rápido, precisamos de encontrar um Sado com um capacitador de fluxo!”

Doc, o Brown, aparece na pista com um Punto GT: “Acho que consigo fazer melhor!”

Sem hesitar o Capitão Iglo, a Menina do Gás, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, e a toalha de Eusébio entram no Punto GT de Doc, o Brown.

“Tens que ir mais para trás Doc, esta estrada não tem espaço suficiente para chegarmos aos oitochentcha e oitcho”, diz Jesus, o Jorge, enquanto abre uma nova caixa de Trident com sabor a papas de sarrabulho.

“Estrada? Para onde vamos não precisamos de estradas”, diz Doc, o Brown enquanto coloca no capacitador de fluxo as coordenadas para o Ramalhete.

Sem hesitar, o Punto GT de Doc, o Brown começa a levitar e envolve-se numa bolha de raios, coriscos, e secretos de porco preto.

Em terra, Jesus, o Cristo, Bernardo, o Soares, Peyroteo, Fernando Pessoa e os seus heterónimos, e D. Marcelo, o Afecto despedem-se uma vez mais dos seus companheiros, nesta nova missão para salvar o Mindo do Ramalhete.

Entretanto, em 1885, no meio de um caminho de cabras Eça de Queiroz ponderava o que trazer para a sobremesa. Quando de repente, e sem aviso, um Punto GT aparece no meio do céu e aterra atabalhoadamente à sua frente.

“Rais’ parta esta malta do tuning”, diz Eça de Queiroz enquanto corre para observar o aparato ao pormenor. A sua atenção é necessária para que mais tarde possa escrever duzentas páginas sobre a forma como a luz reflecte das jantes deste Punto GT.

A Menina do Gás, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, e a toalha de Eusébio saem do veículo visivelmente abalados.

“Não me lembro de viajar no tempo ter tanta turbulência. Falhámos o alvo?”, pergunta o Capitão Iglo.

“Grande Scott Pilgrim, esqueci-me de calcular para o peso destes passageiros. Estamos no sítio certo mas o carro perdeu óleo”, diz Doc, o Brown, em tom alarmante.

“Não podemos simplesmente pôr óleo vegetal ou azeite?”

“Estás doido, a €10 o litro? Não ganho para isso.”

Doc, o Brown, sai do seu Punto GT e encontra Eça de Queiroz a oferecer uma queijada à Menina do Gás.

“Eça, a que horas passa o Alfa Pendular?”

Eça, olha para o seu relógio e confere a tabela que tinha colada atrás do passe. “Pelas 17h, porquê?”

“Porque é que estas coisas ficam sempre tão apertadas?!”, murmura Doc, o Brown, para si próprio.

“Capitão Iglo e Menina do Gás, acompanhem o Eça de Queiroz até ao Ramalhete e tragam o Mindo. Tentem não se distrair com os soirées. Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma e toalha de Eusébio, ajudem-me a levar o Punto GT para a estação, temos um comboio para apanhar!”

“O alfa tem um capacitador de fluxo?”, pergunta Jesus, o Cristo que por ali passava ora nas palhas deitado, ora nas palhas estendido.

“Não”, responde Doc, o Brown. “Mas pode empurrar-nos até à velocidade que precisamos para regressar ao futuro!”

“Não queres dizer o presente?”, pergunta Eça de Queiroz, mas a sua questão fica sem resposta enquanto o Capitão Iglo e a Menina do Gás se apressam para chegar ao Ramalhete.

No Ramalhete, Mindo estava a comer queijadas, triste por não ter encontrado nenhum íman em 1885, e a pensar se Gruber, o Hans, conseguiu fazer um mortal ou dois antes de aterrar na piscina.

A campainha toca e Mindo levanta-se para ver se Eça estava de regresso com mais queijadas para a sobremesa. Ao abrir a porta Eça, o Capitão Iglo e a Menina do Gás aguardam-no no exterior.

“Mindo, estás vivo! Recebemos a tua carta e viemos buscar-te. Não temos tempo para explicar, tens que vir connosco agora se não perdemos o comboio!”, diz o Capitão Iglo feliz por reencontrar o seu amigo e o herói que salvou o Pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto.

“Isso é subjectivo”, diz Mindo, com lágrimas de felicidade a correr-lhe pelos olhos.

Mindo abraça os seus companheiros e despede-se de Eça de Queiroz.

Eça regressa para o ramalhete e vê na mesa um tupperware com queijadas.

“Mindo, esqueceram-se-te as queijadas!”, gritou Eça, mas o trio já ia demasiado longe para o ouvir.

Chegados à estação Doc, o Brown, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, e a tolha de Eusébio estavam a montar o DeLorean, quer dizer, o Punto GT, na linha à espera da chegada do alfa.

Mindo correu para os abraçar, mas as emoções do reencontro teriam que ficar para mais tarde. O alfa tinha acabado de chegar e o tempo estava a esgotar-se.

Mindo, o Capitão Iglo e a Menina do Gás entram no Punto GT e juntam-se aos restantes. Doc, o Brown, coloca as coordenadas para o presente, desta vez sem se esquecer de calcular o peso do Mindo e da toalha de Eusébio.

O alfa arranca e começa a empurrar o Punto GT. Jesus, o Cristo, que por ali descansava já fora das suas palhas, vê o Punto GT desaparecer numa bola de raios, coriscos, e secretos de porco preto.

Ao seu lado, a figura imponente com um casaco de cabedal e óculos de sol aparece por entre as sombras da floresta e toca no seu ombro.

“O Mindo foi sinalizado como alvo para exterminação, vem comigo se quiseres que ele viva”.

Jesus, o Cristo levanta-se e acompanha a figura.

Chegarão a tempo de salvar o Mindo? Quem o quer exterminar? Será que Eça irá comer todas as queijadas?

Não percam o próximo episódio, porque nós também não!

Esta épica história regressa na próxima Véspera da Véspera de Natal.

Até lá continuem a celebrar o dia mais aguardado ao longo de todo o ano. Dediquem estas horas a espalhar pelo Mundo as palavras de felicidade que só um dia como o 23 consegue transmitir, e não se esqueçam que só têm até dia 31 para reforçar o vosso PPR se quiserem beneficiar dos descontos no IRS.

Pois hoje é a Véspera da Véspera de Natal, dêem as mãos e cantem todos comigo:

Morram pencas, morram! Pim!

Saturday, December 31, 2022

As Terras do Meu Verão

Foto: Museu de Arte Contemporânea de Bordéus; Autor: Adriano Cerqueira

Portugal

  • Alenquer (Visita)
  • Amadora (Residência)
  • Aveiro (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Azeitão (Visita)
  • Braga (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Coimbra (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Covilhã (IV Comunicar Ciência)
  • Faro (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Gaia (Compras&Utilidades)
  • Gondomar (Natal)
  • Lisboa (Visita, Cinema, Compras&Utilidades)
  • Loures (Compras&Utilidades)
  • Miramar (Almoço)
  • Monte Real (Férias)
  • Murtosa (Visita)
  • Nazaré (Visita e Almoço)
  • Oeiras (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Odivelas (Compras&Utilidades)
  • Ovar (Residência)
  • Porto (Entrevistas 90 Segundos de Ciência, Compras&Utilidades)
  • Malveira (Visita)
  • Matosinhos (UT Austin Portugal Annual Conference)
  • Santa Maria da Feira (Compras&Utilidades)
  • São Jacinto (Visita)
  • Sintra (Praia)
  • Trofa (Consulta)
  • Válega (Páscoa)
  • Vieira de Leiria (Férias)
  • Vila do Conde (Compras&Utilidades)

Açores – Ilha de São Miguel
  • Lagoa (SciComPt 2022)
  • Lagoa do Canário
  • Lagoa do Fogo
  • Lagoa das Sete Cidades
  • Rabo de Peixe (Visita)
  • Ribeira Grande (Visita)
  • Observatório Astronómico de Santana
  • Ponta Delgada (Entrevistas 90 Segundos de Ciência)
  • Porto Formoso (Chá Gorreana)

França

  • Bordéus (Place de Quinonces, Place de la Bourse, L’Entrecôte, La Cité du Vin, Musée d’art Contemporain de Bordeaux, Les Bassins de Lumières)
  • Mérignac (Aeroporto)

Friday, December 23, 2022

O Regresso da Véspera da Véspera de Natal Parte XVI

365 dias, 232 entrevistas, 90 Segundos de Ciência, 26 Bilharacos, 6500 trabalhadores migrantes mortos na construção de um Mundial, novecentos “Porque Flutuam os Meus Cereais” vendidos, 10% de inflação, 3 sequelas de Jurassic World, 2 canelés, um twitter caótico, e 0 pencas depois, sejam bem-vindos a mais um episódio do Regresso da Véspera da Véspera de Natal, a tradição anual mais aguardada pelos fiéis seguidores da Igreja Universal do Sagrado Chinelo, e por todos aqueles cujo ódio a pencas os une neste santo dia.

Anteriormente em A Véspera da Véspera de Natal:

“Um asteróide do tamanho de Odemira está em rota de colisão com a Terra!”, alerta Fernão, o de Magalhães.

“Isto parece estranhamente familiar”, murmura Bruce Willis.

Mindo: “Agora é a hora para eu brilhar!”

“Mas Mindo, precisamos de ti para descobrir a terra desconhecida chamada Brasil”, suplica Vasca, o da Gama.

“Isso é subjectivo!”

Dois minutos depois da Nau Espacial decolar do asteróide levando consigo o Capitão Iglo, Vasco, o da Gama, Pedro, o Álvares Cabral, Peyroteo, Eusébio, Jesus, o Cristo, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, Bruce Willis, e Bernardo Soares:

Mindo agarrava no comando. Com os olhos cerrados recordava todos os ímanes que viu colarem-se entre as suas mãos. Mas, no momento em que estava prestes a carregar no botão uma figura imponente com um casaco de cabedal e óculos de sol toca no seu ombro e diz apenas:

“Vem comigo se queres viver.”

“Isso é sub…”, mas Mindo não tem sequer tempo para terminar a sua frase. A figura imponente arrasta-o para dentro de uma bolha envolta em raios, coriscos, e migas de coentrada.

Mindo perde a consciência. A bolha emite um flash de luz e desaparece daquele local como se nunca ali tivesse estado. A figura olha para a bomba levanta o pulso com o polegar para cima e com a outra mão carrega no botão.

Na Nau Espacial Jesus, o Cristo, Jorge, o Palma, Peyroteo, Eusébio, sem a sua toalha, e o Capitão Iglo partilham um olhar agridoce enquanto o asteróide é reduzido a pedaços, conscientes da perda daquele companheiro que um dia iria ajudar Vasco, o da Gama, a encontrar a terra desconhecida chamada Brasil.

Mal sabiam eles que Mindo estava a salvo. Pelo menos por agora.

Lentamente Mindo recupera a consciência e abre os olhos. Ao seu lado estava Jesus, o Jorge, ora nas palhas deitado, ora nas palhas estendido. Sangue escorria pela sua testa. Alguém o deve ter atacado antes de Mindo chegar.

À sua frente estava um monitor. A Menina do Gás, Fernão, o de Magalhães, Sócrates, o filósofo, e Jesus, o Cristo estavam rodeados por figuras encapuçadas que as detinham como reféns. Mindo reconheceu o local, era o Nakatomi Bom Sucesso, aquele que tem um Froiz na cave.

Isto não era uma transmissão televisiva mas sim uma emissão de câmaras de segurança. Mindo estava no interior do edifício e só ele os podia salvar.

Mindo procura imediatamente por uns ímanes mas apenas encontra uma arma, um comunicador, e fita-cola. Mindo liga o comunicador para pedir ajuda. Uma voz estranha responde.

“Ah, McClane, o Jorge. Finalmente te apanhámos”, diz Gruber, o Hans.

“Rende-te ou os teus amigos vão fazer companhia ao Mindo que morreu por nós e pelo Pessegueiro de D. Marcelo, o Afecto”.

“O Mindo sou eu? Eh Eh”, questiona Mindo confuso 

Jesus, o Jorge acorda e agarra no braço de Mindo.

“Vai procurar ajuda. Eles estão no andar… Oitochentcha e oitcho, ouvistes?!”, diz com dificuldade antes de perder novamente a consciência.

Confuso pela situação Mindo pega na fita-cola e na arma e decide ir procurar uma saída.

À sua direita uma porta leva-o a um corredor escuro. Dois guardas estão inconscientes em frente à porta do elevador.

“Jesus Cristo”, diz o Mindo.

“Eu não tive nada a ver com isto, foi Jesus, o Jorge”, afirma Jesus, o Cristo, que por ali passava ora nas palhas estendido, ora nas palhas deitado.

“Desce até ao andar 88. É lá onde estão os reféns”, completa.

“Como escapou? Cê não vem comigo?”, questiona Mindo.

“Não, eu estou bem obrigado. Leva esta lata de Barbasol, vais precisar dela mais tarde. E se passares por uma vending machine traz-me uma Cola Zero”, diz Jesus, o Cristo, seguindo o seu caminho para se reencontrar com Jesus, o Jorge e oferecer-lhe o dicionário de português que o Pai Natal por engano lhe deixou no sapatinho.

Mindo desce pelo elevador. Olha para a fita-cola e para a arma e sabe o que tem a fazer.

Quando o elevador chega ao andar 88 as portas abrem-se. À frente de Mindo está a Menina do Gás, Fernão, o de Magalhães, Sócrates, o filósofo, e Gruber, o Hans a comer uma maçã.

Os dois guardas próximos do elevador tentam agarrar no Mindo mas ele atira com a fita-cola à testa de um, enquanto o outro tropeça na toalha do Eusébio que por ali passava à procura de um estendal.

Ambos caem de frente batendo na cabeça um do outro e ficando inconscientes.

Gruber, o Hans agarra na Menina do Gás e aponta-lhe uma arma.

“Rende-te ou ela morre”, diz Gruber, o Hans em tom ameaçador.

“Eu vou querer o que ela está comendo”, diz Mindo.

“Hun?”, responde Gruber, o Hans, em tom confuso. “Isto não é When Harry Met Sally!”

“Acabou de ser revogada!”, diz Mindo disparando contra Gruber, o Hans, enquanto este tenta se compor após a estupidez que acabou de presenciar.

O disparo acerta no colete que Gruber, o Hans tinha vestido mas empurra-o para trás. Gruber, o Hans tropeça numa janela que por acaso estava aberta e fica apenas agarrado ao parapeito.

Mindo corre para o agarrar.

“O que é que pensas que estás a fazer?! É suposto deixares-me cair”

“Isso é subjectivo!”, diz Mindo puxando Gruber, o Hans com força.

Naquele momento a figura imponente com um casaco de cabedal e óculos de sol que o salvou do asteróide regressa. Uma bolha de raios, coriscos, e coentros de cebolada envolve-o novamente e Mindo desaparece.

Gruber, o Hans cai do octogésimo oitavo andar do Nakatomi Bom Sucesso e cai na secção de frescos do Froiz.

“He’ll be back”, diz a figura de casaco de cabedal e óculos de sol antes de ela também desaparecer numa bolha de raios, coriscos, e coentros de cebolada.

O dia parece estar salvo mas a história não acaba por aqui.

Entretanto, na base aérea de Tortosendo D. Marcelo, o Afecto, primeiro de seu nome, recebe o Capitão Iglo, Vasco, o da Gama, Pedro, o Álvares Cabral, Peyroteo, Eusébio, Jesus, o Cristo, Jesus, o Jorge, Jorge, o Palma, Bruce Willis, e Bernardo Soares, para celebrar com eles a destruição do asteróide que ameaçou a humanidade, e o seu pessegueiro.

Mas antes da cerimónia poder começar uma carrinha da DHL entra na base. O estafeta traz consigo uma carta dirigida ao Capitão Iglo.

“Temos esta carta há uns bons anos no nosso escritório com instruções para ser entregue hoje a esta hora neste local ao Capitão Iglo. Inicialmente esteve nos CTT, mas eles passaram-na para nós para ter a certeza que chegava mesmo a tempo e não com três meses de atraso. Tínhamos até uma aposta entre o pessoal se o Capitão Iglo estaria mesmo aqui, parece que perdi a aposta”.

Perplexo com este conto, o Capitão Iglo abre a carta e começa a ler.

“Caro Capitão Iglo, Se os meus cálculos estiverem correctos essa carta deve chegar momentos depois de vocês regressarem do asteróide. Isso é subjectivo mas eu tenho estado a viver no ano de 1885…”

“O que se passa?”, questiona Vasco, o da Gama.

“É o Mindo! Ele está vivo. Está a comer queijadas com o Eça de Queiroz mas está vivo!”

“Rápido, precisamos de encontrar um Sado com um capacitador de fluxo!”

Doc, o Brown, aparece na pista com um Punto GT: “Acho que consigo fazer melhor!”

O que está o Mindo a fazer em 1885? Conseguirão os seus companheiros salvá-lo? Será que Eça voltou-se a esquecer das queijadas?

Não percam o próximo episódio, porque nós também não!

Esta épica história regressa na próxima Véspera da Véspera de Natal.

Até lá continuem a celebrar o dia mais aguardado ao longo de todo o ano. Dediquem estas horas a espalhar pelo Mundo as palavras de felicidade que só um dia como o 23 consegue transmitir, e não se esqueçam de gastar os €125 do vosso apoio excepcional de rendimentos.

Pois hoje é a Véspera da Véspera de Natal, dêem as mãos e cantem todos comigo:

Morram pencas, morram! Pim!