Monday, October 26, 2009

Meios de Comunicar: A Arte do Jogo

futureplaces
Não há uma segunda oportunidade para criar uma boa primeira impressão.

As primeiras três semanas do meu primeiro ano de Mestrado em Multimédia podem-se resumir às seguintes palavras: novidade, criatividade, egocentrismo, futureplaces e multimédia.

Novidade, quase que se justifica por si própria, nova faculdade, novos colegas, novos professores, novos caminhos, mas acima de tudo, novo olhar sobre a arte da comunicação. Existe na verdade um tremendo contraste entre este mestrado e o curso anterior. A começar pelas condições que uma faculdade que por si só acaba por se impor na paisagem da Invicta como um verdadeiro campus universitário, fazendo ao mesmo tempo parte da UP, mas algo distante da imagem que as restantes faculdades transmitem, quer ao nível estrutural, quer ao nível administrativo.

Contudo, o terror burocrático mantém-se, e a falta de informação é quase tão grave como a vivida na licenciatura. A incógnita relativa à existência, ou não, de material como câmaras, máquinas fotográficas, microfones e gravadores passíveis de serem requisitados pelos alunos é, até ao momento, a falha mais grave de um mestrado que na sua base exige o recurso a vários media.

A fase de transição de planos curriculares também motiva a que alguns professores não tenham ainda definido o modo de avaliação, ou o que pretendem da cadeira que leccionam, e dos próprios alunos. O que nos deixa, até ao momento, numa espécie de calma de antecipação.

Contudo, também há boas novidades dignas de salientar. Desde os protocolos com a UT Austin que ao longo do mestrado, e consequente programa doutoral, vão promover o intercâmbio de alunos e professores, à possibilidade de realização de estágios em solo americano. Segue-se o apelo à criatividade sem receio de apostar em meios recentes, apelando à exploração de ideias originais e de novos conceitos de multimédia.

Criatividade é a palavra que se segue, apesar da expressão “liberdade criativa” ser o termo mais correcto. Logo na segunda semana foi-nos pedido para assistir a eventos do festival futureplaces e a documentá-los da forma que acharmos mais adequada para depois criarmos alguma plataforma de divulgação da informação recolhida. Embora a ideia possa parecer como um golpe de marketing barato, a verdade é que na sua simplicidade permitiu aos alunos não só observar o nível de envolvência do mestrado com as novas formas de criar plataformas para os media, como também lhes abriu as asas para criar sem se sentirem presos a regras estabelecidas.

O futureplaces em si, foi uma boa oportunidade para entrar em contacto com artistas e investigadores de multimédia e comunicação, servindo como uma espécie de preview para o que nos espera no ano seguinte.

Egocentrismo, não tanto no sentido de alguém se fechar sobre si próprio, mas mais no isolamento de ideias e na falta de convívio entre os colegas. A falta de alguma espécie de evento social que ajudasse os alunos a conviverem uns com os outros e a conhecer a própria faculdade foi uma falha tremenda que demorará alguns meses a ser corrigida. Talvez aqui se veja a necessidade de um elemento de interacção comum que algo como a praxe proporciona ao nível das licenciaturas. O tempo e os inevitáveis trabalhos de grupo talvez permitam a criação de alguma espécie de envolvimento social entre os alunos, mas isso, só o tempo o dirá.

Por fim, a palavra multimédia não podia deixar de estar presente, nem que seja por dar o nome ao curso. O conceito multimédia de alguns dos professores passa não pelo ensino de tecnologias que permitam o uso de vários meios – tal está reservado para o segundo semestre – mas sim pela interacção entre alunos com backgrounds diferentes. Isto leva a um conceito de auto aprendizagem com base nos conhecimentos dos nossos colegas, algo que de certa forma compreende-se, visto tratar-se de um mestrado e não de uma licenciatura. Mas que, ao mesmo tempo, coloca em dificuldade as pessoas que surgem no curso com falta de bases de programação e de uso de tecnologias multimédia.

Uma a uma, cada cadeira deste semestre tem os seus pontos bons, e os seus pontos que não sendo maus, por enquanto encontram-se indefinidos.

Tecnologias da Comunicação Multimédia, como o nome indica é uma disciplina teórica que procura explicar o funcionamento de tecnologias como algoritmos de compressão, redes e computadores. Sempre se questionaram sobre o porquê de um jpeg ter esse nome? Então esta é a maneira perfeita de desperdiçarem as manhãs de sexta-feira. Sistemas Digitais Interactivos é algo tão abstracto que nem ele próprio sabe ainda bem o que é. Mais uma vez o objectivo não é a aprendizagem de programas, mas sim a adequação dos conhecimentos prévios de cada um aos projectos que vão ser sugeridos. Uma visão teórica sobre a interactividade de media, dando espaço à criação de instalações artísticas e interfaces recorrendo à totalidade de hipóteses que a multimédia permite.

Laboratórios Multimédia, é, até agora, a única disciplina cujo plano se encontra plenamente definido. Essencialmente, consiste na criação de dois projectos, o primeiro uma narrativa interactiva com uso a todas as tecnologias disponíveis consoante os recursos de cada grupo. Já o segundo passa pela criação de uma interface similar a uma rede social. Os projectos incluem relatórios e calendarização detalhada, tendo cada um a duração de seis semanas.

Finalmente a incógnita reside sobre a cadeira opcional. A minha escolha está entre Arte e Comunicação Multimédia, um olhar sobre o que é arte ao serviço dos meios contemporâneos, e Jogos, uma disciplina cujas aulas ainda não tiveram início mas cuja base é a criação de um jogo, algo que exige um conhecimento de programação bem distante daquilo que possuo, ou melhor, que não possuo.

Estas três semanas deixam-nos assim num estado de serenidade, aguardando ordens mais definitivas para a execução de projectos. Até lá resta-nos aguardar por dias mais agitados à medida que se aproximem os prazos de entrega e cujo tempo escasseie até ao ponto de 24 horas por dia não serem suficientes.

Enquanto esses dias não chegam resta-me ficar pelas primeiras impressões que não se voltarão a repetir.

Sunday, October 18, 2009

A Nova Ordem de um Mau Tenente

Bad Lieutenant
Os primeiros meses de 2007 ditaram mais uma separação por tempo indefinido dos New Order. Os já habituais desentendimentos entre Peter Hook e Bernard Sumner levaram Hooky a deixar a banda para embarcar num novo projecto, um super grupo composto apenas por baixistas. Bernard Sumner, Stephen Morris e Phil Cunningham queriam continuar como New Order, mas a oposição de Peter Hook, e o mal-estar que tal iria criar junto dos fãs, levaram os restantes membros a criar um projecto paralelo, e a convidar outros artistas para os acompanhar. Nasce assim Bad Lieutenant.

Era 13 de Outubro de 2009 e o sol brilhou no lançamento de Never Cry Another Tear, álbum de estreia da nova banda. Segundo Sumner, o nome da banda surgiu durante uma visita a casa de Johnny Marr (guitarrista dos The Smith que colaborou com Sumner nos Electronic): “Entrei e ele estava a ver uma cena do filme Bad Lieutenant onde o Harvey Kietel estava a disparar contra um rádio”. “Eu disse, ‘Que merda é este filme?’ Era tão nojento e ao mesmo tempo excelente”, conta Sumner.

Never Cry Another Tear é um álbum mais emocional do que aquilo que os New Order nos habituaram ao longo de quase 30 anos de carreira. Bad Lieutenant assenta assim num nicho diferente, revela uma identidade própria e uma personalidade única, diferenciada de New Order e a anos-luz do obscurantismo de Joy Division. Bernard Sumner e Stephen Morris continuam lá, a voz é a mesma, a bateria é a mesma, a guitarra é a mesma, mas a música e a sonoridade pertencem a algo novo.

Para aqueles que esperavam mais do mesmo, Never Cry Another Tear veio provar o contrário. Mensagens positivas e acordes suaves caracterizam as 12 faixas de um disco que marca o nascimento de uma nova banda.

Sink or Swim, o primeiro, e até agora único single do novo álbum, justifica a sua escolha como ponto de partida para o universo de Bad Lieutenant. Embora peque pela falta do baixo de Peter Hook, a faixa número um não difere muito da sonoridade presente nas restantes músicas, destacando-se como um óptimo ponto de partida para aqueles ainda indecisos entre dar uma oportunidade a Never Cry Another Tear.

O álbum de estreia de Bad Lieutenant conta ainda com as participações de Jake Evans (voz e guitarra), Matt Evans (backup e bateria), Jack Mitchell (baterista dos Heaven), Tom Chapman (baixo), Carl Jackson (bateria) e o nome mais sonante a seguir aos ex-New Order, Alex James (baixista dos Blur).

Bad Lieutenant têm já marcados para Novembro, concertos em Nova Iorque que abrem as portas à tour de promoção de Never Cry Another Tear, nos EUA.

Bernard Sumner, Stephen Morris e Phil Cunningham iniciam assim um novo projecto com bases sólidas. Uma nova ordem para três maus tenentes.


Bad Lieutenant (Sítio Oficial): http://badlieutenant.net/


Bad Lieutenant (Twitter): http://twitter.com/badltmusic

Sunday, October 04, 2009

UFrame 2009



Menção Honrosa na Categoria de Documentário

"Revela-se com grande originalidade como um instrumento pedagógico, documental e jornalístico, que demonstra caminhos futuros para este Media."

Júri UFrame 2009