Tuesday, December 23, 2014

O Regresso da Véspera da Véspera de Natal Parte VIII

Design: Adriano Cerqueira
365 dias, 42 francesinhas, 26 bilharacos, 17 marcações da SciELO, 10 anos de blogue, 4 objectivas , 2 meses de Insanity, um Sagrado Chinelo e 0 pencas depois, está de volta o momento mais aguardado por todos os inconformados seguidores deste blogue, a Véspera da Véspera de Natal!

O Shaun T estava a jantar com a Menina do Gás. “Isso é subjectivo”, diz o Mindo que passava por ali, a caminho da terra desconhecida chamada Brasil. Já Jorge, o Cristo. Mas o Cristo não é Jesus? Não, o Jorge ‘acardita’. Credita? Sim, talvez. Jorge, o Cristo, pedia uma francesinha com pouco picante e uns peanurs para molhar no molho. Isso são as batatas. Não, isso são peanurs.

A Menina do Gás contava ao Shaun T como já lhe doíam os joelhos de carregar a botija pelas escadas acima no prédio do Pessoa. “You have to Dig Deeper”, aconselhou ele. “Isso foi o que ela disse”, pensou o Vasco da Gama que por ali se encontrava à procura da terra desconhecida chamada Brasil.

O Eusébio e a sua toalha por ali passeavam para servir o Shaun T. Mas ele já não tinha morrido? Não, é como o Pessoa no livro do Saramago, tens direito a nove meses para passear por aí. Mas já passaram onze! Um portal abriu-se sobre a cabeça de Eusébio. “Chevron seven is locked.” E lá foi ele explorar o Universo com o Capitão Planeta, o Widget, Jorge, o Cristo, o Lanterna Laranja e o Mindo. Deixando a sua toalha para trás. Mas onde estava a Gaia e os outros cinco para chamar o Capitão Planeta? Foram a Évora visitar José, o Filósofo. Esse não era o Sócrates? Também. Mas... Vai ali com o Perna a Paris que já te explico.

A Menina do Gás pegou na toalha para limpar o suor, bebeu um pouco de água do seu cantil, virou-se para a câmara e disse para descansares quando for preciso, e para não desistires, pois ela estava mesmo ali.

O Shaun T, deu-lhe alguns pontos pelo esforço e começou a beber a sua fórmula de recuperação e resultados. Agora vais dizer para não me esquecer? Vai comer Pipas para o planeta dos Cacoetes. Isso são amendoins. “Não, isso são Peanurs”, disse Mindo, o Cristo, que passava por ali.

Jorge, o Cristo, o Filipe Anunciação, o Mindo e o Álvaro Cunhal iam com o Coelhinho, o Pai Natal, e o Palhaço, de Comboio ao Circo, mas antes, estavam na fila da Comic Con para ver a Natalie Dormer e a Menina do Gás. Trouxeste a tua objectiva de 300mm? Não. Como esperas fotografar a Natalie no meio de uma multidão de Pipas do planeta Cacoetes. “Isso é subjectivo.” “Mindo, vai procurar a terra desconhecida chamada Brasil”, disse o Álvaro Cunhal que em tempos gostaria de se chamar Miguel. “Mas eu vivo na Foça.” “Não, Mindo. A Foça é que vive em ti.”

Mindo, e o seu gafanhoto foram apanhar o Neko Bus para visitar a Menina do Gás. Perderam-se e entraram no autocarro do Marshopping para visitarem o Ikea. Por entre os labirintos encontraram o Eusébio à procura de uma toalha. “Deixei a minha com o Sexta-feira na ilha da Páscoa.” “Isso não me parece correcto”, protestou José, o Filósofo, que por ali se descobria a comprar almofadas para o seu beliche. “Tu é que tens dois sentidos!”, respondeu o Eusébio depois de voltar para o restaurante em busca da sua toalha encantada. Uma história contada, geração, após geração.

O Littlefoot pôs-se à frente para reclamar, mas o Vasco da Gama, Jorge, o Cristo, Jesus, o Jorge, a Menina do Gás, o Shaun T, e o Capitão Planeta cortaram-se na fila, já entediados e com pressa para comer bilharacos. E as Pencas? As Pencas, não. As Pencas são narizes. E os Couvões? Os Couvões são a tua prima. Tu é que és a tua prima!

Às vezes gostava de poder dar um maior fio condutor a estas coisas. Como fiz no ano passado, lembras-te? Eu sei o que fizeste no Verão passado. Não, não é esse filme.

Alegria para o Mundo pois nasceu o Menino Jorge, o Cristo. Esse é o Jesus. E dos céus desceu cantando, o Sagrado Chinelo. Shaun T, Sexta-feira, José, o Filósofo e o Vasco da Gama, ajoelharam-se dizendo “não somos dignos da tua presença”. Jesus, o Cristo que por ali se procurava a lavar pés, foi ter com o chinelo, mas este não lhe servia. Subiu então para uma barragem e escorregou para as águas.

Jesus, o Cristo, virou-se para Jorge, o Macho Latino que gosta de peanurs, e gritou: “Disseste que havia aquecimento!” “Não, não.” “Tu disseste que tinhas vindo cá e que tinham arranjado o esquentador.” “Isso é subjectivo.” Fogo, Água, Terra, Vento, Coração. Pelos vossos poderes combinados, cala-te Mindo!

A Menina do Gás tentou levar o Shaun T de volta para o seu apartamento, mas este preferiu ficar por ali em amena cavaqueira com o Sexta-feira. As Pencas tentaram ganhar alguma relevância, sem qualquer tipo de sorte. E o Mundo ficou assim salvo, graças às peripécias dos nossos heróis, que ainda aguardam pela francesinha para molhar nos “peanurs” de Jorge, o Cristo.

Em honra do Sagrado Chinelo, espalhem pelo Mundo as palavras de felicidade que só um dia como o 23 consegue transmitir. Pois hoje é a Véspera da Véspera de Natal. Dêem as mãos e cantem todos comigo:

Morram Pencas, morram! Pim!

Thursday, December 18, 2014

Em Comum

Imagem DR
A friend should be one in whose understanding and virtue we can equally confide, and whose opinion we can value at once for its justness and its sincerity.
Robert Hall

Convivemos com, essencialmente, quatro tipos de pessoas. Aquelas que seguem as nossas recomendações, aquelas que embora não o façam no imediato eventualmente acabam por o fazer, aquelas que as ignoram mas que as acabam por descobrir por mero acaso, e aquelas que apenas as seguem depois de outra pessoa as ter recomendado.

Todos conhecemos alguém que se encaixa numa destas categorias. Dentro do nosso grupo de amigos, entre os familiares mais próximos, assim como nos colegas de trabalho, e nos conhecidos com quem partilhamos certos aspectos da nossa vida.

O que faz alguém aceitar a tua opinião ou seguir alguma sugestão, seja ela um destino de viagens, um livro, um filme, ou uma banda, parte do tipo de relação que essa pessoa partilha contigo. Do respeito que nutre, ou não, por ti. Do reconhecimento do teu “bom gosto”, ou de uma partilha de interesses em comum.

Nem sempre foi fácil encontrar alguém que partilhe dos mesmos gostos que nós. A internet e as redes sociais, hoje em dia, facilitam a disseminação e a partilha de conhecimento. Fenómenos que antes eram vistos como obscuros, ou restritos a um determinado nicho, podem hoje ressurgir e tornarem-se facilmente populares, bastando para isso que alguém com um certo grau de influência sobre os seus pares o partilhe.

Quando andava no liceu, não conhecia ninguém com quem pudesse falar sobre música, livros, filmes, séries, ou outro qualquer elemento cultural, que não aqueles que faziam parte da cultura pop da altura. “Ninguém vê o Em Busca do Vale Encanto, ninguém ouve New Order, e ninguém gosta da Primavera.” Durante meses mantive esta frase no meu Messenger, era o meu protesto silencioso contra a falta de alguém com quem falar sobre as coisas que mais gostava.

Com o passar dos anos a situação mudou, e hoje é raro encontrar quem não goste, ou quem não tenha pelo menos ouvido falar da maioria das coisas que eu gosto. Contudo, há agora uma diferença. Enquanto no passado seguir uma recomendação de alguém implicava algum investimento, gastos em deslocações e, por vezes, dias inteiros dedicados a essa demanda cultural, hoje basta uma simples pesquisa num motor de busca e alguns minutos do teu tempo.

Esta redução do custo de investimento e de consumo de bens culturais, que são hoje, na sua maioria, gratuitos e disponíveis online, fez com que o paradigma da interacção, e da partilha desses mesmos bens dentro do nosso grupo de amigos, passasse a ser encarado de outra forma.

Enquanto há poucos anos aceitava-se que alguém não pudesse comprar um álbum, ou ir ao cinema, hoje essa questão já não se coloca. Sim, existe conteúdo pago, e ir ao cinema nunca foi tão caro, contudo, e sem querer entrar no ramo da pirataria, hoje existem inúmeras formas legais para ver um filme, uma série, ou ouvir música, de forma gratuita.

Uma amizade, ou outra qualquer relação, não é definida pela partilha de gostos em comum, embora estes possam ter sido a base que a susteve numa fase inicial. Contudo, a dinâmica com que alguém lida com uma recomendação tua, diz muito sobre certos aspectos da vossa interacção. Desde o respeito, ao reconhecimento do quão bem essa mesma pessoa te conhece. Aspectos esses que se estendem à avaliação da qualidade da tua crítica, e da tua própria opinião.

Não me vejo como um líder de opinião, nem tão pouco defendo que os meus gostos sejam superiores aos de qualquer outra pessoa. Não os procuro impor, e apenas os partilho quando algo me apaixona, ou quando acho que essa pessoa pode também vir a gostar.

Contudo, não há sensação pior que ver alguém agradecer a outro por algo que tu próprio lhe recomendaste. Num Mundo cheio de informação, os filtros são necessários, mas, por vezes, é descabido não reconhecer um simples gesto de partilha.

Procuro sempre seguir as recomendações de quem perdeu algum do seu tempo para as partilhar comigo. Não sou um líder de opinião, mas sugiro que também o façam. Quem sabe todo o Universo de novas paixões, experiências e aventuras que estão a perder só porque escolheram ignorar a sugestão de alguém. É tão fácil como carregar em Play.

Wednesday, December 17, 2014

As Terras do Meu Verão

Foto: Asas de Avô, Oliveira do Hospital; Autor: Adriano Cerqueira
Portugal
  • Albufeira (Cinema, Zoomarine) 
  • Albergria-a-Velha (Transbordo)
  • Altura (Filmagens)
  • Aveiro (Compras&Utilidades, Visita)
  • Avô (Visita, Peregrinação ao Santuário do Sagrado Chinelo)
  • Barra (Visita)
  • Barril (Praia)
  • Barril D'Alva (Praia)
  • Braga (Visita, Confibercom) 
  • Castelo Branco (Almoço)
  • Coimbra (Visita ao Arco de Almedina, Jardins da Quinta das Lágrimas, Jardim Botânico, Portugal dos Pequenitos, Mosteiro de Santa Clara, Cinema) 
  • Cortegaça (Parque do Buçaquinho) 
  • Costa Nova (Visita)
  • Covilhã (Visita) 
  • Esmoriz (Visita)
  • Espinho (Visita)
  • Ervedal da Beira (Estadia, Visita à Barragem)
  • Faro (Visita, Cinema, Praia)
  • Figueira da Foz (Somnii Sunset)
  • Furadouro (Praia) 
  • Gaia (Cinema, Visita)
  • Lisboa (Visita ao Oceanário, Baixa, Belém, Bairro Alto, Estádio de Alvalade) 
  • Loriga (Visita às Piscinas Naturais de Loriga)
  • Oliveira do Hospital (Visita)
  • Ponta da Piedade (Visita)
  • Porto (Visita, Aeroporto, Compras&Utilidades, Concerto de Anathema, Serralves)
  • Matosinhos (Comic Con)
  • Sagres (Visita à Ponta e Fortaleza de Sagres)
  • Santa Maria da Feira (Compras&Utilidades, Visita)
  • São João da Madeira (Compras&Utilidades) 
  • Torreira (Visita) 
  • Vagos (Almoçar n'O Refúgio do Alemão, Visita Praia da Vagueira)
  • Valhelhas (Jantar)
  • Vila Nova de Cacela (Estadia)
  • Vila Real de Santo António (Visita)
  • Vila Real (Visita, Aniversário do Ricardo)

Espanha
  • Pontevedra (Lusocom, Visita)
  • Vigo (Transbordo)

Monday, December 15, 2014

Dez Anos de Bloguer

Coelho Amarelo
Como uma Fénix que não renasce das cinzas

Azul, cor da água, do céu, do calmo e da esperança. Água de onde a vida se proliferou, vinda do azul celestial depois de uma viagem longa, mais longa que qualquer viagem alguma vez feita. Vida que das chamas se ergueu para nelas voltar como uma Fénix que não renasce das cinzas. Não, não é aí que chegámos, nem iremos chegar. A Pomba Azul, a esperança, o futuro, a paz. Aquela luz que brilha no horizonte, tal como a estrela Polar guiou as velhas Naus dos descobrimentos, como coelhos na toca, nós agora ascendemos a uma nova realidade de um azul vivo e pacífico que nos guia eternamente, até á ultima chama se apagar, e a Fénix voar o seu último voo.
Manifesto Blue Dove

Dez anos. Faz hoje dez anos que publiquei o meu primeiro artigo na blogosfera. Era 15 de Dezembro de 2004, uma noite de quarta-feira não muito diferente de uma outra qualquer. A minha presença online resumia-se a dois sites, o Coelho Amarelo e o Paleo World, o primeiro criado como página pessoal dedicada à minha turma do Secundário, e o segundo como um projecto de uma base de dados sobre as diversas espécies de Therizinosaurus até então descobertas.

Dias antes tinha criado o Blue Dove na plataforma de blogues do Sapo. A ideia, e o nome, surgiram de uma breve prosa incoerente que escrevi para o Coelho Amarelo. Por entre essas linhas nasceu a ideia de criar um blogue, um conceito que na altura ainda não compreendia por inteiro. Dei-lhe o nome de Blue Dove, procurei online por um logótipo que se adequasse a ele, e escolhi um layout azul com aspectos marítimos, entre os templates do Sapo.

O Blue Dove durou pouco mais de um ano, com mais de cinquenta artigos publicados. Este blogue foi, ao longo de 2005, o meu diário pessoal, o meu porto de abrigo onde escrevia sobre tudo e mais alguma coisa. Foi lá que escrevi os meus primeiros contos, as minhas primeiras histórias, os meus primeiros poemas. Foi lá que nasceram rubricas como O 23 e Querido Diário, que ainda hoje se mantêm vivas neste espaço.

Foram dez anos e Quatrocentos e Quarenta e Quatro posts, divididos por sete blogues. O Blue Dove, o Story Writer, a Antologia do Eu, e o 25 de Julho, há muito já extintos, sobrevivem hoje no arquivo do A Flock of Blue Doves. O único, além deste, e do Mercúrio do Porto, que ainda mantenho activo, embora sem a periodicidade que, apesar de errática, o No Sense of Reason continua a praticar.

O meu primeiro artigo na blogosfera não foi um extenso ensaio filosófico, nem tão pouco uma crónica do dia-a-dia. Não foi um poema, ou um conto. Não foi uma entrada de diário, nem tão pouco possuía algo de intimamente pessoal. Não. O primeiro texto que alguma vez publiquei era sim, sobre o Sporting CP. Um breve esclarecimento sobre como funcionava a classificação da Liga que, à data, não estava a ser respeitada pelos jornais desportivos.

Na altura não havia facebook, nem twitter, não havia outra forma de publicar um pensamento maior que uma simples frase. E o IRC ou o MSN Messenger não eram os locais ideais para o fazer. Entrei na blogosfera por sentir falta de espaço. Pela necessidade de dizer algo mais, de projectar uma ideia e concretizá-la. Sem qualquer limite de caracteres ou espaço, e eventualmente, com a possibilidade de a alimentar com imagens, som e até mesmo vídeo.

O Blue Dove nasceu de uma necessidade, mas mantém-se ainda hoje vivo por algo bem mais profundo. Não é um simples blogue extinto, é uma Fénix renascida. Com uma nova vida, um novo design, um novo conceito. Hoje não é uma Dove solitária, mas sim uma Flock of Blue Doves.

Dez anos passaram e continuo a escrever. Para mim, para outros. Para quem quiser e gostar de me ler. Escrevo porque sim. Porque gosto. Porque não há sentido, ou razão. Apenas porque escrevo.

Quatrocentos e Quarenta e Quatro posts, entre Crónicas, Introspecção, Contos, Poemas, Momentos, Notícias, Reportagens, Vídeos e Imagens. Foram projectos que ficaram pelo caminho. Foram textos que ficaram por escrever. Foram datas que ficaram por assinalar. Foram dez anos. Vão ser muitos mais.

Hoje é dia 15 de Dezembro de 2014. Há dez anos publiquei o meu primeiro artigo no meu primeiro blogue. Hoje, escrevo mais uma página num livro sem sentido. Perpétuo, infinito, eterno. Tão contínuo e constante como qualquer linha sem senso, nem razão. Pois faço hoje dez anos, mas serão ainda muitos mais.

Believe in me, and I’ll believe in you!

Thursday, December 11, 2014

Adeus, Meu Doce Novembro

Sweet November, Imagem DR
November is all I know, and all I ever wanna know.
Nelson Moss

Novembro guarda em si algo de mágico. Uma doce energia que transcende qualquer poder de descrição. Novembro é, para mim, um mês especial, um mês diferente. Não há quintas-feiras em Novembro. Apenas felicidade. O potencial de sonhar. A promessa de um novo dia. Esperança. Paz. Uma recordação. Um recomeço.

Todos os meses são Novembro. Recordo-me da primeira vez que vi o Sweet November. Era mais uma noite de Verão, como outra qualquer. A falta de sono, ou de vontade para adormecer, impedia-me de contemplar o infinito pelos interstícios da janela do meu quarto. O zapping habitual tomou lugar. Talvez procurasse um episódio perdido de Everwood, ou uma retransmissão do The Good, the Bad and the Ugly. Em vez disso encontrei o Sweet November.

Uma história de amor. Um romance trágico entre um empresário preso ao seu sucesso, sem espaço para algo que não fosse previsível ou palpável, e sem um rumo para a sua vida, e uma rapariga excêntrica que passeava cães. Uma espécie de Dharma e Greg, tivesse esta sido escrito ainda no crepúsculo do século XIX.

Nelson e Sara, protagonizados por Keanu Reeves e Charlize Theron, conhecem-se numa aula para renovarem a carta de condução. Depois de uma troca de palavras atribulada, que faz com que Sara falhe a sua possibilidade de renovar a carta, esta procura Nelson para lhe fazer uma proposta que vai mudar a vida de ambos.

Ao longo de duas horas acompanhamos o romance entre duas pessoas, opostos aparentes, mas complementares. Assistimos à história de um amor em perpétuo crescimento. À evolução de Nelson, que deixa de viver para a sua carreira para se concentrar no agora. E a Novembro. O mês que os une e cujos dias limitam a sua relação.

Um mês, apenas um mês. Eram estes os termos de Sara. Regras incompreensíveis que Nelson procurou contornar. A beleza do agora. O momento imprevisível. Derrubado pela frieza da vida, e pela incerteza de um futuro planeado por outras mãos que não as deles.

Sempre serás o meu Novembro. Uma história simples, mas profunda. Um mês partilhado por duas pessoas que nos desafiam a reavaliar o nosso próprio caminho. A mensagem é simples, dar valor ao agora, ser feliz com as pequenas coisas, amar o dia, a simplicidade do dia-a-dia, a quebrável rotina, a memória de um amor, eterno na felicidade do último instante de incrível beleza, de uma inevitável despedida.

Sweet November é o amor entre Nelson e Sara. É a história de uma cidade. É a história de um momento. É a história de um mês.

Questionado sobre qual o meu filme romântico preferido, sinto-me tentado em responder Sweet November. Uma decisão sempre difícil entre este e o Before Sunrise, mas que mantenho constante, não seja por um qualquer lapso de memória. Pois, para mim, Sweet November, não é apenas um filme, ou uma breve história. É um hino, a homenagem a um mês que me é tão próximo. Um mês que recordo com felicidade. Um mês que, se pudesse, não mais teria um fim.

Não há quintas-feiras em Novembro. O meu aniversário não é em Novembro. Por mais que goste das cores do Outono, a minha estação é a Primavera. Mas há algo em Novembro. Algo mágico que talvez apenas eu consiga ver. Se alguma vez fizesse a lista dos meus melhores dias, aqueles em que fui mais feliz, este seria o mês mais representado. Em Novembro brilho. Em Novembro volto a ser Eu. Em Novembro sei ser feliz.

De Novembro nada peço. De Novembro nada espero. Guardo apenas recordações. Deixo-me envolver pelas energias positivas com que este mês me alimenta. São trinta dias como quaisquer outros. São trinta dias especiais, diferentes, intocáveis. São trinta dias de felicidade em potencial.

Despeço-me mais uma vez de ti velho amigo. Serás sempre o meu Novembro, o meu Doce Novembro.

Thursday, November 27, 2014

Romance do Dia-a-dia

Imagem DR
In this world there are only two tragedies. One is not getting what one wants, and the other is getting it.
Oscar Wilde

São as pequenas coisas. São elas que me movem. São elas que mais desejo. Todas as histórias começam com breves momentos de exposição. Informação prévia sobre a vida e o universo das personagens, oferecida pelas subtilezas da narrativa, ou forçada pela garganta abaixo quando a criatividade é escassa.

Nas comédias românticas essa exposição é muitas vezes conhecida por “meet cute”. Aquele momento absurdo e hilariante que junta ambos os protagonistas. O rapaz que vai contra uma rapariga e a ajuda a apanhar os livros. O herói que salva a donzela em perigo. A rapariga que te encontra no elevador e que também gosta de The Smiths.

Aquela primeira troca de olhares. O sorriso embaraçoso. O ódio incompreensível que impede aquela pessoa de sair dos teus pensamentos. Uma longa lista de clichés e lugares-comuns, com presença obrigatória em qualquer comédia romântica. O resto da história é contada nas estrelinhas de encontros e desencontros. Entre coincidências e acasos. Falhas de comunicação. Dramas, separações e reencontros. Um grande gesto romântico no final que ata todos os nós, e que conclui a história como um belo laço de seda, arrumado no topo de uma surpresa ainda por abrir.

Essa surpresa são todas as pequenas coisas que ficam por contar. Os actos mundanos filtrados pelo guião. As rotinas diárias que, fora algum diálogo, montagem, ou encontro inesperado, raramente fazem parte do produto final. As idas ao supermercado. Os passeios de mãos dadas. Brincar com os pratos que queremos comprar quando passamos por uma montra de cerâmica. As manhãs de Sábado passadas na cama. Deixá-la adormecer no teu colo enquanto vêem televisão. As longas viagens de carro e a habitual discussão sobre que música ouvir. Os silenciosos passeios à beira-mar. As brincadeiras com o gato, ou o cão, ou ambos. A partilha de tarefas. E todos os outros pormenores que dizem presente numa vida a dois.

São as pequenas coisas. São elas que me movem. São elas que mais desejo. Pormenores do quotidiano que, talvez por passarem despercebidos, vêem a sua magia ignorada pelo mais comum dos observadores. Contudo, é nestas coisas que penso quando penso em romance. Não. Não ignoro a paixão, o desejo, a química, o momento. Também sonho com inesquecíveis primeiros encontros em que todas as fichas caem no seu lugar. Com a ansiedade do primeiro beijo. Com a possibilidade do não. Com as noites eternas de partilha entre dois corpos apaixonados. Com os pequenos e grandes gestos que um romance nos apresenta.

Mas são as pequenas coisas o que mais desejo. Assim o é, pois tão raras foram as vezes que as tive. O desejo não é permanente, mas sim uma constante que se apaga assim que o seu objecto é alcançado. Com isto não afirmo desejar uma vida de monótona rotina. Não. Desejo sim essa rotina, não pela sua natureza previsível, mas pela magia dos pequenos detalhes, que apenas surge quando a partilhamos com alguém.

O consolo de descobrir uma caixa de Petit Gâteaus entre os congelados quando ela já tinha desistido de procurar. Juntar os pontos para lhe oferecer aquele peluche, desistir da ideia e tentar sequestrá-lo sem ninguém ver. O bolo que fazes antes dela chegar a casa, e que acabas por deixar queimar porque não atinas com aquele forno. Aquela série que vêem ao telefone quando estão distantes. Momentos para muitos banais. Para mim, únicos. Reais. Mágicos.

É a magia do dia-a-dia. É ela que me move. É ela que mais desejo. O Amor é descoberto entre os detalhes. Nas rotinas que partilham. Nos tempos mortos. Nas conversas. No silêncio. No trabalho. Na diversão. Nos sonhos. No presente. Nas tardes aborrecidas de Domingo. No fim-de-semana prolongado em viagem. No adeus no aeroporto. No até já do pequeno-almoço. A dois. A sós. Nas palavras. No pensamento. O Amor está lá. Dia após dia. No romance da rotina.

A paixão do dia-a-dia. É ela que me move. É ela que mais desejo.

Thursday, November 20, 2014

A Arte de Sonhar

La persistència de la memòria, Salvador Dalí 
Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espectáculo que posso. Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis.

Bernardo Soares, Livro do Desassossego

Alimentamos pensamentos e desejos como sonhos por realizar. Deixamo-los crescer, por vezes esquecidos, por vezes silenciados, enquanto seguimos com o nosso dia-a-dia. Aquele instrumento que queres aprender a tocar, a língua impraticável em que queres ser fluente, os projectos que guardaste na gaveta, as viagens que ficaram por planear, o curso que ficou por tirar. As palavras que ficaram por dizer.

Todos guardamos os nossos sonhos. Esforçamo-nos para os concretizar. Lutamos por aquilo que desejemos. Dedicamos uma vida para os concretizar. Crescemos. Descobrimos os nossos limites. Adaptamo-nos, e colhemos os frutos do nosso esforço.

Os sonhos, esses, não só vivem de devoção e dedicação. Por vezes consomem-nos. Desistimos. Ignoramo-los. Fugimos antes mesmo que estes nos possam destruir. Damos ouvidos ao impossível, aos Velhos do Restelo, aos hiper realistas, criamos obstáculos que nós próprios somos incapazes de escalar. Deixamos que o vento os leve. Adormecemos. Esquecemo-nos. Guardamo-los em caixas, e engolimos as chaves.

É ténue a linha entra a acção e a inércia. O deixar para amanhã e o agir. Há alguns meses atrás, sentei-me para escrever. Não muito diferente de como estou a fazer agora. Não muito distante do local onde hoje me encontro. Não esteja a minha memória a trair-me e talvez estivesse eu neste mesmo sítio enquanto o fazia. Perco-me. Distraio-me. E desvio-me do assunto.

Há alguns meses atrás, sentei-me para escrever. Por entre as linhas, memórias e divagações, retomei um exercício já diversas vezes praticado desde que me recordo de escrever: fiz uma lista. Não uma lista de compras, ou de tarefas. Mas sim uma lista de sonhos, de objectivos e de desejos. Omiti apenas aqueles cuja clareza é tão transparente para mim como para qualquer pessoa cujo caminho se tenha cruzado com o meu. Omiti aqueles cujo controlo não me pertence. Concentrei-me naqueles que não dependem de mais nada que não de mim próprio, e da minha força de vontade.

Alguns são projectos a longo prazo que ainda não iniciei por falta de tempo ou de oportunidade, outros são actividades mais simples que, embora as circunstâncias do dia-a-dia por vezes mas roubem, têm permanecido constantes desde que essa lista ganhou forma. Encontro-me ainda longe de a completar. Ainda mais se contar com os desejos que guardo apenas para mim. Contudo, como em qualquer aventura, o que importa é partir. O primeiro passo. A vontade que ganha força para te mover.

Olho hoje para a minha lista e orgulho-me daquilo que já concretizei. Anseio pelos passos que ainda tenho por percorrer. E sonho com o futuro que estes me irão reservar.

Sugiro que façam o mesmo. Parem de me ler durante um ou dois minutos. Talvez mais se acharem necessário. Eu espero. Afinal, não vou a lado nenhum. Levantem-se das vossas cadeiras, camas, ou sofás. Procurem por um papel ou uma caneta. Se tiverem um caderno à mão, melhor. Um bloco também serve, embora nem todos o possam ver como o ideal. Afinal, não se sentiriam apertados se toda a vossa existência se resumisse a um pequeno bloco?

Nada de telemóveis, smartphones, computadores ou tablets. Esta tarefa exige um papel e uma caneta, mesmo que mais tarde optem por a digitalizar ou até mesmo por a transcrever. Voltem a sentar-se. Abram a janela, ou apenas as persianas, como anda o tempo, nunca se sabe o que nos reservam os ares do exterior.

Olhem para o vosso papel e escrevam. Façam a vossa lista. Escrevam uma carta para vós próprios, ou para alguém que desejam que a leia. Falem dos vossos sonhos, dos vossos desejos, dos vossos projectos. Escrevam sobre o emprego que gostariam de ter, o país que querem visitar, a língua que querem aprender, o instrumento que querem saber tocar, aquele objecto que querem muito comprar, o curso que ambicionam tirar. Os sentimentos que desejam partilhar. A vida que sonham ter.

Escrevam-na e guardem-na convosco. Hajam, mexam-se, façam algo pelos vossos sonhos. Cresçam. Realizem-se. Um passo de cada vez. Do mais simples e imediato, ao mais complexo e demorado. Pé ante pé. Até ao vosso destino.

Partam nesta aventura e, seja qual for o resultado, sorriam, pois pelo menos o fizeram. Tentaram. Falharam. Conseguiram. Por momentos foram felizes. Por momentos nada mais importou.

E isso, esses sonhos, são algo pelo qual vale a pena lutar.

Thursday, October 23, 2014

Os Meus Favoritos

Imagem DR
Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração.
Carlos Ruiz Zafón

O mais desatento utilizador das redes sociais já deve ter tropeçado em uma das últimas tendências, cuja popularidade já assumiu um lugar de destaque na nossa timeline. Estou a falar dos desafios, das listas, e dos pedidos de jantares que ficam sempre por oferecer.

Estas listas não são, em si, novidade. Já mesmo na distante “pré-história” em que nos limitávamos a comunicar por e-mail, e eventualmente em alguma chatroom guardada por Vladimirs com pouco sentido de humor, estas listas circulavam em cadeia. Algumas em forma de questionário que, além dos livros, álbuns, e filmes preferidos, nos pediam para listar aspectos da nossa personalidade e história pessoal, outras de forma mais aberta em salas de conversação públicas.

Tal como hoje, este era um bom método para “quebrar o gelo”. A descoberta de alguma característica ou interesse comum, servia como o pretexto ideal para iniciar uma conversa, fomentar uma amizade, ou até mesmo para alimentar as probabilidades desta partir para algo mais.

E, mesmo que isso não acontecesse, esta partilha de informação permitia também que diversos livros, filmes e bandas passassem de desconhecidas, a objectos de culto, ou de adoração popular.

Uma das minhas memórias mais antigas de resposta a um desses questionários, levou-me à descoberta do filme Donnie Darko. Isto apenas porque a pessoa tinha deixado na última questão uma simples referência que, não fosse a minha curiosidade, de outra forma podia passar por despercebida. A pessoa em questão oferecia um jantar a quem fosse capaz de perceber o significado por trás da palavra “Cellar door” (“porta da cave” em Inglês).

O jantar em si não me oferecia qualquer espécie de motivação, contudo, o facto de não conhecer aquela referência atormentou-me. Uma breve pesquisa levou-me até ao filme. Relembro que isto foi já há dez anos, e na altura não só a velocidade da internet era bem mais lenta, como os motores de busca não eram tão eficientes como o são hoje. Mesmo assim, foi com pouca dificuldade que descobri a origem daquele pedido.

Não tardei em ver o filme. Embora esteja longe de alguma vez figurar na minha lista de top dez, ou vinte, acabou por ser uma agradável surpresa que nunca teria descoberto, não fosse por influência deste questionário, e da própria pessoa que o respondeu.

Salvo um caso ou outro, não tenho prestado muita atenção às listas que os meus contactos têm partilhado ao longo das últimas semanas. Em alguns casos por não me rever em nada daquilo que eles listam, em outros pelas óbvias opções que já esperava que fossem partilhadas. Contudo, confesso que alguns álbuns e livros que despertaram o meu interesse, já se encontram em lista de espera para serem ouvidos, lidos, ou ambos, quem sabe.

Por falta de sorte, até ao momento apenas me desafiaram para fazer uma lista dos meus dez álbuns preferidos, e para publicar uma foto da minha infância. Embora o nível de dificuldade seja idêntico em qualquer lista que me peçam para fazer, pessoalmente, gostava de ser desafiado para listar os meus dez livros preferidos. Tal como aconteceu com os álbuns, suspeito que teria que inevitavelmente recorrer às Menções Honrosas para não deixar nenhum livro importante de lado.

É difícil listar aquilo que mais gostamos. Muito mais ainda é hierarquizá-lo. Se com a música por vezes o problema prende-se entre a força que uma faixa isolada tem para nos mover, quando as restantes não o conseguem, e a generalidade da qualidade de uma obra completa, com os livros a questão é ainda mais complexa.

É possível comparar o One Day do David Nicholls, com o A Gaia Ciência de Nietzsche? O Código Da Vinci, com o The Stand? Ou o Caim com o Livro do Desassossego? Os critérios são, por não o poderem ser de outra forma, arbitrários, pessoais e únicos a cada um. Ao momento que os leu, aos sentimentos que o livro lhe transmitiu, às pessoas que o aconselharam, ao tempo que fazia no dia que o comprou. Enfim, mil e um factores, mil e uma opiniões.

Ao partilhar a nossa lista não nos estamos a livrar de um jantar que não queríamos oferecer. Estamos sim a expor as nossas experiências, as nossas histórias, os nossos gostos. Apresentamos parte de nós ao universo da nossa timeline. Fazemo-lo sem consciência, na esperança da sua aceitação, ou com vontade de descobrir alguém com quem partilhamos tanto em comum.

Como todas as modas, esta cedo não tardará em desaparecer. Aproveitem-na para partilharem conhecimento. Para descobrirem novas artes. E para conhecerem melhor quem todos os dias vos acompanha por entre os zeros e uns desta virtualidade em rede.

Thursday, October 16, 2014

Estrelinhas de Fátima

Estrelinhas de Fátima, Foto: Adriano Cerqueira
Algumas viagens valem, não pelo destino, mas sim por aquilo que nos espera quando lá chegamos. São os pequenos pormenores que nos movem. Que aceleram aquele primeiro passo. Que nos fazem saltar da cama, ansiosos pelo dia que temos pela frente. Uma viagem é uma companhia, um caminho, um desvio, um obstáculo, um mapa, um destino, um pormenor. Uma Estrelinha de Fátima.

Este é o primeiro Outono em nove anos cuja chegada não é sinónimo de uma nova temporada de How I Met Your Mother. Os fãs da série que, como eu, ainda estão a remoer o inesperado final que este Março nos ofereceu, recordam-se das longas viagens ininterruptas de Ted e Marshall até Chicago, com o único objectivo de comerem uma Pizza do Gazolla’s.

Uma Pizza não muito diferente de uma outra qualquer, que, no momento a seguir à provarem, fá-los questionar se aquela longa viagem teria valido a pena. Contudo, eles continuam a lá regressar, ano após ano, pelo mesmo motivo. Não o fazem pela Pizza, mas sim pela viagem, pelos momentos que partilham, pelas memórias que cimentam a sua amizade, e pelas inevitáveis peripécias que acabam por colorir o seu percurso.

Todos temos a nossa Pizza do Gazolla’s. Seja ela a melhor francesinha, o Hambúrguer gigante, aquele restaurante Mexicano, ou aquele bolo de chocolate que não mais conseguiste replicar. Para mim, são as Estrelinhas de Fátima da pastelaria Milano. Esta está longe de ser a primeira vez que escrevo sobre elas. Talvez o faça pelas memórias de infância que as acompanham, pelas histórias que trazem envoltas em cada pedaço deste pequeno doce de ovos com amêndoa e açúcar, ou pelo inigualável sabor que lhes é tão característico.

O misticismo em volta desta quase desconhecida iguaria é reforçado, em parte, pela sua raridade. Especialidade única desta pequena pastelaria, são elas também espécies ameaçadas, cuja subsistência irá depender da longevidade deste estabelecimento, da qualidade da sua confecção e da receita, aí guardada em segredo.

Desde pequeno que Fátima é sinónimo de Estrelinhas. Bom, Estrelinhas e Pegadas de Dinossauro, mas isso é outra história. Todos os anos ansiava pela habitual viagem até ao Santuário com o único propósito de as provar. A longa e cansativa viagem, e o tédio inconsequente do dia era compensado por os pequenos momentos de prazer que este pequeno pormenor me proporcionava.

Trazia sempre algumas para casa, mas dada a natureza deste doce, o melhor é mesmo comer na hora. Esta semana tive a sorte de me oferecerem algumas. Há já alguns anos que lá não regresso, e nas poucas vezes que o fiz, nem sempre encontrei a pastelaria aberta, ou então perdi-me à sua procura.

Começo a perceber que as Estrelinhas de Fátima têm uma vontade própria e que nem sempre se deixam revelar. Nem sempre uma viagem tem o sucesso de nos levar até ao destino que tanto desejávamos, mas, por vezes, esse resultado é aquele que mais precisávamos naquele momento.

Vejo quase como uma missão a necessidade de as divulgar. De tornar este desconhecido deleite popular entre aqueles que apreciam a boa gastronomia portuguesa. Contudo, temo também pela banalização de algo que me é tão próximo, e tão valioso. Pois, pudesse eu comer uma Estrelinha todos os dias e talvez a ignorasse, como faço com os Pastéis de Nata, e vulgares croissants.

A viagem, a raridade, o misticismo, o sabor, as memórias, a sua História. São estas coisas que fazem as Estrelinhas de Fátima únicas. São estes pormenores que fazem delas especiais. É tudo isto que me faz escrever sobre elas. É tudo isto que faz com que elas valham a pena.

Se passarem por Fátima, seja em peregrinação, ou apenas de passagem, dêem um salto até à Pastelaria Milano. Provem. Saboreiem. Julguem-nas de vossa justiça, e sigam o vosso caminho. Seja ele qual for, até às vossas Estrelinhas particulares. Já as minhas, encontram-se aí. Apenas aí.

Tuesday, October 14, 2014

Mais Uma Vez, Anathema

Anathema, Hard Club (Porto); Foto: Adriano Cerqueira
In a lifetime there's a moment to awaken to the sound of your heartbeat unbroken. 

The Lost Song (Part 2), Anathema

Hoje compreendo porque precisava de lá estar. De os rever. De os ouvir. Ao longo dos últimos anos os Anathema têm sido a minha constante. A cada dois anos eles visitam o Porto, e eu estou lá, nas primeiras filas, a sonhar.

Desta vez fiquei à frente, junto às grades, quase que lhes podia tocar. Eram enormes. Gigantes. Eu era apenas um rapaz com uma t-shirt do Unknown Pleasures, já sem voz ao fim das primeiras músicas. Que saltou mais que em qualquer sessão de Insanity.

Danny Cavanagh
But we laughed, and we cried. And we fought, and we tried. And we failed. But I loved you.
Anathema, Anathema

Mais uma vez, Anathema. Há alguns meses que não os ouvia. Não como antes. Desliguei-me. Rara era a música que não me contaminava com um profundo sentimento de desolação. Nada neles tinha mudado, mas sim em mim. As músicas eram as mesmas, a melodia, o ritmo, os acordes, as letras. Mas eu não as ouvia, não da mesma forma.

Há um ano ansiava por um concerto. Uma necessidade tão forte, como a primeira lufada de ar após um longo mergulho. A promessa de um novo álbum adivinhava um regresso à Invicta, confirmação que não tardou a ser anunciada. 11 de Outubro. Ainda a meses de distância, desmarquei a minha agenda para essa data. Fiz planos. Imaginei o concerto ideal. Sonhei com uma história que não cheguei a escrever.

Mas a abrupta travagem da realidade despertou-me. Ignorei o novo álbum durante semanas e, quando finalmente o ouvi, distraí-me, incapaz de perceber, de sentir, de me deixar envolver em qualquer uma das músicas. Percebi as letras que pensava ouvir, e não aquelas que cantavam. Atirei-o para um virtual esquecimento e desliguei-me.

Por meses, desliguei-me. A data permanecia marcada mas distante. Intocável. Inexistente. Era Outubro. Acordei. Não queria ir. Não fazia sentido ir. Nem o próprio Luís que desde 2008 sempre me acompanhou neste concerto, tinha vontade para ir. Contudo, havia uma voz que me movia. Uma voz que dizia que eu precisava de estar naquela sala. As semanas passam como dias. Deixas algo para amanhã, o tempo passa, os anos também, e esse algo fica por se concretizar.

Vincent Cavanagh
And you're free now and I will remain still dreaming. Alive and aware of the love that I once believed in.
The Lost Song (Part 2), Anathema

Não podia deixar que isso voltasse a acontecer. Cheguei ao Hard Club e uma longa fila aguardava. Teria chegado tarde demais? Faltavam ainda alguns minutos para as nove da noite. Seria possível que já não houvesse bilhetes?

A longa fila era composta na sua maioria por adolescentes, sem qualquer semelhança com os fãs de Anathema a quem já me tinha habituado. Fui para o fim da fila e perguntei a um rapaz se esta era a fila para a bilheteira, o seu não deixou-me algo confuso. Nos últimos dois anos mudaram o local da bilheteira para uma pequena montra na sala dois do Hard Club. Tapada pela longa fila de adolescentes era fácil passar despercebida. Além do concerto, reservado para a sala um, estava também marcado um encontro de Youtubers, que explicava a presença daquela multidão invulgar. Comprei o meu bilhete e dirigi-me para a sala do concerto.

Antes de entrar dei uma olhadela pela habitual tenda de merchandise. Vendiam alguns álbuns autografados. O Distant Satellites já tinha esgotado, e a ideia de comprar o CD já autografado retirava a magia de conseguir os autógrafos por mim e de conhecer a banda pessoalmente.

Quando entrei na sala os Mother’s Cake já se preparavam para actuar. A banda de abertura tinha uma energia positiva e interagia bem com o público. As vocals deixavam algo a desejar, mas mostravam ter algum talento. Isso e o cabelo do baterista, a lembrar o Sr. Coisa da Família Addams, deram para uma primeira hora agradável em antecipação do prato principal.

Esmiuçava por entre a multidão à procura de alguém conhecido. Na viagem de comboio para lá encontrei uma amiga do secundário emigrada no Luxemburgo que, embora já os tivesse visto lá há duas semanas, quis rever os Anathema, agora com um público mais animado. Apesar da sua companhia, não era raro encontrar alguém conhecido por entre a multidão, por vezes, até mesmo pessoas que desconhecia serem fãs da banda. Contudo, confesso que não era por esses inesperados conhecidos que os meus olhos procuravam.

Fomos para a frente, junto à grade. A meros centímetros do palco. Sentia-me capaz de o tocar. Foi breve a espera. Quando eles entraram, um a um em palco, foi como se tivesse enfim despertado de um sono profundo que há muito se alongava. Vivi cada música como se fosse a primeira vez que a ouvia.

Lee Douglas
I feel you outside at the edge of my life. I see you walk by at the edge of my sight. I had to let you go to the setting Sun. I had to let you go and find a way back home.

Untouchable (Part 2), Anathema

Deixei-me encantar pelas duas primeiras partes de The Lost Song. Seguidas pela Untouchable, numa dança perfeita entre duas almas que se completavam. Apaixonei-me pela Anathema, a faixa homónima da própria banda. E finalmente descobri, pela boca do próprio Vincent, como é pronunciada esta palavra.

O público pedia por músicas antigas. O homem que se encontrava ao meu lado com o filho, desejava por um concerto de seis horas. A este pedido o Danny engasgou-se na sua cerveja e apontou para o Vincent dizendo, “You know he’d have to sing that shit?”. “Maybe next time we’ll just give you some drugs and play a regular concert and you’ll think it was six hours long.”

A interacção com o público foi constante e energética. Como uma reunião entre velhos amigos que mesmo após dois anos de ausência, continuam a tratar-se como se ainda ontem se tivessem encontrado.

Após o inevitável encore, chegaram algumas das velhas músicas que os fãs há muito desejavam. A Natural Disaster encantou-me como sempre, mas mesmo uma música ouvida incontáveis vezes pode surpreender-nos. A Lee. Sempre a Lee. A forma como prolongou o final da Natural Disaster ainda hoje me dá arrepios. Fiquei colado à sua voz até ao fim. Queria fotografar, guardar o momento de alguma forma, mas fazê-lo apenas iria impedir-me de viver intensamente cada segundo de algo tão raro, e tão belo.

A Fragile Dreams. Acordei como uma incomum vontade de a ouvir. Quando a começaram a tocar, cada fibra do meu corpo ganhou uma nova energia. Senti-me tão vivo. Envolto por um profundo sentimento de felicidade, e uma renovada confiança na minha relação com os Anathema.

Quando terminaram, era hora da habitual troca de memorabilia. A Lee tentou lançar uma das set lists para o público mas falhou. O Jamie dobrou-a num avião e atirou-a na minha direcção, apanhei-a e fui envolto por mãos desejosas, mas incapazes de a agarrar. Cá fora encontrei o baterista, Daniel Cardoso, cumprimentei-o por mais um grande concerto e pedi-lhe que me assinasse a set list.

Anathema
And one day you'll feel me. A whisper upon the breeze. And I'll watch you stand there unafraid. And I'll speak to you silently, and know that you'll hear me. The feeling is more than I've ever known.
The Lost Song (Part 2), Anathema

Antes de correr para apanhar o comboio ainda estive alguns momentos à conversa com o Vicent. Fiquei preso às suas palavras enquanto ele descrevia o processo criativo do grupo. Como cada um pode trabalhar numa música em separado e sair algo diferente, e como a banda, embora não se esqueça dos primeiros álbuns, tem evoluído para um caminho que os agrada ainda mais.

Por fim, conheci a Lee, tirei duas fotos com ela e trocámos uma breve impressão sobre a qualidade da Super Bock que ela trazia. Na viagem de regresso a minha face foi sequestrada por um sorriso de orelha a orelha. Já não me recordo da última vez que fui tão feliz.

Passaram-se horas até me aperceber que não tocaram a One Last Goodbye. Não foi necessário. Esta set list era perfeita no seu conjunto, na forma como cada faixa se completava. Não senti a sua falta, nem a de outra música qualquer.

Fiz as pazes com uma banda da qual nunca me distanciei. A cada concerto que vou sinto o quanto eles evoluíram, e como eu evoluo com eles.

Mais uma vez, Anathema. Sempre Anathema.

Wednesday, September 24, 2014

A Bicicleta Cinzenta

Foto DR
Ainda sinto nas minhas costas o calor daquela tarde de Julho. Era 2005 e estava ansioso para estrear a minha nova bicicleta. Saí de casa pouco depois das duas da tarde. Partia em direcção à Torreira com pouca, para não dizer nenhuma, noção da distância que me separava do meu destino. Lancei-me à estrada com alguma água, mas sem protecção do Sol, e com uma roupa inadequada para este trajecto.

Comprei a minha bicicleta numa superfície comercial que entretanto fechou e voltou a abrir. Na altura, em vez de uma livraria, o espaço era ocupado por uma loja de electrodomésticos. Tinha um pequeno orçamento e estava disposto a poupar o máximo possível. Tinha apenas duas opções, uma bicicleta de montanha básica, cinzenta, e outra em tons de vermelho com suspensões nas rodas da frente e ligeiramente mais cara. Nenhuma das duas era adequada para andar na estrada, mas estava longe de poder investir numa que o fosse.

Acabei por escolher a cinzenta, e usei o dinheiro que me restou para comprar um DVD, uma edição especial de um dos meus filmes preferidos. Aguardei alguns dias antes de fazer a sua viagem inaugural. Podia ter escolhido um trajecto mais simples, e mais curto, mas não o fiz. Podia ter ido à praia, ou apenas passeado pelo centro. Não. Escolhi fazer um percurso de vinte quilómetros, sem qualquer preparação, e durante as horas de pior calor. Era, claramente, um adolescente imprudente.

Até à rotunda que ligava à estrada da Ria, o meu percurso apresentou-se banal e sem qualquer incidente. Ou não o tivesse já feito incontáveis vezes ao longo da minha vida. Mas os cerca de cinco quilómetros que separam aquela rotunda da minha casa, em nada faziam adivinhar o que viria a seguir. Três quartos de um caminho ainda por percorrer, repletos de longas rectas infinitas, com pouca ou nenhuma sombra onde me abrigar, acolhidas por um calor infernal, apenas apaziguado pela ligeira brisa que atravessava as calmas águas da Ria.

A cada pedal que dava, parecia estar mais longe do meu destino. O cansaço não tardou a tomar conta de mim. Foram incontáveis as paragens que fiz, ora para beber água, ora para me abrigar do Sol e do calor que queimava as minhas costas. Lembro-me das dores. Lembro-me do meu respirar ofegante, lembro-me da motivação que me fez continuar até à Torreira, apenas para voltar e repetir de novo, todo o mesmo caminho.

Foi um erro que não voltei a cometer. E uma bicicleta que durante muito tempo permaneceu parada. Nos tempos que se seguiram apenas a usava para me levar até ao liceu, ou para dar alguns passeios, acompanhado por um novo velho CD que ansiava por ouvir. Da garagem, passou para os arrumos abertos do quintal. Durante mais um Inverno húmido e rigoroso, nada a protegeu das intempéries, além do pequeno telhado que a cobria. Reencontrei-a no Verão de 2007, enferrujada e com um pedal que cedo não tardou em se partir. Nada fiz para me livrar da ferrugem, mas troquei a corrente, arranjei o pedal e enchi os pneus.

Nesse, e nos Verões que se seguiram, comecei a viajar de bicicleta com alguns amigos. Saímos cedo de casa, enquanto ainda não estava um calor impeditivo. Escolhíamos um destino e íamos até lá. Fosse pelos lamaçais da Marinha, pelas subidas e matas de São João, ou pela Ria, na mesma estrada onde em 2005 me aventurei. Uma tradição que permaneceu intacta até 2010. Até à nossa última longa viagem entre Ovar e São Jacinto.

Não foi o calor, nem as suas queimaduras. Não foi o pedal partido do Luís, nem a ferida na perna do Paulo depois de eu ter chocado com ele. Não foi o cansaço, nem aquela terrível subida do Calvário que, no regresso, parecia mais alta que a Serra da Estrela. Nem tão pouco foi a falta de vontade, ou de tempo. Simplesmente deixou de acontecer.

Não mais voltei a pegar na minha bicicleta. Com os pneus furados, uma nova camada de ferrugem, e a impossibilidade de trocar de mudanças, ela é hoje nada mais que uma velha recordação, ainda guardada à espera de um local onde possa descansar eternamente.

Há quatro anos que sonho em comprar uma nova. Estando mesmo disposto a investir mais um pouco, para ter uma bicicleta adequada ao uso que lhe quero dar. Contudo, ainda não aconteceu, nem tão pouco o farei durante este Verão. Uma velha tradição que, para já, continua o seu interregno, com data ainda por definir.

Hoje, mais do que nunca, quero muito andar na minha bicicleta.

Thursday, September 18, 2014

Dig Deeper, Dois Meses de Insanidade

Insanity Workout, Imagem DR
Digno de admiração é aquele que tendo tropeçado ao dar o primeiro passo, levanta-se e segue em frente.
Carlos Fox

Duas semanas. Faltam apenas duas semanas para terminar um programa de sessenta dias. Um programa que me puxou até aos limites da resistência, e da aptidão física. Um programa que me fez mergulhar nas minhas reservas de energia, levá-las até ao vermelho, e continuar em esforço até aos alongamentos finais e ao tão esperado cool down. Faltam apenas duas semanas mas apenas penso no que irei fazer a seguir.

Insanity. O nome é adequado. Mesmo para alguém que já seja viciado em exercício, experimentar, ou apenas ver os primeiros vídeos a frio, faz-nos encher a cabeça com palavras como “impossível”, “exagerado” e “esgotante”. E foi precisamente isso que pensei na primeira vez que fiz o fit test. Tinha programado começar no dia 20 de Maio. Contudo, algumas complicações a nível pessoal e uma pesada onda de desmotivação, levaram-me a adiar por mais algumas semanas. No dia 9 de Julho disse para mim próprio que já estava farto de desculpas e decidi começar.

O Insanity é um programa de exercício com a duração de sessenta dias e que pode ser feito em casa. É apenas necessário um tapete, uma televisão ou um computador, água, e muita força de vontade. Os criadores do programa recomendam o uso de um monitor cardíaco para catalogar o vosso progresso. Eu optei por não usar um, pois na altura que comecei não tinha a confiança necessária para acreditar que seria capaz de o levar até ao fim, e decidi por não fazer esse investimento. Hoje, arrependo-me desta opção, pois além da minha percepção subjectiva, e das claras melhorias no meu corpo, não sou capaz de afirmar com precisão o quanto melhorei nos últimos dois meses.

Criado por Shaun T, um antigo atleta norte-americano, e uma estrela no mundo do fitness, este programa de sessenta dias baseia-se em exercícios de cardio e de controlo do núcleo abdominal através de um conceito de treino de intervalo máximo (max interval training, no original). Num treino de intensidade normal, os exercícios têm uma evolução constante, começam devagar e vão crescendo até um momento de alta intensidade que é seguido de um movimento de recuperação, e de uma pausa longa. O Insanity não funciona assim. Não existe uma evolução, nem movimentos de recuperação. O ritmo é intenso desde o início e as pausas, que não duram mais que trinta segundos, são abruptas. Os exercícios não abrandam. Apenas param.

Um total de onze vídeos com duração média de quarenta minutos, repartidos ao longo de sessenta dias. Este programa requer bastante dedicação. Uma hora por dia, seis dias por semana, com apenas um dia de descanso. É intenso. É desgastante. Mas depois de ultrapassar a barreira do primeiro mês, dificilmente me imagino a começar ou a terminar o meu dia sem aquela hora de insanidade intensa.

Os resultados são impressionantes. Mesmo após os dias mais difíceis não sinto qualquer dor, e rapidamente recupero a energia necessária para as minhas tarefas do dia-a-dia. Antes de começar a fazer Insanity, vivia uma rotina quase sedentária de casa/trabalho. O meu único exercício eram os quarenta minutos diários a pé que fazia entre casa e o meu local de trabalho. Estava desmotivado e a passar por um momento em que a insegurança e o pessimismo reinavam, e controlavam os meus pensamentos. Comecei também a ganhar peso, e a perder alguma da confiança que normalmente me caracteriza.

Não foi o Insanity o principal motor por trás da minha transformação nas últimas semanas, mas foi uma fonte de motivação constante e uma ajuda imprescindível. Hoje sinto-me bem mais seguro e confiante. Estou a investir em mim e a crescer a cada dia que passa. Tenho mais energia, e as ondas negras do pessimismo estão a ser levadas por uma maré de optimismo, que espero um dia manter como constante.

A importância de dar aquele primeiro passo, um gesto tão simples como levantar-me da cama e pôr um vídeo a dar, é hoje clara, enorme. De uma magnitude cujo epíteto ainda se está por revelar. Nós próprios somos o melhor agente de motivação. O melhor impulsionador. Somos a pessoa que mais confia e que mais acredita em nós. Devemos alimentá-la. E o Insanity é um bom começo.

Não o fiz pelos resultados, mas sim para provar a mim próprio de que sou capaz. Cheguei mesmo a convencer dois amigos a aventurarem-se por este caminho de insanidade, e mais três já mostraram interesse em fazer o mesmo. Um deles vai mesmo terminar nos próximos dias, enquanto eu próprio ainda tenho mais duas semanas pela frente.

Existem inúmeros programas de exercício que podem ser feitos a partir de casa e com resultados comprovados. Insanity, Insanity Asylum, Focus T25, Hip-Hop Abs, Turbo Fire, P90X, para nomear alguns. Uma pesquisa detalhada, e algumas horas perdidas a informarem-se sobre aquele que é mais adequado para as vossas necessidades pode ajudar-vos a dar o salto para uma vida mais saudável e cheia de energia.

Nas palavras de Shaun T, não comprometam a forma, vão ao fundo e puxem com mais força, pois vocês conseguem.