Tuesday, August 16, 2011

Prólogo

Em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga

Uma viagem, como uma boa história, começa com uma simples ideia. A ideia pode surgir de uma conversa, de um cartaz que nos chama a atenção, de um sonho deixado por concretizar, ou de uma simples vontade de quebrar a rotina. Esta não foi diferente.

Tudo começou ainda em finais de 2009, eu, o Luís e o Paulo, tínhamos acabado de ir correr até ao Furadouro. Já antes tínhamos falado de uma viagem pela Europa de carro, sem nunca irmos além do desejo por realizar. Mas algo começou a mudar, a ideia ganhou forma, e essa mera vontade era agora um plano, um projecto prestes a tornar-se realidade.

Após deixarmos o Paulo em casa, seguimos para as nossas, uma viagem rotineira que, não fosse pela imprevisibilidade do trânsito, seríamos capazes de fazer de olhos vendados. Quando já passávamos perto do nosso velho liceu, perguntei ao Luís se a “Eurotrip” – nome com que baptizámos a nossa epopeia pelas estradas da Europa – se iria realizar. Foi com a simplicidade do seu “sim” que, naquele momento, o percurso começou a ser delineado. Apenas faltava partir.

Wednesday, August 03, 2011

Cinco da tarde do dia 1 de Agosto de 2011

Cinco da tarde do dia 1 de Agosto de 2011. São inúmeros os momentos que se perdem no tear do tempo, sem nunca terem uma oportunidade para se destacarem dos demais. Também este corria o risco de ter o mesmo fatídico fim, não fosse ele portador de um enorme simbolismo na memória colectiva de cerca de 56 pessoas.

Desde Setembro de 2010 que todos sabíamos o que esta data representava. O fim de um ciclo para uns, a confirmação do seu adiamento para outros. Na sua definição mais simples era apenas uma hora marcada num calendário burocrático, o prazo limite para a entrega da tese.

Não posso imaginar o sentimento dos restantes quando o ponteiro tocou as cinco, já eu, fiz questão de o dizer a todos que se encontravam à minha volta, deixando-me envolver por um perpétuo sentimento de dever cumprido.

Não deixei a entrega para a última hora, se o tivesse feito talvez o simbolismo desta hora fosse ainda mais forte, contudo, estaria vulnerável à vontade de um Murphy sempre atento às tentações de qualquer procrastinador. Passava pouco das três da tarde do dia 28 de Julho quando entrei na secretaria do mestrado para entregar a versão provisória da dissertação. Aguardei alguns minutos pela confirmação de que todos os documentos se encontravam em ordem e saí da sala com um sorriso nos lábios.

Resta ainda preparar a apresentação para a defesa que terá lugar em Setembro, mas por enquanto está na hora de olhar para todas as promessas que foram feitas ao longo do último ano, todas as actividades postas de lado em detrimento da tese, e fazer todos os possíveis para as realizar.

Ao longo do último ano fui acumulando coisas para fazer depois de terminar o mestrado:

  • Regressar às aulas de Russo;
  • Escrever as Crónicas da Eurotrip;
  • Retomar a história de Sara e Miguel;
  • Inscrever-me num ginásio;
  • Voltar a correr até ao Furadouro;
  • Voltar a passear de bicicleta;
  • Retomar a leitura dos diversos livros que ficaram em lista de espera;
  • Assim como os filmes e séries guardados na gaveta;
  • Criar uma base de dados com os meus livros, álbuns e DVDs;
  • Retomar as emissões do podcast da Rádio da Rádio;
  • Reavivar o projecto Rarely Interesting

Entre outros que não menos importantes são mais fáceis de executar. Dentro de um ano voltarei a olhar para esta lista para confirmar quais dos pontos não passaram de promessas vãs, e actualizar o estado dos restantes. Pelo menos por agora, tempo e liberdade é algo que tenho de sobra.

Cinco da tarde do dia 1 de Agosto de 2011. Uma hora, um momento que finalmente já passou.