Sunday, January 17, 2010

Quatro Anos Sem Sentido

Como uma Fénix que não renasce das cinzas
Azul, cor da água, do céu, do calmo e da esperança. Água de onde a vida se proliferou, vinda do azul celestial depois de uma viagem longa, mais longa que qualquer viagem alguma vez feita. Vida que das chamas se ergueu para nelas voltar como uma Fénix que não renasce das cinzas. Não, não é aí que chegámos, nem iremos chegar. A Pomba Azul, a esperança, o futuro, a paz. Aquela luz que brilha no horizonte, tal como a estrela Polar guiou as velhas Naus dos descobrimentos, como coelhos na toca, nós agora ascendemos a uma nova realidade de um azul vivo e pacífico que nos guia eternamente, até á ultima chama se apagar, e a Fénix voar o seu último voo.
Manifesto Blue Dove

Faz hoje quatro anos desde o último voo de Blue Dove. A revolução dos Coelhos Amarelos, há muito esquecida nos teares do tempo, permanece nas sombras a preparar discretamente o dia que todos nós ansiamos. Mas hoje não é esse dia.

Há precisamente quatro anos dei início a este novo projecto. Um simples blogue com um propósito não muito diferente do velhinho Blue Dove, mas que ao contrário do seu antecessor sobreviveu aos testes do tempo e permaneceu até hoje como a principal montra da minha criatividade, das minhas emoções, e das pequenas coisas que gosto de partilhar com o resto do mundo.

O projecto No Sense of Reason viu nascer mais quatro blogues. De uma simples plataforma onde tudo e mais alguma coisa podia ser divulgada, nasceu um novo universo. Uma pequena blogosfera temática que trouxe alguma ordem, e um novo propósito ao extenuante caos sem sentido, tão característico deste espaço.

Rubricas como Querido Diário transitaram inalteradas desde o blogue anterior, mas outras como No Comment, ou Confessionário, foram criadas para aos poucos ocuparem um vazio criativo que de tempos a tempos afecta qualquer Fénix demasiado conformada com a sua inevitável mortalidade. Algumas tradições como a apologia do esquecido 23 de Dezembro, já são hoje pequenos marcos deste blogue, momentos que ano após ano são ansiosamente aguardados pelos seus poucos seguidores.

Finalmente, sem nunca descurar a ténue relação iconológica entre a mitologia dos New Order e a existência deste blogue, deixo-vos com uma música cujo simples título transmite a mensagem que melhor identifica o universo No Sense: We’re Here to Stay.

Saturday, January 16, 2010

Há 3 Anos Atrás do Volante

Do pequeno Yaris vermelho que me acompanhou ao longo das aulas de condução – e que se manteve fiel à minha causa até ao exame, que há precisamente três anos atrás ditou a minha entrada no mundo da condução – passando pela velha carrinha Ford Escort de 95 – que ao longo de mais de uma década sob a égide do meu pai, levou a minha família de Bragança ao Algarve, de Santiago de Compostela a Sanabria, e que nos acompanhou da Expo 98, ao Euro 2004, sem esquecer eventos como o Super Bock Super Rock de 2005, o Rock in Rio 2004, ou o concerto dos The Doors no Pavilhão Atlântico em 2003 – eventos que embora de menor dimensão ocupam um importante lugar na minha curta lista de dias a recordar – até ao meu actual Toyota Corolla de 94 – que desde o verão de 2007 me acompanha nos pequenos e grandes momentos que marcaram os últimos dois anos e meio – já são mais de dez mil quilómetros de estrada, espalhados entre Aveiro e Porto que, não fosse por um dia tão trivial como este, nunca teriam acontecido.

Chovia durante o exame, durante aquela meia hora que iria ditar a passagem ou não de mais um degrau na longa escada do crescimento. O nervosismo e a ansiedade, eram os sentimentos dominantes dos quatro que naquele dia se tinham deslocado a Aveiro para tentar a sua sorte. Duas já tinham sido reprovadas apenas momentos antes da minha vez. Era o segundo a ser examinado. A minha colega cumprira todas as manobras e merecia os devidos parabéns.

Ela parara o carro próximo do Glicínias. Era a minha vez de tomar o volante. O seu sucesso deu-me alguma confiança mas não a suficiente. Embora tenha por costume acelerar até à quarta, nem que apenas me deixem dez metros livres, naquele momento tal proeza estava longe das minhas capacidades.

Isto não era apenas um exame de condução, era a maneira de provar a mim próprio, e ao Mundo, que era capaz de ter sucesso em algo que não envolvesse exclusivamente o raciocínio lógico.

Tudo corria bem até à entrada na auto-estrada. Por um breve excesso de confiança esqueci-me de dar o pisca. Como já estávamos a voltar para o centro de exames, e como ainda tinha feito apenas uma das três manobras, pensei que já estava reprovado por causa de um acto tão insignificante, que hoje em dia tomo como garantido.

Felizmente, estava errado. Fomos para uma pequena zona industrial que nunca tinha visitado durante as aulas. Cumpri as manobras e regressámos ao centro. Ao estacionar levei um raspanete da examinadora que me avisou para ter mais calma. Por desespero fechei a porta com força e aguardei.

Os minutos passavam, já começara a fazer as contas, ponderando sobre quanto teria que pagar para repetir o exame, quando o meu instrutor, Apresentação Fernando Fernandes, foi chamado para ir buscar os papéis com a licença de carta. Ao contrário do que esperava, ele não trouxe apenas um, mas sim dois. Com grande alegria aceitei o comprovativo de mais uma sólida conquista contra todas as probabilidades. Passei no exame à primeira, e isso, ninguém mo poderá tirar.