Monday, June 30, 2008

O Mito dos Elefantes Brancos

Estádio do Algarve, Foto DR
O Euro 2004 veio, fez-se a festa, os adeptos voltaram para casa, os Portugueses choraram e os Gregos levaram a taça na bagagem de regresso a Atenas. Por cá ficaram os estádios. Dez infra-estruturas desportivas das mais modernas e funcionais que se podem encontrar no mundo do futebol. Ao contrário do que podem estar à espera, não vou falar de elefantes brancos.

A generalidade das pessoas vive sob o pensamento que os estádios do Euro foram um investimento exagerado e que neste momento estão a ser subaproveitados. Só vemos estádios vazios, e o futebol praticado dentro deles é de baixa qualidade.

Quanto à qualidade do futebol tenho que concordar que na maioria dos jogos do nosso campeonato esta é, de facto, de qualidade algo a baixo da média. Contudo, estádios vazios? Todos? Estão a ver os mesmos jogos que eu?

Vamos lá recapitular, para o Euro 2004 foram construídos 10 estádios, 4 remodelados (Estádio Municipal de Coimbra, Estádio Magalhães Pessoa (Leiria), Estádio do Bessa XXI e Estádio D. Afonso Henriques (Guimarães)) e 6 construídos de raiz (Estádio de Alvalade XXI, Estádio da Luz, Estádio do Dragão, Estádio do Algarve (Faro/Loulé), Estádio Municipal de Aveiro e Estádio AXA (Braga)).

Destes dez estádios, sete pertencem a clubes da primeira liga, sendo que todos os sete têm assistências acima dos 10 mil espectadores o que se insere num aproveitamento de cerca de metade da lotação de cada estádio por jogo.

Estes sete estádios pertencem a clubes como o Sporting CP, o SL Benfica, o FC Porto, o Boavista FC, o SC Braga, o Vitória de Guimarães e a Académica. Todos estes clubes têm grandes massas associativas que enchem os seus respectivos estádios. Ok, tanto o Boavista como a Académica não têm conseguido chamar tanta gente para assistir aos seus jogos nas últimas épocas como já conseguiram em outros tempos, muito por causa dos mais recentes resultados desportivos não serem positivos.

Contudo, são estádios rentabilizados com finais de competições (Final do Euro 2006 de sub-21 no Bessa), concertos e provas de atletismo (Coimbra). Já para não dizer que o Estádio do Bessa XXI foi completamente pago pelo Boavista FC, logo não surgiu nenhum encargo extra por parte dos contribuintes.

Como podem ver, 70% do investimento está a ser posto a bom uso. Sim, existem três casos preocupantes: Leiria, Aveiro e Algarve. Vamos então analisar esta minoria negativa que tem servido de exemplo para os velhos do Restelo críticos do Euro 2004.

Estádio Magalhães Pessoa (Leiria): Este é o caso mais gritante. Leiria não vive o futebol, apesar da União local estar na I Liga há vários anos. Os leirienses simplesmente não têm qualquer ligação com o clube. O próprio estádio ainda nem sequer está pronto. Após a remoção da bancada temporária, e da redução da capacidade do estádio de 30 mil para 25 mil lugares, era suposto terminarem a construção do complexo empresarial que encerra o topo do estádio, contudo isso ainda não aconteceu. Sempre que a União lá joga, o estádio encontra-se vazio, com a excepção dos jogos com os três grandes.

É de salientar o empenho do clube em realizar provas de atletismo no estádio, e de nos últimos anos terem conseguido realizar uma Super Taça. É necessário uma maior aposta neste tipo de eventos, e em eventos ligados à cultura como concertos ou exposições. A própria autarquia de Leiria devia procurar motivar os seus habitantes, fazê-los viver a cidade, e convencê-los a apoiar o seu clube. Se tais planos forem postos em prática talvez tenhamos um problema resolvido.

Estádio Municipal de Aveiro: O problema deste estádio é que o Beira-Mar nas últimas épocas andou a saltar da primeira para a segunda liga. Os aveirenses vivem o futebol e gostam do seu clube, mas o preço dos bilhetes e as más prestações da equipa não permitem que vejamos um estádio cheio como em Guimarães, ou em Braga. Contudo, a Câmara de Aveiro tem promovido a utilização do estádio, que possui o seu próprio site, EMA. A queima das fitas de Aveiro é realizada no estádio, para não falar das várias provas de futebol juvenil e de alguns concertos. Se o Beira-Mar regressar de vez à I Liga, teremos mais um problema resolvido.

Estádio do Algarve (Faro/Loulé): Talvez o melhor exemplo de gestão de um imóvel sem dono. Tanto o Farense como o Louletano jogam na II Liga (terceiro campeonato) logo é complicado trazer grandes assistências. Mas este Estádio, muito devido à região em que se encontra tem sido usado nas mais diversas competições. Nomeando algumas, Algarve Cup, Super Taça, Taça da Liga, Prólogo do WRC, etc. Tal como em Aveiro, basta o Algarve colocar um clube na I Liga e o problema das assistências será resolvido, até lá é necessário manter o modelo de gestão.

7 em 10 não é uma má estatística, e os outros 3 ainda vão a tempo de serem rentabilizados. Elefantes Brancos? Apenas em sonhos.

Friday, June 27, 2008

Faça o favor de entrar

Imagem DR
Está o Ministério da Educação a promover o facilitismo na realização dos exames nacionais?

Foi com alguma estranheza que nas últimas semanas segui o habitual drama dos alunos do 12.º ano a queixarem-se das "habituais dificuldades" em fazer o exame nacional de Matemática.

Que há de estranho nisto? Bom, desta vez as queixas incidiram sob a facilidade com que eles conseguiram realizar o exame. Mas isto não é mero paleio de estudantes membros da dita "geração rebelde" cuja única preocupação passa por ser o mais fútil possível. Não. Professores e Matemáticos vieram a público afirmar que o exame era composto por perguntas básicas, prevendo-se uma possível subida considerável das médias desta disciplina, que é muitas vezes considerada como o quebra-cabeças dos Portugueses.

Não tive oportunidade de ver este exame, mas confirmando-se esta situação a única coisa que pergunto à Senhora Ministra, é o porquê de não terem promovido estes facilitismos no ano em que eu fiz este exame, assim como em todos os anos que me precederam.

Mas o que realmente me fez pensar que o Ministério possa estar a tentar facilitar o acesso dos alunos do secundário ao ensino superior, foi o exame nacional de Biologia e Geologia.

Esta tarde, por mera curiosidade, decidi ver o exame de Biologia e Geologia, para ver se ainda me lembrava de alguma coisa. Decidi responder às questões. Fiz o somatório dos meus resultados e consegui a incrível classificação de 12,5 valores.

Quando andava no 11.º ano – isto já há três anos atrás – esse exame ainda não existia, contudo, eu fiz um exame de equivalência à frequência desta disciplina para subir a nota, no qual tirei 19,3. Podem então pensar que piorei bastante, mas vamos lá dar uma olhadela aos factos.

A matéria que saiu naquele exame abordava temas sobre os quais não sou avaliado há três ou quatro anos. Estou neste momento a frequentar um curso da área de Ciências Sociais logo, nos últimos dois anos nem sequer toquei em qualquer tipo de matéria ligada à Biologia ou à Geologia.

Tendo isto em conta, uma pessoa que não estudou, e que nem sequer fala sobre os temas abordados no exame há mais de três anos, conseguiu não só passar nesse mesmo exame, como o fez com alguma margem de conforto. Ainda confesso que nas questões de desenvolvimento atribuí sempre a nota mais baixa, o que talvez não correspondesse à realidade perante o olhar de um examinador.

Das duas uma. Ou eu ainda não perdi o jeito, ou há de facto facilitismos por parte dos responsáveis pela realização deste exame. Para esses senhores deixo-lhes a seguinte questão: Não acham que deviam, pelo menos, dar um pouco mais de luta?