Monday, February 27, 2006

Candle in the wind

Bufo Real, Foto DR
Todos temos os nossos medos. Alguns com fundamento, outros sem nenhum. Mas o que é o Medo? Uma espécie de sentimento que nos torna inseguros e receosos? Talvez.

O Medo irracional deu origem a várias situações incómodas, e por vezes devastadoras. A ave que podem ver na imagem que acompanha este artigo é um Bufo Real, levado quase à extinção na idade Média, por se tratar de uma ave de mau agoiro.

Como é que uma coisinha tão adorável com uns olhos destes pode ser considerada de mau agoiro? Talvez por só sair à noite, e daí a sua actividade ser desconhecida do mais comum dos mortais. Ser uma criatura da noite, já é por si só sinónimo de mistério.

A verdade, é que nós como seres humanos tememos aquilo que desconhecemos. De animais, a pessoas estranhas ou diferentes de nós, da escuridão, ao nosso incerto futuro. O Medo ajuda-nos a mantermo-nos atentos, e a melhorar certos aspectos da nossa vigilância. Não é um sentimento totalmente mau. Mas, como tudo na vida, Medo em excesso pode resultar em problemas físicos e psicológicos muito graves. O mesmo que aconteceria se fossemos completamente desmedidos.

Muitos têm medo de morrer. Alguns, pela forma que esperam não seja dolorosa. Outros, pelo que virá, ou não, a seguir. A verdade, é que a incerteza de questões milenares como estas, pouco ou nada ajuda a superar estes medos.

Saber todas as respostas, por si só, seria aborrecido e arrepiante. Não existe uma verdade absoluta, e não vale a pena procurá-la. Procuramos por religiões, Deuses, ídolos, heróis, mas no fim de contas, nós é que somos a nossa religião, o nosso Deus, o nosso ídolo e o nosso herói. Se não formos capazes de ter confiança em nós próprios, e se não acreditarmos que somos capazes de superar os nossos medos, nem tão pouco de os compreender, estamos condenados a cair num ciclo vicioso, de onde sairemos sempre perdedores. Sempre em busca das respostas nos outros, a questões que só podemos encontrar em nós próprios.

Devemos então continuar a ter Medo, para aprendermos a superá-lo. Devemos compreender e ter cuidado com as consequências que esse Medo pode vir a ter no resto do Mundo. Pois a única forma de se atingir o altruísmo parte por abraçar o egoísmo.

Saturday, February 18, 2006

Aulas e mais aulas, e mais aulas...

Era uma vez, em tempos que já lá vão, D. João II estava sentado na sua corte, à direita de seu pai. Nessa manhã, Jesus tinha-lhe visitado com uma intimidação avisando que o ia processar por violação de direitos de autor.

Tal pouco afectou el-Rei, que até ficou maravilhado com a performance musical, que o Messias lhe presenciou. “Digna de Broadway”, pensou ele. Seja lá o que isso for, quando for inventado, pois ainda não o foi. Mas el-Rei lá sabe que o será.

Jesus não foi a sua única visita. Após o cenário ter sido levantado, Cristóvão Colombo veio pedir-lhe fundos para viajar em busca da Índia e um adiantamento do seu registo de nacionalidade Portuguesa, pois a Selecção tinha um compromisso muito importante com a futura selecção Brasileira, e ele era preciso para os escravizar antes que o Ronaldinho conseguisse chegar à área.

D. João II não gostou da conversa e mandou-o ir dar uma volta ao bilhar grande, seja lá isso o que for. Colombo partiu assim para as docas onde viu Vasco da Gama na conversa com o Infante D. Henrique. Planeavam uma maneira de jogar ao berlinde com cubos de vidro em vez de esferas. Colombo achou a ideia de génio, mas a ideia de ir para a Índia de Nau, ainda lhe agradou mais.

Estando os dados lançados, Vasco da Gama partiu para a Índia e Colombo pediu um táxi para o seguir, pagando 15 euros, seja lá o que isso for, pela boleia das docas até ao mar. Lá construiu uma Nau com os pinheiros do pinhal de Leiria, que estavam, convenientemente, por ali ao acaso. Colombo terminou a construção da Nau e partiu no encalço de Vasco da Gama, que já lhe levava algumas milhas de avanço. Dias foram-se passando, até que num dia de nevoeiro denso, onde anos mais tarde D. Sebastião se irá perder, Colombo optou por virar à direita acabando por atingir uma terra desconhecida, chamada Brasil, que este pensou ser a Índia. Mal chegou, entrou em contacto com os locais.

“Então isto é que é a Índia?”

“Não cara! Isto é o Brasil, a Índia fica pra aquele lado.”

“Hmm... Quem sois vós?”

“Eu sou o Sexta-Feira, não sei o que faço aqui. Este cara aqui é o Mindão, foi ele que subjectivamente me ensinou a falar assim, sabe...”

Deparado com uma figura que não se parecia com nada, Colombo assustou-se e voltou para Portugal, entrando no Estádio da Luz para pedir ao Luís Filipe Vieira que abanasse as orelhas e que pedisse ao Bin Laden para lhe emprestar antraz para ele poder conquistar a terra desconhecida chamada Brasil. Mas, pobre coitado, Colombo teve que se contentar com umas gripes e uns sarampos.

Do outro lado do mundo, Vasco da Gama já tinha chegado a Moçambique, onde contratou o Eusébio para o Sporting, e teve uma longa conversa com Sexta-Feira (que tinha apanhado um voo da TAP no dia anterior) sobre o seu novo jogo de berlindes. Sexta-Feira achou a ideia interessante, e até lhe indicou o resto do caminho que Vasco da Gama ainda tinha que fazer para chegar à Índia.

Despedindo-se de Sexta-Feira, e com o Eusébio a bordo, Vasco da Gama partiu em busca da Índia, passando o caminho todo a falar do encontro com o Mostrengo, e da maneira com que ele conseguiu convencer o mesmo a baixar as suas expectativas. Aproveitando um momento de maior emoção para lhe espetar com a pontinha da Nau no olho, fazendo-o contorcer em dor, enquanto Vasco, Jesus, os sete anões, Camões, e a miúda do gás, fugiam para a segurança do mar aberto.

Passaram-se meses e até mesmo dias. Quando Vasco da Gama finalmente encontrou a Índia, lá estava o Sexta-Feira à beira de uma placa que dizia Bem-Vindo em 7 línguas diferentes. Vasco da Gama cumprimentou o amigo e foi ao Modelo mais próximo comprar especiarias e umas pilhas AAA para o comando da televisão de el-Rei.

Apesar da oferta de Sexta-Feira lhes dar boleia no seu tapete mágico, Vasco e os 12 magníficos seguiram viagem de regresso a Portugal, onde, à chegada, lembraram-se que se tinham esquecido do passe internacional do Eusébio, obrigando este a ficar 462 anos à espera na alfândega. Tragédia que acabou com ele a tornar-se no novo reforço do Benfica.

E foi assim que naquele dia Sexta-Feira inventou o jogo do berlinde, aparando os cubos e transformando-os em esferas.

Fim.

Tuesday, February 14, 2006

Tuesday, February 07, 2006

Sad Lullabyes

Imagem DR
Believe in me, and I'll believe in you!

Hoje pediram-me para definir o Amor. Não respondi pois não tinham a câmara para filmar. Vou deixar este pormenor de fora, já que a sua relevância é mesmo muito pequena. A verdade é que estava com vontade de escrever um artigo sobre fosse o que fosse, mas o tema falhava-me. Sim, neste meu enorme Universo, “fosse o que fosse” não é um tema.

Por momentos, pensei abordar o tema dos Cartoons do Maomé, mas este tipo de “fosse que foram” vou deixar para aqueles que julgam ter consciência política, ou que não se importam de receber críticas, sejam elas negativas ou positivas. Não é que eu me importe, mas simplesmente não tenho vontade, nem estou num momento de clareza mental propício para me colocar em ambos os lados da questão, e discernir uma opinião plausível e pessoal. Logo, optei por falar de outra coisa. Eu sei que não estou a falar, mas sim a escrever. Mas quem sou eu para contrariar tamanhas tradições milenares?
 
Retomando o assunto com que tentei iniciar este artigo, – sim, já vos vejo a festejar nas vossas cadeiras, "Ele vai finalmente acabar um tema que iniciou, e talvez explicá-lo. Quem sabe, este artigo pode mesmo vir a fazer sentido..." – muitas foram as vezes em que ambicionei escrever um artigo sobre o Amor, mas achei-o sempre muito longo e exigente. Algo que requeresse longas horas de escrita, acabando enfim por ver algo que, de inicio, apenas tinha a finalidade de ser um artigo, transformar-se num livro filosófico e complexo que, no fim, não faria sentido nenhum.

A minha primeira resposta à questão foi que o Amor é algo inexplicável. Por essas, e por outras, não o vou explicar mas vou tentar dar a minha opinião, baseada em algumas músicas e poemas que tenho lido, e ouvido.

O Amor é um jogo que estamos constantemente a perder, mas que em seu nome insistimos jogar, sem nunca desistir – talvez devesse ter escrito isto entre aspas, já que é uma espécie de citação. Nele, procuramos pela felicidade, que muitas vezes temos medo de abraçar, acabando por a perder. É como o póquer, às vezes perdemos, e raramente ganhamos. Mas quando ganhamos...

Não que seja possível ganhar ao Amor. Acho que o objectivo é sentirmo-nos perdidos um no outro, mas também no Mundo. Muitas variáveis entram em jogo, e é isso que o torna complicado.

Tretas, tudo tretas. Posso dizer o quer que seja. Nada fará sentido. A verdade é que ninguém é realmente capaz de definir o Amor, e poucos são aqueles que realmente alguma vez o sentiram.

Talvez não seja a pessoa certa para o definir. Em retrospectiva, nunca o senti, e se não o senti, não o sentiram por mim. Logo, o Amor é algo que nunca vi, é algo que não sei o que é. É aquele misterioso nada ao qual temos que dar uma definição, pois ninguém sabe a sua verdadeira razão. Talvez por influência do nosso constante medo do desconhecido. Talvez pela nossa ambição de decifrar o indecifrável.

Não vale a pena definir o Amor. Ele é o que é, ou melhor, é o que nós fazemos dele. Cada um tem a sua percepção, cada um tem a sua maneira de o sentir. Bem sei que a grande maioria tem uma noção gravemente deturpada dele. Mas aqueles que não a têm, e aqueles que o chegaram a sentir, sabem que não é necessária uma definição. As coisas são como são, e faz-nos sentir bem que assim o sejam. Para quê complicar algo que é simples?

Este artigo nada tem a dizer, sem ser aquilo que foi dito. Não sou professor de Moral, e não quero falar de religião. Vou ficar por aqui. Talvez um dia explique o porquê dos títulos não terem nada a ver com os artigos. Ou o motivo que me leva a começar com uma frase, ou expressão, que nada têm a ver com o tema. Talvez um dia decifre o porquê da existência destas imagens. Pois, talvez.

Friday, February 03, 2006

Baby, can you dig your man?

Foto DR
E desta forma o mundo acabou.

Por vezes gostava de me sentir como o Larry Underwood, a caminhar num mundo destroçado, coberto por desertos e mortos. Acompanhado apenas por um pontual oásis de vida humana, avistado de quando em vez.

A verdade é que não saberia como sobreviver. Neste mundo, não foram poucas as vezes que me senti desta forma, mas, pelo menos, sempre tinha comida fresca na mesa. Um carro atestado e com a revisão em dia. E pouca, ou nenhuma, necessidade de temer os estranhos que passavam pela rua. Apenas em tempos de escassez podemos ver o quanto especiais verdadeiramente somos.

De qualquer das maneiras, à mínima ferida mais grave, ver-me-ia condenado. Será que valeria a pena ser um dos poucos sobreviventes do apocalipse? Talvez finalmente encontrasse assim alguma paz. Talvez a morte não seja assim tão má. Não sei. Também não sei se faria como os outros, e iria em busca de vida humana. Já hoje pouco a procuro, embora, por vezes, deseje alguma da sua diversidade.

A verdade é que nestas coisas não existe verdade. São meras hipóteses que, pouco provavelmente, algum dia virão a ter uma oportunidade de serem provadas, ou contra-argumentadas.

Estar só no meio de uma multidão pode ser dos mais antigos clichés que nos vemos obrigados a ouvir, mas, contudo, não deixa de continuar a acontecer.

Estarei realmente só? Não, mas gosto de pensar que sim. Estranho sentimento de self-pity que provavelmente nunca irei compreender.

A verdade é que não existe nenhuma verdade, nem tão pouco uma mentira. As coisas são como são. Eu sou como sou. Não estou só, mas anseio por me sentir assim. Só quero aquilo que não posso ter, e só preciso daquilo que não quero. Um paradoxo ambulante. O meu dogma. A minha cruz. Estas palavras já não fazem sentido, nem tão pouco era essa a minha intenção.

Acredito que seria um sobrevivente. Não me imagino morto, logo serei imortal. Tal pensamento egocêntrico talvez nunca venha a ser provado. Mas irei comprovar algo, alguma vez? Vou continuar a celebrar aquilo que nunca irei ter?

Perguntas lançadas no ar, que sem resposta vão permanecer. Isto de ser eu não tem muita piada, ou talvez as coisas não sejam assim. A verdade é que nem sei o que estou a escrever, nem o porquê de o estar a fazer.

Escrever sem sentido faz-te dizer coisas que podem ficar confusas. Mas todo o caos tem a sua ordem. Não é preciso procurar muito para a encontrar. Ela é tão explícita como a beleza interior.

Não espero por interpretações, nem por possíveis intervenções. Essas simplesmente não existem. Isto é o que é. Eu sou o que sou. E por enquanto ficarei por aqui. Tanto para dizer, tão pouco tempo para o fazer, tão poucas razões também.