Saturday, December 23, 2006

A Véspera da Véspera de Natal

365 dias depois volto a encontrar-me no mesmo dia, que há 365 dias atrás foi tema de reflexão. Muita coisa mudou, o blogue já não é o mesmo, nem o teclado em que escrevo, ou o monitor para que olho, são os mesmos de há 365 dias atrás. Mas 365 dias passaram e neste dia volto a encontrar-me.

Já sei o que são pencas, pencas e não só. Há alguns meses que habito na Invicta – não propriamente, mas viajo para lá quase todos os dias –, pouco ou nada tenho para relatar, mas vamos lá pensar naquilo que interessa. Que é feito do dia 23 de Dezembro? É véspera de Consoada. Rejubilemos irmãos, a festa vem aí.

“Festa?!”, perguntam as vozes dispersas no vazio insonoro.

“Sim, Festa de Natal. Já nasceu o Deus Menino que vem aí para nos salvar.”

“E morrer pelos nossos pecados!”, diz alguém distraído que vinha por aí a caminhar.

“O quê? Morrer pelos vossos pecados? Adeusinho, vou nascer noutro dia!”, disse Jesus no ventre de Maria.

E de repente questiono-me, “De onde veio este diálogo?” Fica a pergunta no ar, para de seguida ser esquecida. É dia 23, já dizia D. Afonso Henriques enquanto castigava a sua mãe.

Ó 23 esquecido no tempo, são tuas as lágrimas de Portugal. E ao som da Mrs. Robinson, perguntam-me vocês, “Isso não era do Pessoa? E porque raio ‘tás a falar do 23? Que têm os filhos do Michael Jordan a ver com a situação dos refugiados no Chade? Por que José Veiga ainda não está preso? Quem sou? Que faço aqui? Mas agora cantas Fado? Qual é a piada de fazer várias perguntas sem sentido? E de as pôr seguidas? Sem qualquer correlação?” Ups, acho que esta última não levava ponto de interrogação.

Mas a mensagem aqui é clara: Celebrem o 23, que também o merece, ou não fosse esta a véspera da véspera das vésperas!

Morram Pencas, morram! Pim!

Thursday, December 21, 2006

Querido Pai Natal

Já devias pensar que ia esquecer-me de te escrever. Deixei isto um pouco para a última, mas espero ainda ir a tempo.

Há já muitos anos que não te peço nada, pelo menos nada que possas fazer, ou ir a uma loja comprar. Este ano não será diferente. E perguntas-me tu, como foi este teu ano? Hesito em responder. Esse assunto talvez seja mais apropriado a um artigo de Ano Novo, mas quem sabe, talvez despache logo isto, como aquelas mensagens de Feliz Natal que tenho recebido nestes dias.

Muito se passou este ano. Alguns momentos interessantes, de decisões difíceis e importantes. Mas, como sempre, chego a esta altura a sentir a mesma coisa, como se nada se tivesse passado. A verdade é que aconteceu tanta coisa este ano que vi-me forçado a regressar à estaca zero.

Poucos são aqueles que se vêem de um momento para o outro no mesmo sítio onde estavam há três anos atrás. Contudo, não vejo isto como um privilégio, embora também não o veja como uma maldição. Talvez não passe do curso natural das coisas, visto que o último caminho que percorri não me estava a levar a lado algum.

Nos últimos dias tenho recebido algumas pistas que apontam para há dois anos atrás. Não sei o que aconteceu de tão importante nessa altura, talvez tenha atingido alguma bifurcação e escolhido o caminho errado, mas se essa bifurcação existiu não me consigo lembrar onde foi.

Tentando racionalizar a coisa, como costumo muitas vezes fazer, se recuei para um ponto tão atrás, eventualmente chegarei a essa bifurcação. E aí pergunto-me a mim próprio, “Como sabes que caminho escolher quando lá chegares?” Se lá chegar. Pois essa bifurcação pode nem existir, ou posso enfim escolher, desde logo, outro caminho – se é que cabe a mim tal decisão.

Não sei como me podes ajudar. Talvez se puseres no meu sapatinho uma bússola que me oriente no caminho certo... Mas, de que vale saber onde se encontra o Norte, se não sei que passo dar a seguir?

Vi-me de tantas maneiras, em tantos sítios, mas acabo por chegar sempre a este. A este eu, e pouco ou nada tenho a ver com quem um dia imaginei ser. De que vale isto? Estarei a exagerar quanto ao estado das coisas? Provavelmente.

Apesar das coisas más persistirem, elas mantém-se longe. Existindo ou não, nunca fizeram grande diferença. Nunca tiveram a importância que por vezes lhes dou.

Procurei escapatórias a problemas que apenas tenho a mim como único culpado. Se me pudesses dizer o que fazer... Mas de nada adianta, pois só eu o posso descobrir.

Não é assim tão mau voltar à casa "partida". Consegui sair de lá, não foi? Apenas me enganei na saída.

Enfim, não te maço mais com os meus problemas, que não podes resolver. Este ano só te peço alguma orientação, para além da habitual boa sorte que o destino, Deus, ou qualquer outra entidade superior, me têm negado.

Fico à espera da tua resposta.

Feliz Natal.

Sunday, December 03, 2006

Did you know you made me die?

Agora durmo,
Numa imensidão do teu antes.
Daquilo que nunca foi,
De ti, que nunca serás.

Agora durmo,
Perdido num limbo de nada.
Nas memórias de algo,
Que não existe, nem existiu.

Agora durmo.
Penso em motivos,
Perdidos no seu tempo,
Escondidos para sempre de ti.

Agora durmo,
Porque não me deixaste acordar.

Friday, November 17, 2006

Monaco

Monaco, Music for Pleasure

Shine


Everyday
I keep on lying to you
I just don't know what to do but I do
So leave me alone
I just wanna stay here at home
So far away from whatever
Some might say or some might do

Just as I thought
I've found someone that needs me
Someone that needs me so much
And just as before
It's that someone who needs me
Someone I needed so much

But it's you
Spinning me out of control
Hurting me deep in my soul
Or so I'm told,
I just wanna stop
'Cos nothing's as bad as it seems and
I can't be bothered so stay a while and tell me what it means.

Just as I thought
I'd found someone that needs me
Someone that needs me so much
And just as before it's that someone who needs me
Someone I needed so much

Now I'll tell you the truth
'Bout what I should do,
Why I can't stand you no more
There's a time and a place
And my life's such a waste and
Everything had to go wrong
It's just what I needed.

Just as I thought
I'd found someone that needs me
Someone that needs me so much
And just as before it's that someone who needs me
Someone I needed so much



Um dia quero cantar esta música com sentido.

Saturday, November 04, 2006

The One

Foto: Adriano Cerqueira
All my life I've been looking for that one song that can really express the way I feel. Turns out, I'll have to be the one to make it.

Sunday, October 22, 2006

Dragons Are Coming

Imagem DR
Eles vêm aí! Pelo menos é o que a mini-série do Discovery Channel, Dragons Are Coming, diz. Esta série encara os dragões, não como seres mitológicos, mas como possibilidades biológicas e evolucionárias.

Pessoalmente, sempre acreditei que a razão para quase todas as culturas do mundo terem uma referência a criaturas a que gostamos de chamar dragões, se devia à descoberta casual de fósseis de dinossauros. O mero tamanho de alguns destes fósseis era mais do que suficiente para assustar os locais, e fazê-los sair a correr, gritando, "Dragão! Dragão! Estamos perdidos!"

No entanto, esta série vai mais longe. Não se limita a expor, e a explicar as mais variadas teorias sobre dragões, mas assenta na "descoberta" de um espécime congelado, em perfeito estado, numa gruta de gelo, numa montanha da Roménia.

Paleontólogos são chamados para o estudar, em busca de explicações plausíveis para justificar o facto deste ser cuspir fogo, e ser capaz de voar. A ideia surge com a descoberta de um crânio de T-Rex, com marcas estranhas de garras, e – ainda mais estranho – o crânio encontra-se carbonizado. A partir desse achado supõem que os dragões tenham surgido na Era Mesozóica, tendo sido extintos juntamente com os Dinossauros, e demais seres.

Mas então espera aí. Se se encontram extintos há 65 milhões de anos, como encontraram um dragão congelado numa montanha romena? A resposta é simples, segundo eles, a espécie terrestre de apenas quatro membros, e que levou aquele T-Rex a ter um último dia bem escaldante, extinguiu-se. Mas os seus parentes aquáticos, munidos de asas vestigiais, sobreviveram à extinção.

É fácil apoiar esta tese, já que a vida marinha não foi muito afectada com esta extinção. Contudo, se os Plessiosauros, Ictiossauros e Mosassauros, se extinguiram, porque não os dragões marinhos? A esta questão eles não dão resposta, mas também, porque não haviam de sobreviver? Crocodilos e tartarugas ainda nadam pelos nossos oceanos e rios, porque não dragões?

Após resolverem o problema da extinção, explicaram o ressurgimento de uma espécie terrestre, com o abandono dos mares por parte dos dragões marinhos. Nada de especial, se os peixes de lá saíram para dar origem aos anfíbios, porque não fariam o mesmo estes seres cada vez menos mitológicos.

Partindo desse pressuposto, explicam o voo e o fogo através da descoberta de sacos de hidrogénio, e de um apetite especial por platina. "Espera aí, disseste platina?", é aquilo que estão a pensar, certo? Bem, muitos Sauropodes costumavam ingerir pedras, para os ajudar com a digestão. As próprias galinhas o fazem (com pedras bastante mais pequenas, como será fácil de imaginar). Contudo, para os dragões, a platina funciona como um catalisador, que em reacção com o hidrogénio dos seus sacos de ar, é capaz de produzir fogo.

Para ficarem com uma ideia geral, a série explica, e razoavelmente bem, que se a natureza assim tivesse entendido, podia ter criado uma espécie bem parecida com os Dragões que assolam as mais variadas lendas por esse mundo fora. Se pensarem bem, já produziu espécies bem mais bizarras.

Sunday, September 24, 2006

Murphy's Flaw

A grande maioria de vós deve estar familiarizada com a Lei de Murphy. Mas para aqueles que não estão, a Lei de Murphy enuncia que se algo pode correr mal, vai correr mal.

Por exemplo, se estrearem umas calças novas e, por algum motivo, encontrarem-se a barrar uma torrada com geleia, e a deixarem cair, ela vai cair com a face da geleia virada para baixo. Acho que o equivalente Português é algo como, o azar nunca vem só.

Ontem não estava a usar umas calças novas – até estava de calções – mas estava com fome. Decidi abrir o armário para tirar um pacote de bolachas. Até aqui tudo bem. Como qualquer armário de cozinha, este encontrava-se cheio. Inúmeras coisas ao monte, sem qualquer tipo de organização.

Estiquei a mão lá para dentro e agarrei o pacote de bolachas. Estava mesmo quase a conseguir retirá-lo sem causar qualquer tipo de problemas, quando o dito pacote toca num, chamemos-lhe também pacote, de goiabada.

Este opta imediatamente por cair. Mas, como se isso não fosse mau o suficiente, a tampa solta-se, e a goiabada desce em queda livre, pronta para se espalhar pelo chão e sujar tudo à sua volta.

Foi aí que aconteceu. O pacote de goiabada caiu direito, com a face desprovida de tampa virada para cima. Encontrei a derradeira falha na Lei de Murphy: Tudo o que podia ter corrido mal, não correu. E esta, hein?!

Sunday, September 10, 2006

A Portuguesa

Brasão Português
I
Heróis do Mar, Nobre Povo,
Nação valente, Imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que hão de guiar-te à vitória!

Às Armas, Às Armas
Sobre a terra e sobre o mar
Às Armas, Às Armas
Pela Pátria lutar
Contra os Canhões, Marchar, marchar

II
Desfralda a Invicta bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade à europa, À terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo, teu jucundo
O oceano a rugir de amor,
E o teu braço vencedor
Deu mundos novos ao mundo!

Às Armas, Às Armas
Sobre a terra e sobre o mar
Às Armas, Às Armas
Pela Pátria lutar
Contra os Canhões, Marchar, marchar

III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente provir
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às Armas, Às Armas
Sobre a terra e sobre o mar
Às Armas, Às Armas
Pela Pátria lutar
Contra os Canhões, Marchar, marchar

Friday, August 18, 2006

Cadeiras e Morangos


Que têm estas duas coisas em comum? À primeira vista nada. À segunda, aparentam nada ter. E por mais que olhemos para ambos, não somos capazes de encontrar alguma semelhança.

Quem não perdeu horas do seu dia a pensar em quem terá inventado as primeiras cadeiras? Ou como tal ideia terá surgido? Ninguém? Pois, eu também não.

Fosse quem fosse, teve uma ideia brilhante. Não fosse por essa pessoa, e estaria neste momento a escrever este artigo de pé, ou no chão. Neste segundo cenário, seria complicado chegar ao teclado, ou sequer olhar para o que estava a escrever.

A verdade é que, para além do José Hermano Saraiva, ninguém quer saber de onde vieram as primeiras cadeiras. Queremos sim, dar graças, ou então tomar por garantida, esta grande dádiva que é a possibilidade de nos podermos sentar a uma mesa, ou numa secretária, neste objecto de quatro pernas. Sejam elas de madeira, de metal, ou até mesmo de plástico.

De qualquer forma, eu tenho uma teoria, Aliens. Como tudo na vida surgiu por obra e graça do Espírito Santo, e como o Espírito Santo é um Banco governado por alienígenas com intenções de governar os três grandes, e tomar posse do futebol Português, posso afirmar que as cadeiras fazem parte desse "tudo" e foram-nos trazidas, assim, por homenzinhos verdes. Sim, porque o BES não é verde por acaso.

Eu sei, as cadeiras foram-nos trazidas pelo Banco. De certa maneira podemos dizer que é uma espécie de justiça poética.

Mas então e os Morangos? Bem, os morangos são frutos, tal como as maçãs, as peras, e os tomates. Sim, os tomates também são frutos, visto serem eles o que alberga as sementes do tomateiro. Frutos, usados como vegetais nas saladas.

E as bananas? As bananas são mais um dos mistérios que só o BES pode responder. Não fosse ele o criador de tudo. Tanto das bananas, como das cadeiras, e dos morangos.

Será esta a misteriosa ligação entre morangos e bananas? Não eram bananas e cadeiras? Espera aí! Este artigo não é sobre o excesso de investimento na formação de profissionais de saúde? Enfim, perguntas condenadas a permanecer sem resposta.

Retomando a minha linha de raciocínio, ainda não cheguei à eterna questão sobre o que cadeiras e morangos têm em comum. Se pensarmos bem, ninguém é capaz de responder a esta pergunta sem saber o que estes objectos, criações do BES, ou seja lá como os quiserem chamar, são.

Podemos assim chegar ao consenso de que as cadeiras são frutos, e os morangos são objectos de mobiliário que geralmente acompanham as mesas e que servem para as pessoas se sentarem. Ou será que era ao contrário? Agora também não interessa. Nem ao menino Jesus. Embora ele também ande metido com o pessoal do BES, por isso não é de confiança.

Agora que sabemos o que são bananas, e o porquê dos Power Rangers ainda existirem, vamos tentar encontrar semelhanças entre morangos e cadeiras. Para além das mais óbvias, – serem ambas criações do BES, serem comercializadas em massa, e contribuírem para que mais bandas Rock se unam à Associação Evangélica Portuguesa para poderem tocar em piqueniques – temos que olhar para as semelhanças que se escondem no interior de cada um.

Os morangos são vermelhos, e existem cadeiras vermelhas. Mas não fica só por aqui. Os morangos são comidos muitas vezes à mesa. E o que está à volta da mesa? O tapete? Não! As cadeiras! E esta, hein?!

P.S.: Na realização deste artigo não foram comidas nenhumas bananas ou morangos, contudo uma cadeira foi de facto sentada.

P.P.S.: É caso mesmo para dizer: “Falaste com o BES? Não, falei com o teu”.

Tuesday, August 15, 2006

Dia de Santa Maria

"O que não se faz no dia de Santa Maria, faz-se noutro dia." 

Coisas que farei noutro dia: 
  • Ler um livro; 
  • Rezar; 
  • Decorar a terceira parte do Hino Nacional; 
  • Explorar um novo planeta;
  • Festejar um título do Sporting C.P.; 
  • Ver aquele filme que ando a querer ver; 
  • Confessar-me; 
  • Procurar o tal de Nakité; 
  • Encontrar o tal de Nakité; 
  • Comer no tal de Nakité; 
  • Olhar para a conta do tal de Nakité; 
  • Decidir não voltar ao tal de Nakité; 
  • Aprender a tocar guitarra; 
  • Tocar guitarra; 
  • Magoar-me a tocar guitarra; 
  • Desistir de tocar guitarra; 
  • Voltar a tocar guitarra; 
  • Ir à missa; 
  • Não ir à missa; 
  • Pesquisar por aquela música que ouvi hoje de manhã;
  • Continuar sem saber o que fazer; 
  • etc. 
Se todos os dias forem dias de Santa Maria, quando terminaria tudo aquilo que um dia disse que faria?

Querido Diário

Hoje foi o primeiro dia do resto da minha vida, tal como amanhã o será, e como ontem já o foi. É um pouco estranho estar a escrever sobre o dia 15 de Agosto de 2006 a cinco horas do fim deste mesmo dia.

Este dia começou como normalmente começa. Era meia-noite e estava a fazer zapping. Quando cheguei ao canal 46, que corresponde ao Lusomundo Gallery, vi que estava a dar o Moulin Rouge. Decidi rever o filme, mas não antes de fazer um novo zapping para ver se não estava a dar outra coisa que ainda não tivesse visto na última semana.

Vi o Moulin Rouge, deixando-me envolver pela já habitual onda de emoções que culmina na última cena, enquanto ceava cereais com leite. O resto da noite correu normalmente. Deitei-me por volta das duas da manhã depois de ver um episódio de Two and a Half Men na RTP1, e de ter feito mais alguns minutos de zapping. Custou-me um pouco adormecer, como já tem sido hábito. Tive ainda tempo para pensar na minha contínua busca por um amor trágico – a culpa é do Moulin Rouge.

A manhã começou num instante. Num instante eram oito e cinco da manhã e o meu despertador estava a tocar. Noutro, era meio dia e meia, e estava a chegar a casa depois de duas horas passadas na praia da Torreira.

Não fiques a pensar que foi apenas isso que aconteceu. Vou agora mergulhar nos pormenores. Eram oito e cinco, e o despertador começou a tocar. "Levanto-me ou não?", era a única pergunta que assolava a minha mente. Parei para pensar e ouvi a música que estava a dar na RFM. Não me lembro da música, mas decidi ficar a ouvir. Duas ou três músicas depois, carreguei no botão de snooze e voltei a adormecer.

Por volta das nove, depois de várias outras músicas, e de carregar incessantemente no snooze, lá decidi levantar-me. Quando cheguei cá abaixo vi que alguém se tinha esquecido de deixar a chave da outra casa. Por sorte, as chaves do carro estavam ali e consegui abrir a porta da cozinha. Depois disto, foi só atravessar o quintal e esperar que alguém estivesse acordado para me abrir a porta.

Este contratempo até seria suportável, não estivesse um frio incomum para estes dias. Após abrirem a porta, fui-me arranjar e aproveitei o intervalo para ligar o PC. Quando o liguei aconteceu algo inédito. Não tinha um sequer contacto on-line no meu MSN Messenger. Nem um.

Fiz um print screen da situação, pois duvido que alguma vez esta se volte a repetir. Fiquei assim a saber que fui o único madrugador deste dia – embora fossem já nove e trinta e sete – ou o único com motivos para ligar o PC.

Depois desta aventura cheia de espanto, emoção e acção – com isto, quero dizer sono, frio e espanto, sim, espanto, afinal qual é o dia em que se liga o PC e não se tem um único contacto on-line? – lá parti para a Torreira.

A viagem foi calma. Fiquei na praia até ao meio-dia. Estava bom tempo, apesar do vento e das nuvens insistirem em encobrir o Sol de vez em quando. Ainda joguei uma partida de solitário, olhei para o mar, e para a praia quase deserta – não é costume, mas como era de manhã, é normal que ainda estivessem todos a dormir – e decidi regressar a casa.

Em casa, almocei, vi um pouco de TV, e vim aqui ao PC fazer uma coisa ou outra. Entretanto, estive a ver a Volta a Portugal, e a consagração de David Blanco da Comunitat Valenciana como o vencedor da prova. Estava à espera que fosse o João Cabreira da Maia Milaneza, mas não se pode ter tudo.

Quanto ao resto do dia, apenas sei que vou apanhar umas boas quatro a cinco horas de seca. A minha mãe decidiu convidar os seus irmãos todos. Vou ter que aguentar mais um daqueles jantares de família, em que me encontro a viajar para um lugar distante. Longe desta gente toda. Acho que o ponto alto do meu dia foi mesmo a manhã. Depois disto, é sempre a descer.

P.S.: É amanhã que sai a reapreciação do exame de Química da primeira fase. Espero bem que me devolvam os quinze euros que paguei. De resto, duvido que me subam muito, ou o suficiente para ultrapassar a nota da segunda fase. Mas, como se costuma dizer, a esperança é a última a morrer.

Matrículas Amarelas

Imagem DR
Agosto é o mês predilecto para o típico Português tirar uns dias de férias. Consequências disto são as praias atoladas, e os parques de estacionamento completamente cheios. O que por vezes obriga as pessoas ou a deixar o carro em casa ou a estacionar em sítios menos próprios, como vias sem saída, rotundas, ou até mesmo na própria areia.

Além destes comportamentos de mau condutor, ou de desesperado ignorante das normas da estrada, é fácil reparar nos vários carros com matrículas amarelas com caixas azuis que exibem as estrelas da União Europeia (UE), e as letras F, L, D, ou até mesmo em algumas matrículas brancas com um autocolante com as iniciais CH. Como já devem ter reparado, estas siglas fora do comum são sinónimo de estrangeiros, ou de estrangeirados.

A primeira ideia que vem à mente de uma pessoa é que estes carros pertencem a emigrantes, filhos que deixaram a sua terra, e que agora retornam por alguns dias para ocupar os parques de estacionamento. Porém, a grande questão que perturbou os Deuses ao longo dos milénios é esta: Por que são as suas matrículas amarelas?

A acompanhar, e a conduzir estes veículos, vêm pessoas que parecem saber falar Português mas que se trocam entre línguas tão variadas como o Francês, o Alemão, e o ocasional Inglês. Mas este filho prodigamente regressado, não traz o carro às costas. Em vez disso, opta por vir de avião e recorrer a uma agência de rent-a-car. Aí, as matrículas amarelas até se justificam, sendo facilmente reconhecidas como carros de aluguer pelo já habitual P por debaixo das estrelas da UE.

É possível então supor que, se por cá é costume alugar um carro e este ter uma matrícula amarela, os carros que os emigrantes usam para se deslocar são também eles alugados?

Nem todos estes carros são carros, muitos deles vêm em caravanas. Assim, não só poupam em alojamento, como irritam aquele comum veraneante que apenas queria estacionar naquele lugar mas que acaba por desistir, visto o seu carro não caber no pequeno espaço, que até seria maior se não estivessem ali as ditas caravanas – ditas ou malditas, fica ao critério do leitor.

Retornando ao tema principal, sim, é lógico alugar uma caravana para uma viagem superior a mil quilómetros. Fica mais barato que o alojamento, e não vale a pena comprar uma caravana se só a usamos uma vês por ano, ou uma vês de ano a ano, ou seja lá como for.

Salva a excepção de sermos postos fora de casa, e esta acabar por ser o nosso único refúgio, para quê sermos donos de uma caravana? Tal emergência é demasiado rara, e insuficiente para justificar tamanho investimento. Logo, nas caravanas até aceito a existência de matrículas amarelas, mas o que têm então os carros ligeiros a dizer em sua defesa?

Será que os emigrantes alugam carros de maior cilindrada, e mais vistosos, apenas para impressionar os familiares lá da terra? Estarão eles simplesmente a poupar a quilometragem dos seus carros pessoais? Ou será que não possuem carros particulares devido à "excelente" qualidade dos transportes públicos dos seus países de acolhimento?

A terceira é pouco provável, a primeira deve ser verdade em muitos casos, mas partindo da ideia tão Portuguesa, de que no poupar é que está o ganho, então vemos que os emigrantes até sabem cuidar das suas coisas. Isto, como tudo, levanta outra questão: Não vos ficaria mais barato virem de avião e alugarem um carro cá?

Para alimentar o mistério, e chatear os Deuses ao ponto de quererem mesmo fazer alguma coisa acerca disto, andam por aí alguns com matrículas brancas. Talvez um dia alguém seja capaz de desvendar este mistério. Até lá, fica por aqui um dos grandes enigmas esquecidos do nosso Verão.

Saturday, July 22, 2006

Screaming into the Dark

Quantos dias teriam passado? Que luz era aquela que lhe encadeava os olhos? Alguém podia saber, mas ele já não tomava conta dos dias, nem tão pouco se importava com o que se passava à sua volta, mesmo que esta luz lhe doe-se como se as suas Íris estivessem a arder.

Hoje não seria um dia diferente, apenas mais um dia daqueles que vieram a seguir ao impensável. Mas ontem houve algo diferente, um simples telefonema, que não fosse pela persistência da chamada, nunca teria sido atendido. A voz do outro lado apanhou a sua atenção. Seria mais um palhaço a tentar enchê-lo de propaganda enganosa? 

Desta vez não. A voz era familiar, alguém do passado, alguém que tinha boas notícias, coisa rara por estas bandas. Apesar do cepticismo ele concordou em encontrar-se com a voz. Mal se apercebeu de que a luz era a de mais uma amanhã, a manhã do dia seguinte, do dia que tinha algo para fazer. Despertou, e preparou-se para ir ao seu encontro.

Ainda era de manhã quando se encontraram. Já tinha passado alguns anos desde a última vez que se viram, mas qualquer sentimentalismo, ou saudade, eram coisas que não podiam ser associadas a este momento. A voz pertencia ao seu filho.

“Vem. Descobri uma maneira de a salvar.”

“Foi para isso que me chamaste? Não tenho tempo para parvoíces.”

Virou as costas para se afastar, mas parou quando sentiu o seu braço a ser agarrado, puxando-o para trás.

“Se fossem parvoíces não te teria chamado!”

Ele viu nos seus olhos que ele dizia a verdade. 

Entraram ambos num armazém, ao fundo estava uma estrutura metalizada oval, com uma cadeira no centro, como uma espécie de cápsula.

“Entra lá dentro”, disse o seu filho.

“O que vai acontecer?”

“Consegui fazê-lo, posso levar-te ao momento antes...”

“‘Tás à espera que acredite que aquilo é capaz de contrariar as leis do tempo e do próprio destino?!”

“Do destino, só cabe a ti descobri-lo, mas do tempo sim. Agora, entras lá dentro ou vais continuar a desperdiçar o resto da tua vida?”

“Hmm... Sempre foste muito teimoso...”

Ele entrou na estranha cápsula, apesar de continuar céptico, uma pequena onda de esperança começava a formar-se dentro dele. Depois do seu filho accionar o mecanismo inicial, e de lhe explicar o que tinha de fazer, a cápsula fechou-se e ele adormeceu.

Alguém sabe o que é perder um verdadeiro amor? Talvez ninguém, mas ele sabia-o. Tudo aconteceu há uns meses atrás. Ou já seriam anos? Pouco importa, a data precisa perdeu-se nos fios do tempo. Numa fresca noite primaveril, passeavam pela floresta, nada havia a temer. Já o tinham feito muitas vezes, mas algo estava diferente, ele não se sentia ele, todo o seu poder tinha desaparecido. Sentia-se normal, mas estando ela ali, não havia tempo para pensar nisso. 

Aquela noite foi mesmo muito diferente. Da escuridão surgiram algumas sombras que sem aviso ou qualquer tipo de motivo decidiram atacar. Eles fugiram até onde puderam, mas as sombras encurralaram-nos. Ele tentou lutar, mas eram meras sombras, e ele sentia-se muito enfraquecido como nunca antes se tinha sentido. 

Três foram as flechas que trespassaram o peito da sua companheira, que ali jazia apenas com forças para um último olhar. Com isto o seu poder retornou, mil vezes aumentado pela raiva, e pela dor. Com facilidade derrotou as sombras, mas porque é que o seu poder se tinha dissipado? Porque tinha ela de morrer? Chegou o dia de obter a resposta a estas perguntas.

A cápsula finalmente chegou ao seu destino. Despertou, quando ela se abriu. Olhou para as horas, já faltava pouco tempo, tinha que se despachar. Estava na mesma floresta, exactamente como se lembrava. Decidiu antecipar-se e procurou o local onde eles tinham sido encurralados. Lá, esperou que eles chegassem. Um movimento chamou a sua atenção, pouco tempo depois. Lá estavam eles, e lá estavam as sombras. 

Concentrando todo o seu poder dirigiu um jacto de energia destruindo todas as sombras. Mas as flechas já tinham sido lançadas. Só havia uma coisa a fazer. O último sacrifício por quem ele amava. Colocou-se a si próprio em frente delas e assim foi ele atingido em vez dela. Logo ali desapareceu. O universo inteiro rodou na outra direcção. O destino e a vida de ambos voltou ao normal, como se o encontro das sombras nunca tivesse acontecido.

O sacrifício de alguém que morreu naquele dia, culminou na sua verdadeira morte. Era o que tinha a fazer. Ele podia já não existir, mas o seu outro Eu, que não passa dele mesmo, esse nunca terá que passar por aquilo. 

O seu filho talvez soubesse que era assim que as coisas se viriam a desenrolar, mas nem ele próprio guardou memórias do herói que o seu pai nunca foi. Esta amostra de verdadeiro amor ficou perdida no tempo. Esquecida para sempre, mas eternamente viva nas vidas que foram salvas naquele dia, e nos destinos que se alteraram.

Tuesday, July 11, 2006

Out on the Edge

Escadaria em Espiral do Museu do Vaticano
Nos últimos tempos tenho reparado na maneira como as coisas estão interligadas, e como interagem entre si. Ao abrir os olhos somos capazes de reparar em todo o tipo de coincidências. Como naquela noite em que estava a fazer zapping e acabei por ver três filmes onde, por meros segundos, o mesmo tema surgia, inclusive quando este pouco ou nada tinha a ver com a história.

Qualquer um podia interpretar isto como algum tipo de sinal, mas a verdade é que não me lembro de que tema se tratava, logo, a importância dessa situação acaba por aqui.

Há uns anos atrás, estava aborrecido a ver TV e decidi mudar para o MGM. Estava a dar um filme que achei bastante interessante e que, apesar do meu cansaço, decidi ver até ao fim. Alguns meses depois, repetiram esse filme e também o vi até ao fim. No final, tocavam uma música que, tal como o filme, agradou-me bastante.

Da última vez que vi o filme, decidi pesquisar pela música para fazer o download da mesma. O único problema foi que voltei a não apanhar o nome do filme, nem o nome da música, e, apenas conseguia lembrar-me de parte da letra. Com isto tentei procurar a música mas os meus esforços foram em vão.

De vez em quando lá tentava outra vez, mas nem o Google parecia ser capaz de me ajudar. Estava prestes a desistir quando, recentemente, lembrei-me de procurar por fóruns sobre filmes e perguntar por lá se alguém era capaz de me dizer o nome do filme.

Podia não me lembrar do seu nome mas lembrava-me de todos os detalhes mais importantes. Felizmente, consegui a minha resposta. O nome do filme era "The Heavenly Kid" de 1985. Coloquei este nome no eMule e lá encontrei a banda sonora com a música que eu queria.

Ao carregar no play deixei-me assolar por um profundo sentimento de concretização por finalmente ter encontrado a música. Mas esse sentimento foi breve, pois quando a música chegou a meio, apercebi-me que esta era muito repetitiva e pouco interessante.

Depois de tanto tempo de pesquisa, sinto que o meu esforço foi em vão, pois não gosto da música. Mas na verdade não foi totalmente em vão. Descobri o nome do filme, e agora posso vê-lo sempre que quiser.

Com esta história tento chegar a uma analogia. Uma certa teoria diz que nós só queremos aquilo que não temos. O que até faz sentido, se o temos não o devíamos querer, pois já o temos.

Da mesma forma, aquilo que queremos é aquilo que desejamos, e ao termos algo deixamos de o desejar. Segundo esta lógica corremos o risco de nos sentirmos constantemente frustrados.

Onde quero chegar é que não importa o quanto queremos algo, se algum dia o chegarmos a ter, vamos deixar de o desejar. Tendo em conta o que se sucedeu com a música, com muito esforço somos capazes de atingir os nossos objectivos, e deles até somos capazes de obter algo interessante. Contudo, na maioria das vezes, acabamos por sentir que todo aquele esforço foi em vão, e que não valeu a pena.

Mas como tudo está interligado, e esta metáfora de vida não é nenhuma verdade absoluta, acabo por retomar um raciocínio anterior, que também pode ser retirado desta história. Sim, pois em verdade vos digo, como já dizia o poeta, "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena."

Sunday, July 09, 2006

Infernal Headache

Nunca tiveram uma daquelas dores de cabeça agudas que simplesmente não desaparecem? Não? Pois, eu já. Estou a ter uma no preciso momento em que escrevo este artigo. Esta já dura há uns meses, há dias em que nem se nota muito, mas por mais que acorde bem disposto e sem dores, acabo o dia sempre com a mesma dor.

Cansaço? Talvez. Muitas vezes sinto-me a ser puxado até ao limite da exaustão, mas a verdade é que já nada é capaz de explicar isto. Nos últimos tempos a dor intensificou-se, o que até é compreensível tendo em conta que estive em época de exames e o meu passatempo preferido foi ler repetidamente vários livros com letras muitas vezes bastante pequenas. Ainda bem que não tiro apontamentos, se não aí bem que precisaria de umas lentes novas.

Muitas vezes penso se não devia apresentar o meu caso a alguém que soubesse analisar a situação, talvez encontrasse aqui alguma coisa nova, e se nela encontrassem a cura também ficaria muito agradecido. Até tomava uma aspirina, mas a verdade é que não acredito muito no seu efeito e também não vejo que diferença é que esta seria capaz de fazer.

Alguma sugestão? Sobre este assunto estou totalmente aberto à vossa opinião, a menos que esta remeta para o consumo de um qualquer tipo de droga aprovada medicamente.

Quais são então as causas desta infernal dor de cabeça? Comecemos por analisar os principais suspeitos:

Sol. Em muitos dias basta levar com ele, nem que seja apenas por uns segundos, para que sinta uma dor que dura o resto do dia. Contudo, em dias nublados isto também acontece, e houve, inclusive, algumas raras ocasiões em que o contacto com o Sol não teve efeito algum;

PC e TV. Talvez. Passo um tempo considerável em frente a estas coisas, mas nem sempre as dores aparecem por causa delas, pois em dias em que não lhes toco também as tenho;

Mau dormir. A minha média fixa-se entre as cinco e as seis horas de sono diário. Deito-me regularmente sempre depois da uma da manhã e raramente consigo adormecer antes das três. Isto acontece mesmo em dias em que tenho, ou em que acabo por, acordar às sete da manhã, ou pouco mais tarde do que isso;

Rotina diária. Talvez o problema nasça do facto de todos os momentos passados em casa envolverem os constantes gritos da minha avó e da minha mãe, cujas vozes há muito deixei de suportar, fosse em que tom fosse. Mas isto apenas ajuda a aumentar e a prolongar a dor. Não creio que sejam a sua principal causa;

Uma mistura de todos estes factores. Acredito que sim. A única maneira de o comprovar seria tirar um dia para me deitar à meia-noite ou até mais cedo. Acordar por volta das oito ou das nove da manhã e ir acampar para um sítio fresco e à sombra. Longe da civilização e sem ninguém ou algo que faça qualquer tipo de barulho.

Se no final desse dia não tiver dores de cabeça, encontro aí a solução para os meus problemas: Tenho que alterar a minha rotina.

Se isso não resultar, temo que isto seja mais grave do que parece. Apenas posso esperar que, como todos os meus problemas, este acabe por simplesmente se resolver por si só. Ou então, ter esperança que a dor vai desaparecer sem alguma vez reparar que ela tenha sequer surgido.

Até lá, vou ter que continuar a aguentar com mais uma dor que, comparada com outras, até parece uma mera inconveniência.

Sunday, July 02, 2006

Tapete da Sala

Na minha sala há um tapete. Tapete esse que sempre ali esteve, ou assim penso. Não consigo lembrar-me de uma memória de infância passada nesta sala sem que este tapete ali estivesse.

Quantos anos tem este tapete? Que histórias pode ele contar? Talvez jamais alguém o saiba. Apesar de tudo, não passa de um tapete. Mais velho que eu. Tão velho que talvez me sobreviva. Sempre ali, estendido no mesmo sítio. Pronto a receber os pés e o calçado de todos aqueles que por aqui passam.

Vida de tapete não é vida fácil. Leva de vez em quando com todo o tipo de partículas imagináveis. É sujeito a vassouras e aspiradores. Para não falar de quando tem que ser lavado. Esfregonas de água fria, e espuma dos mais variados químicos, a envelhecer este já muito experiente tapete, que bravamente sobrevive a todas estas aventuras, acabando, enfim, por tostar ao sol numa bela tarde de Verão.

Não é fácil ser tapete. Nos contos de fadas talvez hajam tapetes que voem, ou que tenham poderes especiais, mas não este. Este é um simples tapete, que todos os dias ocupa o seu lugar na fria tijoleira que ele cobre.

Que marco desta casa. Que ícone despercebido. Um símbolo de um lar, de uma sala, de uma vida. Um simples tapete, que é muito mais que isso.

Como seria o Mundo sem este tapete? Talvez outro ocupasse o seu lugar, mas esse Mundo não existe. E, por enquanto, é este o tapete que lá cumpre a sua tarefa, até ao dia em que tiver que descansar.

Pequeno tapete cuja grandeza ultrapassa a sua própria existência.

Sunday, June 04, 2006

10 Mandamentos

10 Mandamentos, Julius Schnorr von Carolsfeld
Este artigo não tem qualquer intento de levantar algum tipo de questão existencial. Contudo, não nego a probabilidade de que isso venha a acontecer.

Ontem à noite, durante um daqueles momentos de profunda reflexão sobre o porquê das coisas, comecei a pensar sobre os 10 mandamentos, e encontrei algo de estranho acerca do mandamento: "Não deves usar o nome de Deus em vão".

Estamos todos familiarizados com aqueles desenhos animados em que alguém diz Deus, e a personagem mais conservadora bate-lhe, evocando este mandamento, argumentando que tal acto se trata de uma blasfémia. Já eu tenho uma visão diferente daquilo que este mandamento procura realmente dizer.

Segundo algumas informações, que talvez não sejam muito viáveis visto que foram retiradas da série "Veritas, the Quest", Deus tem mesmo um nome. Nome esse, que Moisés ouviu ser pronunciado, e que nunca mais voltou a ser referido.

Seria muito estranho que um ser superior se deixasse ficar pelo nome de Deus e nada mais. Seria natural que Ele tivesse um nome próprio. Contudo, se pensarmos bem, os nomes dos outros deuses não são bem nomes próprios, já que remetem para particularidades dos seus poderes característicos.

Mas esse tal nome de Deus é conhecido. E, segundo essa série, apenas uma certa tribo judaica é que possui alguém, uma espécie de protegido, que é capaz de pronunciar esse nome.

Ora, se virmos isto como uma realidade irrevogável, encontramos aqui a real importância do nome de Deus. Quando este, ao ser pronunciado numa língua que o mais comum dos mortais é incapaz de decifrar, invoca poderes como a capacidade de curar doenças, de ressuscitar os mortos, de transformar a água em vinho, enfim, basicamente tudo aquilo que Deus pode fazer, podemos então afirmar que é algo demasiado poderoso para ser dado ao desbarato.

Daí a existência deste mandamento. Não devemos usar o poder da palavra do Senhor, nem do Seu nome, para os nossos próprios fins, mas sim apenas em caso de extrema necessidade, ou em Seu louvor.

Podia também ter pensado que este mandamento remetia para o poder persuasivo da religião, poder esse que deve ser usado com cuidado, para que ninguém seja vítima de usurpação.

De qualquer das maneiras, deixo aqui a questão em aberto. Mas não se preocupem, a meu ver, não estão a pecar quando vêem algo estranho e gritam "Ó meu Deus!"

Sunday, May 28, 2006

Aquele sentimento estranho chamado Amor

Sabes como é amar alguém? Eu não. Nunca disse a ninguém que a amava, nem tão pouco senti tal coisa. Para mim, o Amor tem que ser correspondido para ser o que é. Por mais que o grite dentro de mim, e que o seu eco faça o meu coração parar, a verdade é que não pode ser verdade, não quando não sentes o mesmo.

Por ti, faria qualquer coisa. Por ti, sacrifiquei-me tanto, e, por ti, saí sempre magoado. Por que continuo a perdoar-te? Por que não te consigo esquecer? Por que nada muda apesar de tu teres mudado? Por que tiveste de mudar? Por que é tão importante para ti ignorares-me? Que mais queres que eu faça?

Nada mais há para eu fazer.

Há muito percebi que aquele olhar em que nada precisa de ser dito, nunca irá acontecer. Apesar disso o meu sentimento não mudou. Continuo a sentir o mesmo por ti desde a primeira vez que te vi. Mas de que vale tanto esforço? De que vale tal sentimento, se nunca será correspondido?

Só de pensar que o teu sorriso, o teu olhar, a possibilidade de um "nós", foi o que me manteve vivo durante este tempo todo... E ver que, para ti, não passo de mais um que descartas com tanta facilidade. Mas nada muda. Não consigo parar de sentir o mesmo por ti. Aconteça o que acontecer. Isto não devia ser assim, mas é assim que é, e não há nada a fazer.

Foi por nunca ter tido coragem para te dizer aquilo que sinto? Foi por ter sempre tentado escapar ao assunto mesmo quando o queria dizer? Talvez. Talvez não adiantasse de nada. Mesmo o teu não, por mais frio que fosse, não mudaria aquilo que sinto.

O pior é que apesar de tudo o que me fizeste, de tudo o que passei por ti, continuo a sentir a mesma coisa. Mantenho a esperança de que um dia vejas em mim aquilo que precisas. Mas de nada vale ter esperança, pois tu nunca me irás amar.

Monday, April 17, 2006

Last Shred of Hope

Imagem DR
O bando já vagueava pelo deserto há semanas. Pouco alimento foram encontrando pelo caminho. Exaustos e famintos, aquele precioso oásis de salvação tardava em surgir no horizonte. Tudo começou com uma visão que o Deyn tinha tido semanas antes. "Em breve o céu cairá, e com ele o nosso império. Nada nos irá salvar, excepto o vale etéreo." Deyn era conhecido pelas suas visões que até agora sempre se tinham concretizado. Esta indicava-lhe o caminho para um vale perdido nas histórias do caminho. O único local onde podiam refugiar-se. Mal sabiam eles, que o tempo era cada vez mais escasso.

Deyn viajava com o seu irmão, Nick, a quem os outros olhavam como líder. Os outros eram apenas três, a Berry, o Vin e a May. Os cinco pertenciam a um grupo ainda maior, mas muitos não acreditaram na visão de Deyn, e optaram por não os seguir. 

Já não avistavam ninguém há dias, nenhuma presa se atravessou no seu caminho. Eles têm uma grande capacidade para se sustentarem por longos períodos sem alimento, mas o calor intenso e o cansaço da viagem, já fazem das suas. 

Ao longe, Nick avistou algo que se parecia com um pequeno lago. Pediu a Vin que fosse com ele investigar e disse aos outros para ficarem à espera. O pequeno lago, que de lago tinha pouco, ainda tinha alguns peixes. Apesar de não ter muita experiência, Nick ficou para trás para tentar pescar alguns, e enviou o Vin para trazer os outros de volta. 

Muito desastrosamente lá conseguiu pescar alguns peixes, e preparar o jantar para o resto do bando. Ali descansaram até ao anoitecer. O frio da noite obriga-os a mexerem-se. Sob o abrigo da noite, fazem melhor caminho. Protegidos daquele tórrido sol, que os atrasa constantemente. Mas a noite pode esconder muitos perigos. Nunca se sabe quando algo maior que nós nos pode atacar. Nick esforça-se para manter o grupo junto, enquanto procura seguir o caminho, o mais cuidadosamente possível.

Os dias passavam. O fim cada vez mais próximo, e o seu destino continuava a parecer estar tão longe. Já eram capazes de avistar os picos que rodeavam o vale. Atravessá-los será difícil, se não mesmo impossível, mas por enquanto têm outras preocupações. Na noite anterior avistaram alguns Tarbos. Nick receia que eles também os tenham avistado a eles. A noite poderá trazer problemas. 

O bando continua unido, mas o cansaço e o medo de uma morte dolorosa abate os seus espíritos. Nick, faz tudo para os conseguir moralizar. "Já falta pouco, percorremos este caminho todo, não vamos desistir agora." Era isto que eles viam no seu olhar, e no seu apoio. Com ele tinham a certeza que chegariam ao seu destino.

O Vale em si, era um mero mito, contado de geração em geração. Um local de refúgio. Intocável. Estagnado no tempo. Mas a verdade é que existia mesmo, apenas nunca houve motivo para lá chegar, nunca, até à visão de Deyn.

Deyn acordou sobressaltado, era Berry, estava na altura de eles partirem. Era difícil de dizer ao certo aquilo que havia entre Deyn e Berry, uma espécie de ligação, que a fez confiar nele e nas suas visões desde o início. Deyn encontrava conforto nela. Berry era a sua réstia de esperança neste mundo que parecia tê-la perdido. 

Os dois juntaram-se ao resto do bando e seguiram caminho. Alguns quilómetros à frente, Nick parou de andar, disse a Deyn e Vin que ficassem com ele, Berry e May esconderam-se por detrás de uns arbustos. Nick tinha "tropeçado" numa pegada de um Tarbos. Eles estavam perto, podia ser perigoso seguir em frente, mas ainda muito mais seria se ficassem por ali. 

Podiam dar a volta na tentativa de os despistar, mas isso iria atrasá-los pelo menos meio-dia, e o tempo escasseava a uma velocidade que eles nem imaginavam. Nick não tinha outra opção, era preciso agir. O grupo continuou em frente, tomando todas as cautelas possíveis. Mas nem o mais cuidadoso dos seres era capaz de prever o que iria acontecer. 

Do nada, dois Tarbos surgiram pelo flanco do grupo. Os cinco juntaram-se o mais que puderam, tentando procurar uma oportunidade para fugirem. Os dois Tarbos circundavam-nos. Podia ser difícil, mas estes dois não iriam ter vida fácil, pensou Nick para si próprio. O grupo estava assustado, poucas forças lhes restavam. 

Nick atirou-se a um dos Tarbos, apanhando-o desprevenido. Deyn e Vin tentaram tratar do outro, mas o Tarbos derrubou o Vin. Deyn distrai-o e faz com que ele o persiga. Deyn é mais ágil e mais rápido, mas quando parecia que ia conseguir escapar, tropeçou numa rocha e caiu atrapalhadamente no chão. 

O Tarbos alcança-o e prepara-se para investir o golpe final. Deyn vê a sua vida a passar em frente dos seus olhos, esta era uma visão menos dolorosa que as anteriores. As várias imagens da Berry faziam-no esquecer o terrível destino que o esperava. Quando se apercebe que o Tarbos estava a demorar o seu tempo. Ao abrir os olhos vê uma cena muito pior que um pesadelo, o Tarbos perseguia a Berry que tinha vindo em seu socorro. 

Enfurecido com a situação, Deyn corre atrás do Tarbos alcançando-o e pregando-lhe uma rasteira. Este cai estatelado no chão. Para a sorte dos dois, este Tarbos não se irá levantar tão cedo. Mais à frente, May ajuda o Nick a afugentar o outro Tarbos. Esta não seria uma refeição fácil, e com a queda do seu companheiro, não valia a pena gastar mais energia.

Após esta aventura, à qual ninguém sabia como conseguiu escapar vivo e inteiro, os cinco juntaram-se em desespero. Caminhavam há semanas, estavam famintos e não conseguiram encontrar o vale. Até que May chama a atenção dos outros para um pequeno riacho que penetrava nas montanhas à sua frente. Nick achou que o deviam seguir. Seguiram o riacho, que se tornou num rio, cujas margens se alargavam à medida que o percorriam. 

Os dias passavam e este rio parecia não ter fim, até que uma noite, a escuridão do horizonte iluminou-se. No céu, tal como um mensageiro divino, uma estrela luzia mais do que as outras, quase tanto como a Lua. Foi pelo espanto dos outros que Deyn reparou no que essa estrela iluminava. À sua frente estava uma queda de água, que desaguava num vale luxuriante. Igual àquele descrito na sua visão. Os cinco juntaram-se em alegria. Finalmente encontraram a terra prometida. Um refúgio para se protegerem do fim dos tempos, da queda do seu império.

Essa estrela era um asteróide com mais de dez quilómetros de diâmetro, que caiu no outro lado do mundo. A sua queda, conjugada com uma série de eventos, escureceram a Terra e provocaram a morte de mais de 70% das espécies. 

Foi assim que chegou ao fim o reinado dos Dinossauros, mas não para todos. Os cinco Deynonychus e os demais refugiados do vale, sobreviveram. A sua história, perdida no tear do tempo, juntamente com eles, e a localização desse vale, continua a ser contada nesse local longínquo, onde o tempo parou. E onde Nick, Deyn, Vin, Berry e May puderam gozar os últimos anos da sua existência.

Friday, April 14, 2006

Que aconteceu?

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Sim, que aconteceu? Alguém me sabe responder? O que fez o ontem desvanecer e dar lugar a este amanhã tão diferente e cinzento? Bem sabem o quanto gosto de dias nublados, mas algures por aí deve haver um limite, não? Nada, não se passou nada de nada, ou o tudo refugiou-se atrás de um nada que tudo era?

Ninguém responde? Medo? Ignorância? Seja lá o que for, que aconteceu? E se aconteceu, porquê? Porquê? É assim tão difícil responder a uma questão de “sim ou não” e justificar essa resposta? Talvez, mas não é por isso que ninguém responde. Ninguém responde pois não passam de sombras numa parede que há muito foi abaixo.

Sofro de uma incapacidade tremenda quando tento compreender o porquê de tudo estar tão diferente daquilo que era há um minuto atrás. Talvez seja mera impressão. Talvez nada tenha mudado, além do dia que clareou.

É uma tarefa complicada perceber o porquê dos actos dos outros, pois não há nada para perceber. Não é necessário compreender, e é frustrante que assim seja, mas é assim que tem que ser.

Mas, apesar de tudo, porquê? O que há de diferente? Por que é preciso mudar? Nada vos espera no amanhã. Ainda não conseguem distinguir os tijolos no muro? Porquê ser-se tão cego? Porquê? Porquê? Porquê?

Ninguém me responde. Que monólogo mais decadente. Que tédio de existência. Rodeado de desespero, indecência, indolência, seja o que for, algo impede aqueles que têm as respostas de as deitar cá para fora. Será que não me ouvem? Que mal têm estas questões? Por que continuam a não tomar consciência das vossas decisões? Mas que raio se passa com vocês? Respondam!

O silêncio continua, cada vez mais massificado. Nada há a fazer, nada há para dizer. Porquê? Receio de quê? Da verdade? Da mentira? Do ódio? Do amor? Mas não há nada que vos satisfaça? Não. Continuam sem responder...

Que justificação é ter medo da mudança? Talvez nenhuma. Talvez não seja necessário. Mas as regras não são estas quando ela acontece, sem se aperceber, sem ser precisa, sem pedir. Quando a mudança é um hóspede que não foi convidado, uma devida justificação é necessária.

Que mudaria? Ela continua aí, não irá mudar, e agora já não pode ir embora. Nada a fará voltar atrás. E assim nos encontramos presos numa cela sem grades, à qual não podemos voltar as costas. Não a podemos esconder de nós, ou da nossa memória. Ficará assim, para sempre marcada. E porquê? Por nada. Sem razão de ser, assim existe. Assim nasceu, e assim não morrerá.

Que resposta dareis vós a isto? O vosso contínuo e impiedoso silêncio sem valor, nem motivo de ser? Mas assim continuam a viver, incapazes de me responder. Obrigam-me a abraçar outro tipo de mudança.

Que pena, logo quando tudo parecia ser algo, e esse algo parecia ser tão diferente.

Saturday, April 08, 2006

Referendos

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Qual é a vossa posição sobre certo e determinado assunto? Basicamente é esta a questão que dá vida aos referendos. Aquele momento em que a democracia se mostra em toda a sua graça. Que a opinião do povo suplanta a de qualquer dirigente, e faz-se ouvir em voz alta.

O grande problema é que o povo é composto por uma cambada de idiotas. Não digo isto de ânimo leve, de facto, nem todos aqueles que se misturam ou desaparecem nas massas são idiotas completos. De quando em vez há quem se afirme e até tome uma decisão correcta. Mas, no geral, o povo rege-se por ideais retrógradas, e deixa-se levar pelo impulso da multidão. O preconceito, e a falta de vontade de se informar, torna o povo num alvo fácil para quem tenha a pontaria acertada.

Nunca se questionaram sobre a utilidade das sondagens? Sobre o motivo da sua mera existência? As sondagens existem para dar rumo aos indecisos, àqueles que são incapazes de se levantar do sofá, e de se interessarem sobre as coisas que realmente importam.

Ao fazerem zapping por volta da hora do almoço, ou do jantar, os indecisos podem-se deparar com um telejornal, e com uma sondagem sobre certo e determinado assunto. Essa sondagem, geralmente, dá por vencedor certa e determinada resposta, e é nessa resposta que aqueles indecisos que têm a mínima decência de exercer o seu poder de voto, vão acabar por votar.

Posto isto, de que nos servem os referendos, se o povo não passa de uma grande massa de idiotas que acabará por escolher aquilo que a TV lhes disser que vai ganhar? Gente simples que se deixa influenciar pelas palavras dos outros? Independentemente da existência de indecisos e idiotas, devemos crer que hajam pessoas capazes de pensar por si próprias, e de tomarem uma decisão correcta baseada nas suas convicções.

A verdade é que as questões dos referendos muito raramente agradam a toda a gente. Vai sempre haver quem apoie o Sim, enquanto outros vão optar pelo Não. Os referendos ajudam a equilibrar, e a dar uma nova perspectiva sobre aquilo que realmente interessa ao povo, obrigando assim os partidos a reflectir e a agir segundo os seus resultados.

Desta forma, podemos sempre dar graças ao facto de a maioria dos idiotas optar por não ir votar, ou por votar em branco. Não se trata de uma eleição, não é um motivo que os faça sair de casa e ir passar o seu Domingo na fila da Junta de Freguesia. E mesmo que fosse, o seu impacto seria mínimo. Daí a importância dos referendos, e daí a necessidade de vários assuntos serem debatidos, desde o financiamento dos clubes de futebol, até ao aborto, ou à constituição europeia.

Aqueles que realmente se importam com aquilo que é importante, vão pesquisar na Internet, vão ver programas como o Prós e Contras, vão ler jornais e revistas sobre o assunto. Enfim, vão tomar o seu partido, e votar, convictos da decisão que tomaram, após terem ouvido ambas as partes, sendo agora capazes de discernir aquilo que acham ser o mais correcto.

Nada está perdido. Mesmo numa multidão de idiotas há sempre alguém sensato. Fica aqui a mensagem para os Governos espalhados por esse mundo fora, que temem os referendos por falta de apoio daquela massa que lhes dá os assentos governamentais: Sem idiotas à solta, como vão conseguir governar?

Apenas queria deixar o seguinte parêntesis: quando me refiro a povo, falo das massas de pessoas, não me refiro ao povo Português, e o governo que destaco, não é o nosso, mas sim todo e qualquer tipo de governo democrático. Embora reconheça que alguns dos assuntos que referi a título de exemplo, sejam do interesse da nossa sociedade actual.

Não tenham medo de votar nos referendos, mas informem-se antes de o fazer. Os referendos são aquela pequena oportunidade de realmente fazerem a diferença. Nas palavras de Fernando Pessoa, "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena."